Expectativas
poemas
Expectativas
Quantas vezes a festa
É a continuação da missa?
Os enfeites comestíveis
E a comida intragável...
A companhia... Distante,
E o ausente lembrado...
É o suplício do momento
Num calor insuportável
Quantas vezes a festa
É um chá quente
esfriado...
A bebida gelo quente...
O arroz comboiado frio...
As pernas cansadas
De esperar em filas
Para servir-se
Das sobras...
Mas a festa é espera...
Se não do inicio,
Do começo do fim.
Atordoados
Crianças crescendo sob a
luz
Dos monitores
Tendem a desconhecer
valores
Do sol na manhã, da lua
na noite,
Do vai e vem das
gangorras...
Pena, poderiam viver melhor
Suas infâncias
desinformadas
De como brotam as
jabuticabas,
Do gosto das mexericas no
pé,
Do vai e vem das
gangorras...
Até dos sapos no brejo...
Do brejo as adjacências,
As taboas, as gramas
molhadas,
A sensação de liberdade,
Do vai e vem das gangorras...
Perdida nessa perdição
De computar tudo,
Desde a manhã de sol
À noite de lua cheia...
No vai e vem das
gangorras.
Medidores
Aqui estamos...
Olhando o medidor
Do hidrômetro
Penso no consumo...
Da luz? Da água?
Não...
Estou preocupado
Com o consumo do tempo
Que fico sentado,
pensando
Nos longes das viagens
Que deixei de fazer...
Quero sair outra vez,
Quero rever meus anos
fúteis,
Quero refazer meus
caminhos...
Mas é tarde agora
Quando o sol se põe outra
vez
E o homem do hidrômetro
Já se foi
Sem ao menos ver que
estou aqui,
Medindo suas medições.
Sinceramente
Não tenho a força
Para suportar as dores
Do mundo...
Preocupo-me com minhas
dores
Do corpo e da alma...
Já é bastante embaraçoso
Gemer por elas
Que me agridem e esfolam
E apavoram... Mas
São as que tenho
De suportar.
Portanto, do portão
Para fora
Não me preocupa mais.
Consola-me saber que
Também não se importam
Os outros
Com o que me dói...
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