segunda-feira, 20 de agosto de 2012
Este foi o pai que convivi,
Sem abraços e beijos, mas
De um amor rude e sincero,
Nas viagens, nas roçadas,
Nos portões dos sítios, que
Faríamos juntos, eu criança
Ele adulto, paciente quando
Saí do exame para exército
Estava esperando para dizer:
Tudo bem? Como a saber,
Conformando revide muda,
Não precisava de palavras.
Este meu pai, me domou
Fez-me pai também, antes
Orientou-me filho a viver,
Que me respeitou pessoa
A conviver a extrema hora
Como iguais, de mesma fé
Este meu pai, um cara bom,
A erigir um lar de sua casa.
O menino
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Definhado
Mostra a fome
armazenada
De dias... meses...
Passado horas a fio
No fio da espera,
O trem chega e parte
Cheio de feras...
Treme as mãos
Pedintes e nem
Se sabe credor...
Que fome é esta
Que agride o olhar
Do benfeitor?
Um cara bom
dedico à memória do passamento do nosso pai Domingos em julho de 1967
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Meu pai, sempre o cara bom.
Foi, mas não se deixou levar.
Um dia, inda cedo na sua vida,
Contraiu esta moléstia ferina,
Que o levou tempos depois...
A sua coragem em enfrentar
As desavenças da mala-sorte
Faria suspirar a última vez
Dizendo: tô gelado sim, filha,
Mas não tem importância.
Frente ao desespero da filha,
Que a morte é parte do viver,
A parte mais lógica, explicita
Talvez a mais merecida... Ou
Não, mas a parte mais certa.
Nas incertezas de caminhar
Ele dizia e provou que, enfim,
Chegada sua hora, a coragem
Do homem acima do medo
Do macho raçudo de antes...
Enquanto desviam dinheiros...
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As crianças morrem
Enquanto desviam dinheiros...
As mães choramingam
Enquanto desviam dinheiros...
Os pais suam frio
Enquanto desviam dinheiros...
As escolas fecham
Enquanto desviam dinheiros...
As comportas esvaziam
Enquanto desviam dinheiros...
Os idosos morrem de frio
Enquanto desviam dinheiros...
Os famintos se mordem
Enquanto desviam dinheiros...
As feras trucidam
Enquanto desviam dinheiros...
As outras feras revidam
Enquanto desviam dinheiros...
E, pasmo, o presidente diz
Não saber das coisas
Enquanto desviam dinheiros...
O país estafa, suspira, morre
Enquanto desviam dinheiros.
rock amanhecido
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Abrem-se as ventanas
De uma porta histérica,
Surge atrás da poeira
O sentido da espera.
Apenas dois passaram
A reconhecer os fatos
Que geraram gentes
De alguns quilates,
Uma nova euforia barra
A tristeza,
Hoje é o dia do rock,
Tirando as asperezas
É um bom dia
Para ouvir Raul ou Elvis
Ou o santo ignóbil
Dos retráteis.
cercados
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As cercas de ferro e
As cercas sem ferro
Pouco diferem...
O homem é o predador
Do outro homem...
Assim seremos indefinidamente
Porque
As cercas sem ferro isolam
As mentes dos outros,
Que passam e assustam
Com a desgraça inútil
fatos
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Os fatos passados são memória.
Feliz o que pode transformá-los
Em saudade.
desaninhados
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É cruel
O confinamento desses jovens
Porque,
Além dos crimes cometidos,
Arruaças,
O que se lhes possa infundir...
A verdade...
Ah, a verdade é que
Desde o berço eles não têm chances.
Nem tiveram berço,
Nem cama, nem mesa,
Apenas a aspereza de pecar,
Pecaminosos...
É cruel
Faze-los pagar pelos erros
Das autoridades, isto é,
Nossos erros!
É cruel
Perceber essa verdade, de que
Nossos erros aprisionam gerações
De depenados pintainhos
No frio das estações...
Desaninhados,
Soltos ao léu.
Aprendiz de aprender
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Consciente da minha ignorância
Erro pelas páginas amareladas
Desses livros, clássicos, imaturos,
À procura de saber-me dessabido
Dos dissabores desse desbundo...
Como esfera, rola a mora à espera
Minha próxima aurora, sendo fera
Entre feras dessei minha demora
Sobre o juízo pleno das propostas
De não sendo fera, habituar a ela.
Que importa nesta roda epifania
Se não a hora sábia que irradia
A compreensão do lido e relido
Em enfim entendido parágrafo
Desse livro em não sendo livro?
Pela rua reaprendo aprender-me
Com a vaga noção de sapiência
Do menino homem amadurecido
Padecendo a dor que a rua impõe
Aos que da rua vivem o sabido.
Sinais de vida
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Ao bater o tição aceso na fogueira,
Estrelinhas de fogo voam ao redor,
Mas não são vidas novidadeiras,
É o fim anunciado daquela brasa.
Assim o olhar vívido do assustado
Não é riso, mas constrangimento
Palpável no gelo das mãos e no
Tremor das pernas incertadas.
Por que, então, falar das dores?
Porque o sangue de meninos jorra
Pelas ruas sombrias dessas vilas
E policiais assustados atiram neles
Confundindo celulares com armas,
Meninos com sequazes...
Como conviver com esta explosão
E rir disso que se passa e aflige
Nossas mentes abandonadas para
Temer um tempo de animálias?
