“JOVEM,
ACREDITE NO SEU PAÍS” Olacyr Francisco
de Moraes
Nascido em Itápolis, estado de São
Paulo, no dia primeiro de abril de 1931. Falecido em São Paulo nesta terça
feira 16 de junho de 2015.
O homem que começou com uma
pequena transportadora de pedras se transformou em empresário, dono de banco,
construtor de hidrelétrica, metrô e ferrovia além de ter sido o maior produtor
individual de soja do mundo e um dos maiores de algodão e milho, continua
acreditando no Brasil. Recebeu mais de 200 títulos, entre diplomas, méritos e
medalhas, como o de engenheiro honorário e de administrador de empresas,
honraria recebida do governo brasileiro pelo reconhecimento de sua importante
contribuição ao desenvolvimento de nosso país. Aos 19 anos, junto com seu irmão
Odimir e seu pai, Olacyr começou a sua carreira de empresário constituindo a empresa
de transporte de cargas Argeu Augusto de Moraes e Filhos Ltda. Com apenas três caminhões
Ford 29. Em 1957 nascia a empresa Construção e Transportes Constran Ltda,
uma sociedade entre Olacyr e seu irmão Odimir. Em 1971 abriu o capital da
empresa transformando a Constran em uma S.A. recrutando engenheiros
competentes e qualificando pessoal fez com que a Constran passasse a
dominar todos os ramos de engenharia civil pesada passando a construir aeroportos,
ferrovias, pontes viadutos, emissários submarinos, usinas, portos e túneis, a
primeira obra metroviária do Brasil foi construída por essa empresa. Em 1967,
criou a Orpeca S.A. para criação de gado no norte do Mato Grosso, região
até então inóspita. Em 1973, iniciou atividade agrícola com empresa Itamarati
Agro Pecuária S.A., em Ponta Porã, Mato Grosso do Sul, área de 50 mil
hectares onde eram cultivados soja, milho, arroz, trigo e algodão. Uma área
menor era destinada a estudos, produção e desenvolvimento de sementes
certificadas de arroz, soja, trigo, algodão, feijão, girassol e sorgo. Em
convênio com a EMBRAPA e a Universidade Federal de Viçosa foram desenvolvidas
mais de 3000 linhagens diferentes de soja e trigo, até achar a que melhor se
adaptava e geraria maior produtividade na região. A soja desenvolvida na região
gerava 48% de proteínas em relação ao seu peso contra 44% da soja produzida nos
Estados Unidos. Em 1975 em Diamantino (MT), inaugurou a empresa Itamarati Norte S/A
que ocupava uma área total de 110.000 hectares onde passou a produzir soja,
milho e algodão. As técnicas de otimização desenvolvidas por ele e aplicadas na
Fazenda Itamarati e na empresa Itamarati Norte S/A Agropecuária obtiveram
tamanho sucesso que alçou Olacyr ao título de 'Rei da Soja' nos anos 80,
por ser o maior produtor individual de soja do mundo. Em 1979, diversifica suas
operações inaugurando a Calcário Tangará em Tangará da Serra, Mato Grosso, e em
1985, funda a Calcário Itamarati na cidade de Bela Vista, Mato Grosso do Sul.
Ambas empresas visavam à produção e comercialização de calcário para correção
de solos destinados à agropecuária. A capacidade de produção nessas duas empresas
era superior a 1.400.000 toneladas por ano. A partir de 1980, no Chapadão dos
Parecis, em Nova Olímpia (MT) construiu e operou a empresa Usinas Itamarati
S/A, proprietária de aproximadamente 100.000 ha de terras no estado de Mato Grosso,
cultivando cana-de-açúcar em terras próprias e de terceiros. produziu acima de sete milhões de toneladas de cana que
resultaram em mais de 6,3 milhões de sacos de açúcar, 211 milhões de litros de
álcool anidro e 128 milhões de litros de álcool hidratado, tornando-se a
primeira empresa no mundo em quantidade de cana esmagada por safra.
Em 1986,
constitui a empresa Itamarati Armazéns Gerais, oferecendo armazenagem e
conservação de grãos eficiente, tanto no Mato Grosso como no Mato Grosso do
Sul, em 1989 iniciou um programa de melhoramento genético do algodão
brasileiro. junto com a EMBRAPA gerou a criação de uma variedade de algodão
(ITA90) de alta produtividade e graças a ela, o Brasil deixou de ser importador
para ser um dos maiores exportadores de algodão do mundo. Também é o maior recordista de produção de
milho em terras brasileiras. Para aumentar a capacidade de produção de energia
em Mato Grosso, fez um acordo com o governo desse estado onde ele construiria
duas usinas hidrelétricas (JUBA I e JUBA II, com capacidade total instalada de
84 megawatts) onde a energia elétrica excedente seria vendida a CEMAT,
concessionária de energia do estado, com o compromisso de que o governo de Mato
Grosso investisse nas linhas de transmissão de energia. O governo não fez nada
e as hidrelétricas ficaram paradas por mais de um ano. Outra decepção com o
poder público veio com a Ferronorte, primeira ferrovia executada pela
iniciativa privada no país, que visava funcionar como um importante corredor de
escoamento de grãos produzidos na região Norte e Centro-Oeste do Brasil para o
porto de Santos em São Paulo. Para viabilizar o negócio, foi acordado que o
governo do Estado de São Paulo ergueria uma ponte sobre o Rio Paraná ligando
Mato Grosso a São Paulo e Olacyr construísse a ferrovia. Cumpriu sua parte, mas
o governo do estado de São Paulo, não. Depois de oito anos após uma intervenção do governo
federal a ponte ficou pronta gerando um enorme prejuízo ao investimento feito
por Olacyr. Para complicar ainda mais, na mesma época a Constran levou
um tremendo calote de vários governos estaduais que promoviam diversas obras públicas
de grande porte visando seus interesses eleitorais sem ter recursos suficientes
para honrar os acordos. As empresas de Olacyr cresciam, batiam recordes de
produção e ajudavam a projetar o Brasil no exterior. Mas os governos federal e
estaduais ao invés de ajudarem, só atrapalharam. Hoje está engajado em
empreendimentos de mineração (Itaoeste, Serviços e Participações LTDA e OFM
Mineral Star) para exploração de minérios dos mais variados, como diversos
tipos de calcário, wollastonita - produto hoje 100% importado - apontado como
referência potencial em culturas como as de cana de açúcar e arroz, entre
várias outras. Manganês, ferro, cobalto, cobre, titânio, tungstênio e
atapulgita. A falta de mais gente dessa estirpe faz chorar.
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