quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Se um dia chegar


Se um dia chegar
Ao limite de meus sonhos
Verei a casa pronta,
Com seus tantos cômodos
Para albergar os desabrigados.
Nesta casa, de meus sonhos,
Caberão os limites
Do meu sonhado...
Se um dia chegar
O que terei conquistado.













Na beira da rua


Na beira dessa rua insana,
Onde jogo minhas sobras
De ontem,
Vejo um senhor a cata-lo
Para o seu almoço
De amanhã...

















Amparos


Não vejo sentido
Mandar
Os jovens braços fortes
À guerra,
Torturando os cansados
Braços de seus pais,
A vencer o mesmo eito
Plantado de antes,
De sempre,
A suprir a mesma fome
De todos
Com menos braços
Para lavrar
O que se come...
Do que se defende.








Fundeadouro


Daria pouso
À minha história,
Não fosse o aflito esperar
Pelo incerto amanhã,
Inverno
De pequenas gripes
E fortes aberrações...
Se pudesse
Daria pouso
Ao passado, relíquia
De feito azaro...



Enquantos
Enquanto o tempo não vem
Trazer novidades de ontem
Seremos ásperos ou doces
Com nossos desencantos...
Enquanto a rua floresce
Sua próxima primavera
Seremos outonais também...
Entre mazelas e calmarias
Seremos nós mesmos
Como naquele primeiro dia.
Enquanto o céu se estrela,
O lago reflete as cores,
A estrada leva às distâncias
E traz notícia da saudade
Enquanto choras a partida
Nas gares entrevidas...
A paz de tão sonhada
Será conseguida,
Ou esquecida.
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terça-feira, 30 de agosto de 2016

O grande armário


O tempo,
Esse grande armário,
Com tantos cabides
Quanto necessário...
Onde hoje pendurei
Meu terno do casamento
Ao lado da roupa de trabalho,
Mas guardo nesse armário
Os sonhos armazenados...
Alguns não pude guardar,
Por muito suados...
Um dia, de feito em luto,
Despendurarei aquele terno
Pra um novo compromisso
Inadiável.


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segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Do mesmo modo


Aquele que sofre o frio
E aquele que bem se cobre,
Ambos feitos do mesmo barro,
Do mesmo instinto homem

Sonhos não conhecem limites,
Apenas passam pelos morros
E pelos vales e mares adiante,
Sem pressa, insistentemente...

Eivados dessa esperança fixa
De ir adiante quebrando seixos
Curtindo ventos contrários...

Aquele que sofre desse frio
E aquele que bem se cobriu,
Ambos igualmente otários.

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sábado, 27 de agosto de 2016


Aos 4uarentões

A vida nunca foi fácil,
Nem te foi prometido isso,
A vida vem aos percalços
Nessa estrada sem asfalto
Ou algo que se faça liso.
A vida te surpreende?
É mais ou menos por isso
Que te cansa o passo dado,
Menos que o arrependido.
A vida te contrapõe?
Ou tu é que obtempera?
Se a mão de ida não acertas,
Já erras na prima seta...
As regras são assim mesmo
No trânsito em que viajas,
Sinais fechados aos tantos,
Os verdes são ocasionais...
Não acelere demais
Que a multa que a vida traz
Não tem boleto com prazo,
É sempre à vista que cobra
Tuas cagadas na obra.
Se o ir não está tão fácil
A volta doutros quarenta
Tem mais pedra,
Menos asfalto. 


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quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Confabulário


Nesta fusão
Entre idas e vindas,
As idas,
Que era para serem
Apenas idas,
Se tornam vindas:
O senhor perecendo
Na realidade,
O real se tornando
Sonho na saudade...
Neste intenso
Confabulário
Apenas cicatrizes
Lembram tombos
O resto lembra
Saudade.


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terça-feira, 23 de agosto de 2016

Metforminas


Quem sabe o tempo
Seja o linimento...
Metforminas e aspirinas
Não dão valia ao sofrimento
Que o tempo cura...
Que o tempo assopra
E cicatriza.
Quem sabe seja esse tempo
A cura da maior ferida,
Aquela advinda
Dos maus momentos...
Quem sabe seja disso,
Do sempre preciso
Discernimento.









Minha próxima lágrima


Minha próxima lágrima
Que seja por uma vida
Que chega...
Minha próxima lágrima
Que seja por uma vida
Que parte...
Que a alegria a traga
Entre sorrisos largos...
Ou a tristeza marcada
Pelo senso do nada...
Minha próxima lágrima
Contida por um tempo
Seja enfim deflagrada
Por alguém precioso
Entre os que passaram
E o que se passa...

