quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013
Obviedades
Obviamente a campa
Não encampa
O que o futuro trama...
Há certas coisas
Que resistem ao tempo,
Pedras recolhidas
Pelos cantos
Como lembrança das pessoas
Idas, sem licença.
Apenas pensamos esquece-las
Mas estão nas bancas
Aquecendo pães
Fornados antes desse tempo,
Perscrutando pensamentos
Entre os bibelôs
da infância.
crendices
Pelo copo meado de água
Pinga uma gota de óleo...
dirá desenhando sua saga,
Mostrará furando arredia
O espelho da água vazia.
Assim mostram meninas
Sonhadas faces amadas
Que poderão ser ou não
Suas sinas, mas o óleo
Banha, a alma credita.
Assim se faz a crença
Nas coisas idílicas, sala
Em que riem meninos
Sobre pares sonhados
Para fechar o seu dia.
Estações do frio
Nada a ver com invernos...
Apenas com a solidão de gestos,
Vejo falando sozinhos
Perturbados senhores e seus planos,
Enlevadas senhoritas e seus enganos...
Nada a ver com os meses frios,
Pleno janeiro e o sol queimando
Mentes na estação do frio.
Que almas são essas que sacodem
Corpos cansados de titubear
Entre as cordas de um campanário
E as outras de um outro lugar?
Estações desse frio me acodem
Ao saber que o vizinho perdeu
A memória das coisas vividas...
Não morre, mas foge da vida.
O homem e seu mar
O homem e seu mar
Se entendem...
Por navegarem juntos
Os seus tempos,
Seus temores...
As tormentas desse mar
Se estendem...
Varrem pelos longes
As aflições de antes
Temerárias.
As tormentas desse homem
Apaziguam suas raivas,
Com extremos de
Alegrias, choros,
Mais que nada.
Para viverem suas procelas
O mar e o homem
Domam seus instintos
E o corvo que
Os espreita.
ebriez
O bêbedo faz parte
Da paisagem da luz...
Caminha trôpego, cai, iça
Sob a luz fosca na névoa
O inverno em suas pernas...
A luz filtrada daqui
Arroja o bebido seus gases
Para além da verdade,
Um campo minado onde
Ele flana, sem receios...
Carregado pela luz
Evola-se satisfeito de ir-se,
Suas pernas trançam atro
Mas sua idéia ri-se
De ser fato.
A luz filtrada na névoa
Traduz a espera da manhã.
As pernas afrouxam em si,
O bêbedo já faz parte
Da paisagem.
Soluções ao desconforto
O passado é aquilo tudo
Que você consegue trazer
Na mochila não tão pesada
Dos aconteceres...
De resto vale despegar-se
Dos pesos na tal mochila,
De teu apenas a culpa menor
De ceder, ou aceder ao prazo.
Da vigência de teu remorso
A saudade doutras verdades
Cobre o manto da inverdade
Acontecida às vezes...
Antes de voltar-se, espelhe
Seus retornos às fases boas...
Assuma o que de mau estar
Impressiona-te...
Como fazer? Se soubesse
Nem estaria falando disto
De ceder, aceder, volar
Ao plano e esquecer-se.
belicosos
Na véspera do saber
A ignorância manda...
Somos símios melhorados?
Somos o resultado de anos,
Séculos de beligerância,
Acima dos acordos de paz.
Somos o aprendizado,
Inda a caminho de frustrar-se,
Correndo das bombas
E dos estilingues,
Fugindo dos alcoolizados
E fumados...
Somos isso e mais aquilo
Além das forças da paz,
Somos grilados em nossa paz!
Construímos casas alicerçadas
No poder de compra,
Sem lares por dentro.
Somos símios, melhorados?
Não, infelizmente belígeros
Mais e mais atrasados
Em nossos conceitos
Quanto mais evoluímos
No cardápio.
Meia idade
A meia idade
É a idade em que se tempera
A vida com a possibilidade
Da morte.
Assim pausado o meio idoso
Não quer esquecer o passado,
Mas não lembrar tudo nele,
Apenas o que lhe sorri,
O que lhe chora apaga...
Assim cansado o meio idoso
Revive quadras de salubridade
Com o insalubre momento
De quase já não ser
O que seria ser...
A meia idade
É pra lá de meia... Dois terços?
Quem o sabe nesta turbulência
De viver-la?
música
Nos olhares de canções novas
Uma estripulia de falares...
Disciplinem-se, palavras!
Obedeçam a ordem dada sobre
As coisas concretas e as
Abstratas.
Todas estão aqui, numa mesma
Frase, expondo o quanto pode
O senhor das idéias dizer
Das outras, as pornográficas
Interpretações das frases
Ditas n’água.
