quinta-feira, 25 de março de 2021

 Cabeças empalhadas

Pelos exteriorizados pensares
É de julgar cabeças empalhadas
Com seus valores deturpados
Ao custo de mantê-las no formol,
Pois é incompreensível
Que cabeças pensantes ajam
Com tamanha insensatez...
Cabeças empalhadas
Regem nossos destinos
No autoritarismo das magistraturas.
Calculam valores monetários
De cada cidadão, dos altos
Mandatários aos baixos salários...
Para um povo que vive
De catar sobras das mesas
Opulentas...
Cabeças empalhadas
De finos mesários escrevem leis
Para os menos aquinhoados,
Que não se aplica aos altos padrões
Negociados à surdina...
Cabeças empalhadas
Deveriam ser cortadas
De seus corpos amaciados
E postas em seu devido lugar,
Antes que a história o faça!
sergiodonadio

sábado, 13 de março de 2021

                                                                           Ápices

 

Houve um tempo

Em que pensava na velhice,

Distante, opaca,

Queria que o tempo corresse

Para eu correr atrás...

Queria que filhos crescessem,

Queria reconhecer netos...

Houve um tempo,

Em que, vagarosamente,

Os anos passavam...

De repente

O tempo adoeceu,

Tudo aconteceu num ápice,

Todos cresceram,

Filhos, netos, sobrinhos,

E, fiquei velho, sem perceber

Que nada mudou...

 

 

 

 

Sobras de insistências

 

No percurso da tarde

A vibração da mente

Esparge a parição

De atos descoordenados...

O cansaço dos nervos,

Os ossos rebelados,

A fauna urrando

Nos corpos inativos...

O que fazer da sobra

Das insistências?

O que fica do dia aziago?

Lembra um cais

Com barcos apodrecendo,

Sonhando viagens...

 

 

 

 

 

 

 

A porta rangendo

 

Fico a escutar a

Porta rangendo,

Penso em sair

Pelo horário fechado...

Inda ontem abria-se ao desejo

A vontade destravada,

Agora em paralítica espera

Pelo novo erário...

A porta rangendo

Já não diz nada,

Não abre nem fecha

Minha vontade,

Apenas é uma brecha

À necessidade...