quinta-feira, 31 de março de 2016

A política como palavrão
O acerto entre as partes,
Arranjando cadeiras e mais cadeiras
Para os desocupados “meliantes”,
Tanto da situação quanto da oposição,
Envergonha à nós, assistidores
Dessa pantomima amordaçadoura,
Que estamos de mãos atadas
Metaforicamente, algemados
Pela inércia dos que deveriam
defender supremamente,
Ser nossa voz, calada pela anuência
Partidarista, selada na fantasia
Do faz de conta dos balões,
Das bandeirolas, dos bonés,
Das caçarolas... Que lástima,
Ver um país à bancarrota
Com tantos lutadores dia a dia
Produzindo para a fome do mundo!
Que lástima, senhores mandatários,
Vendilhões de nossas vidas
Desde sempre aos garrões
Dos predadores!
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quarta-feira, 30 de março de 2016

Revoos


Enquanto revoam os pombos
Descubro que minhas asas
São pesadas demais e sei-me
Pregado a este chão de pedras

Enquanto voam dos pombais
Esses belos seres da natureza,
Sinto-me peado e sonolento
Para ver essa linda redondeza.

Sonhando por tanto o jamais
Coloco-me entre rastejantes
Curtindo o sol dos expirantes,

E os barcos indo e voltando
Trazem notícias dos longes
Donde somos equidistantes.

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Primeiros ninhos


A poesia é meu pecado principal,
Imito os pássaros cantantes
Plagiando seus chilreios
Na minha palavra diletante
Quando espreito a força
Do que não veio.
Neste acompanhamento torço
Os versos cantados no terreiro
À força esses poéticos cantadores
Ensinam-me a voz do enleio
Entre gritos escravos doutros seres,
Esses, que batalham seu celeiro
Desde a mãe natureza em seu seio.
E lá fora continuam os passarinhos
A construir cantares

Em seus primeiros ninhos.
O PODER FALIDO
O poder público vive em estado falimentar, é fonte de desavenças financeiras, porque os tributos são parte societária de todas as empresas e profissionais de qualquer natureza. Sem sujar as mãos na graxa do dia a dia, nossos representantes sujam-nas na aplicação de sua porcentagem imposta. Já dissertei por vezes sobre José Carlos Rodrigues, assessor de gabinete do ministério da fazenda de Dom Pedro II, que aplicou um golpe falsificando assinatura de seu chefe e sacando na boca do caixa. Na época foi condenado e fugiu do país, depois foi proclamada a república, que o nomeou embaixador em Londres, mesmo sendo procurado pela justiça! De lá para cá o descalabro só tem aumentado. Deixando as pequenas usuras, contabilizadas em 12 por ano, vamos nos ater a alguns golpes mais em evidência: Pelo escândalo BANESTADO, foram desviados US$ 19 bilhões para os Estados Unidos. As autoridades conseguiram recuperar uns trocados, US$ 17 milhões, que foram devolvidos ao Brasil. O juiz Sergio Moro conduziu o caso que resultou na condenação de 97 pessoas. Também atuou na Operação Farol da Colina, onde decretou a prisão de 103 por evasão de divisas, sonegação, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro (No caso do MENSALÃO, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber convocou o juiz Sérgio Moro para auxiliá-la, devido sua especialização em crimes financeiros e no combate à lavagem de dinheiro). Na MÁFIA DOS SANGUE SUGAS foram processados 78 pessoas dos 10 maiores partidos. No TRENSALÃO foram indiciados 11, do PSDB de São Paulo e do DEM em Brasília. No caso SUDAM o juiz federal Alderico Rocha Santos, do Tocantins, decretou a prisão, como “chefe da quadrilha” de Jader Barbalho (PMDB-PA) – Na OPERAÇÃO NAVALHA, de 2007 no PAC. foram presas 47 pessoas. A CPI dos ANÕES DO ORÇAMENTO pegou 37 por envolvimento em fraudes. O relatório pediu a cassação de 18, 6 perderam seus mandatos. No TRT DE SÃO PAULO cartel metro ferroviário, foram presas 47 pessoas por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, formação de cartel e crime licitatório. Cerca de R$ 60 milhões dos alvos estão bloqueados. No BANCO MARKA a Justiça Federal condenou Salvatore Cacciola, o BB, Banco de Investimento e ex-diretores do Banco Central, a ressarcir o Estado em R$ 24 bilhões. No caso VAMPIROS DA SAÚDE 33 funcionários e lobistas foram responsabilizados pela definição de preços superavaliados de medicamentos e hemoderivados. etc. etc. Das tantas falcatruas, fica difícil avaliar qual a mais perniciosa, mas a mais recente, a lava jato, pode ser desfiada em tantas outras por vir, que, mensurada ao momento atual de desgoverno, pode superar na indignação popular o estrago feito ao longo dos desfalques passados. Há de se perguntar se, entre delatores e delatados, vai ficar alguém preso por mais tempo que os do mensalão, que condenou a pena maior apenas o contratado para preencher os contratos. “A vítima é a sociedade”, avalia a Polícia Federal, o que nos valha de consolo.

