Suspirações
Os pensamentos voam longe
Mas não saio do lugar
Estou aqui plantado
Tanto quanto a quaresmeira
Tentando subir os degraus
Dos muros.
Meus degraus inacessíveis,
Plantei-me aqui em definitivo
E meus pseudoamigos riem
Do que não digo.
Não sei viver-me, sento-me
À beira da piscina
Vendo minha neta sacolejar
Lá dentro, fazendo algo que,
Sei, nunca farei. Dizem que
Porque respiro errado...
Talvez seja a explicação para tudo
Que não sei fazer,
Respiro errado até quando penso.
Assim, no vou a lugar nenhum de meus sonhos,
Plante-me aqui,
Mas, satisfaço-me nisto.
Servidão
Penso nas pessoas que me
servem.
Em como servi-los de volta
No mercado, no açougue
cortando
Peles e ossos da carne que
compro.
Na consulta médica,
farmácia,
Cortando a carne que é
minha,
Que me veste e está
Enferidando ao sol.
Penso na serventia dos
objetos,
Da paisagem ao redor...
Não penso no brilho do
dia,
Que vem de longe,
Ou no silêncio da noite,
Que desacontece às onze.
Penso nas prateleiras das
vitrines,
Nas virtuais não, nas
reais,
Que guardam minhas calças,
Minhas ideias...
Penso em como todos
Me servem favores
E como servi-los de volta.
O sol de ontem
As pessoas gritam ao lado
teu
Tentando viverem-te.
Pensando-se vivas
Apenas porque respiram.
Não sabem que morremos
ontem
Antes de tirar a barba,
Tomar banho,
Esquentar o pão na
chapa...
Fazendo tudo igual
anteontem
Quando nos desamamos...
Fazem tudo repetidamente
Até que não saibam mais
Se o estão fazendo outra
vez
Ou apenas relembrando...
O que deveriam evitar
De fazer de novo.
De novo apenas o dente
caindo,
Desgrudado de vez o
último...
Pensam que faz algum
sentido
Estirarem-se e esperarem
Voltar o sol de ontem.
Sinceramente
O sincero bicar do
pica-pau
Na dura madeira,
Do beija-flor no açúcar,
Da abelha no pólen,
Do gavião na carne viva,
Do urubu na carne morta,
A sinceridade dos amores
naturais
De todos eles,
Como do pênis rígido
Declarando amor...
Mais que outros gestos
Ou buquês, anéis, juras...
Juras de sincera
necessidade
Das fomes animais
Sobre seus predados
Ou amados
Nos sinceros bicares
Vários...
Assonia
Seria preciso na insônia
noite
Sentir os perigos da dor
De não dormir, correr
corredores,
Pensar desamores...
Uma paz desconhecida para
esses,
Que pairam entre a
senilidade
E a aspereza aos senis...
A decrepitude dos pensares
afetos,
A leniência das mãos
pesadas
Sobre os fracos...
Seria preciso mais que
pena,
Consciência,
Mais que lavor... Amor...
Mais que cuidador,
cuidado.
Acuidados de serem
guardadores
Da insônia noite dos que
Dormem acordados.
A rosa murcha da paz
Do livro Pinturas Edit.
Amazon.com
Assombra
A vitalidade dos
guerreiros...
Estão por toda parte,
Nas torres altas
derrubadas,
Nas meninas sequestradas,
Nas bombas discutidas
A quem se dê o direito
De com elas ameaçar-nos...
A rosa da paz está murcha,
Desencantada com a
ferocidade
De nós, donos das verdades
Mentirosamente urdidas
Nas palavras... Na
palavra!
A paz se desintegra no
fogo
Das alvoradas pérfidas...
Nos fundos dos vales,
Nos corpos recolhidos,
Nas almas desalojadas
A vida de porvindouros
É vida ida.
Sergiodonadio.blogspot.com
Que Deus faça
A estranha chegação de
alguns males
Fica inexplicado...
As vilas da cidade com
suas ruas
Apagadas
Com lamparinas em suas
casas
E latas d’água das
cisternas
E riachos/esgotos...
O que se faz com as
pessoas
Dessas vilas
Que batalham saídas e
chegadas
Sem nem pensar para aonde?
O que se desfaz nas
pessoas
Suadas nessas ladeiras?
O que se dispõem a tirar
deles
Ainda, além da camisa
rota?
A fé na esperança?
O olhar lustroso das
alegrias
Da infância!o que se está
fazendo
Aos filhos de Deus, Deus
faria?
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