Enfim
Acordo...
Passou o dia, o mês, os
anos...
Deixei de fazer a falta de
tempo
Deixar-me fazer
O que quereria fosse
saudade
Uma vez vivido.
Acordo, adormeci ontem
Sem esperar a esperança
Que viveu comigo,
Rodeando meus afazeres
Pelos tempos vividos...
Acordo?
Mas o tempo dormiu-me
Tanto
Que não sei que dia é
hoje,
Se ontem ou amanhã...
Se janeiro ou março...
Se o ano passou desperto
De mim...
Coia
Sonhava
Quando era doença sonhar
Nos dias volvos... Verdes...
Via a lua emplacar os
sonhos,
As estrelas caírem
No meu quintal...
As nuvens mandando recados
Com suas formas de bichos
Ou de coias banais...
Poesia é isso, agora sei,
Agora me sei poeta
Mesmo que não percebam
Ao redor.
Tateantes
Perdidos de nós
Somamos horas vazias
Com tal desalegria que
Viver
É um transtorno a mais
No dia desvivido...
Perdidos tateamos
Momentos e mementos
Confundindo horas
Com minutos... Dias...
E resolutos
Partimos para ontens
Esperando encontrar
Outra esperança
Que escapou à ordem
Da linha de produção
De sonhos menores,
Deixados passar
Por ínfimos.
Relógio quebrado
Gosto
Deste relógio na parede
Marcando sempre 1.10 horas
Porque,
Segundo ele a vida não
passa,
Para nos ossos, com o
defunto
Depois de as larvas
comerem
Seu fígado, suas
entranhas...
Ficam os ossos.
Os ossos são
inconsumíveis...
Assim o tempo neste
relógio,
O tempo quebrado em partes
Dilaceradas, deixado
apodrecer
Até os ossos...
Parte por parte
Às 1.10.
Smarthphone
As cenas do agora me
assustam.
As pessoas retinham a
alegrias,
Hoje fases.
As pessoas se reconheciam
pessoas,
Hoje números.
As pessoas sentiam-se
livres,
Hoje armadas.
Contra pessoas!
Sou do tempo em que o medo
Vinha dos gatos do mato.
Hoje da cidade.
Que a ofensa era coisa
grave,
Hoje dispersa.
As cenas de velórios eram
tristes,
Hoje festam!
O som, das violas, vitrolas,
Hoje smarths...
Quem dera
Pudesse renascer agora
Nascido para entender
O que se passa...
Raça.
Acasos
O que segura à luz
Nos seus olhos?
Permanência da vontade,
Chamada fé?
Virulência da vaidade
Pensada má...
Anjos caídos se socorrem
Frente ao indisposto fato,
Cordas apertam o peito,
Gestos propõem a morte...
O que segura luz
Nesses olhos lacrimados
Pode ser saudade
Ou o medo de voltar
A ser-se... Sorte.
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