quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Meu cumprimento a todos os escrevinhadores de seus sonhos

Eu faço versos como respiro
Se parar, sufoco,
Digo o que penso e fico
A pensar se o disse pleno…
Parte de meus escritos
Nunca serão lidos, sei…
Mas descobri que escrevo
Para mim mesmo, meu prazer,
Minha releitura, confessionário
De ideias puras ou impuras…
Companheiro das madrugadas
Meu caderno me abraça,
Me alumia ideias novas,
Me perpassa lonjuras…
Assim viajo… Assim me volto
Para o interior a que me faço
Companheiro de mim mesmo,
Esse regaço que me embala
Sonhos diversos, outras alas,
Eu faço versos como respiro

Em todas as falas…

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Escolhas e encolhas



Espio, de meu canto,
Ceguetas tateando a vida,
Agarrando-se às normas
Proferidas por outrem.
Ora se tornam ateístas…
Ora se vislumbram com a fé.
Um dia se acomodam,
Noutro corridas ciclísticas,
Balé, surf, natação, ioga…
Aí se convertem veganos,
Procuram retiros… Insanos!
Voltam a ouvir os clássicos
Depois dos blues e baladas…
Voltam a ler poesias
Depois de pauloscoelhos…
Voltam a ter alegrias
Depois de olhares tristes…
Espio, saindo de meu canto,
Quanto viajam nas mentiras
Essas pessoas roídas
De desencantos…



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sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Poesia concretizada


Hoje ganhei uma poesia,
A presença idílica de uma mariposa
Pousando sob a luz, translúcida,
Acesa em cores,
Poeticamente inocente
Do que assiste em redor…
Pura poesia…
Voando em círculos,
Ofertada a mim como palavra
Soletrada bela
Entre tantos rancores,
A arte que emana dela
Em suas cores…










O som líquido


Ouço o som
Líquido da várzea…
Choveu antes, agora envasa,
Entre taboas e patos selvagens
Eu ouço a água escorrendo delas 
A enfeitar o pó dos dias…
Esta noite a rainha dos céus
Passeia no reflexo das águas…
Brilha, mais que antes,
Sua presença imaculada.
Ouço o som líquido na várzea
A passear sobre cabeças
Em manadas…
Agora a estrela Dalva cuida
De reinar nesse reflexo,
Espelho do poder das águas
Sobre a secura
Do concreto…





A condição de estorvo


Passou
À condição de estorvo
A presença amarga
Da tristeza
Entre as fotos
De alegrias desfeitas…
Faia de folguedos
E folhas soltas,
O amarelado outono
À espreita…
Desfaz firulas
Até hoje aceitas…
Pena que a penar
Se enfeita,
Misericordiosamente
Refeita
Nesses ramos novos,
Inda por vindouro anseio,
Na espera infinda
De ser aceita.



Se eu pudesse


Se eu pudesse acreditar
Nas promessas descumpridas…
Se eu pudesse acreditar
Na vida no fim da vida…
Se eu pudesse acreditar
Na manhã nova, amanhecida…
Se eu pudesse acreditar,
Talvez fosse de se esperar
Nas verdades consentidas
Uma forma de partida…
Mas não me é concedida
Tanta ingenuidade…
Por isso sofremos mais
Do que a dor devida.









Meado de azedumes


O tempo,
Meado de azedumes,
Traz uma história nova
A cada susto…
Quando eu terminar
De mentir minhas verdades
Poderei, enfim,
Mostrar caminhos
Aos caminheiros,
Dessas aventuras
Desventuradas…












O par de chinelos


Com um par de chinelos
Se educava as crias…
Das mulheres e das cadelas.
Com um par de olhares
Se compreendia
A ordem de calar-se.
Com um par de punhos fechados
Se definia o lado nessa cerca
Que divide o tempo
Em cercados…
Vejam, com desalento,
Gestos obscenos, bocas sujas,
Por uma pá de razões
Desde pequenos cães e meninos
Se revoltam e se criam a esmo,
Já não se sabe quem definirá
Os amanhãs
Nesse nebuloso tempo
De revoltas sem causa
A bater palmas ao imediatismo
Das horas pávidas.


Entre as gretas do cercado


Entre as gretas do cercado
Passam as verdades…
Sussurradas pelo vento
Ou quietadas pela tarde,
Evidentemente amargas
Como só as verdades…
Um dedo em riste acusa,
Mas também manipula
Ordem para seguir adiante,
Sexo, ou se fazer silêncio.
Os dedos conversam assim
E entre eles se entendem.
Quanto às bocas, se fecham
E não dizem nada.
Entre as gretas das palavras
Passam as verdades.


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Eu não fiz o sonho
Pego o sonho
Que me foi dado








A idade furta-te
Algumas vontades
E te oferece outras,

Sem vaidades…

domingo, 13 de agosto de 2017

Bem que gostavas da festa, e, pai, que festa te faríamos hoje, os teus filhos que não bebem e os que gostam de bebericar, unidos na mesma sala, esqueceriam seus temores, suas mágoas, desavenças, lamúrias impuras, para o preito à sua pessoa. Bem sei que gostavas das viagens, pai, estivesses aqui agora, que viagens faríamos juntos... a planejar os meios, as paradas, os destinos de nossas jornadas...
Bem sei que querias a maturidade dos seus... e, pai, que bom se aqui estivesses para ver teu sonho realizado.
Ali, sentado à cabeceira, olhando de lado a lado teus descendentes diretos e agregados, que também o são, com certeza, terias os olhos d’água ouvindo o desarrimado canto dos desafinados... mas, o que conta, senão a emoção do momento? Sei que, com teus olhos acostumados a ver lonjuras, verias nos teus filhos os filhos deles, que um dia vieram, por ventura, e que te arregalavas acariciando-os pequenos, vindos à ti. E, do teu lado, pai, nossa mãe, alicerçada, a que pôs os filhos à mesa guarnecida sempre, sempre arrumada, que esses filhos sessentões viriam pedir-lhe agora que cosa, não as calças rotas, mas as almas.
Do lado desses sisudos senhores, estariam ambos abençoando o momento.
Caros, juntem seus tratos e vêm, que é hoje dia de festa, dia de tê-los ao lado de nossos sonhos e de poder sonha-lo também, com suas auras de bons pais e bons cidadãos, como poucos vivenciei. Sei que devem estar juntos, numa alegria maior do que poderíamos oferecer, mas por amor e ternura vimos convida-los para outra vez juntarem-se a nós, nessa ilusão de fartura, de amor, compreensão, agora que estamos sós, com vossa ausência fazendo-se presente em nossa sala... vazia.

sábado, 12 de agosto de 2017

RECORDAÇÕES DE MEU PAI 4
Nostalgia

Meu pai nasceu em Anápolis.
Mas Anápolis não existe mais.
Meu avô veio de Itália,
Mas Itália está muito longe...
Por isso só vejo poeira
No que ficou para trás
E que o tempo encobriu
Com suas vidas recentes
Que vêm me abraçar.
Meu filho dirá de mim
O que digo de meu pai?
Sei não, meu filho é outro filho,
Não é o filho que fui
Como não lhe sou meu pai.
Anápolis desapareceu,
Do pai só tenho foto,
De mim só tenho eu.





PARTIDAS

Eu estava aqui enquanto partias,
Ainda estarei aqui quando fores.
Vi tua calma quando morrias, e
Vai me morrendo pouco a pouco...

Um pouco a memória te desfaria
Como desfizeram de ti os ossos,
Mas estou aqui lembrando disso,
Provando a mim quanto não posso.

Mesmo que não me tenhas alento
Ainda te escuto quando me ligo
Às horas dormidas do pensamento:

Um tanto memorar cada momento,
A perguntar por mim se te olvido,

A fazer-me chorar quando te lembro

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

RECORDAÇÕES DE MEU PAI 3

Um cara bom
à memória do passamento do nosso pai Domingos em julho de 1967

Meu pai, sempre o cara bom.
Foi, mas não se deixou levar.
Um dia, inda cedo na sua vida,
Contraiu esta moléstia ferina,
Que o levou tempos depois...

A sua coragem em enfrentar
As desavenças da mala-sorte
Faria suspirar a última vez
Dizendo: tô gelado sim, filha,
Mas não tem importância.

Frente ao desespero da filha,
Que a morte é parte do viver,
A parte mais lógica, explicita
Talvez a mais merecida... Ou
Não, mas a parte mais certa.

Nas incertezas de caminhar
Ele dizia e provou que, enfim,
Chegada sua hora, a coragem
Do homem acima do medo
Do macho raçudo de antes..





Este foi o pai que convivi,
Sem abraços e beijos, mas
De um amor rude e sincero,
Nas viagens, nas roçadas,
Nos portões dos sítios, que

Faríamos juntos, eu criança
Ele adulto, paciente quando
Saí do exame para exército
Estava esperando para dizer:
Tudo bem? Como a saber,

Conformando revide muda,
Não precisava de palavras.
Este meu pai, me domou
Fez-me pai também, antes
Orientou-me filho a viver,

Que me respeitou pessoa
A conviver a extrema hora
Como iguais, de mesma fé
Este meu pai, um cara bom,
A erigir um lar de sua casa.

