segunda-feira, 9 de março de 2015



Descarga


Hoje dou bom dia
Aos meus defeitos,
Tentei afagá-los com isso
Mas
Eles continuam coçando
Meu ego,
Culpando-me pela porta
Quebrada,
Pela falta de luz,
Pela voz sumida da empregada.
Todos os dias cumprimento
Meus defeitos
E saio,
Deixando-os na privada,
Com toda essa merda,
Resultado deles.







Parentética

Ouvimos tiros quase todos os dias.
A guerra que a TV mostra no oriente
Chegou por aqui, a ineficiência da lei
Contraria a eficiência do sol,
Que teima fabricar uma nova manhã
Todas as manhãs,
Quando cessam os tiros
E a guerra volta ao oriente.
Ligo o rádio, a TV, os ouvidos,
É roubo, assalto, estupro, a paz de viver
De outros tempos se dilui nas
Notícias horripilantes...
São pais estuprando filhas, irmãos
Netos, toda a parentesca sofre
A violência dessa geração.
Não temos força para reagir,
Grupos se organizam em sem terras,
Sem tetos, sem vontades,
Apenas vagueiam pelo dia
Revirando lixeiras, saqueando varais...
Fora desse tempo não consigo aceitar
Que à autoridade não se respeita
mais.
Sergiodonadio.blogspot.com



O dia foi triste...
A vida foi triste...
O velho parece
Que nem existe...









Tudo nos conformes,
A singeleza da criança...
Quando dorme.










Ao acordar da manhã
Já será tarde a resolução
De, enfim, viver-se...










Quando o hoje for ontem
O amanhã se atualizará
Na promessa de fidelidade
Até que nos separe.









Poesia
Não é o que se escreve.
É por que se escreve.
É o pôr do sol,
A saia ao vento,
A transa das borboletas
E das mulheres...
Tudo que se põe
A ser motivo
É poesia.
Por isso
Se a descreve.











Garimpo


Garimpo
Entre dores e a alegria
Sobrada dos momentos.
É que sempre doem
Os sentimentos
Entre as falhas.
Cada pequeno acerto
É que esconde
O esquecimento.
Entre as trombadas
A que me livrou de sofrer
Impacto.

Garimpo
A força de sorrir chorando,
Que o riso é lenimento
Para outro momento,
Em que não me foi possível
Disfarçar.
Assim somos, nós humanos,
De memória boa ao sofrer
E fraca ao riso merecido
Espairecer o siso.
Alguém aí...


Alguém vê poesia no poema?
Alguns o leem como bula,
Receitada ser bebida
pouco a pouco consumida...
Alguém chora,
Ou apenas eu rio?
Os olhos lacrimam o momento
A absorver e deglutir
O que me pus exposto
Nessa vitrine...
Alguém viu?
Ou apenas esqueceu o lido,
Deglutindo o que servi
Como alimento?
Se assim foi,
Tua alma de leitor
Continua faminta do que leu
Mas esqueceu de ler.

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