terça-feira, 30 de junho de 2015



                                   “JOVEM, ACREDITE NO SEU PAÍS”  Olacyr Francisco de Moraes
          Nascido em Itápolis, estado de São Paulo, no dia primeiro de abril de 1931. Falecido em São Paulo nesta terça feira 16 de junho de 2015.
O homem que começou com uma pequena transportadora de pedras se transformou em empresário, dono de banco, construtor de hidrelétrica, metrô e ferrovia além de ter sido o maior produtor individual de soja do mundo e um dos maiores de algodão e milho, continua acreditando no Brasil. Recebeu mais de 200 títulos, entre diplomas, méritos e medalhas, como o de engenheiro honorário e de administrador de empresas, honraria recebida do governo brasileiro pelo reconhecimento de sua importante contribuição ao desenvolvimento de nosso país. Aos 19 anos, junto com seu irmão Odimir e seu pai, Olacyr começou a sua carreira de empresário constituindo a empresa de transporte de cargas Argeu Augusto de Moraes e Filhos Ltda. Com apenas três caminhões Ford 29. Em 1957 nascia a empresa Construção e Transportes Constran Ltda, uma sociedade entre Olacyr e seu irmão Odimir. Em 1971 abriu o capital da empresa transformando a Constran em uma S.A. recrutando engenheiros competentes e qualificando pessoal fez com que a Constran passasse a dominar todos os ramos de engenharia civil pesada passando a construir aeroportos, ferrovias, pontes viadutos, emissários submarinos, usinas, portos e túneis, a primeira obra metroviária do Brasil foi construída por essa empresa. Em 1967, criou a Orpeca S.A. para criação de gado no norte do Mato Grosso, região até então inóspita. Em 1973, iniciou atividade agrícola com empresa Itamarati Agro Pecuária S.A., em Ponta Porã, Mato Grosso do Sul, área de 50 mil hectares onde eram cultivados soja, milho, arroz, trigo e algodão. Uma área menor era destinada a estudos, produção e desenvolvimento de sementes certificadas de arroz, soja, trigo, algodão, feijão, girassol e sorgo. Em convênio com a EMBRAPA e a Universidade Federal de Viçosa foram desenvolvidas mais de 3000 linhagens diferentes de soja e trigo, até achar a que melhor se adaptava e geraria maior produtividade na região. A soja desenvolvida na região gerava 48% de proteínas em relação ao seu peso contra 44% da soja produzida nos Estados Unidos. Em 1975 em Diamantino (MT),  inaugurou a empresa Itamarati Norte S/A que ocupava uma área total de 110.000 hectares onde passou a produzir soja, milho e algodão. As técnicas de otimização desenvolvidas por ele e aplicadas na Fazenda Itamarati e na empresa Itamarati Norte S/A Agropecuária obtiveram tamanho sucesso que alçou Olacyr ao título de 'Rei da Soja' nos anos 80, por ser o maior produtor individual de soja do mundo. Em 1979, diversifica suas operações inaugurando a Calcário Tangará em Tangará da Serra, Mato Grosso, e em 1985, funda a Calcário Itamarati na cidade de Bela Vista, Mato Grosso do Sul. Ambas empresas visavam à produção e comercialização de calcário para correção de solos destinados à agropecuária. A capacidade de produção nessas duas empresas era superior a 1.400.000 toneladas por ano. A partir de 1980, no Chapadão dos Parecis, em Nova Olímpia (MT) construiu e operou a empresa Usinas Itamarati S/A, proprietária de aproximadamente 100.000 ha de terras no estado de Mato Grosso, cultivando cana-de-açúcar em terras próprias e de terceiros. produziu  acima de sete milhões de toneladas de cana que resultaram em mais de 6,3 milhões de sacos de açúcar, 211 milhões de litros de álcool anidro e 128 milhões de litros de álcool hidratado, tornando-se a primeira empresa no mundo em quantidade de cana esmagada por safra.
 Em 1986, constitui a empresa Itamarati Armazéns Gerais, oferecendo armazenagem e conservação de grãos eficiente, tanto no Mato Grosso como no Mato Grosso do Sul, em 1989 iniciou um programa de melhoramento genético do algodão brasileiro. junto com a EMBRAPA gerou a criação de uma variedade de algodão (ITA90) de alta produtividade e graças a ela, o Brasil deixou de ser importador para ser um dos maiores exportadores de algodão do mundo.  Também é o maior recordista de produção de milho em terras brasileiras. Para aumentar a capacidade de produção de energia em Mato Grosso, fez um acordo com o governo desse estado onde ele construiria duas usinas hidrelétricas (JUBA I e JUBA II, com capacidade total instalada de 84 megawatts) onde a energia elétrica excedente seria vendida a CEMAT, concessionária de energia do estado, com o compromisso de que o governo de Mato Grosso investisse nas linhas de transmissão de energia. O governo não fez nada e as hidrelétricas ficaram paradas por mais de um ano. Outra decepção com o poder público veio com a Ferronorte, primeira ferrovia executada pela iniciativa privada no país, que visava funcionar como um importante corredor de escoamento de grãos produzidos na região Norte e Centro-Oeste do Brasil para o porto de Santos em São Paulo. Para viabilizar o negócio, foi acordado que o governo do Estado de São Paulo ergueria uma ponte sobre o Rio Paraná ligando Mato Grosso a São Paulo e Olacyr construísse a ferrovia. Cumpriu sua parte, mas o governo do estado de São Paulo, não. Depois de  oito anos após uma intervenção do governo federal a ponte ficou pronta gerando um enorme prejuízo ao investimento feito por Olacyr. Para complicar ainda mais, na mesma época a Constran levou um tremendo calote de vários governos estaduais que promoviam diversas obras públicas de grande porte visando seus interesses eleitorais sem ter recursos suficientes para honrar os acordos. As empresas de Olacyr cresciam, batiam recordes de produção e ajudavam a projetar o Brasil no exterior. Mas os governos federal e estaduais ao invés de ajudarem, só atrapalharam. Hoje está engajado em empreendimentos de mineração (Itaoeste, Serviços e Participações LTDA e OFM Mineral Star) para exploração de minérios dos mais variados, como diversos tipos de calcário, wollastonita - produto hoje 100% importado - apontado como referência potencial em culturas como as de cana de açúcar e arroz, entre várias outras. Manganês, ferro, cobalto, cobre, titânio, tungstênio e atapulgita. A falta de mais gente dessa estirpe faz chorar.
Sobre a maioridade a apenar
Catai as sobras do mundo
A cobrir os que dormem 
Em papelões imundados
Pelas calçadas frias...
Catai do bem o mal maior,
A incapacidade de dividir cobertas...
Catai das fomes a resposta
Ao desespero vindo de antes...
Dos desesperos a fonte...
Das fontes a prosperidade ímpar,
A fazê-la par com esses
Que vagueiam pelas fomes
E não sabem por onde começar,
Ou terminar o não começado.
Vagai por essa quimera
Que nem vive mais!
Calai da fonte a resposta
Que não vale mais, a maioridade
Depende de quando se começou
A sonhar viver, ou ter o direito
De viver o sonho...
Apenar a circunstância do que
Não pode começar,
A que fim vai dar?


