terça-feira, 28 de agosto de 2018

Nos restos do dia
Sou bom nisso
De ficar encantado
Com as coisas mínimas
Longe do olhar distante...
Esses humanos
Sonhadores com o olhar
Distante
A esse universo cintilante...
Mesmo no opaco
Das estrelas mortas,
Cadentes num céu límpido
Meio da noite
Quando todos os pardos
São gatos, e sonham
Com moçoilas nuas
Nos seus quartos
Nessa praia beira mar sectário..
Ondas promovendo ondulações
Frenéticas para açoitar
Navegantes de prima viagem,
De sempre...
Piratas desse tempo ido
Inda navegando banidos...
Sou bom nisso
De cavocar imagens
Nas formações das nuvens
Antes que escureçam
E desçam tempestuosos
Granizos sobre as cabeças
A congelar os sonhos
Deste encantado admirador
Dos céus noturnos
E suas mechas de fio de ouro
Na nascente do sol novo...
CONVIDO A VISITAR MINHA PÁGINA
COM VÍDEOS E TEXTOS. Disponíveis
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E seus distribuidores.

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

A difícil tarefa de ver... E calar
Condenam-me por explicitar
Minhas preocupações com o futuro,
nossos descendentes talvez 
Estejam cegos a futuros mandantes,
Mas, as promessas politiqueiras
A cada quatriênio enojam
Pela desfaçatez com que resolvem
Todos os problemas da nação,
Arrastados há anos pelos mesmos
Legisladores de agora salvadores.
Quando? Quando, senhores,
Vão se redimir dessa ofensa
De mancomunar objetivos sórdidos
A politizar a fome de tantos?
Um Poema à Minha Mãe.
Mãe! Alguns vão me condenar
Outros vão tentar me procurar
Serei intimado pelos tribunais
Mas antes disso acontecer, vou falar
Porque já me sinto intimado pelo silêncio
Que me julga dia pois dia, mesmo calado
E sem direito a defesa me condena.
Mãe, lembra quando te falei da política
Disse e repito que todo o político é igual
Quantas promessas receberam na campanha
E qual foi a resposta da vossa confiança
Uma música gravada periodicamente
Para vos cegarem a vista com diálogo.
Mãe, as promessas nascem a cada quinquenal
Para o nosso povo cego e analfabeto
Que mesmo injustiçado ainda aposta neles
Como a mãe tem feito e me obriga a fazer.
Mãe, já leu as leis e decretos, são todos anais
Afectados pelas hemorróides ambiciosas
Para uma sociedade desenformada e pacifica
Na qual também faço parte infelizmente
Porque escrevo, falo e nada vejo a mudar
Senão mortes e sequestros que assisto na Tv.
Mãe, hoje ao recordar as promessas chorou
Não de emoção mas de dor e tristeza
Pois dói saber que no coração de alguém
Cabe todo o Mbique só teoricamente
Porque na prática, só cabe as riquezas do Mbique
Como tenho visto e assistido diariamente.
Sanjo Muchanga

segunda-feira, 20 de agosto de 2018





Floradas



               poemas





















O tempo passa
Como passa o trem,
Quem não se atrela
Não viaja.









As dores dos sobressaltos

Eu poderia ter sido
Um poeta de versos doces
Mas o que me aciona
É o amargo das vidas
Que vejo e choro...
Choro, mas fecho os olhos,
Deixo o falar sobre,
Sem lágrimas...
Eu poderia ter sido
Mas fiquei-me cáustico
Frente aos fatos de relatos.
É muita dor
Pra pouco espaço.








Cerrados

Enxergar
As mazelas
Do mundo
Dói...
Por isso
Fechamos
Olhos
Ao redor.













Abancado

Neste banco,
Entre roseiras,
Me sinto incômodo,
Então me distancio
De seus espinhos...
Olho absorto
A paisagem humana,
Que sei espinhosa...
Assim agem todos
Se te veem chorando
Dizem-se pesarosos
E se mantém longe
De seus espinhos...








Resistência

Onde não moram
Os meninos sábios?
(Por favor, não
Me enterrem com
Os trotskistas)
Corrompido
Com o que se perdeu
Em palavras amargas
Desses sábios meninos...
- Algum deles sou seu?
Não me confundam
Com idealistas.
A minha lavra
É o tempo vencido,
E o por vencer...
Quero usufruir desse
Capitalismo capenga,
Que o sonho deles
É menor que o meu,
Sendo eles melhores
Que eu.
Ajeites

A vida compõe-se
De momentos,
E todos esses momentos
Que compõem a vida
Devem ser vividos,
Bons ou maus...
A cada sentido.
Prefiro esperar
O próximo acontecido
Para definir
Se o atual foi bom ou ruim,
Preciso medir
Com o compasso do tempo
Se o que fiz e o por fazer
Se integram...
Ou se desintegram
Ao amanhecer...




Sonhos impossíveis

Quero voar...
Voar tão alto
Para ver a terra
O planeta água...







O contador
de estórias
Está cortando
história.