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O tono complexo


O tono desse tempo
Se completa quando o azul
De céu verdadeiro
Se faz vermelho na pintura,
Como o pincelaste...
Assim na letra da poesia,
Roxo, verde, branco acre...
O azul que seria o céu
Que o poeta viu verdadeiro
Não distingue suas cores,
Apenas o reflexo
Desse amor em corte celeste
E suas sombras
No dia feito choro
Ou no outro dia feito alegria...
O dia a dia sempre o mesmo
Entre a beleza da tristeza
E o contraste com a alegria
Efêmera a cada mesa.




Vento sul


O vento não pende
Todos os pinheiros
De uma só ventada...
Quanta força tem esse sopro
Que me acossa e impõe
Que me resguarde
Sem poder combate-lo,
Vergando pelo pinheiral
E como esses, resistindo
Outra vez agarrado à raiz
De meu solo insídio...












Brenhas


Fechar os olhos
Instintivamente
Pra não ver o pássaro
Ser abatido,
Calar aboca,
Fechar o bico,
Silenciar o grito ante
O absurdo desmedido
Do resto da verdade
Que não foi dito.













É lá que moro


É lá que moro,
Entre os ventos da Mantiqueira,
Acima da Serra do Cadeado
E do Ivaí...
Sobre a plataforma inteira
De canelas e cafezais...
Hoje o frio se espalha
Nos meus ossos,
Que estão mais frágeis,
Empalha os gestos lerdos
Frente aos ventos da Mantiqueira
E o fatigado do antigamente
Ágil batedor
De picadas...









Credos


Há os que creem na salvação,
Há os que creem no inferno,
Mas o inferno humano
É mesmo aqui,
Como creem os ateus,
No seu ateísmo religioso
Como salvação ao sarcasmo
Fanatizado frente ao inexorável
Preito de se ver salvo
Sem medição.
















O senhor atrás da cortina
Se distancia... São galhos caídos
São minhas vidas no vendaval
Deixando fluir haveres...







Como somos tão iguais
Em nossas desigualdades...
Vejo bem de perto isso
Nessa espera pela terapia.








Inexorabilidade


A casa,
Em que moramos por tempo,
Está enrugando...
As paredes nuas de pintura
Descascando...
As venezianas quebradas,
Partidas de envelhecimento...
Perdendo seu brilho de antes,
Deixando ver suas falhas,
Seus desalentos...
Como envelheceu
A casa em que moramos...
A casa em que moramos
É nosso espelho
Inexorável.









Término



Invejo as asas
Soltas das aves...
Imagino que elas
Invejem minhas
Pernas firmes

Nessa laje...

domingo, 21 de agosto de 2016

Acometidos
Do livro Primários

Por esta vida que nasce
Ou aquela vida que morre,
Oremos...
Mesmo o ateu tem seus medos,
Que é o clero de todos,
O medo faz a oração
E faz o acometimento
Porque se divide ao tempo
Sem procrastinação...
Pensemos nossos degredos...
Perdemos nossos segredos...
Que a importância, enfim,
Não é o começo ou o meio,
Mas como será o fim.


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sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Armários rotos


São tantas memórias
Que guardo...
Seletivamente.
São passagens, desassossegos,
São nomes enumerados,
São farsas de algumas tardes...
São viagens... São viagens...
Algumas apenas memorizadas
Sem terem sido viajadas...
São gralhas afiando garras,
São empilhadores de lenhares,
Moscas em minha vidraça,
Formigas no meu açúcar...
São memórias memoráveis,
Ou não, apenas armários rotos
De desacontecidos tortos...







Envolvências


As pessoas passam
Inadvertidamente distraídas,
Revolvendo suas vidas,
Desfazendo esperas
Vencidas...
Aqui e ali alguém
Tem um sonho novo
Mas parece desistir dele
Vendo a pobreza em volta...
A mesquinhez das posses...
A leveza das resoluções erradas...
- O mundo não é feito
De decências, as opiniões
São de manadas.











Passeadores


Conversam na calçada,
Convergem das calçadas...
Passarela de meninos
Com seus skates
E meninas com suas poses
Na algazarra de falas chulas,
Gestos... Entreveros...
SILÊNCIO!
Alguém poderia contê-los
Nessa orgia de virem
Algazarreando pela calçada?
O silêncio seria a forma ideal
Para nós outros...
Para os que pensam
O que falam baixo
E calam seus pensares
Vagos...





O chão do lugar nascido


O chão do lugar nascido
Se movimenta
Entre projetos e recordos...
Da primeira rua
À distância infinda,
De viagens idas...
Se põe à frente
De passos indecisos,
E,
Definitivamente
Se estende onde o olhar
Se fixa.