Trareis para vós lenços de seda,
Uma anágua, uma combinação,
Das vestes que não se vestem
Mais, desvestindo a moral,
Amoralmente deixada cair,
Apaziguada.
Experiências
Experienciemos
A palavra difícil,
Aquela que nunca
Experienciastes,
Justo que difícil
A dobra da língua,
E que não mais
Experienciareis,
Depois que
A experienciáreis.
Aqui a poesia é
Um caco velho,
Deixada ficar entre
Outros cacos
Na cacofonia
De seus falares...
A difícil missão
De fazer lúcido
O dizer fácil.
Experienciai.
Convite
Venham...
Venham ver o dia amanhecendo
Outra vez,
Silencioso, numeroso de imagens,
Poderoso de acordes...
Venham...
Venham viver o amanhecer,
Mesmo que tarde,
Possuído das formas líquidas
Deste mundo água
Entre as madrugadas e
O sol a pique.
Venham espairecer as mágoas
De seu atribulado ganhar do pão
As dores desse cansaço
De viver-las, pobres, modorrentas
Tardes de ganhar dinheiros
E raivas...
Venham ver que o dia tarda
A esperar seu olhar que extasia
Entre as necessidades do seu dia
E o seu dia de amenidades,
Simples horas de espreita
Dessa tarde,
Visão poética
Um modo de entender
A visão poética das coisas
É ver o que não está...
Nas árvores de sua rua,
Nas pedras da calçada,
No olhar das crianças...
Tudo o que não está lá
É o que interessa
Para viver-las.
Agora que conseguistes
A proeza de olhar
Os invisíveis
(que outros não o sabem)
É o momento de poesia
Em sua imensa vista
De olhares...
Tudo o que não está
É o que interessa.
Previsões imprevisíveis
Na década de 1550 Michel Nostredame, apotecário (farmacêutico) criador da pílula de vitamina C que combatia a peste negra, estudioso de línguas, teologia, alquimia, literatura e astrologia, íntimo do Rei Henrique II e de sua esposa Catarina de Médicis, apadrinhado por estes escreveu as centúrias, (quadras de versos, divididos de cem em cem) prevendo futuros acontecimentos. A escrita metafórica e obscura de Nostradamus, nome que assumiu, do latin, intriga até hoje estudiosos, mas depende de interpretações, o exemplo mais difícil é da sua lavra: “no sétimo mês do ano de 1999/do céu virá o grande rei do terror”, reescrito e traduzido muitas vezes, foi interpretado como o fim do mundo!
O calendário Maia, bem mais antigo, contava o tempo em dias, contagem curta, e em anos, contagem longa. Fechando um ciclo a cada 52 anos. Prevendo que acontecimentos só se repetiriam o cada fim de ciclo. Segundo esses ciclos longos, haveria uma mudança cósmica agora. Erroneamente interpretada pelo movimento Nova Era como um cataclismo em 21/12/2012. Segundo Sandra Noble, diretora executiva FAMZI, organização que pesquisa a cultura maia, o que era motivo para grande satisfação para eles, se tornou motivo para pessoas ganharem dinheiro com a tal farsa.
Em 1997, com a passagem do cometa Hale-Bopp, surgiram boatos sobre alienígenas que viriam destruir a terra. Infelizmente esses boatos fizeram surgir a seita “portais do céu” que levou seus 39 membros a cometerem suicídio, agrupados num rancho no deserto, acreditando que suas almas seriam salvas pelos alienígenas.
Na virada do milênio, difundiu-se a idéia de que os computadores não diferenciariam 2000 de 1900, o que significaria uma série de catástrofes, levando ao holocausto nuclear. O que levou a uma grande corrida de construção de abrigos, prevendo o fim do mundo.
No último dia 12 de outubro policiais do Piauí cercaram uma casa em Teresina, onde 120 pessoas estavam reunidas para esperar o fim do mundo, que, segundo um homem de 43 anos que se intitulava “profeta”, aconteceria naquele mesmo dia, o mundo não acabou, o profeta de Teresina, que não é um sacerdote maia, errou, o que espanta é que mais de cem pessoas tenham atendido à insana convocatória, largado seus respectivos trabalhos e levado suas crianças (eram 32 na casa e foram “resgatadas” pela polícia) para um lugar onde só havia veneno de rato para comer.
Essas previsões são cíclicas, está surgindo a mais nova agora, prevendo para 2030 o fim de tudo. Pena que para muitos será mesmo, por questões de idade, balas perdidas, fumadas noitadas, guerras e guerrilhas... O padrão de vida está se deteriorando nesse sentido. Embora a expectativa seja de se viver mais, a irracionalidade faz com que vivamos menos, prendendo-nos em fortalezas contra ataques “alienígenas”. Pena...
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