quinta-feira, 31 de outubro de 2013



Segurança


Nos últimos minutos
Segura minha mão
Com a firmeza de ter sido
Importante...
Neste último instante
Segura minha mão
E seguiremos juntos
Daqui pra frente...

Nesse instante
Seguro-me em tua mão,
Faça-me apoio,
Apóie-se em mim.
Seremos mourões
Firmes demais
Neste instante
Aflito de solidão.









Momentos desagradáveis
Mas a morte
Não vem por pura sorte,
Mas consorte.












O fim do dia
Não é o fim de tudo...
A vida continua, é óbvio,
Mas a incerteza barra
Certas iniciativas
Para amanhãs
Impensando o fim do  dia
Como o fim de tudo.






Meus moinhos de vento
Estão parando...
Falta sopro de vida?
Talvez um tantinho de vento,
Uma pitada de vontade,
Um tempero a mais
Nessa insossa tarde...










Sorria...
Mas não esqueça:
Mesmo o choro
É sinal de vida...








Cuidados


Chega-se a uma idade
Para tornar a ser criança...
Derrubando coisas,
Balbuciando palavras,
Esquecendo de como é
Tomar o banho direito,
Ou mesmo não querendo...
Perdendo a noção de quantias
No prato, no copo, na roupa...
Sentindo-se molhado ou
Lambuzado de azeites...

É penoso pensar que o fim
Se pareça com o começo,
Mas é preciso reconhecer
Que o idoso senil cuidou
De você nessa fase antes
De ser o adulto que é.
Inglória seria desfazer-se
Da memória de ser
Ainda o filho.









Expectativas


Quantas vezes a festa
É a continuação da missa?
Os enfeites comestíveis
E a comida intragável...
A companhia...  Distante,
E o ausente lembrado...
É o suplício do momento
Num calor insuportável

Quantas vezes a festa
É um chá quente esfriado...
A bebida gelo quente...
O arroz comboiado frio...
As pernas cansadas
De esperar em filas
Para servir-se
Das sobras...

Mas a festa é espera...
Se não do inicio,
Do começo do fim.





Dentro das possibilidades

Se possível,
Faça-se vento
Nessa planura
De dissentimentos.
Se possível
Meça-se a ação
Pela inação das partes,
Se possível...
Se não,
Peça licença para sair
Desse espaço de feira,
Onde a fruta
 Amadurece antes
E apodrece depois
De catada e comida,
Como as meninas
 Desta mesma rua
Sem saída.



Medidores


Aqui estamos...
Olhando o medidor
Do hidrômetro
Penso no consumo...
Da luz? Da água?
Não...

Estou preocupado
Com o consumo do tempo
Que fico sentado, pensando
Nos longes das viagens
Que deixei de fazer...
Quero sair outra vez,
Quero rever meus anos fúteis,
Quero refazer meus caminhos...

Mas é tarde agora
Quando o sol se põe outra vez
E o homem do hidrômetro
Já se foi
Sem ao menos ver que estou aqui,
Medindo suas medições.











Sinceramente


Não tenho a força
Para suportar as dores
Do mundo...
Preocupo-me com minhas dores
Do corpo e da alma...
Já é bastante embaraçoso
Gemer por elas
Que me agridem e esfolam
E apavoram... Mas
São as que tenho
De suportar.
Portanto, do portão
Para fora
Não me preocupa mais.
Consola-me saber que
Também não se importam
Os outros
Com o que me dói...






Atordoados


Crianças crescendo sob a luz
Dos monitores
Tendem a desconhecer valores
Do sol na manhã, da lua na noite,

Do vai e vem das gangorras...

Pena, poderiam viver melhor
Suas infâncias desinformadas
De como brotam as jabuticabas,
Do gosto das mexericas no pé,

Do vai e vem das gangorras...

Até dos sapos no brejo...
Do brejo as adjacências,
As taboas, as gramas molhadas,
A sensação de liberdade,

Do vai e vem das gangorras...

Perdida nessa perdição
De computar tudo,
Desde a manhã de sol
À noite de lua cheia...

No vai e vem das gangorras.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013



                                                         O PODER DE DIZER NÃO!

Dizem que os países democráticos têm mais liberdade, sim... A temos, mas para que a temos? Para eleger nossos representantes nos legislativos e executivos espalhados pelo país. Mas, quanto esses poderes são poderosos? Se as decisões que mais afetam nossos dia a dias vêm de outras esferas? Quem elege o presidente do banco central? Quem elege os presidentes dos tribunais? Indo mais longe, quem elege os banqueiros que impõem o custo aos produtores e o preço final de cada produto? Quem elege os parceiros comercias de nossos rincões? Assim a democracia é meio que uma “bancocracia” ou alguém duvida que o custo financeiro das empresas é maior que a folha de pagamento dos trabalhadores dessas empresas? Que o gerente, seja do banco ali da esquina, seja do banco mundial, do FMI, mandam mais no cálculo do que o custo fixo das despesas ou o variável, dos insumos? Quanto custa no cálculo dos insumos os custos financeiros do fornecedor? Quanto custa na folha de pagamento no inicio do mês, liberada pelos bancos? Quanto custa o custo financeiro embutido no transporte, quando quase todos os meios, os caminhões, estão financiados pelos bancos? Não adianta muito o cidadão ter o poder de eleger seus representantes se eles não representam nada no custo diário dos eleitores para sobreviver ao famigerado poder do dinheiro!
Reputo como engraçado, não fora trágico, a preocupação dos jornais com o juro atuado pelo banco central, variando meio ponto para cima ou para baixo, em torno dos dez por cento AO ANO, quando qualquer cidadão devedor, quase todos nós, paga aos bancos esses mesmos dez por cento AO MÊS! Sei que há ofertas a um ou dois por cento para certos clientes, mas a grande arapuca é a oferta dos cartões de crédito, dos limites especiais, dos encargos que embutem em qualquer “estouro” no saldo da conta corrente, além dos juros tem as taxas, quase invisíveis a cálculo nu, mas que elevam em muito o custo de cada cliente, as tarifas para se abrir e manter uma conta corrente... Para isso, que muito interessa, desvale a democracia. A palavra gasta pelo mal-uso, vem de nossa língua mãe, mas o mau uso compromete a intenção. A república atual está se distanciando da sua primeira acepção: o governo no interesse do cidadão, de todos, independente do tipo de governo, deveria ser gerido pela soberana vontade do povo, isto é, da res pública “coisa pública”, que os romanos implantaram 500 anos antes de Cristo, com a deposição do rei, para ouvir o povo, a democracia, que tornou  Roma numa vasta expansão territorial, caiu de podre no ano 27 a.C. quer dizer que sobreviveu mais de 400 anos, deteriorou-se e voltou a ser um império, ou seja, a ser governada de modo imperioso, que um dos sinônimos pode ser arrogante. Lembrando que a nossa república, foi proclamada em 1889, diga-se de passagem, pelos militares, é preciso que cuidemos melhor de sua passagem para a maturidade, e, que não deixemos que apodreça nos desvãos dos poderes paralelos, não elegidos mas verdadeiros mandatários da vida corrente de um país.