Inópias


Corremos
Todas as corridas,
Comemos
Todos os manjares,
Curamos
Todas as feridas
Desse corpo
De inópias
E paladares...
Até que o corpo
Torne-se inútil
Ante as vontades
Da alma.










Andamentos
Do livro Primários

Quando as vinhas
Esperam serem vinhos,
Da uva doce
O forte complemento,
Assim como as fontes
Se tornam rios,
E plumados
Ficam os pintainhos,
Os nascituros aprendem
A ser gente
Limadas suas cascas,
Soltas suas asas
Rumo a esse poente
Quando doces vinhas
Se tornam vinhos
Quentes.

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Empirismo


A poesia caminha
Rente ao chão
De granitos...
Areia e cimento
Das construções
Empíricas...
A poesia se faz parceira
Imaterial nessa luta
De construir-se
Casa e forro,
Mente e esforço,
Grito e silêncio...
A poesia acompanha
Cada gesto, cada sonho
De empreendimento,
Parceira desse assédio
De paredes, sonhos
E intento.


terça-feira, 16 de agosto de 2016


Entre lágrimas


As pessoas sorriem
Com sua primeira lágrima...
E choram
Com sua última lágrima...
É que viver é em escalas
Desde o nascer desse novo
Ao gargalo último fardo...
Esse de sorrir mesmo
No choro,
Que a dor de viver
É esse efêmero estorvo
Que te faz chorar
De alegria plena...
As pessoas sentem
Por teres partido
E não sabem como
Sufocar em riso
A estranheza de te ter
Partido
Em chegado extremo.



Périplo


A forma de fazer
Do espelho
Uma vidraça de rir
Primeiro...
Talvez aqui a criança
Tenha razão quando pede
Em oração
A parte fraca desse roteiro
Que dê a mão...
Que dê a mão ao périplo
Ordeiro
Dessa procissão de louros
Entre velhos culpados
De seus erros.









Eu tenho uma viagem


Eu tenho essa viagem
Cheia de oceanos...
Na visão que parte
De meus sonhos...
Eu tenho esse sonho
Cheio de viagens
Ao mundo claro
Desses oceanos...
Eu tenho a índole
De meu avô italiano
Olhando o oceano
E sua partida
Partido no mesmo
Sonho... Com certeza
Eu tenho essa viagem
Cheia de oceanos...










O dia tende a tornar-se
Aquilo que dele se espera...
Sorria, teu dia começa
Quando sol posto te sabe...









Penso em meu olho
Construindo a paisagem
De um sol surgindo
Nos galhos da árvore...






Entre vidas


Na manhã desperto,
Ouço os bem-te-vis na antena
Chamando seus parceiros....
A manhã desperta em mim
Essa sensação de pleno
Entre as flores cadentes
E os bem-te-vis alvissareiros.
Em pleno agosto as cerejeiras
Soltam suas flores coloridas
Preparando a vinda
De suas novas vidas...
Na manhã desperto
Essa intuição de vero
Perpassar do tempo
Entre flores caindo
E flores crescendo...







Nas curvas do tempo
Do livro Primários

Quando o dia cai a termo
Ouço essas vozes chamando
Planto palavras a esmo
Soletrando...
Quando a viagem se inicia
Sei-me então viajando
Entre as alegrias do dia
E o silêncio entranhando
Nas disposições noturnas...
Este silêncio...
Este silêncio perturba
A paz almejada a pouco
Agora dita conseguida
Com certo esforço...
Quando o dia desconecta
Minha noção de tempo
Não importa quanto resta
Ao contratempo...
Estou avivado nesse momento
De curvar um tento.


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As distâncias
Que os olhos vêm
Os pés não conseguem

Alcançar...

domingo, 14 de agosto de 2016

memórias sobre meu pai , pra fechar o domingo:
Meu pai guardava
uma Torquês, um serrote,
um Traçador de muito uso,
Dos tempos em que
fazia Taboas
das árvores nativas.
Emanava o cheiro do Cigarro,
um ranço rouco
Na saliva,
mãos calejadas
De toda uma vida...
E deu-me de presente um violino!
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sábado, 13 de agosto de 2016

PAI
Do livro 14 versos

Eu estava aqui enquanto partias,
Ainda estarei aqui quando fores.
Vi tua calma quando morrias, e
Vai-me morrendo pouco a pouco...

Um pouco a memória te desfaria
Como desfizeram de ti os ossos,
Mas estou aqui lembrando disso,
Provando a mim que não posso.

