Cabeças empalhadas
quinta-feira, 25 de março de 2021
sábado, 13 de março de 2021
Ápices
Houve um tempo
Em que pensava na
velhice,
Distante, opaca,
Queria que o tempo
corresse
Para eu correr atrás...
Queria que filhos crescessem,
Queria reconhecer
netos...
Houve um tempo,
Em que, vagarosamente,
Os anos
passavam...
De repente
O tempo adoeceu,
Tudo aconteceu num
ápice,
Todos cresceram,
Filhos, netos,
sobrinhos,
E, fiquei velho,
sem perceber
Que nada mudou...
Sobras de insistências
No percurso da
tarde
A vibração da
mente
Esparge a parição
De atos
descoordenados...
O cansaço dos
nervos,
Os ossos
rebelados,
A fauna urrando
Nos corpos inativos...
O que fazer da
sobra
Das insistências?
O que fica do dia
aziago?
Lembra um cais
Com barcos apodrecendo,
Sonhando
viagens...
A porta rangendo
Fico a escutar a
Porta rangendo,
Penso em sair
Pelo horário
fechado...
Inda ontem
abria-se ao desejo
A vontade
destravada,
Agora em
paralítica espera
Pelo novo erário...
A porta rangendo
Já não diz nada,
Não abre nem fecha
Minha vontade,
Apenas é uma
brecha
À necessidade...