segunda-feira, 28 de março de 2016

Caneca de lata e milho


Na singeleza da inocência,
A menina oferece o chá
Na lata de milho vazia,
Sem alça, sem borda,
Apenas uma marca amarela
Denunciando o tempo...
Como se fora o tempo assim
Tão efêmero...
Esperado esvaziar seu conteúdo
Para servir-se dele
Ante a sede...
E sorve-lo depois do uso

Em creme e fogo lento...


Idos idade


Continuo
Adubando sonhos:
Quero viajar mais...
Ler mais... curtir...
Escrever mais... Viver!
Sei que, pela idade,
Tornei-me idoso,
Com a frivolidade dessa
Palavra levada a cabo
Com a vantagem
Nas miudezas dessas
“Prioridades” nas filas,
Mas reluto na defesa
De não ficar velho,
Embora esteja
Nessa “idosidade”







O prosaísmo


As coisas prosaicas
Se revelam
As verdadeiras
Entre as alegorias
Das coisas elitizadas...
Explica-se assim
Porque o tempo
Não tem passado
Na imemória
Dos desavisados.
Quando tudo fica
Para se fazer amanhã
E amanhã é outra
Manhã... Outra...
Entre promessas
E descumpridos
Esquecimentos...

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domingo, 27 de março de 2016


Regalias


Das regalias
Pouco se sabe...
Do menino vadio
À sobriedade.
Todas as fases
São apenas fases...
E passam...
Passam, mas deixam
Marcas indeléveis
Na memória
Desse futuro,
Pura jaça.









Desfraldes


Quando eu era jovem
O errado estava certo...
O tempo é assim:
O bem e o mal são tecidos
De uma mesma resma...
Desfolhada em intenções.
Aquela bandeira
Desfraldou-se ao tempo,
Mostrou-se débil,
Avisada que a morte
Debitou-se ao tempo
Sua mão pesada
De desalentos...
Quando eu era jovem
A distância era extensa,
Foi-se afunilando...
Neste tempo hoje,
Mesmo certo, talvezes
Mostram estar errado,
Nessa mesma corda
A puxar dois lados.


Hoje posso contar-lhes


Hoje posso contar-lhes
Que o tempo é uma corda
Enlaçada às noites dormidas
E às manhãs acordadas...

Hoje posso contar-lhes
Que a posição das estrelas
Mostra caminhos errados
Na névoa da noite invernal...

Que a mente e os braços
Estendidos formam escudo
Ao arremesso dos dardos...

E, contando, posso mentir
Verdades quase impossíveis
Nas mentiras acreditadas.

