quinta-feira, 28 de julho de 2022

 

A mudança dos tempos

                sergiodonadio

Espairecendo pensares íntimos

De tempos idos na memória fraca

Falemos de nós, nossos princípios

De ordem vívida, já alquebrada,

De sonhos idos pela estrada,

De pedras brutas, desamontoadas,

De valores híbridos, desapegados,

De um tempo levado pelos passados

Inerentes às dores discordadas

De valores que se desfizeram

Em rajadas de fortes ventos

Na consciência desavisada...

Que dor é esta, que não se apaga

Nos dias frios das invernadas?

Que força é esta, que não se oprime

Ao som da janela alquebrada

De velhas persianas, deixadas

Em vãos de sonhos desninhados

D’outras forças, já destronadas?

São sonhos lindos, hoje enfeados...

domingo, 24 de julho de 2022

 

Arbítrios

 

Já tive vontades:

De poder viajar,

De poder voltar...

De querer comer,

De querer beber,

De querer amar

E poder foder...

E dessas vontades

Fiz por merecer

As dores dos partos

De cada querer...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Terceira idade

 

A idade de desaprender...

 

 

 

 

 

 

 

 

Em silêncio o silêncio

Comunica-se comigo

Como esperava: não ambíguo...

 

Caminhos áridos

 

O chão que se move

Sob pés descasos

De casos cansados

De caminhar assuntos...

O chão que se mede

Pelos percalços

Desse tempo extinto

De ocasos limes

Sobre pedras causas

De extremos limos...

O chão que desfaz-se

Depois da espera

De caminhos áridos

Ante termos lívidos...

O chão que espairece

Sobre desacontecidos

Faz a marca d’agua

Sobre temas lívidos

E desfaz-se nisso... 

 sergiodonadio