Sacolejos
No sacolejo
Dessa história
Os motivos das derrotas:
Ruídos de bombas,
Intermináveis...
Assustadoras...
O chão tremido, a voz
tremida,
O choro...
Bombas... Bombas...
E o fim trágico
De cada civil, feito
Em pedaços.
O pássaro da aurora
O pássaro da aurora,
Não o galo,
O que não canta...
Apenas encanta
Mirando distâncias...
Dono de sua área de visão.
Pássaro apenas,
Penas e traços,
Não o capitão da fragata,
Fragata, com suas garras
E seu olhar de prata
Sobre as naves
passageiras,
Sobre as pedras, sobre as
ondas
Deste mar que põe medo
Ao navegador,
Mas não espanta a ave.
O pássaro da aurora,
Para aonde irá o vento
Que te torce as asas?
Trabalho duplo
As moscas assentam sobre o
prato,
A fome os mantém acordados
Nessa vigília forçada
Aos perambulantes da
noite...
Os gestos oferecem o pão,
o vinho,
A mão que se estende
mostra
O canto escuro da sala
Onde meninas bordam
filigranas
Em seus enxovais...
Uma baciada de pipoca é
servida
Mesmo aos que já jantaram,
Seria deseducado não
querer, mas
A pipoca rasga minhas
gengivas
E sofrerei a noite toda
Esse sangramento do bem
educado
Passageiro.
São vinte e uma horas,
Os pais se recolhem e nos
despedem...
As meninas saem agora de
seu canto
E, festivas, vão porta
afora...
Perguntadas para onde,
Respondem -Vamo trabaiá de
putas.
Com sua sinceridade ingênua
de caboclas.
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