Bigas
Deito-me,
Entre cobertas abertas
Fecho os olhos, fecho os
sentidos
E viajo...
Visito países bascos,
Mediterrâneos,
Fileiras de parreiras de
Espanha...
Não importa ver grandes
obras atuais,
Prefiro as ruínas romanas
Por todo seu império
Desfeito em ruelas,
Conturbado pelo som das
sirenes,
Carros por toda parte,
Que não são bigas...
Deito-me
E me sinto vigiado
Por esses recantos floridos,
Um dia palco de guerras
De todos os tempos,
E convivem comigo.
Algo sussurrava sob o solo
Algo sussurrava sob o
solo...
As mariposas queimaram
suas asas
Em torno da luz,
Uma vaga noção do ocorrido
Gerava esse medo infuso...
O fogo se empalhava em
remoinhos,
A madeira da árvore
crepitava
À luz desse fogo...
Deixei uma panela de pinhões
Na lareira,
Corri...
Como se lá fora fosse mais
seguro
Peguei uma concha de água
no chão,
Molhei a testa, acordando
meus medos,
Alguém chama pelo meu
nome,
Assisto o medo nas faces
outras,
Eu estava brilhando,
diziam,
Com as maçãs do rosto
envergonhadas
Reagi ao medo paralisando
Quando vejo a menina
arrumando
Uma flor vermelha nos
cabelos,
As estrelas continuam
piscando
Sua cor de prata.
Sergiodonadio.blogspot.com
Embora seja visto idoso
Estou vagando
Pelas terras ocas dessa estrada
De montanhas desfeitas
E mariposas,
Descobrindo quão pequenos somos,
Nós, a montanha e a mariposa,
Queimados.
Vou descobrir onde ela se foi,
E pejar e lavar as mãos;
E andar entre doloridas folhagens,
Vou descobrir onde ela se foi,
E pejar e lavar as mãos;
E andar entre doloridas folhagens,
Até que o tempo dos tempos
Flore outra vez
As maçãs à luz da lua,
Banhadas pelo calor do sol
As maçãs à luz da lua,
Banhadas pelo calor do sol
E as mariposas voltem,
E eu possa voltar também.
Doação
Do amor
Não espere amor,
Espere a agonia por amar...
Não espere vitoria
Da derrota de amar.
Não espere recompensa,
Que é renúncia...
Somos amáveis?
Amantes?
Amados?
A dor de amar traduz
A necessidade de dar-se.
Por isso, do amor
Não espere doação.
Doe-se e se doa
Por amar.
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