Miudezas insolúveis
Passam para mim a bola,
Cheia de problemas,
Devolvo com a mesma sem
vontade.
Somos todos maus
jogadores,
Reservas,
Mal colocados em nossas
posições
De reservas,
Pegamos a bola jogada,
Ela ferve,
Devolvo e passo adiante
Problemas insolúveis
Nesse jogo de contradições
À miúdo...
Quando eu era tímido
Quando eu era tímido
Não tinha lugar de ficar,
Era olhar para mim e eu
gaguejar.
Agora já falo comigo,
Contigo,
A certa distância...
Com alguém pra perguntar
Endereço, preço,
condição...
Quando eu era tímido
Tinha apego à solidão,
Que não era solução.
Com meus amigos: lápis,
papel,
Pensamentos,
Lembro-me do tempo de
quando
Eu era tímido...
Avoado... Das coisas de
viver
E ser.
Olhos
O olho que vê coisas
Além da pupila
É o olho da alma,
Talvez das almas
Contidas nessa esfera
Desregrada...
Sobreviva das tantas dores
Nas pernas, na cabeça...
Nos braços sem abraços...
Cansados de adeuses.
Olhos que se enviesam
quando
A dor é maior que o riso,
e,
Portanto,
Mais forte que o sentido.
Os falhos
O que foi feito
Será refeito
Pra ficar bem feito...
Você não acreditou na
teoria,
Que na prática seria
repetida.
Em algum ponto da estrada
Haveria, e houve,
Uma bifurcação.
Você não acreditou no que
seria
O certo,
Você apenas sorriu e
agradeceu.
Agora, o que foi feito
Deverá ser refeito
Para tentar o perfeito
Numa era de desocupação
Dos falhos.
Cremados
Na cinza comum aos mortos
Identifique as suas...
São todas tão iguais!
Suspira tua última derrota:
A pilha de ganhos e
guardados
São postos fora
Porque
Você, com suas cinzas,
Cabe num cantinho da
memória,
E não vasa, não explode,
Não se rebela, nem pode.
Na cinza comum dos mortos
A parte que te cabe é
ínfima,
Desnecessária de guardar,
Ou jogar fora.
Desistências
Na verdade da mentira
Se esconde o tempo...
O que faria, não fosse o
dia
Chuvoso
E uma espera que seque o
tapete,
Para voltar?
(uma vez tive ideia de
fazer
Um barco de ir embora.
O tempo passou, o barco
não saiu,
Estou planejando até
agora).
Mas tudo passou depressa,
O barco, a chuva,
A mentira da verdade...
O tempo é franco demais
E não espera reconstruir
barquinhos
De papel
A cada vez que a rua forma
poças
E enxurradas,
Passa rápido a vontade de
ir,
Vige apenas a desistência
de ficar.
Sergiodonadio.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário