Tempos elegíveis
Terminado o susto
(2º turno) com a contenda virando briga de rua entre os dois candidatos à
presidência, é o momento de pensar as consequências do exercício (talvez
impensado) de cidadania, ou seja, se acertou o voto, a voz de um povo refletida
em seu direito, e obrigação, de eleger seu representante nas casas legislativas
e executivas país afora. Essas pessoas, comuns como seus eleitores, ungidos
suas excelências, irão dar voz (ou não) à vontade desse povo. Isto, a primeira
vista, é um gesto bonito de democracia, a um olhar mais aguçado, quando se
examina de perto as ações dos elegidos, parece mais com uma fuzarca dos tempos
rufões que atravessamos, visto que eles, nossa voz, confundem-se delegados de
si mesmos. Então, passado o pleito, há de se pensar nos caminhos até aqui
trilhados por esses mandatários, tortuosos caminhos, que desviam o foco das
intenções para ações baratas, e até baratinadas, de certos detentores desses
poderes. Vê-se bastante acentuada a visão de parca memória desses pais da
pátria, como se fora deles as ideias, acertadas ou não, que alinham o prisma
para frente. Desde tempos imemoriais, pelo olvido, as ações vêm conduzindo o
leme. Para não ir muito longe, lembrar Getúlio Vargas com os direitos
trabalhistas, Juscelino com o ímpeto construtivo, que impulsionou o país para
seu interior, esquecido antes, Collor com a abertura do país para as novidades
do exterior, antes proibidas para nós, num vácuo do período militarizado, FHC
com a derrota da hiperinflação, Lula com a visão para o social, tão esperada
desde sempre. Cada governante deu seu passo adiante, mesmo cambaleando, como em
1986, quando foi lançado o cruzado para tentar estancar a inflação, mãe de
todos os outros males, na mesma direção foram testados outros cinco planos, até
se chegar ao Real, em 1994 moeda que derrubou os índices de 2,500%, isso mesmo
DOIS MIL E QUINHENTOS POR CENTO, para 22% no primeiro ano e estabilizou-se na
média de 5% até os dias atuais. Isto direcionou todas as outras metas para sua
concretização. O País melhorou seu IDH,
o combate à fome, suas classes sociais, alfabetização, produções industrial e
rural... Paulatinamente. Mas está longe do sonho de equiparar esses ganhos à
condição merecida como uma das maiores nações do mundo. Nossa produtividade,
mola mestre da progressão almejada, engatinha e não consegue dar um passo
adiante, devido principalmente à infraestrutura precária e à dificuldade de
nossos jovens ingressarem no mercado de trabalho, pois num nível de desemprego
de 5% no geral, nessa faixa de idade pula para assustadores 14%. O que barra a
renovação dos quadros e derruba a produtividade, um dos pilares para melhoria
do PIB, nesse momento em 1%. PIB baixo puxa para trás todo o resto, ou seja,
não conseguimos acompanhar a tecnologia mundial para crescer. Sem crescimento o
país paralisa e perde o que ganhou em desenvolvimento humano, saúde,
escolarização, pilares para sustentar o país de nossos descendentes. Daí a
importância de eleger pessoas que possam minorar o sofrimento, com ideias
novas, como os governantes citados acima, cada um dando um passo importante
para frente, até aqui. Passado o susto desse turno, esperemos a conscientização
dos eleitos para o próximo passo rumo ao nosso direito de potência mundial ser
beneplácito para seus cidadãos.
Sergiodonadio.blogspot.com
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