Das
horas amargas
Na
fuga das horas amargas
A
tensão se alastra aos bastidores
Aqui
todos os escuros são tétricos
Todos
os gemidos são sustos
E
uma teia prende as moscas
E
os pensamentos ao medo,
Eles
se batem, se enroscam
Nos
sentidos acesos à hora...
As
horas tornaram-se amargas
Pelos
mementos vividos
Além
das prioridades do sentido.
A
viagem penosa é necessária
Para
a visão acima das nuvens
Inventadas
escuras...
A
psicologia desvenda as bases
De
as horas serem amarguradas
E
o sentimento de impotência
Agarra-se
à teia, lutando com
Moscas
e pensamentos
No
desespero de causa.
Dragas
Empurram
rio acima
Todas
as cargas,
Com
elas as despedidas...
O
choro amargo da partida
Entre
sacas alinhavadas...
E
vidas.
EXPLIQUE-ME,
POR FAVOR,
O
QUE É PRECISO FAZER
DA
VIDA QUE JÁ SE FOI
AQUILO
QUE NÃO SE FEZ....
Essas
manhãs de inverno
Nessas
manhãs de inverno,
Garoadas
de frio gelo,
O
que pode ser verdade
Na
mentira dos pintainhos
Acordados
logo cedo?
Na
mentira dos motores,
Uivados
de não pegar,
Nas
folhas esverdeadas
O
chão lívido do lugar...
Um
coro de madrugadores?
Difícil
não acordar.
Nessas
manhãs invernais
O
que tira cedo das camas
Esses
batalhadores?
A
luz de um sol raquítico
Dizendo
pra não esperar
Que
venha um calor fático
Aos
outros tentar acordar.
Nas
manhãs de frio intenso
Com
vontade de não ir
Ao
encontro do Lácio
No
tempo inda por vir,
Quando
o pio dos pintainhos
Vara
a fome por ficar,
Que
o tempo enevoado
Força
o ser a se deitar
Pelas
mentiras do dia
Que
teima em nevoar...
As
ideias dos idas idos
Sonhar
os sóis de verão,
Da
preguiça de verdade
Própria
de cada estação.
Esplendores
Quando
te deitas,
Não
diga que te deitas...
Diga
que vais dormir,
Que
é o que fazes na cama,
Onde
não lês... Não dialogas,
E
esse sexo espaçado
Te
põe medo de morrer
Antes
de teres morrido.
Quando
te deitas,
Finja
que já dormistes
Quando
alguém te procura
Para
contar-te agruras,
Queixas
de não dormir,
Não
fechar olhos vivos...
Na
espera do inativo
Que
já pusestes dormir.
O
cansaço do tempo
Deixado
correr entre tarefas,
As
crises são todas existenciais,
A
cor da verdade não tem pressa
No
tempo deixado passar...
Jusante
Onde
as pedras volantes
De
ferro gusa?
Ausentes!
Onde
as onças e as manadas,
Equilibrando
as vidas?
Ausentes!
Onde
as banhadas de peixes
E
mandiocais dos índios?
Ausentes!
Onde
os perobais gigantes
E
as jabuticabeiras naturais?
Ausentes!
Onde
as vidas passadas,
Nessa
jusante inundante?
Ausentes!
Ausente
a fauna da vida
Se
ausentará nossa vida
Restante.
De
onde vem?
Do
livro Abrigos
Bem
que eu gostava
Das
coisas simples da infância,
Mas
elas se foram tão cedo...
Nunca
armei arapucas,
Nunca
construí estilingues,
Tive
compaixão pelos bichos,
Reconhecendo
a grandeza
De
suas fraquezas frente
O
ardil humano...
Gosto
de tangerinas no pé,
De
jabuticabas no pé,
De
manga, pêssego, no pé...
Agora
vem tudo empacotado
E
as crianças nem cismam
De
colhe-las no pé.
Mas
continuo gostando
Das
coisas simples da infância,
Que
se vão tão cedo...
Sergiodonadio.blogspot.com
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