CAMINHOS


CAMINHOS HÁ,
A SE TRAÇAR E SEGUIR...
MESMO QUE TURVOS,
MESMO QUE ABSURDAMENTE LAICOS,
SÃO CAMINHOS.
CABE A CADA UM APLAINAR
E SEGUIR,
PARA VIVER-LO.






Identidades


Acordo
Vendo sobre o travesseiro
O dorso da minha mão...
Assusta-me reconhecer em mim
As mãos de meu pai!
As veias saltadas, cobertas de pelos...
Vejo-o lavando-se nas tardes
Limpando o suor poeirento
Daqueles tempos difíceis
Em sua vida lavrada.
Acordo
Vendo a palma da minha mão
Lisa, limpa, escovada...
Sabendo que devo isto
Ao seu pesado labor,
 A minha salva.

Sergiodonadio.blogspot.com





Não é preciso motivo


A voz chegada fraquinha
Foi se tornando forte
Sem nem saber a que vinha...
Mas
Nem é preciso motivo
Para o silêncio ser o grito,
Apenas a vontade férrea
De viver e reviver-se nela
Fazer andar cada pedra,
Fazer florir cada pinha,
Fazer sorrir cada órfão...
De voz chegada fraquinha
Tornada forte no silêncio
Forçado que se avizinha...









Motivamentos


Venho das horas cansadas
De serem madrugadas...
Viajei pelas estradas noites,
Dormi pelas camas dias...
Apreciei os sóis pondo-se
A cada manhã nascida
Do outro extremo da lida...
Eu sei das horas cansadas
As horas abatidas
Desentendo porquês
Da lida apenas por lida,
Após a fé abolida.
Venho das horas cansadas
Procurando motivos novos
Para a manhã caminhada.

sábado, 20 de junho de 2015



Há anos não ouço

Há anos não ouço grilos na janela
Querendo entrar, ou sair, por ela...
Há anos não ouço canto orfeônico.
Há anos não ouço o ronco
Diferenciado do jipe DKW.
Há anos não ouço o toque de silêncio
Em sepultamentos...
Brigas de galos e suas torcidas...
Nem de canários ou cães...
 Há anos não ouço mágicos de rua,
Pintores de rua, trovadores...
Há anos não ouço criança pedindo 
crush ou tabletes de mocotó...
Gritos de fazer dó enchendo a casa
De nascituros enquanto a parteira
Os lava, limpa e entrega...
Há anos não ouço contos da minha vó
Nem dos vidros de bala dela ou
Sua forma torta de dar bronca...
Por conseguinte, nem a avó.
Daqui uns anos também vou estar só,
Esquecido numa laje. Com o nome
Pedindo saudade...

