À sombra das meias horas
Estamos sobre taboas
podres,
Uns a meio caminho do
nada,
Outros despercebidos
ainda...
Mas todos sobre a mesma
taboa
Apodrecida de más
intenções...
A colheita não é
suficiente
Para a fome de
carências...
Uns estagnados em terra,
Outros viajando sem
destino,
Alguns sem morada em
desatino
À sombra dessas horas
contadas
São meias verdades
lacradas
Entregues aos moribundos,
Esses que já se vêm mortos
São os mais infelizes.
São meias horas esperadas
Nesse latifúndio.
Enquanto eu dormia
Enquanto eu dormia
Passou-se a ocasião
preciosa
De invenções e
manipulações,
Cada coisa em seu lugar
E tempo...
Enquanto eu dormia
A cidade virou metrópole,
Sangrando e costurando
Obras no subsolo e
Nas pessoas...
Enquanto eu dormia
Tu dormias... E, de pronto
Desaprendemos a esperar
A esperança de reviver
Dia após dia.
Enquanto eu dormia
A poesia pôs-se a
trabalhar
Nossas mentes distraídas
Esquecidas de aprender...
A vida...
Mala
Não tenho a mala pronta
Mas a alma para viajar...
Quero conhecer os mares,
Outras pessoas,
Outras cachoeiras...
Quero me ater às forças
Veladas de cada parede...
Pensando bem, acho que
Tenho a mala pronta
Para viajar os sonhos
De procurar tesouros
Onde possa a vida aportar.
Poesia,
Estou te produzindo
Aos borbotões...
Eu digo: faze.
Não me digas não.
Pelo caminho
Vou catando letras,
Formando frases
Em alguma direção,
Umas se guiam bem
Pela essa trilha,
Outras, bêbedas,
Se desguiam...
Algumas nunca
Servirão.
Só eu mesmo sei como
sou...
Sou sempre a fim de sair
de mim
Para conhecer-me melhor.
Estou divisando o que sei
de mim
Entre as páginas do nunca
mais...
Viajo em torno do que me
sei
Apalpando as partes ainda
desconhecidas procurando
A cada vez que me
desencanto...
Percebo então que
finalmente
Nem eu mesmo sei como sou.
Este cara não
Me é estranho.
Então, por que esse cara
Me estranha?
De humano a desumano,
Quanto o homem rotula
O outro homem, infame?
Acredito que o bem vença o
mal,
Só não distingo
Qual deles e mais mortal.
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