Não me abismam os mortos.
Que os mortos não se assustem...
Os vivos temem a morte,
Os mortos dissertam a vida...







Talvez o tempo passe
Eu não perceba,
Vivo cada dia
Um passado novo...






Permanência

Hoje revisito
Pessoas
Que eu bem quis...
E que bem
Quiseram-me.
Hoje revisito
Palavras
Que eu bem disse
E por bem ditas
Ficaram...











Bano

Engraçado como
As pessoas se reservam.
Meu ex-vizinho,
(morto há algum tempo)
Era casado com uma amiga
De infância, mas eu não a via
Por aqui, nem varrendo
Ou recolhendo a correspondência,
Deixando o lixo na cesta...
Reclusa? Enigmática?
Ou eu distraidamente
Não lhe prestei devida atenção?
Agora se foram sem que os visse
Partindo de nossas vidas...
Sinceramente indevidas.








Versificar
É apenas outro modo
De ver a vida...







Caminhos sempre há,
Uns floridos,
Outros desérticos,
A escolha é nossa.







Outonares

Está certo,
Não estamos
Florindo mais,
Mas conservamos
Nossas raízes
Fincadas neste
Solo de antes...
Para sustentar
A nova florada
Dos primaveris
Descendentes...
Florar é primaverar,
Estamos outonando...










Retratos

Fotografar um momento
Não é o vivido momento,
É apenas o sorriso xis
Desse momento.






Viver dói menos
Que relembrar
O vivido...










É preciso
Filtrar a memória,
Lembranças podem ser
Saudades ou remorsos...
As piores são as insensíveis,
Como quando vir alguém
Padecendo dores
E não puder fazer nada...
Então, filtre!
O dia amanhã será
O rescaldo de hoje...
É preciso filtrar... Filtrar
É esquecer a dor,
Mesmo a alheia.

domingo, 12 de agosto de 2018


PAI


Eu estava aqui enquanto partias,
Ainda estarei aqui quando fores.
Vi tua calma quando morrias, e
Vai me morrendo pouco a pouco...

Um pouco a memória te desfaria
Como desfizeram de ti os ossos,
Mas estou aqui lembrando disso,
Provando a mim que não posso.

Mesmo que não me tenhas alento
Ainda te escuto quando me ligo
À hora dormida do pensamento:

Tanto memorar cada momento,
A perguntar por mim se te olvido,
A fazer chorar quando te lembro

sexta-feira, 10 de agosto de 2018



As folhas, no outono,
Não caem, passeiam
Ao vento...







O cão é tão lobo
Quanto o lobo é um cão
E nós, domadores,
Somos culpados...




À noite

À noite
As sombras se desfazem
Em fantasmas do passado,
Sonhados livres
Por estarem mortos...
À noite
As virgens sonham homens
E todas as possibilidades
São possíveis
E nada aflora mais que o plano
Para o próximo dia,
Talvez a alegria ou nostalgia,
Depende da idade em perspectivas
Lembradas vencedoras
Ou vencidas...



Colocações

Onde cabem os verbos
Que se substantivam?
Dá pra maravilhar a maravilha?
Segundo Leminski, sim!
Tanto quanto se pode
Parasitar um parasita
E eleger, com alegria,
As peças “pecificadas”
De cada mesa ou cadeira ou sombra,
Sombreados e encadeirados
Como peças novas na etimologia...
Ao ortografar-se a ortografia.
Mas antes que se diluam verbos
Em substanciarem-se adjetivos
Que ao tempo se refazem
Em monocromia.


Se for difícil

Se for difícil
Congraçar-se ao todo
Divida em partes,
Desiguais mas tácteis...
Se for difícil
Aceitar-se probo
Salve-se a própria alma
Ao logro...
Mas, Se for difícil
Creditar-se disso
Sem a culpa a penar-te,
Assuma... Assuma
Que seja tu apenas
Parte.




A rua das tardes

Ao meado da tarde
Esses cães de caudas abanando
E dentes afiados pelos arames
Defecam no jardim
Da senhora cuidada...
A rua é da rua...
Ali mandam os mendigos
E os meninos saídos das aulas
Com sua tagarelice de piadas,
A rua é de todos os passantes
E as bicicletas e motos afugentam
Os caminhantes com suas bengalas...
A rua é de ninguém
E ninguém manda que partam
Cães e velhos para as calçadas...
Ao meado da tarde
Surgem novidades...



A rua é de quem
Se materializa em apartes...
O eco dessas passagens
Levanta o pó do silêncio
E ressoa aos ventos
Sua arbitrariedade...
Mas eles têm pernas ágeis
E fogem, cães e meninos
E velhos e alardes...
A rua é o pó que assenta
Nos portões e capôs de carros
E nos móveis dos avarandados...
Isto é a rua
Nos meados das tardes...
Apenas ao esbugalho
De dentes afiados.


Cuidado, frágil.

