Lembranças
Encontro
No fundo de um baú
Imaginário
Um par de botas gasto
Ainda feito com pregos
E couro cru...
Uma lixa de solas de pés
Curtidos
No solo áspero das matas,
Junto
Minha memória gasta
Das passagens desse tempo
De sargaços
E uma leve torcedura
Que não passa...
Apontamentos
Não está em nosso poder
Amar ou desamar...
A vontade em nós é anulada
A vontade em nós é anulada
Pelo destino?
Nos basta ver censurados,
Nos basta ver censurados,
Pelo nosso prisma,
O olhar contido da massa
A delinear o que fazer
Das sobras,
Dadas por perdidas
Em alguma área acessível,
Embaixo das camas
Ou das ações reeditadas.
Quando retiradas as razões
Antes do curso se firmar
Somos afetados pelas opiniões,
Ouro falso,
Nos basta o que vemos feito
Para frear o fazer novo...
Assim desocupamos a mente
De pensar e repensar
Segredos e inventos.
O amor é leve
O amor é leve:
Quem nunca amou,
Que não amou
À primeira vista?
A visão
do amor
Faz
belo o feio,
Simpático
O
cismático,
Mas impõe-se
Ao siso e desfaz-se
Ao mais leve
Vento contra
Na parição
Dos fatos.
A
maturidade
Do livro Pinturas Edit. Amazon.com
À
maturidade,
Não
da experiência pretensa,
Mas
da dimensão do irrealizado:
Diz
o quanto vivemos sonhos...
O
quanto sonhamos o vivido...
O
quanto mentimos o vívido
Atraso
em nossos passos,
Não
o sonhado,
Os
realmente dados!
Apanhamos
feio do pretendido
Uma
vez não alcançado,
Mas
ganhamos do tempo...
Porque
o tempo não tem passado.
A
saudade é uma ilusão do vivido...
A
maturidade o sonhado ter tido.
A
realidade é esta despretensa lida
De
doer menos a dor vencida
Quanto
mais dói a ilusão perdida
De
ter sido moço
E
ter jogado fora cada subida
Desse
fundo poço,
Que,
por agora, apaga o viço
Desmedido.
Suores frios
Procuro-me nas noções
Desse mundo destempero,
Numa terra explodindo vulcões,
Sobre a lava deles me vejo
Acenando adeuses
conformados
Para todos que se vão,
O menino e seu sorriso,
O velho e sua dor,
Os pais com seu juízo sofredor.
Procuro-me nas mínimas
Ações dessas formigas
Na procissão dos ossos
desvalidos,
Na paz do pássaro em sua
ida,
Na chuva que desce agulhas
Sobre os paiós vazios...
Entrementes me encontro
No pássaro que pousa
Para sua despedida.
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