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A pequena flor roxa


A pequena flor roxa
Na entrada de minha casa,
Nasce entre as frestas da calçada,
Todas as vezes em que o jardineiro
Apara a grama, corta-a pela raiz...
Todas as vezes ela volta a florir.
A pequena flor roxa
Exemplifica a solidez da vontade
Nesse tempo de desistências
A quaisquer aparas...
Jardineiros, preparai-vos,
As flores roxas são teimosas
Demais em suas vontades...


sábado, 26 de março de 2016

A solidez da casca


Deite-se a palavra
Antes que a mente apaga...
Rocha de milhões de anos
Sob um corpo cansado
De um século menos
Expõem sua força.
No espaço desse tempo
Passaram por aqui
Desbravadores
E suas marcas...
Passarão por aqui
Estudiosos...
Mas a rocha ficará aqui
Entre arbustos
E pegadas mortas...
Na solidez da casca.

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quarta-feira, 23 de março de 2016

Nervos de aço
Os nervos podem ser de aço,
Mas fundem-se ao fogo...
A fala pode ser de gelo,
Mas ferve ao calor do assunto...
Tudo quanto inda flamamos ser
É passível de perecer
Ao som do rádio dizendo
A posse aos imerecidos.
Tudo que poderia ter sido
Volta-se contra este sonho antigo
De liberdade!
A liberdade de viver o descanso
Do guerreiro. Não mais com o tempo
Comprimido entre risos
E tristezas...
Levamos os dias... Sempre, ou quase,
Em compromissos presos.
Aqui todos somos corresponsáveis
Pela ação ou inação dos descendentes,
Que se comprazem, parece,
Como nosso desassossego.
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terça-feira, 22 de março de 2016


Igualdades


O tempo nos trata
Como às flores,
Com tempos primaveris
E tempos invernais.
Nós é que,
Diferentes das flores,
Não sabemos hibernar
E voltar a florir
Depois...















Xícaras


Sobre a mesa limpa
A mente esvazia...
Sobre a mente limpa
A mesa esvazia.
Assim vamos,
Consertando os dias,
Empilhando xícaras
E ideias e sonhos
Numa eterna lavação
Dos danos.


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Gatos


Entre a noite
E a aurora
Um ínfimo momento
Aflora.
Agora
Todos os pardos
São gatos...















Senões


Estamos presos
Aos senões...
Seria bem mais fácil
Se fosse sempre
Verdadeira
A resposta
Ao aconchego,
Esperado
Do trôpego
Viver.













Visita


Um cara,
Que não dá valor
Aos meus valores,
Se perde em detalhes
De seu cansaço
Na labuta de ganhar
Dinheiros...
E sentir-se pobre
Tanto quanto.









segunda-feira, 21 de março de 2016





Do que nos resta


Saber tirar
O melhor proveito,
Cobrando do elegido,
Se eleito:
Que se faça presente
Em cada feito.
Do cavalo dado
Sim, olhar os dentes...
Confiar na ponte
Balançando cordas...
Desconfiar do amigo
Que não acorda
Vendo a água
Bater no peito...
Do que resta
Prestar atenção
Do que é feito.












O silêncio dourado


Viajar esse tempo
Me traz de volta
Para onde sou melhor
Do sonhado ser...
Perdido em pensamentos
Arredio ao tempo
De espairecer.
Este tempo,
Cheio de madrugadas,
Me faz acordando
O amanhecer...
Sentir essa brisa
De novidades...
Conhecer a outra face
Do que venha a ser.
Viajar a este tempo
Me põe acordado
Como sei serei,
Entre as fracas névoas
Entrevejo levas
De outros eu ser.
Acordar o tempo
Meio a madrugadas
Tateando a luz
Numa fresta mínima
Que vem amanhecer
Minha arte vária,
Variada ser.


Me trazendo de volta
Ao princípio de viver
Onde fui melhor...
O silêncio é dourado
De palavras doces,
Amargando a vinda
Desse sonho perdido
Entre realidades...
Que acordado vivo.
Ando pela aí... ruas
Cheias de madrugadas
Desmanteladas
Em bêbados fechando
Bares fétidos
E uma manada de outros
Indo batalhar.
Estou acordado agora?
O que sobra do sonho,
Senão essa verdade
Doída de viver?
Resta o sonho lindo,
Esperançado findo
No acontecer,
Que em sendo só,
Garanto o silêncio
Almejado no sonho
Persistido reter.

