quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Velhos coronéis

Quando olho a senadora
Fazendo suas presepadas
Lembro o velho coronel
Cuspindo o fumo mastigado,
Num fim de tarde, perdido
O mando no último pleito...
A senhora plastificada,
Narizinho aquilino, pose
De desespero, perdido o pleito,
Mastiga o fumo cuspido...
Em seu porte arrogante,
Querer-se autoridade... han...
Penso como pode a vedete,
Em sua desfaçatez ameaçar...
Canalhices à parte, rosna,
Com sua moral algemada,
Se não às mãos, à alma.
Lembra um pit bull amarrado
Tentando morder-se à raiva...
Mas ela não é um cachorro,
Na inconsciência irracional...
Acorrentada à sua desnoção
De ser um nada.

sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva. 
Incógnita (Portugal) 
Amazon Kindle, Creatspace
Perse e Clube de Autores 

domingo, 25 de setembro de 2016

Visita ao asilo

Nossa velha amiga foi pro asilo,
“Para ser melhor cuidada”
Tudo mais ou menos limpado,
A refeição sem cardápio (escolha)
É feita da xepa da feira...
Tudo bem que assim seja,
Pela falta de recursos patrocinados,
As camas divididas em quartos duplos,
Os bancos do jardim ao sol da tarde,
Mas o carinho passa longe
Na frieza dos olhares.
Há uma desistência nos andares,
Muitas feridas, algumas expostas,
Tantas cicatrizadas escondidas,
Convalescendo uma dor antiga,
Vindas de lares desmantelados
Onde meninos dormiam e comiam
Sob a benção já esquecida...
Agora procuro entender porque 
não morrem nesse tédio, porque
Já foram assassinados!


Cancros


Escutando esses olhares frios,
Fixos na inexpressão do nada,
Sorvem o sal à última lágrima
Sobre a terra que se arrasou...

Donde o fruto já não diz nada,
Quando o último chega, assenta,
Parece muito normal presença,
Tecem alguns laços de amarras

Mas silenciam de vez a manhã
Seus utensílios festivos ontem
E gritam a espantar o mal feito.

Apenas o silêncio é a descrença
De que haja algo ainda vivo
Na face lívida de olhar difuso...






Vasculhes


Passeando pela memória
Retentivas empoeiradas...
Algumas conchas vazias
Idas do mar das viagens...

Algumas flâmulas coloridas...
Umas miniaturas de garrafas,
Ainda até hoje desavindas,
Um silêncio sobre as formas,

Sobre as idas sem vindas...
Tanto quanto desabitadas
Nesta impensada berlinda.

Pois é, amancebado gregário,
As vidas passam esquecidas
Nesses fundos de armários...






Lenires


Descubro que as coisas
Acontecem por deixar
Que aconteçam...
Muito do que procuram
No dia a dia na sesta,
Nessa primeira hora
As emoções tomam conta
Por conta de umas pernocas
Bonitas e um sorriso meigo.
Depois por conta de susto
Por ter-me desprevenido...
Agora, armado e tentado,
Contra novos dissabores,
Descubro que quase nada
Pode contra meu intento
De lenir branda demora
Quando tenso.






Adversos


A parede se ilumina
Às tantas da madruga...
Sou criador ou criatura
Dessa palavra Poesia?
Que me cria... Me recria
Em cada gesto deixado ficar
Nas outras horas do dia...
Nesta hora silenciosa
O teclado se mostra trépido
Entre vogais avançadas
Sobre consoantes mortas.
Estamos aqui, eu e a palavra
Que crio a cada gesto,
A cada pensamento novo
Nessa velhice de tetos...
A parede se ilumina
No escuro da madruga
Entre silêncios e falas
Além desse criador sereno

Que me faz criatura.
O vento levou meu pai


Primeiro as roupas, guardadas,
Os seus chapéus de feltro,
Depois os cinzeiros da casa,
As cadeirinhas de vime,
As jabuticabeiras do quintal,
A sua voz gesticulada,
Que nem lembro mais,
As ferramentas manuais,
A disciplina de mestre
Que eu, como pai, perdi
Em algum trecho.
O vento levou meu pai
Com o telhado da casa velha,
As janelas venezianas,
O assoalho ruidoso...
O vento levou meu pai
Com seu jeito de assobiar
E apagou da memória,
Que nem consigo chorar.


sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva. 
Incógnita (Portugal) 
Amazon Kindle, Creatspace
Perse e Clube de Autores 

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Os sonhos da pessoa

São seus tesouros,
Ele sonha ser médico,
Depois enfermeiro...
Tenta sonhar outras profissões
E acaba sendo
O homem da limpeza,
Das panelas depois do almoço,
Das latrinas, dos canis...
Assim mataram os sonhos
Deste homem
Que vai esvanecendo
Pouco a pouco
Na mesmice de obedecer ordens
Desconexas de alguém,
Sendo levado a viver seus dias
Como algo sem outro fim
Que se inicia às 6 horas da manhã
E finda ao som da Ave Maria,
Todo dia... Todo dia... Todos os dias
Até que lhe findem os dias.


sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva. 
Incógnita (Portugal) 
Amazon Kindle, Creatspace
Perse e Clube de Autores 

domingo, 18 de setembro de 2016

Até que provem o contrário


Tudo que se diz é verdadeiro?
Sendo assim, os ovos de páscoa
São ovos de coelhas...
Os presentes de Papai Noel
Estão nas meinhas na janela...
O próprio ladrão perde-se na razão,
O juiz o manda soltar por não ver crime
Nisso de pôr fogo em pessoas...
Se tudo é desmentido!
Mas a vale a pena correr o risco
E perder vidas ao prender vidas?
O que rouba bilhões paga multa!
O que mata paga cesta básica!
Só é preso o menos covarde,
Que roubou o saco de feijão...
O outro, embora delatado,
Sempre vai dizer que não.






Ao sol dessa manhã
Do livro observatório

Com dois pesos, e, talvez,
Duas medidas, os não criadores
Serão criaturas se inibem expectativas
Com todas as idas e algumas vindas...
Se todas as ações têm começo e fim,
Não importa o que vem para mim...
E o que vai de mim?
Todas as ações um fim,
Depois do jogo, depois da missa,
Depois da radioterapia...
Dos queimados faz-se uma lista,
Abreviada, enfim, amanhã
Acordaremos novos, eu e você,
E essa coruja em volta, perdida
Como a mariposa na luz...
Mas a luz se apagará com o novo sol
Surgido na manhã, a mariposa
Será liberta, com as asas queimadas,
Mas liberta dessas dores
Desérticas.

sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva. 
Incógnita (Portugal) 
Amazon Kindle, Creatspace
Perse e Clube de Autores







Eu também seria múltiplo,
Não fosse tão singular,
Como esses outros, iguais...









Navego bem na água rasa,
Em outra geração
Devo ter sido pirata...











No tempo do mal olhado
Pensavam que preguiça
Fosse quebrando, a ser
Benzido e curado...






Pena leve ao predador


Quando as penas
Se soltam na brisa
Dessa decisões

Indecisas...
 A conta que não fecha


            Mesmo em plena recessão e com rombo de R$ 170 bilhões anunciado, o governo decidiu abrir os cofres sob a alegação de que essas novas despesas bilionárias já estavam previstas. Me engana que eu gosto, ao mesmo tempo que o presidente interino obtém importante vitória na Câmara, aprovando, por maioria qualificada, um projeto de desvinculação de receitas que lhe dará mais fôlego para administrar o rombo, surgiu um mal estar pela contradição entre medidas aprovadas na mesma leva e promessas de austeridade. A aprovação ocorreu na mesma sessão que autorizou o reajuste salarial de servidores do Executivo, do Judiciário e do Legislativo, uma medida que deve tirar 52 bilhões de reais do caixa do Governo até 2018, Na sequência, a Câmara aprovou a criação de 14 mil cargos públicos federais, três vezes mais do que ele prometeu cortar em cargos comissionados como indicativo da disposição da gestão de cortar na própria carne. A aprovação não passou no Senado. O líder do governo, Aloysio Nunes, manifestou sua insatisfação com a proposta e afirmou que não iria defender algo ao qual é contrário. Na sequência, foi o presidente do Senado, Renan Calheiros a externar contrariedade em relação aos projetos: “Votamos um déficit de R$170,5 bilhões e, na semana seguinte o governo aprova na Câmara um aumento aos servidores públicos? Das duas uma: ou não podemos dar aumento salarial, nem criar cargos, nem aumentar tetos, ou aprovamos um déficit que não existia. Essa irresponsabilidade fiscal, mais do que nunca, neste momento conturbado nacional, é preciso que se detenha”, defendeu, sepultando qualquer chance de votar a proposta na Casa, o líder do partido Eunicio Oliveira, afirmou não simpatizar com as propostas de reajuste. Diante do impasse, o governo deixou a votação em compasso de espera. Deu para entender? Fácil: suponha que esses números sejam o seu orçamento do lar: em 2015 as despesas com pessoal, previdência, educação e saúde mais os juros somaram 24% a mais do que a receita. Então, seu salário mingou uma semana antes de acabar o mês. O que você faria em sua casa? Pois é, eles não querem fazer, querem que o vizinho pague a conta, pode? O problema é que o presidente faz um belo discurso para a torcida, mas assina o contrário para a realidade, e o federalismo assinado em 1891 até hoje não levanta voo, deixando de lado os poderes estaduais e municipais, dando ao poder central a chave do cofre, para os desmandos que continuamos a ver, inspirada na federação norte americana, de cem anos antes da nossa, que dá autonomia aos estados membros, aqui não funciona no mesmo ritmo. Salientando que todos os outros países que deram certo regem-se pelo parlamentarismo. Talvez fosse a solução, porque o presidencialismo nesses moldes, usurpado desse jeito, não funciona.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Entreveros
De vez em quando
Perco a paciência e esmurro
O ar em volta...
Perto das cabeças que
Seriam o alvo escolhido.
Conheço pessoas
Que nunca se exaltam
A ponto de responder
A um fato ignóbil. Não eu,
Seria impensado ficar calado
Ouvindo impropérios...
Mas também não é sensato
Responder a certos insultos
No trânsito abilolado,
Onde pessoas atravessam
Limites da tolerância
E vão embora
Com seu vagar e sua falta
De destreza ao tempo de desviar
No tempo de colidir.
sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva.
Incógnita (Portugal)
Amazon Kindle, Creatspace
Perse e Clube de Autores

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Observatório

Nação morena, sim senhor,
Com muito orgulho!
O moreno só é moreno
Pela pele?
Graças a Deus que não!
O moreno, como o polaco,
Como o asiático, têm
O mesmo coração,
Humanamente
Pulsado.
A alma desse moreno
Que cor terá,
Entre as cores desse parto
Exposta ao deus dará?









Das cheganças


Épocas comemorativas
Emocionam o senso
Aos descompromissos...
Não pensas nas dívidas,
Sejam ativas, desativas,
Sejam monótonas
Promissórias prometidas...
Monetárias ou humanitárias,
Sempre dívidas...
Apagadas no panetone,
Nas bolas coloridas
Nos pinheiros falsos...
Na chegança dessas datas,
Coelhos trazendo ovos,
Jesus deixando presentes
Pelas mãos e São Nicolau...
Comemorar o esquecido
Passar do tempo
Em momentos...







Nós sempre fomos eu,
Mesmo quando chamei
Alguém que me perdeu...
Subi as rampas oferecidas,
Desci as águas consumidas
E vamos em frente, nós,
Equitativamente iguais,
Com ombros caídos,
Com mãos calejadas
E um ai a cada caída
Levantada.
Nós sempre quisemos ser eu,
E assim é que caminhamos
Nossos passos
A caminho doutro sonho
Que se perdeu.










Para este ser doente
Suas roupas adoecem junto,
São calças, gravatas, lenços
À espera de ser defuntos...









Depois de cumprir idades
Não vale suicidar,
Tem cada vez menos
Pra morrer junto...






Os sonhos da pessoa


São seus tesouros,
Ele sonha ser médico,
Depois enfermeiro...
Tenta sonhar outras profissões
E acaba sendo
O homem da limpeza,
Das panelas depois do almoço,
Das latrinas, dos canis...
Assim mataram os sonhos
Deste homem
Que vai esvanecendo
Pouco a pouco
Na mesmice de obedecer ordens
Desconexas de alguém,
Sendo levado a viver seus dias
Como algo sem outro fim
Que se inicia às 6 horas da manhã
E finda ao som da Ave Maria,
Todo dia... Todo dia... Todos os dias
Até que lhe findem os dias.


Dia de apuração


Se a ideia é de que
Alguém aqui seja santo,
Esquece...
A promessa, lógico,
Não será conferida,
Mesmo que promessa
Seja dívida.
Aqui se locupletam,
A conta, amarga,
Será dividida.
O que enerva
Nessa turba indigesta,
É a cara despercebida...
Mas antes que o galo cante
Três vezes, será vencida
Pelo desencanto da secura
Antes da virada costumeira,
Não é a última, não foi a primeira,
Por falta de opções
Vencerá outra vez
A opção rasteira?

sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva. 
Incógnita (Portugal) 
Amazon Kindle, Creatspace
Perse e Clube de Autores


segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Tênues movimentos
Dedico aos paraolímpicos

Segura, embora aparente fraca,
Denota a estrutura dominadora,
Agarra-se ao fio de contratempo,
Afasta-se do cansaço de ontem...

Vira-se como pêndulo distante,
Gira sobre próprias pernas finas,
Aparência de fracas, fortemente,
A cada grande envergadura tesa...

Além do contorcionismo do corpo
Fica a imagem de tamanho esforço
Ao som da tarde, silêncio ruidoso...

Assim mostram-se independentes  
Os que ficam na intenção de ser
Entre os que se vão cambaleando.


sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva. 
Incógnita (Portugal) 
Amazon Kindle, Creatspace
Perse e Clube de Autores 

domingo, 11 de setembro de 2016

Parado na idade


Fico encantado
De ver as pessoas passando,
Desde a madrugada...
Desde a adolescência
As pessoas passam,
Trazendo sonhos nas algibeiras,
Levando sonhos perpassados...
Curtindo momentos
E presságios.
Fico olhando para que lado
Vão....
Vão para suas idades maduras,
Como eu,
Parado nessa idade,
Vendo passar amigos
De então.

sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva. 
Incógnita (Portugal) 
Amazon Kindle, Creatspace
Perse e Clube de Autores


sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Os ossos da sobremesa


Sempre à mesa colocam
Talheres para tantas bocas...
Preciso seria que tantas mãos
Amealhassem o que comer...
Sempre nesta mesa, farta,
A ilusão de festa... Quase nada
Lembra o antigamente, quando
O vira-vira fazia do almoço festa...
Agora somos comportadamente
Sóbrios... Até com os ossos
Da sobremesa sobre a mesa,
Coalhada de manchas diversas,
Vermelhas molho, brancas vazio,
Algo em torno diz que seremos,
Num breve tempo, os ossos
Dessa mesa, sobremesa...
Sobre a mesa nesse estio.


sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva. 
Incógnita (Portugal) 
Amazon Kindle, Creatspace
Perse e Clube de Autores  

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

                                   “O BRASIL ESTÁ EM NOSSAS MÃOS”
Faixa de escola no desfile de sete de setembro, uma verdade insofismável! Que felicidade ver a alegria dessas crianças, sob o comando desses abnegados professores, mestres de uma geração pós-desencanto, que brada a todo pulmão, com o batuque de suas fanfarras, que o país não é dos legisladores, não é dos juristas, não é dos executivos, como fazem crer as notícias do dia a dia desse momento transicional de “poderes”, o país é da nova geração! Dessa molecada que desfila batendo forte o pé direito, lembrando nosso tempo de direita, esquerda, direita, esquerda... tempo bom, de enfrentamento, mesmo inconscientemente, como vejo agora na cabeça erguida dessa geração de futuro promissor, pela teimosia de acreditar nele.
(MOTIVOS da Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822: Quando deixou de ser colônia de Portugal. D. Pedro I as margens do riacho do Ipiranga, acedeu à vontade de grande parte dos brasileiros em conquistar a autonomia política por desgaste do sistema de controle econômico, com restrições e altos impostos, exercido pela Coroa Portuguesa,- Tentativa da Coroa em recolonizar o Brasil. D. Pedro não acatou as determinações feitas, que exigia seu retorno a Portugal. Em 9 de janeiro de 1822, negou ao chamado e afirmou que ficaria no Brasil. Logo após o Dia do Fico, tomou várias medidas com o objetivo de preparar o país para o processo de independência:- Organização a Marinha de Guerra- Convocou uma Assembleia Constituinte; - Determinou o retorno das tropas portuguesas;-  Exigiu que todas as medidas tomadas pela Coroa deveriam, antes de entrar em vigor no Brasil, ter a aprovação de D. Pedro.- Visitou São Paulo e Minas Gerais para acalmar os ânimos, principalmente entre a população, que estava exaltada em várias regiões. Ao viajar de Santos para São Paulo, D. Pedro recebeu uma carta da Coroa Portuguesa que exigia seu retorno imediato para Portugal e anulava a Constituinte. Diante desta situação, deu seu famoso grito, as margens do riacho Ipiranga: “Independência ou Morte!” D. Pedro I foi coroado imperador do Brasil em dezembro de 1822; - Portugal reconheceu a independência, exigindo uma indenização de 2 milhões de libras esterlinas; - Em algumas regiões do Brasil, principalmente no Nordeste, ocorreram revoltas, comandadas por portugueses, contrárias à independência. Estas manifestações foram duramente reprimidas pelas tropas imperiais.)
Quero memorizar aqui o grande brasileiro Cipriano José Barata de Almeida (*1762 +1838) um herói. Filósofo, médico cirurgião, jornalista, bateu duro nas instituições governamentais da época, e por isso viveu boa parte da existência aprisionado. Em 1821 foi eleito deputado junto à Corte de Lisboa, onde defendeu com seu nacionalismo, a independência do Brasil e do povo brasileiro, ebulindo as instituições acomodadas da Corte.

Aqui, de meu canto, quero parabenizar esse feito de hoje confirmando o brado de nossos antecedentes, na pessoa dos mestres, dos organizadores, dos desfilantes, pelo civismo de continuar comemorando uma independência ainda em dúvida de o ser, mas teimosamente conferida a cada ato, a cada sorriso, a cada lágrima, a cada passo dessas crianças, confirmando sem hesitação a soberania do cidadão!

domingo, 4 de setembro de 2016

Desamparos de guerra


Não vejo sentido
Mandar em continência
Os jovens braços fortes
À inexperiência da morte,
Torturando os cansados
Braços de seus pais
A chorar seus ais,
A vencer o mesmo eito
Plantado de antes,
De amanhã, de sempre,
A suprir a mesma fome
De todos, que é perene,
Com menos braços
Para lavrar, e abraçar,
Tirando do que se come
O que se defende
Em nosso nome.




Fundeadouro


Daria pouso
À minha história,
Não fosse o aflito esperar
Pelo incerto amanhã,
Inverno
De pequenas gripes
E fortes aberrações...
Se pudesse
Daria pouso
Ao passado, relíquia
Do perdulário
Feito azaro...







Tu é de lata, amigo,
Com medo que a lágrima
Te enferruje o umbigo,
Por onde vês a pátina?







Meus mortos familiares
Me visitam, guardam que
Faça um pedido, mas sou
Incapaz de ocupa-los disso








Escorredouro


As coisas não fazem aniversários,
Apenas perenizam sob a poeira
Dos tempos contados em anos...








Nem todos os poemas
Dizem a verdade,
Este é o destino
De cada fase...











Ainda agora procuro
Meus haveres idos...
Reviver o passado
Não faz mais sentido.








Tem cenas que
Só se fazem lindas
Vistas com olhos
Fechados...







O cansaço da espera


Quando as peças da sala acordam
Fazem um certo barulho
Empurrando-se umas às outras,
Se tornando entulho...






No amanhecer
As coisas se aclaram...
Não pelo sol nascente,
Pela noite bem dormida.







sábado, 3 de setembro de 2016

A terceira pessoa


Ele esteve por aqui,
Ela viajou por acolá...
Apenas coincidentemente
Se encontram
Na terceira pessoa
Porque
Não estamos sós,
Eu e tu,
Mas também ele e ela
Estão aqui
Nos retratos, na memória,
Na presença de seus cheiros
E suas histórias.


sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva. 
Incógnita (Portugal) 
Amazon Kindle, Creatspace
Perse e Clube de Autores