Amenidades
O
dia a dia dos brasileiros em geral é feito de “amenidades”, como se vê pelas
impropriedades dirigidas à Presidente da República nas aparições públicas,
Pelos assaltos de pequenas aposentadorias a grandes sacos de dinheiro, pelos
arrombamentos de caixas eletrônicos, casas, de postos de gasolina, campeões de
frequência, de pessoas idosas, espancadas para entregar de anéis a
dentaduras... O clima de pavor das comunidades das grandes cidades, uma guerra
sem sentido, está se expandindo para o interior com consequências danosas na
reação das pessoas, que se amedrontam até de explicar um endereço a um perdido
passante, de um pedido de um copo de água em suas portas, rádio, TV, jornais,
se encarregam de propagar a triste realidade desse dia-a-dia, aquele povo
cordial, de outros tempos fica retraído em suas carrancudas defesas, frente ao
turbilhão de acontecimentos, de pancadarias sem motivo, se é que possa haver
motivo para pancadaria em algum momento, como está-se vendo. Por outro lado,
com o acobertamento dos noticiários em
tempo de copa do mundo, o retrato daquele jeito brasileiro parece voltar ao
semblante nosso, vejamos a locomoção dos assistidores desses jogos, dá para acreditar
nessa calmaria que se vê pelas estações de TV, mostrando a entrada e saída dos
estádios sem balbúrdia, depois das greves dos metroviários de uma semana, do
raivoso tema “não vai ter copa” dos últimos meses, das agressões dos sem tetos
e policiais mutuamente, nas frentes de batalha? Dos xingamentos às autoridades
aos piquetes nas imediações dos estádios, tudo está sendo apagado das
reportagens pelas emissões programadas da FIFA para seus confrontos
futebolísticos. Nesse clima entre copa e cozinha (o pré cozimento dos
candidatos) se delineia um campo de batalhas mais virulento, somado às UPPs e a
resistência dos PCCs, quem leva balas perdidas, como em todas as guerras, é o
cidadão, de qualquer idade e procedência, desarmado em todos os sentidos, do
coldre à alma, morre dentro de casa, se perguntando: o que que tenho com isso?
Por um terceiro prisma, esse sistema de governar, em todos os níveis,
inaugurando obras inacabadas, e até inexistentes, linhas de trem, metrô,
viadutos, aquedutos, portos, placas de vai e vem pela aí afora, como se fosse
normalidade o que é uma disparidade nos leva, enquanto moradores desses burgos,
a desacreditar de todos, criando um clima de desolo até para fatos conclusos,
como os jogos da copa, pequenas obras pragmáticas que passam desapercebidas,
mas que são importantes para o ir e vir, para o atendimento melhorado em alguns
postos de saúde e escolas, etc. tudo o que de pequeno se faz alguém dirá: Só
isso?
Essas
“amenidades” que se aprofundam em nosso meio estão tornando o brasileiro comum
num ser incomum, ou seja, fechado em suas convivências pelo medo, pelo desolo,
pelo atarefamento com suas próprias agruras frente à paralisação que os índices
mostram, não fora eles, a própria avaliação do bolso, cada dia mais raso a
enfrentar os custos imprevistos.