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Do filme
Amor entre ruínas, excerto:


Se vir por aí
Um antigo amor, estacione,
Peça a vez,
Finja estar enamorado
Outra vez...
Se encontrar por aí
Um outro amor,
O que restou do que se foi
Uma vez.













Conjugação dos setenta anos


Hoje eu fiquei dia,
Depois de tantas noites...
Orgia?
Olhos inchados de ressaca?
Uma pequena dose
De consciência:
Bem sei que as almas
Não são engenheiras,
Advogadas, médicas...
Sem formação nenhuma
Que as aplaque
E as faça diferentes...
Então... Por que,
Nessas hostes de chegada,
Idolatram essas gentes?
Hoje estou mais velho
Que Pablo, o Neruda,
Vinicius, o dos Moraes...
Que sucumbiram antes
Dos setenta. Um dia
Alcançarei a longevidade
De Quintana, de Drummond,
Nesses anais...



A vida passa rápida,
Como quem, com muita pressa,
Se fez viver... E viveu-se.
Nesse passo lento despeço-me
Desses que se foram antes,
Congratulo-me
Com os mais idosos,
Sem a pressa de irem-se.
Hoje, mais velho que muitos,
Pela rua,
Mais velha a cada instante,
Sabedor de não saber
O que pensava saber
Antes.

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Conjugação dos setenta anos
Hoje eu fiquei dia,
Depois de tantas noites...
Orgia?
Olhos inchados de ressaca?
Uma pequena dose
De consciência:
Bem sei que as almas
Não são engenheiras,
Advogadas, médicas...
Sem formação nenhuma
Que as aplaque
E as faça diferentes...
Então... Por que,
Nessas hostes de chegada,
Idolatram essas gentes?
Hoje estou mais velho
Que Pablo, o Neruda,
Vinicius, o dos Moraes...
Que sucumbiram antes
Dos setenta. Um dia
Alcançarei a longevidade
De Quintana, de Drummond,
Nesses anais...
A vida passa rápida,
Como quem, com muita pressa,
Se fez viver... E viveu-se.
Nesse passo lento despeço-me
Desses que se foram antes,
Congratulo-me
Com os mais idosos,
Sem a pressa de irem-se.
Hoje, mais velho que muitos,
Pela rua,
Mais velha a cada instante,
Sabedor de não saber
O que pensava saber
Antes.
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segunda-feira, 14 de março de 2016



O silêncio dourado


Viajar esse tempo
Me traz de volta
Para onde sou melhor
Do sonhado ser...
Perdido em pensamentos
Arredio ao tempo
De espairecer.
Este tempo,
Cheio de madrugadas,
Me faz acordando
O amanhecer...
Sentir essa brisa
De novidades...
Conhecer a outra face
Do que venha a ser.
Viajar a este tempo
Me põe acordado
Como sei serei,
Entre as fracas névoas
Entrevejo levas
De outros eu ser.
Acordar o tempo
Meio a madrugadas
Tateando a luz
Numa fresta mínima
Que vem amanhecer
Minha arte vária,
Variada ser.


Me trazendo de volta
Ao princípio de viver
Onde fui melhor...
O silêncio é dourado
De palavras doces,
Amargando a vinda
Desse sonho perdido
Entre realidades...
Que acordado vivo.
Ando pela aí... ruas
Cheias de madrugadas
Desmanteladas
Em bêbados fechando
Bares fétidos
E uma manada de outros
Indo batalhar.
Estou acordado agora?
O que sobra do sonho,
Senão essa verdade
Doída de viver?
Resta o sonho lindo,
Esperançado findo
No acontecer,
Que em sendo só,
Garanto o silêncio
Almejado no sonho
Persistido viver.

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