do livro 14 versos 500 sonetos
Mãe
A tua ausência presencia em
mim
O que falta de vida por
viver...
Como as raízes
hereditárias
Da planta mãe que o solo
acolheu.
Que mais posso querer da
tua terra,
A que me fez firmar sobre
a minha
Os pés segurando um corpo
frágil
E a alegria que mais possa
prever e
Que não era, nos tempos
imemoriais
Da infância? Não, mãe, mesmo
não
Sendo eternos mas
infinitamente...
Irmãos, conquanto breves,
teremos
A paz de teu sermão, a
benção aqui
No sempre o abraço que nos
leve.
Amigos
Vou trazer minha pasárgada
Para que venha ter comigo,
Ela, por saber-me frágil,
Eu, por tê-la conseguido.
Vou ter a paz tão sonhada,
Troco mulheres por amigos,
Viveremos acompanhados
Debaixo do mesmo abrigo.
Vou criar descompromissos
-que é meu modo de viajar
Os recônditos sentidos.
-prá aconchegar tenho
livros.
Vou buscar minha
pasárgada,
Que ir, já não tem sentido.
Oração
(à neta natimorta)
Esta súplica é por ti,
menininha,
Tem a tua feição, me
parece,
Que não pode dizer à que
vinha
Na afeição que terias, se
viesse.
Este dia é para ti,
menininha,
Que, sem tempo, teu nome
dissesse.
Nos longes, assim, não
comezinha,
Tua alma lesta se
expresse.
Não há claro ou escuro que
afete
Sua forma de anjo,
vibrante,
Do oráculo o feto, essa
messe.
Esta minha oração, essa
prece,
Não é por teres ido tão
antes,
Mas... Porque vieste.
Das utopias
No céu de agosto a
nuvenzinha
Passeia a forma dum barco
a vela
E vai-se, como se por
encanto
Viajasse meus sonhos nela.
O que seria da vida,
agora,
Se a pudesse viver nesta
janela?
Se me fosse novamente
aurora
O que faria da vida,
aquela?
Já se tornou tremendo esforço
Essa janela para o sonho
torto
Como se fora apenas ela
A zarpar em pleno agosto
Levando, mesmo a contra
gosto,
O encanto da vida, nela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário