sexta-feira, 7 de setembro de 2012
Honra a terra em que nascestes...
-Queres amor? Trinta dinheiros. Queres favor? Trinta dinheiros. Queres o que da vida mundana, o poder de poder? São tantos dinheiros a solucionar problemas pessoais de pessoas públicas... todos tão caros, tão maculados que não basta a paixão, as viagens, o refrão da paisagem. É preciso usurpar até o sangue partidário. É possível sangrar à mão cheia, à mala indiscreta? É preciso blá-blá-blás até que a voz se torne inaudível? É preciso “coragem”...
Este país precisa honrar os seus mortos. Felipe dos Santos e Joaquim da silva Xavier foram esquartejados! Cipriano Barata, crítico feroz dos grandes mandatários aprisionado, e todos os condenados ulteriores, à morte ou ao degredo, por crimes de opinião, que deram a vida para defender suas idéias, nossos ideais.
Nós brasileiros não somos duques, como Luís Alves de Lima, nem somos viscondes, como Irineu Evangelista de Souza, mas somos luíses irineus, izabeis e anitas... somos cidadãos! Não merecemos ser traídos por trinta dinheiros. Esses brasileiros anônimos não podem ser “eleitos” bobos da corte, objetos de troca, refrões da paisagem... nós, eleitores brasileiros não somos paisagem!
Este País tem história, de paz e sublevações, de monarquia e ditaduras, e, pelos caminhos da razão, de democracia. Ao peso de cortar cabeças conseguiu permanecer unido, desde os tempos das grandes rebeliões, contra o império, ao republicanismo, cidadãos lutaram pelo direito à elegibilidade. Neste outubro milhares de cidadãos colocam seus nomes ao julgamento do voto. Pelo voto podemos escolher quem vai administrar ou legislar pelos próximos quatro anos nossas comunidades. Aí está a palavra chave: comunidade. Que pressupõe coesão, princípio de consenso entre os cidadãos. O que é comum é de todos, não de ninguém! Em sendo de todos, todos devemos honrar este momento.
O resultado da eleição atinge a todos, de todas as classes, profissões, interesses, endereços... o futuro começa em quem elegemos, e o futuro não é apenas amanhã, é o amanhã de nossos filhos, que herdarão o que plantarmos hoje. Eleição, além de dever é direito. Dever é comparecer, eleger é usufruir o direito de escolha, se não do melhor, do menos pior. Anular voto é anular esse direito e ficar apenas com o dever. Eleitor que anula voto anula-se como cidadão. Cidadão que não escolhe não tem direito de reclamar depois, pois teve a chance de evitar descaminhos, e alienou-se. Honremo-nos.
Do livro “Do meu direito de estar derrubando (sic) o pau da barraca”
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
O que realmente importa
Olhando a imensidão do jardim
Noto, lá entre as folhagens altas
Um senhor grisalho, com seu chapéu,
suado, suas polainas embarradas,
Cavando as daninhas que ameaçam
Seu plantio de rosas falhas...
Alongo a vista, não materialmente,
Mentalmente sobre outras pessoas
Que amansam a turbulência das
Vidas em comum. são pessoas
Anônimas, varrendo calçadas,
Lavando paredes, limpando esgotos,
Pessoas sem a ilusão das letras,
Apenas compondo a sinfonia muda
Nos arredores do poder central,
Dos que assinam tratados,
Assinam comprados...
E coisas e tal.
cidadania
Caminho por esses caminhos...
Realmente não importa se indo ou vindo,
Defronto com pessoas que dizem bom dia,
Com pessoas que ignoram meu tino,
Com pessoas que me pensam ladino
Enquanto caminho... descaminho,
Culpado das coisas vadias desse dia.,
Vigiados por nós, vistos de viés.
Vêem-me errado com meu passo vesgo
E meus olhos tortos para um lado,
Sou culpado até dos tropeços nos buracos
Desse malfadado calço de rua,
Apenas caminhamos paralelos a nós
Com as coisas da rua, a lâmpada queimada,
A cesta quebrada, o lixo largado
Entre pessoas de fino trato...
Destrato o tratado.
Não faço mais parte desse humilhante lixo
Levado pelo vento...
Já não sou culpado.
mensuramentos
A cada instante que se vive,
Dá-se maior valor à memória
Que ao que se disse...
Vivenciar cada momento do antes,
Agora que somamos dores
No lugar de prazeres.
E como somamos...
Apenas lembrar os idos de cada idade
Favorecidos pela inverdade
Dos acontecidos,
Ou não. A cada pensamento
Uma verdade aflora
Das mentiras que foram embora,
Ou não.
