terça-feira, 25 de abril de 2023

 

Equívocos

 

O sol, hoje, é nuvem,

Atrás uma sombra de sua luz

Transparece entre cópias

De transparências,

O tempo, hoje, é sombra

Deste sol da manhã nevoada

Em dúvidas...

 

 

 

 

 

Questão de jeito

Talvez eu seja

Aquela pessoa

Que o tempo não dobrou...

Talvez eu tenha

Rugas escondidas

Na barba por fazer,

E faça por acontecer...

Mas sinto essa dor 

do tempo a vasculhar

Meus conceitos

E talvez não tenha jeito

Para assumir toda dor

Que fiz por merecer...

 

 

 

 

Encontro com a liberdade

 

Encarcerado

Aos pactos do velho dia

Olho à janela o pássaro

Revoando sua alegria...

A lembrança

Dos tempos vencidos

Traz ao hoje improvido

A noção de o ter perdido...

Quaresmeiro

De pós tempos festivos

Me entroso ao resmungo

Cansados egos revividos...

Agora anoitece

Feitios em geral inibidos

Em noites de muito frio

Nos avejões possuídos...

 

 

 

 

 

Sílabas

 

Com os pés amarrados

Aos problemas vividos

Exponho a necessidade

De o sonhado ao clivo...

Voamos nossos senões

Ao desabrigo de forças

Puxado ao coral de lira

Pela hora da despedida

Ouvindo o canto árido

Da figura deste insano

Clarim arado gradação

De tons acima velados

Deixados morrer antes

De o futuro ser olhado

Como início de o fado

Lagrimado na saudade

Da cantata feita maça

De conexa destinação.

Louvemos ao ameado

De notícia, desfiliação

Vivente ao nosso lado...

O solucionário

 

O tempo

É o patrão de todos nós,

Ele diz: mexa-se. E nós corremos.

Ele diz ajoelhe-se. E nós oramos.

E a dor do tempo é fatídica,

Desde uma queda na rua

À dor extrema de uma hérnia...

O tempo... O tempo...

Manda que nos distanciemos

Das curvas difíceis

E nos acomodemos à mesmice

De deitar o corpo cansado

De esperar privilégios...