O povo já não tem condição.
- MAS TEM CORAÇÃO!
Alerta às ofertas mirabolantes,
Alerta aos salvadores das vidas.
Quem fez a Pátria perdida?
Quem usurpou à deriva?
O povo já não tem fígado
Pra tanta intoxicação!
O povo já não tem cabeça
Pra tanto chapéu,
Como não tem perna
Pra tanta maratona,
Ou braços pra tanto abraço...
Mas tem juízo quase perfeito
Pra filtrar cada desprezo
Crocodilado a seu jeito...




Como o tempo passa,
Até a uva vira passa...







O sonho de ontem,
Pesado ao zelo,
Hoje pesadelo?








O amor,
Que se preza como tal,
Ama até o mau?






Ditado torto

“O bom filho
A casa não torna”
Mas não esquece.






terça-feira, 7 de agosto de 2018


Aos incrédulos

Não é que se vive só uma vez,
É preciso que se viva cada vez...







Mudar pode ser bom, ou ruim,
Espero que se aceite outro
Quando não for mais você...






Das vontades puídas

Ao me ouvir
No silêncio da noite
Observo que não gaguejo
Nem emudeço
Falando comigo...
As situações diversas
Diversificam-se mais,
Por estarem sós comigo,
As volições das vontades puídas
Transformam-se em novas
E o momento perfuma-se
Em extratos revividos nobres,
Embora fúteis, sinceros,
Embora verborrágicos...




A soma dos momentos

Se faz um só
Entre as falas caladas
De meu silêncio gritante,
Áspero ou afetuoso momento
De sorrir ao meu choro
De há pouco...














Quando me vejo no antes
Me aconselho virar a página,
Doce ou amarga, findada.






Esses dias de chuva
Aguçam sentimentos,
Somos levados a sonhar
Belos momentos...







Quando se entregar
A ser outro
Não deixe ser você...






Não guardo rancores,
Ocupam muito espaço...









Numa discussão
Rompa o silêncio,
É menos dolorido.






Estar feliz não é
Igual estar alegre,
Que se confunde
E nem se percebe...





Quando a noite vem

Quando a noite vem,
Eu ainda ensolarado,
Vão se calando as vozes
Do dia desencorpado.
As passarinhas voltam aos ninhos
As escolas fecham as portas,
A gritaria da estudantada cala,
O vizinho recolhe obrigatoriedades...
Quando a noite vem
A luz de presença se acende
À passagem do gato insone.
As sombras despertam e somem
Em mim, que fico outra vez menino
Dentro do hoje homem.




O corpo que me veste

O corpo
que me veste a alma
Está cansado de mim,
Do dia viajado,
Do ar respirado
Esfumaçado enfim...
Tomo-me de banho e
Protetor solar e saio,
Que a rua e o tempo
Estão clareando o senso
De, cansado, volver
Ao lúdico tempo veludado.








Talvez tenha
Que ser mudado,
Que esta alma vestida
Sente o frio dos dias
Menos geados...
O corpo que me veste
Traz cicatrizes
Que não se aprofundam
À alma que me vive,
Lívida e calma...








Sedimentares

O humor
Deste homem
É medido em fezes?
Quanto mais tempo fica
Sentado à espera
De expeli-las
Tanto mais pensa
Em ponderar que fezes
Não tem singular
E viriliza...








As sobras do dia

A frequência no boteco
Dessas pessoas de bar...
Não percebem que
A parceria se deteriora?
É por não ter parceiro,
E que não se pode mais
Oferecer as sobras do dia...
Mas doar-se inteiro
À parceria.









Encaixes

Estou me vendo cópia do meu pai
Lendo “Tudo nela brilha e queima”:                     
- Na memória você continua em pé,
Acordado, trazendo pão quentinho
\da padaria. Descascando manga
pros seus netos, lendo quadrinhas de caubóis ou assistindo filmes em preto
e branco, comentando com a vó
Das grandes atrizes dos anos quarenta.
Nós vamos sentir saudade. Ryane Leão

Portanto, não estou sozinho nesta
Saudade que me queima, dos tempos de menino...




Contrapesos

A minha carga
é minha carga.
A tua carga
é tua carga.
Podemos até
tentar dividir
pesos,
Mas se desiguais
Ao contrapeso.









À Alfonsina Storni

As ondas deste mar de ontem
Lavam pegadas das lágrimas
De um tempo desvivido hoje
Com as verdades de ontem.

Lá se vão os mares de ontem
Com os prazeres de ontem...
Lá se vão às fotos de um tempo
Os regalos e fantasias dos dias...

Sob a pressão dos dias novos
Mentes mentem suas versões
Do vivido recente em falso...

Lá se vão as verdades de ontem
Nas ondas repetidas desse mar
De saudades e esperas demais.

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Mea culpa

Os dedos em riste
Apontam o infinito
Sobre o mar é sob o céu
Que a vista alcança...
Se me há dito que morres
Ao ver este mar revolto,
Acredito...
Mas os dedos te mostram
Apenas o caminho aberto
Neste mar infindo.








“Informagem”

A imagem
Que informa o local,
Essa insigne forma
De se ler o casual...





São solitárias
As pessoas
Rodeadas
De desconhecidos...







Para meus sonhos de hoje
Não preciso prioridades,
Sonho miudezas fáceis...