Favas contadas
A força do eco do tic-tac do relógio,
Mais forte que o próprio contabilizar
Das horas, rasgos de um outro fato,
Compassando esse infernal guarda
Sobre nossas tarefas costumeiramente
Amargas...
É assim o desencanto de passar a frio
Cada movimento obrigado de ser,
Entre outros o mais intenso perecer
Do relógio e seu eco assustador
Das tantas... No encanto antigo
De parecer.
Assim se colhe o que se há plantado
Entre o prazer e o amargo trecho
Ladeado pelas hostes de soldados
Que pereceram sem espairecer.
Esta a tarefa costumada amarga
De já não ser.
Acerto de contas
fb
Pelas nossas contas
Você deveria estar desesperado
E eu pacificado.
Mas a verdade é que ambos
Estamos acomodados em nossas cadeiras,
Espreitando nossas mentiras e verdades,
Separadamente...
Mas ambos com os mesmos motivos,
Temendo os mesmos deuses...
Assim, esperançados,
Nos desesperançamos demais
Olhando os horizontes permeados
Dessas crianças que estão crescendo
Ao redor, sem futuros,
Com suas fomes e suas desilusões...
Com nossas promessas
E nossas quebras de promessas
Desavergonhadamente mentirosos
De nossas histórias de viver
Passados.
À Nelson Rodrigues
Quando se morre mata-se o passado,
E de algum modo o futuro é morto.
Como fora assim o cereal queimado
Deixa sem sombra esquecer olores,
Como assim fora o senhor das terras,
Das artes ou letras, política à parte,
Morre o senhor e sua sombra abate-se
Entre descendentes a cobrir apartes...
Uma só haste pode ter-se viva, outra,
Por lei, completamente esquecida,
O canto emudecido em têmpera eira.
Será a terra extinta de colheitas, mas
A palavra desse morto sobreviverá
Em cada página, por ouvida inteira.
Achados e perdidos
fb
Normal sentir saudades...
Das pessoas idas, das pessoas vindas,
Das coisas desarrumadas
Nos cantos...
Sinto saudades das molequices,
Talvez da falta delas na seriedade
De viver,
De conviver-lhas.
Engraçado como a saudade
Me procura pelas coisas e pessoas
Com que cruzei aleatoriamente
Pelos cantos...
Sinto saudades dessas maluquices
De ver pessoas desconhecidas
E conhece-las...
E conviver-lhas.
Pose para foto
A carne está enrijecida,
Um mapa extenso de veias
Torna-se o gráfico de tal tristeza...
Os ossos mal cobertos
Saltam nos cotovelos,
Velho,
Tu és o passado de beleza?
Ela se foi com a carranca
Dos tempos frios... Um deslize
Pelas bordas das calças
Seu perfil
Parece um nevoeiro.
Sem peles lisas para acariciar
As mãos trêmulas pairam no ar
Desiludida surpresa...
Mas seremos iguais enfim
Na desigualdade de saber
Do tempo vivido até aqui,
E no olhar de cansaço
O por viver.
perdão
O amor de um momento
É o momento,
Não se estende ao firmamento.
Poder-se-ia amar a dois
Por tanto mais tempo
Fora o amor perene...
Esquecimentos.
fidelidades
Pelas costas a matrona se esmera,
Por trás da fera há de sempre haver
Outra fera...
A que se esconde na subserviência
Das situações de escravidão...
Ou quase.
Mas é quando o esposo parte
Que ela acorda-se em diversas
Outras esferas, de amantes a fantasia
De tantas alegorias...
Que fantasma poderia ser a hora
Da catarse?
Pelas trilhas deixa sangue o amante,
A amante acompanha a viagem
Aos rincões de outrem, à margem
De esperas...
Entre as paredes maritais e pegadas
De outras feras.
Mas outra vez se abraçam ternos
Os dois cônjuges enlevados horas,
Agora à condição de pais na paz
Dos lares.
Aqui a volta faz a fantasia de
Querer-se mais.
amarrios
Todos somos amarrados
A uma invisível corda,
Que nos dá liberdade vigiada.
Somos assim trazidos de volta
A cada impensável ato.
Malogradas as formas de fugir,
Voltemos ao convívio de termos
A manso o mando que nos faz
Agir no esperando vir
O termo de soltura antes.
A transparência do vidro
Nos promete horizontes azuis...
Inalcançáveis à distância,
Sonhados por todos o escravos
Desta mesma instância.
Até que estique a corda
Somos livres para tal esperança...
Um casto procurador de metas
Se espanta com tal soltura, mesmo
crendices
Acredito
Que os amigos sobreviverão
Ao mito.
