quinta-feira, 13 de julho de 2023

 

 

Aqui, na paz do silêncio,

Silencio tensa a sobra deste dia.

Aqui, entre flores e espinhos

Idolatro a arte ter-me vindo.

Aqui, entre pilastras firmes

Me enternece a mente

Esquiva desse labirinto...

Daqui d’onde me aprecio,

Vejo a parte límpida dessa

Fonte a laborar o brilho...

 

sergiodonadio

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quem sabe o vinho

Inda brote neste umbral

Espremido em frutos

Deixados no quintal...

 

 

 

 

 

 

 

Parece insano

O termo que ouço:

-Grunhido humano...

 

 

 

 

 

 

 

Quando o sol se põe

 

As verdades recrudescem

Com tal força intrínseca

Que a dor espairece entre

Parições antigas...

Agora, às seis horas da tarde

A face enrubesce e desfaz-se

Em folhas soltas de preces

E raízes descarnadas...

Agora todas as sombras

Se desensombram dos nós

Que tropeçavam nelas

Ao sol do meio do dia

Expresso em agonias...

 

 

 

 

 

 

 

 

Outonal

 

A linha tênue

Entre as franjas do verão

E as outonais se iluminam

A este sol brilhante

Das onze horas deste dia

Disposto às alegrias de viver

E viver-me em sentimento...

A linha se atenua em suores

Nesta manhã de afazeres

E desfazeres de imbróglios

Advindos das festas finais

De um ano pandêmico

E bagaço demais...

sergiodonadio

 

 

 

 

 

 

 

Forração de ideias

 

Dizemos,

Inadvertidamente,

- Vou tomar uma água.

- Vou levar um tempo.

Como se pudesse

Dividir água ou tempo

Em partes de divertimento

E advertimento...

Fácil se arguiria sobre partes

Divididas em lidas

De forrar ideias de idas e vindas

Como argumento

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Uma vez ditado o verso

Perde-se no universo...

 

 

 

 

 

 

 

Estamos parados no tempo,

Um tempo assim ilusório,

Que ao ver tentos vencedores

Tornamo-nos seus servos

Aduladores...

 

 

 

 

 

 

 

Com meus botões

 

Das vezes que parti

A conta não tem hora,

Fico com meus botões

E o tempo evapora...

 

De tudo que perdi

Jogando o tempo fora

Fico com meus botões

E o tempo evapora...

 

Será que esqueci

O quanto nós sofremos

Antes de machucados?

 

De tudo que esqueci

Perdendo de hora em hora

 Vi o tempo ir embora...

 

sergiodonadio

 

 

 

Os mares desmedidos

 

Na medição dos mares

As marés mentem-se

Atribuindo às areias

Que se repartem

Em teias dos tempos

De mares desmedidos

Nas marés cheias...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A água está imóvel

Sem a precisão dos homens

E se rebelam contra

A invasão dos foles

Entre solfejos e redondilhas

A pô-las em movimento

Não por sua vontade,

Por seu alento

Ao vento...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fujo da tristeza

Que me acode os dias,

Que vida se guia

Com certeza

Pelas alegrias...

         Desmembradas as fases

Socorrem-se às lidas

Testando as verdades

Nas despedidas...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sei que não tenho as forças

Que tinham meus ascendentes

Mas espero ter a coragem

De ir em frente...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                      Acolitados

Dizem que a riqueza moderna foi inventada, há cerca de 200 anos, o ocidente teria descoberto como enriquecer, os que aprenderam prosperaram, os outros patinam neste “aprendizado”. Duas ideias erradas: Uma que vem da exploração, advinda da revolução industrial, que prega o poder de alguém enriquecer tirando do outro. A segunda, concebida no mesmo erro: A riqueza vem do aproveitamento dos recursos naturais de cada região. Os recursos naturais dependem do mercado, sem isto nada valem. A riqueza moderna não vem de ter fonte primária, mas de descobrir como usufrui-la, os países com pouca chance de recursos naturais, o Japão por exemplo, mas com habilidade de exploração desses recursos oriundos de outras partes, são os que mais usufruem dessas fontes. O mundo colonialista pode não ter tirado proveito das colônias a ponto de enriquecer, pois as riquezas vindas das colônias foram suplantadas pelos encargos. Tampouco o fato de ter sido colônia tornou pobre, irremediavelmente, o colonizado, pois quando se libertaram tornaram-se economicamente competitivos, agora algumas dessas ex-colônias florescem num patamar idêntico aos seus colonizadores, outras, que não tiveram essa experiência, não atingiram boas condições. Isso não justifica o colonialismo, que conceitualmente contrariou os valores modernos. A exploração do ser humano pelo outro ser humano assume diversas formas, a mais característica é do escroque que explora o crédulo. Levando isto ao nível de nações, pode-se imaginar que os países ricos provocam a estagnação dos países pobres. De certo modo pode ser real, mas sem a exploração das fontes, alcançada pela tecnologia implantada pelos poderosos, esses recursos continuariam sem valor algum. Segundo estudos a terra possui recursos naturais suficientes para a população crescente obter melhores padrões de vida. A sustentação dos países mais pobres são as transformações internas, incluindo políticas humanitárias, melhorias na agricultura, na modernização, até dos conceitos. A independência do auxílio exterior só pode secundar o esforço interno, os países pobres têm uma difícil tarefa de criar novas maneiras de agir frente ao “coitadismo” usado como parâmetro ante favelados e flagelados, desistidos de resistir ao poder do aquinhoado de persuadi-lo de sua “incompetência”. Este ajeito de apequenar a competência pela aparência destrói a autoestima do que vem de baixo, fazendo-o considerar-se inapto pelo fato de assim ser tratado. Voltando ao coletivismo de nação, encontram-se argumentos de que países ricos devem concessões ao terceiro mundo, pela necessidade de recursos naturais deles, erroneamente interpretados. Segundo Herman Kahn na sua teoria sobre a situação nos próximos 200 anos, apontando dez motivos para o abismo entre ricos e pobres, a situação ajuda os mais desfavorecidos a desenvolverem-se mais depressa, pois os países ricos fornecem mercados, tecnologias, exemplos para serem copiados e são forçados a criar mercado para desenvolvimento dos países pobres. Isto não é gratuito, mas seria pior sem este prato feito para os chamados países pobres alimentarem seus sonhos de fartura.