Como qualquer outro
Como qualquer outro
Gosto de ser bem atendido.
Mas a moça que vende peças
Não pensa isto,
Faz-se de surda, muda,
Transparente?
Não, fez-se de enjoada,
Enojada mesmo com aquela
Obrigação de estar ali.
Pegou o que pedi,
Quase jogando em mim,
Desviei-me do golpe,
Deu-me outro com o olhar,
Gestos de desdém por mim
Ou por tudo ao redor...
Ia perguntar o preço
Mas desisti, paguei
pensando:
Não volto mais...
Até porque não é todo dia
Que perco uma chave de
fenda.
Às vezes penso que faz
parte
De ser humano a
ranzinzice.
Não me acostumo com essa
raça
Mesmo.
Noticiário das seis
Noticiário das seis:
“Aumenta em sessenta por
cento
Desmate na Amazônia”
O ser humano é terrível,
Mas não é o único.
Vendo o mundo animal na Tv
Concluo que a sobrevivência
Depende disso, do pouco
caso
Com ouriços.
“por meras bolachas
furtadas
Quebrou-se a mão do menino”
Uns exploram árvores...
Outros exploram bichos...
Uns tantos exploram
pessoas...
Máquinas, espaços,
bites...
É disso que a roda roda.
É disso que morre o mundo,
Alfinetado.
Ostentos
Volta da festa
Com o galardão da vitória.
Posou de terno e gravata
Com os de fino trato.
Tomou champanhe com
caviar...
Vomitou o estrago.
Agora chega ao seu quarto
Realidade
Com janela para o beco,
O mesmo beco sem saída
De sua vida...
Está escuro, mas não
acende
A luz... Não que não queira,
Não tem luz no quarto
Escurecido pelos becos.
Para esquecer e lembrar o
fausto
Tapa o espelho com a
toalha
Rota, e se deita, sonhando
A próxima.
Passa das quatro
4,15
Somos vários a ler noticiários
De um dia de fogo nos
tanques,
Na memória, na
esperança...
4,18
Queremos esquecer os fatos
De os meninos estarem
perdidos...
Lembro-me de quando pensei
Em letras, em vozes altas,
Há anos daqui,
A quem iremos pedir
desculpas...
Aos meninos presos agora?
Aos meninos daquela hora,
Já escolados nisto
De estar presos em grades
Ou presos lá fora?
4,21
Mataram mais um. Desespero,
Sentado nesta cadeira
Em frente à minha arma
Donde disparo operetas...
Sergiodonadio.blogspot.com
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