domingo, 4 de agosto de 2013



Meia idade
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No meio da ponte
O medo de não chegar,
De ter partido sem bússola,
De ter deixado deveres e haveres,
De ter cansado antes...

No meio da ponte
O medo de não chegar
À ilusão de finitos entre o nascer
E o hoje, desapercebido de ser
Ainda o infinito de ser.

No meio da ponte
O medo de não chegar...
Ao vento forte dos acontecidos
Flanando entre os irrealizados
Sonhos de poder ter sido...

No meio da ponte
O medo de não chegar...
No acúmulo de deveres fátuos
Sem o haver concebível de saber
O começo do fim.

E descobrir,
No meio da ponte, o balanço
Dos ventos acontecidos ao revés
Mas mesmo assim saber por instinto
Ser infinito viver-se!


Providência


Não se chega à maturidade
Sem alguns arrependimentos....
Mas faz-se preciso orquestrar
Isso de penar as dores
De ter algum sentimento
Adverso
Quanto ao mundo vivido
Desde então,

Das paradas para pensar...
Repensar...
As coisas dos momentos,
Os tempos não mudam,
Caminham no mesmo lugar
O acaso pode se chamar
Providência pela aceitação
De se estar.


Aselhas


Aqui estão os pintainhos
No seu pio de fome,
Abanando asas prometedoras
Sem sair do ninho
Mas querendo voejar
Seus sonhos...

Aqui estão os gatos
Querendo seu alimento,
Arranhando as cascas dos ninhos
Sem poder voar
Nem abanar as asas
Desses sonhos.

Por isso a força da natureza
Não tem tamanho.


Promessas


Na alegria e na tristeza
Estamos todos prometidos ser.
Todos os dias cumprimos o prometido,
Levantamos, nos lavamos, caminhamos
Para a porta de nossos lavores...

Mas de noite sonhamos...
Cada um se descompromete e voa
Suas ilusões aos mais diversos mundos,
Das entranhas dos infernos
Aos céus azuis das gaivotas...



A tarde


É como todas as outras,
Mas sem um quê de memória,
De altivez pelas vitórias
Desse dia desmembrado
Das concessões de perder.

As tardes se diferenciam
Pelas orlas de pareceres
Sem a pauta encomendada
Por não ser, a saber.

A tarde, prometida
Que seria como as outras,
Abole por não o ser,
Confinada neste dia
Acabado de ser...



condolências


Ah, esta amiga de tanto tempo
Visita esporadicamente,
Consola que é assim mesmo...
Que faz parte de viver,
Poderia ser pior...
Mas isso não melhora a frieza
Desses dias amargos de lembrar,
Difíceis de esquecer...