Cotidiano
trágico
Assisti uma
cena perturbadora esta manhã, quando um caminhão atropelou um senhor de
bicicleta, que veio a óbito. A princípio terminaria aqui meu impacto com tal
cena, já que não posso fazer nada sobre o ocorrido, infelizmente. Mas, a
repetição de fatos dessa natureza em nossa “provinciana” cidade me impacta
muito mais, visto que o ciclista, como é de costume por aqui, subia numa rua
contra mão e o caminhoneiro não teve visão de sua presença, não esperada
naquela posição, há que se alertar usuários de nossas vias para tais fatos:
ciclistas na contra mão e motoristas com a atenção na sinalização, deixando
para segundo plano ocasionalidades desse tipo, pedestres, ciclistas, motociclistas,
fora de sua área de visão, no ponto cego dos retrovisores principalmente.
Confesso que, além daquele corpo estendido no chão, o que me impactou foi a
reação das pessoas, uma centena delas choramingando ao redor dos socorristas,
criticando, lamentando, e, principalmente duas cenas, a de uma pessoa anotando
a placa para jogar no bicho e de alguns adolescentes escarnecendo sobre o
ocorrido. Talvez a acostumação com a fantasia dos filmes e com a deliberada luz
sobre acontecidos no submundo das cidades, nas TVs, focando cenas desse tipo
como notícias prioritárias, seja a pedra sobre os corações das pessoas,
endurecidos por isso.
Busquei dados
na autoridade policial sobre ocorrências de trânsito em nossa cidade, em 2014
tivemos a perda de NOVE vidas nessas circunstâncias, o que me parece
exageradamente drástico! Tivemos mais de mil acidentes em nossas vias públicas
no ano, com mais de quinhentas vítimas, sendo 40% envolvendo motos! Desses
acontecidos vinte e três atropelamentos de pedestres fecham uma conta
assustadora, visto que temos uma cidade até certo ponto bem sinalizada, ruas de
mão única, vigiadas pela autoridade policial nos pontos de maior movimento. Não
estendo, por desconhecimento, para outras cidades de mesmo porte essa
estatística, mas me parece que podemos prevenir melhor tais desastres, temos
uma frequência de multas por estacionamento em áreas de descarga, por falta da
luz de emergência ligada, em áreas preferenciais para deficientes e idosos,
estão presentes ali os “guardas”, para multar ou instruir? Se para instruir,
por que não uma campanha para que ciclistas principalmente respeitem tais
sinalizações? Os sinais luminosos são para todos, pedestres confundem o “pé na
faixa”, quando o sinal fecha para ele o carro avança ao sinal aberto para si,
sobrepondo-se ao pé na faixa nessas circunstâncias. É muito distraimento a
pessoa atravessar a rua sem observar o trânsito, agora com celulares aptos para
quase tudo, piorou muito... Parece-me que as vidas humanas transitando entre
máquinas perderam seu valor, é preciso conscientizar o pedestre do perigo da
máquina, e os condutores das máquinas, de que também eles são pedestres, a
princípio. A opção de quem pode mais chora menos não condiz com a necessária
convivência dos desiguais, que se equalizam noutros momentos, por que não em
todos?
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