Não, o aceso dos tições não é vida,
É a turbulência de morrer antes.
A rosa branca
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A rosa branca... tempo branco,
Fazendo lembrar momentos...
A mente branca de infâncias
Entre o ir e vir trabalhado
Das obrigações de viver...
Conviver? -Talvez...
A meninice passando filmes
Vendo crianças no parquinho
Sacolejando suas energias...
As mentes brancas de malícias,
As pernas ágeis sem preguiça...
De conviver.-Sim.
A rosa branca, enfim entregue
Às mãos cansadas de manejar.
São tantas horas a perambular
Pelas saliências da memória
Meio saudade, um tanto história.
De como viver.-Ainda?
Está por acontecer outra vez
A palidez da infância
Amanhecendo branca
Nas faces lívidas dos netos
Vindo espairecer névoas
Do conviver o novo.
Aquele abraço
25 de julho de 2012
fb
Este caderno meio esgarçado
Constrói momentos dos nadas
E nadas dos momentos.
Assim o que passou não é passado,
apenas experiência,
Para o bom ou para o ruim
Os fatos das vivências esperam
A resposta nos netos do agora,
Semeando boas intenções somos avós
De pequenas colheitas, que perambulam
Pelas casas, batendo bumbos
Nas cabeças zunidas.
A maior de nós, avós,
não convivemos com nossos avós,
por isso caprichamos
Em conviver com nossos netos.
Este caderno, mesmo esgarçado,
Constrói momentos.
Viva nóis!
Desobediência cívica
fb blog
Estão empacotando vidas
Nesses sacos plásticos.
São batatas e cenouras e cebolas e...
Crianças.
E uma espera de cem anos
Para derretê-los, os plásticos
Em sacos, vasos, prateleiras...
E crianças.
Como pode a vida ser dividida
Em recicláveis e orgânicos,
Se somos todos orgânicos...
E recicláveis?!
Fim de semana
fb
Nesta fase,
Em que todos os dias são domingo...
Ou todos os domingos são enfadonhos
demais para serem sexta, é preciso
Reinventar a semana... com chuva ou sol,
Ou extrema lerdeza...
Sair do casulo e experimentar o novo,
De novo... com certeza.
A poesia agora
É uma oração compenetrada de toda hora,
Promessa de alivio para os pecados
De alguém que acreditara neles
Antes de saber que os viveu todos
Das vezes em que penou estradas de lama
E derrotas outras,
Sem miséria.
O princípio da incerteza
fb
Dessalguemos as palavras ásperas
Que não se tornarão insípidas,
Mas palatáveis à primeira ouvida,
Se docemente ditas... entendidas:
O princípio da incerteza à ciência
É “Que tudo é igual a nada”.Mas,
embora não explique a existência,
Diz não haver precisão de um deus...
O princípio da incerteza para leigos
É que nada é igual a tudo.Explica a
existência na crença a Deus, para a
Boa oxigenação do nosso mundo.
O big bang é uma estruturação lenta
Das bases para a tal sobrevivência?
Dessalguemos a palavra final, afinal
Estamos aqui... sobrevivemos!
pastejos
fb
Nesses meses outonais a vida corre,
Escorre pelos anais das esperas mansas,
Carneiros continuam construindo lãs
A pastejar os vales verdes
Das esperanças...
As coisas estão certas,
Cada uma em seu lugar avistando
Tardes brancas, marambaias joviais
Chegando ou partindo nelas
Sem medo de não voltar.
O sono de ontem acorda vozes,
O silêncio estava tranqüilo...
Mas retorna o menino da feira
Fissurando os carretos apressados
Desses tempos criança...
Nesses tempos a vida dança
A dança dos trigais, entre rezas
E chuvas longas, estreitos vendavais...
Quem pode surrar as dores
Se a dor já não dói mais?
Efeito
aos mensaleiros
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Você sabe por que mentiu?
Você mentiu para satisfazer
Seu ego, não dizer-se frágil.
Remoendo suas dores você
Argúi que não sabia disso...
Que não passou de ano ante
A verdade: nem ter iniciado!
A exclusa maléfica maldade.
.
Você passeia sob os arcos
Desta velha catedral, ápice
De todas as obras primas.
Mas não sabe quando nem
Porque alguém a levantou
Dos escombros das outras.
Como a velha construção
Você traz cacos dos antes.
Cogentes
fb
Perenemente esmaecem poucos,
Improfícuo feito da ociosidade.
Que a roda do dia, sendo solto,
Sentir-se-á morder na saudade.
Houve tempo, não muito longe,
Atribuído à antiga juvenilidade,
Em que as rodas dos pés soltos
Buscavam ferezas novidades...
Haverá um tempo dito novo a
Repetir o tempo das vontades
Entre necessidades e estorvos,
Assim somos cogentes a nós,
Ao dividirmos noção de dolo
Entre os estorvados moços.
currais
fb
Os pombais da igreja estão vazios.
Incomodava a alguém os pombos
Revoando, colhendo grãos na praça,
Vazia de outras opções de cata.
Talvez, imagino, a liberdade deles,
Que iam para as roças e voltavam
Sem dar atenção à fala pela praça,
Vazia de razão ou sentido, ou jaça.
Será, imagino, tamanha desgraça
Pombos livres da conversa fiada
Desses senhoris donos das praças?
Talvez a época da colheita parca
De uns votos soltos, se vendidos,
Faça a raiva à concorrência nata.
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