segunda-feira, 23 de março de 2015



Anos a fio


Surpreendo-me
Sentado na historia
De uma vida,
São cabelos brancos,
Barba branca,
Memória branca
De idas passagens
Dessa vida
Sem alardes.


O trem partiu,
Perdi a partida,
Uma câimbra
Me segura
Despedida, e,
Nada pior neste momento
Que ter uma câimbra
E perder o trem
De uma vida...





Dedais


Considerando
As mãos
Com seus dedos
Predadores

É melhor
Que não avancem
Entre as unhas cortadas
E o sangue derramado
Nelas.

Seria um morticínio se
Os dedos pensassem
Como o cérebro,
Que age devagar e
Conscienciosamente

Segurando
A predação dos dedos
À frente
Dessa batalha




Amabilidades


Quanta amabilidade...
Ler e reler essas folhas
Vazias...

Quanta amabilidade
Responder a perguntas
Vazias...

Seria muito esperar
Sinceridade na amável
Resposta vazia?














Digitais


Essas sujas paredes marrons,
Amarelas...
Essas letras comestíveis
Sobre elas...
Essas mãos miúdas,  
Carimbadas nelas...

Uma incondicional
Deferência:
Todas se curvam à mão da criança
E de seu chocolate amargo
Nas terças de madeira e prego

Vistas arranhadas pelas rodas
De suas bicicletas e ousadias...
E mãos frenéticas...
Tudo isso é uma cena que passa,
Que faz uma lágrima, que fica...
E abraça.

Sergiodonadio.blogspot.com



Âmago


Se vês um estranho
No espelho,
Espera, volta ao dia
Feito brasa...
Confira as mágoas,
As dragas,
As manadas...
Verás que teu espelho
Apenas espelha
Teu tempo âmago.

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