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

RECORDAÇÕES DE MEU PAI

Quando o conheci 
Cuidava suas dores...
E eu menino querendo sabê-las quantas...
Mancava os passos
Não me fazia abraços 
Aquietado ao canto alienava-se.
Quando se foi, conheci que plantara flores, Jabuticabeiras, hortas, galinhas, cachorros e... Meninos.
Sob o olhar desse pai, alheio 
Às pequenas dúvidas filiais cresci...
E vejo-me cuidar minhas dores, 
Meus livros, sonhadas hortas, 
E os meninos…
Ainda estou aqui, pai,
Alienado nesse canto
Mancando o passo
Sem fazer abraços
No que perdi.


RECORDAÇÕES DE MEU PAI 2

Meu pai guardava
Uma Torquês,
Um serrote,
Um Traçador de muito uso,
Dos tempos
Em que fazia Taboas
Das árvores nativas.
Emanava o cheiro do Cigarro,
Um ranço rouco
Na saliva, mãos calejadas
De toda uma vida...

E deu-me de presente um violino!

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Quando um dia


Quando foi um dia
A esperança abandonou o pai.
- Meu corpo está gelado…
Enfim ele disse:
- Mas não tem importância…
Mal sabendo quanto
Nos era importante
Que não lhe gelasse o corpo
E não lhe desistisse a alma
Enquanto nós, quase crianças,
Sentíamo-nos necessitados
Dele…
Sei das horas que vivi.
Não sei das que viveste,
Quanto falta a cumprir,
Que se mereça…


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sábado, 5 de agosto de 2017

AQUIETADOS

Todos os gestos
São significativos…
Mesmo que em revolta!
As noites mal dormidas,
As manhãs desamanhecidas,
As desculpas desafeitas…
Mesmo a palavra não dita,
Gesticulada aos ares
Pode ferir ou amasiar-se
À alegria de ali estar…
Todos os gestos,
Esquecidos nesse sótão
De nossos sentidos
Volta a inquietar,
Se indevido.







Assobios de espanto

Sofrer sempre foi difícil.
O pai assobiava…
Isso amenizava vê-lo,
Assobiando sem música,
Com o olhar cansado de viver,
Já não gesticulava como antes,
Os braços pendidos à dor
Mas consciente de que aquilo
O fez maior que todos.
Hoje é que sei disso…
Hoje que sei distinguir
A coragem da tolerância…
A vida nunca facilita,
Apenas se explica em cada ser,
Vencido ser o ter sido…








Poesia concretizada


Hoje ganhei uma poesia,
A presença idílica de uma mariposa
Pousando sob a luz, translúcida,
Acesa em cores,
Poeticamente inocente
Do que assiste em redor…
Pura poesia…
Voando em círculos,
Ofertada a mim como palavra
Soletrada bela
Entre tantos rancores,
A arte que emana dela
Em suas cores…










O som líquido


Ouço o som
Líquido da várzea…
Choveu antes, agora envasa,
Entre taboas e patos selvagens
Eu ouço a água escorrendo delas 
A enfeitar o pó dos dias…
Esta noite a rainha dos céus
Passeia no reflexo das águas…
Brilha, mais que antes,
Sua presença imaculada.
Ouço o som líquido na várzea
A passear sobre cabeças
Em manadas…
Agora a estrela Dalva cuida
De reinar nesse reflexo,
Espelho do poder das águas
Sobre a secura
Do concreto…





A condição de estorvo


Passou
À condição de estorvo
A presença amarga
Da tristeza
Entre as fotos
De alegrias desfeitas…
Faia de folguedos
E folhas soltas,
O amarelado outono
À espreita…
Desfaz firulas
Até hoje aceitas…
Pena que a penar
Se enfeita,
Misericordiosamente
Refeita
Nesses ramos novos,
Inda por vindouro anseio,
Na espera infinda
De ser aceita.



Se eu pudesse


Se eu pudesse acreditar
Nas promessas descumpridas…
Se eu pudesse acreditar
Na vida no fim da vida…
Se eu pudesse acreditar
Na manhã nova, amanhecida…
Se eu pudesse acreditar,
Talvez fosse de se esperar
Nas verdades consentidas
Uma forma de partida…
Mas não me é concedida
Tanta ingenuidade…
Por isso sofremos mais
Do que a dor devida.



quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Tintada


Toda porta que se abre
Descerra uma surpresa,
Cortina que se desata em nós
E troveja…
Aí a porta bate
De volta,
Faz-se preciso tramela-la
Por dentro ao ouvir do vento
A ameaça.
Daí a porta, ao ser fechada,
Tranca pra fora o vento,
Que desaba.
É preciso a esperteza de eu menino
Para descobrir como
Esconder a mão,

Mesmo tintada…