Mesmo que não me tenhas alento
Ainda te escuto quando me ligo
À hora dormida do pensamento:

Tanto memorar cada momento,
A perguntar por mim se te olvido,
A fazer chorar quando te lembro


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sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Lembrando meu pai
do livro Primários
A força para suportar a dor
Lembra meu pai...
A força para despertar o choro
Lembra meu pai...
A força para cumprir as derrotas
Lembra meu pai...
Com seu constante assobio
E seu passo entortado
Pelo reumatismo brabo,
Lembra meu pai
E me apequena nas forças
A descumprir as valenças
Deixadas escapar no fio
Das dores ressentidas serem...
Lembra meu pai
A coragem de decidir-se
Enquanto eu fico pensando
Em não ir adiante...
Ou ir-me.
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quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Atiradores


As guerras transformam
Pessoas em cadáveres
Apodrecendo vivos
Entre atirados e atiradores.
Entre famílias de mortos
Ficam insepultos os congêneres
Deixados viver o desespero
Da falta...
Transformando pessoas boas
Em pessoas más,
Digerindo tantas verdades
Impossuídas...
Dessas guerras em tempo
De paz.












A dor inspira mais
Que o riso.
Por pouco
Se faz conciso
O homem
Em seu paraíso...




domingo, 7 de agosto de 2016

Transeuntes


Ela passa todos os dias
Com suas sacolas de compra,
Isso tornou-se um ritual,
Faz anos que é a mesma coisa...
Agora ela está grisalhando
E não para de passar
Trazendo comida para
Sobrinhos, irmãos,
Que bebem e brigam
E comem suas compras
Achando tudo normal.












Na jaula do tigre


Tudo está pronto para a caça,
Somos caçadores milenários,
A corrida do tigre atrás da corça
Assusta o homem, caçador,
Que espera o desfecho disso,
As raças se contradizem,
Somos carnívoros contra herbívoros
Desarmados dessa ferocidade...
Temos caninos como os tigres,
Predamos a mesma caça,
Concorrentes nessa corrida
Veremos quem irá adiante...
Mas temos medo, um medo
Que o tigre desconhece, e avança
Sobre gazelas ou jacarés
Com a mesma destemidez,
Que nós, humanos, perdemos
Com o tempo e a criação
Das armas e apetrechos
Protetores dessa raça
De armadores...


Das desalegrias


As pessoas
Vão e veem...
Não falo de passeios,
Viagens...
Falo em viver
E morrer.
Fazemos amizades
Com pessoas instáveis,
Elas aparecem do nada
Para conversas, afagos,
Choros, risos,
Ou ficam caladas
Ao nosso lado...
Quando menos se espera
Elas se vão...
Desalegradas.







Ordenados


São as pessoas... São as pessoas
Que me fazem caminhar.
Quereria estar só, mas,
Dentro da lógica familiar, não posso.
São as pessoas que ajudam respirar,
São as pessoas que me empurram
Para o lugar à frente, ou a trás...
Não sei aonde estamos indo todos...
São as pessoas que acompanham
Meus passos, nosso desespero,
No dia a dia... Que nos fazem acordar
Com seus compromissos a sanar,
Com seus roncos, com seus alarmes
Que só deveriam tocar quando
Ameaçados, mas tocam sempre,
Para os cães e os gatos da noite...
São as pessoas que se alarmam
De dormir e despertar no susto,
Segundo outros mandem
Que se o faça.






Quem lê um poema,
Assimila, o completa...
A visão de cada ledor
À visão de cada poeta.









A vida é partida pedaços
Como o boi no açougue
Coração, fígado, baço,
Intermediados ao laço.






 Olimpíadas


Estamos olhando
O limiar de um tempo...
Daqui vemos os fogos de artifício
E o espocar das champanhes,
Bem perto crianças brincando
Sua miséria
E seus pais sentados em caixas
Assistindo aos fogos...
Não há champanhe,
Uma garrafa de guaraná, já vazia,
A alegria esperando a felicidade?
Aquelas pessoas doem na alma...
A pessoa daquele pai,
Daquela mãe ao lado,
Das crianças escarradas em ranho...
A pessoa que se subtrai à luta
E cede aos braços cansados
E move-se de arrasto...
Aquela pessoa... Aquela pessoa...
Talvez doesse mais
Se fosse eu aquela pessoa
Desamparada...
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As guerras transformam
Pessoas em cadáveres
Apodrecendo vivos
Entre atirados e atiradores.
Entre famílias de mortos
Ficam insepultos os congêneres
Deixados viver o desespero
Da falta...
Transformando pessoas boas
Em pessoas más,
Digerindo tantas verdades
Impossuídas...
Dessas guerras em tempo

De paz.