Sergiodonadio.blogspot.com

sexta-feira, 19 de junho de 2015

brocardos

Quando pergunto
a precisão do dia
O dia responde em eco:
Quando... Quando...
Quando em sol a noite se faria...
Já faz-me parte essa alegoria
De um dia ser-me tarde
Sendo eu já um novo dia,
E dá em mim a paz que não sabia
Em ter passado o tempo
Que o dia não passaria.



Dia findo... Dia lindo.
Depois, amanhã,
Será diferente, como foi
o hoje do ontem...


A rua era extensão da casa
Quando em criança nela se brincava...
Agora a casa é extensão da rua,
Quando criança já não brinca, invade.


Será preciso mais um tempo
Para perceber todos os sóis,
Da manhã do nascituro
À tarde do moribundo.


Como pode o canto decantar o tempo
Se o tempo manda que o canto cale
Quando ao tempo apraz silêncio?


Aqui estamos nós,
Sobreviventes de Waterloo?
-Não... Do último assalto,
No cenário pobre do Senado.


A terra reciclou-se
Extinguindo os dinossauros.
E vai outra vez reciclar-se
Extinguindo homo otários.


Reja minha caminhada
Pelos sonhos
Que a realidade é pobre
E aos tombos...
sergiodonadio.blogspot.com

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Aforismos
O que tem para hoje:
De repente
A vida se recomeça
Esquecida do que não mereça.
Viajo de mim hoje,
Mesmo que não aconteça...
Deixa a lembrança
Virar saudade...
A esperança
Vale o desalarde...
Reportagens
Às vezes se ouve
O que nem houve...
O tempo se torna fato
Ante o que faço 
ou desfaço...
O tempo se esgarça
Enquanto penso:
-Amanhã eu faço...
A coisa mais abstrata
Que conhecemos
É nosso próprio corpo,
Feito da água que não vemos...
O concreto
É o fabricado 
De água e cimento,
O resto é abstrato...
É preciso estudar
O que se disse inadvertidamente...
O que vale não é só pensar,
É sentir com a mente...
Orquídeas selvagens
Talvez não queira querendo
Que a flor nascida na fonte
Seja de beleza inútil
Inalcançável à mão ávida...
Me vejo inútil por isso
De ter me nascido gente,
Despercebido na fonte
Que de mim não se alenta
Longe da água corrente
Dessa flor fosforescente.
Escatológico
Sento-me à mesa,
Servem-se a sopa.
Reajo: quero comida
Que faça bosta!
Escatológico?
Mas todo feito
É escatológico,
É só prestar atenção
No ilógico do lógico...
Romance antigo
Se a lua é feito de pedra
E não tem brilho próprio
Como nos ensina a escola,
Então como encanta tanto
Seu brilho ao apaixonado
Ao poeta, ao iludido
Romanticário?
Tem gente que lê pensamento.
Eu, às vezes, não entendo
Nem o gritado ao pé do ouvido...
A todo pulmão
A criança chora.
A toda paciência
A mãe o consola...
O choro é manha?
Mas não tem jeito,
No momento da fome
Ele só quer o peito
Solidão
Mais que estar a sós
É sentir-se sozinho
Numa multidão de ausentes...
Do que não pude
Fiz o que pude...
Terminarei como o vizinho
Num ataúde.
Às vezes o choro vela
A morte ou o nascimento.
Às vezes o choro é vela
Acendida ao momento...
Do outro lado do muro
Mesmo que o cão não lata
Sabe o que se passa
Do outro lado do muro

quarta-feira, 17 de junho de 2015



A hora do meio da noite

Esta é a hora do meio da noite...
Flores se apagam ao olhar,
Comidas pelas ovelhas famintas,
Presas o dia todo...
Esta é a hora...  O pavor...
A mente escurecida pela dor
Da hora desmanhecida...
Nessa hora do meio da noite
As sombras crescem,
O escuro manda cores mudas,
Os seres caminhantes tropeçam
E voltam... Volta-se contra si...
Esta é a hora, o meio da noite
Impera... Explora... Implora
O amanhecer de novo.