Acredito
Que a fé admoestará
Feitiços.
E quando eu tiver sido
O que premedito, a canção
Não será grito,
Mas o sussurro ao pé do ouvido
Fazendo entender
o não dito.
Acredito
Na paz de viver a família,
Aos gritos?
Nem pensar, se
Forem banidos da violência,
Acredito.
entemente
O presente é a realidade.
Não nos furtemos de realizá-lo
Plenamente.
Amanhã ninguém sabe
Nem saberá porque amanhã
Será o presente do depois.
Assim caminhemos de mãos dadas,
Visto a impossibilidade
Caminhemos de pensamentos dados...
Ouçamos a madrugada
Com suas promessas para o hoje.
Esqueçamos ontens...
Deliberadamente, que incuráveis.
Não nos apressemos para próxima
Madrugada.
Somemos nossas idéias.
Se possível nossos ideais...
Surfemos nesta água límpida
Que filtramos
Das horas mais banais,
Porque todas as horas são
Instantes revividos ou não
Dos outros relembrados,
Nada mais.
Pensemos agora o agora.
Ontem já se cicatrizou, amanhã
Não sei a hora.
Pensemos o presente como razão
De viver os amigos, os filhos,
A paz de poder vê-los assim
Maduros, assim sinceros,
Assim tratados, não como erros,
Mas como sonhados.
Curtamos esta hora das monções,
Estamos em plena primavera,
Mesmo que não.
Depois não sabemos da viagem,
Se podemos zarpar ou não
De nossos portos abafados
De compromissos inadiáveis.
Somos o que a terra chama de sal
A temperar esses momentos
Atualmente válidos entre
os que passaram e os que virão...
A passar por nós... ou
Sobre nós, apressadamente
Esquecidos de sorver exemplos,
Se...
Aqui somamos nossos males,
Aqui somamos nossos olhares,
Aqui somamos nossos falares.
A academia pode esperar,
O prioritário é respirar o agora
Com suas manias de flanar
Suas verdades inda não ditas,
Esperadas emergir.
Assim somemos nossas verdades
Que nossas mentiras afogarão
Em mágoas e mornarão inanimadas
Se...
Pincemos com o coração sem mágoas
A mente limpa de lembranças...
A memória de só saudade.
A esperança é o agora,
Que amanhã será o
Agora de amanhã.
Pensemos assim a mesma água
Correndo o mesmo chão
A meares de aguadas,
Sem outra solução, senão
A de correr o sempre,
Alhures.
Assim somos,
A água que vive pelos veios
E não se acaba neles.
A verdade que advém do enleio
Que não veio.
A paz das guerras acabadas.
A paz não se acaba,
A paz é eternamente grata
À nossa convivência
Dos presentes, ativos, falhos,
Externamente ridentes,
Mesmo que ausentes.
Nesta hora somemos as saudades
Quer a vida comece outra vez
A cada idade.
A cada passo da água rumo ao nada.
A cada passo de mim
Para mim mesmo.
Consolidam-se aqui a verdade
E as mentiras sedimentadas, todas
Num mesmo cimentado piso
Que servirá aos advindos de nós,
Uma vez amparados nisto
De sorrir ao imprevisto.
O presente é a realidade,
Não nos furtemos a realizá-lo.
Pensemos agora o agora.
Ontem já se cicatrizou, amanhã
Não sei a hora.
Depois veremos o depois.
Pensemos assim a mesma água
Correndo o mesmo chão
A meares de aguadas,
Sem outra solução, senão
A de correr o sempre,
Alhures.
Pincemos do coração as mágoas
A mente limpa de lembranças...
A memória de só saudade.
A esperança do agora ficto,
Que amanhã será o
Agora de amanhã.
Maduros, assim sinceros,
Assim tratados, não como erros,
Mas como sonhados.
Curtamos esta hora das monções,
Estamos em plena primavera,
Mesmo que não.
A paz não se acaba,
A paz é eternamente grata
À nossa convivência
Dos presentes, ativos, falhos,
Externamente ridentes,
Mesmo que ausentes.
Nesta hora somemos as saudades
Quer a vida comece outra vez
A cada idade.
A cada passo da água rumo ao nada.
A cada passo de mim
para mim mesmo.
Se consolidam aqui a verdade
E as mentiras sedimentadas, todas
Num mesmo cimentado piso
Que servirá aos advindos de nós,
Uma vez amparados nisto
De sorrir ao imprevisto.
Fácil assim ensinar açodamentos
Sem a razão de cumprir os tentos
Prometidos antes desta hora.
Façamos nossa hora, mesmo falhos
Que, como dizia Millôr:
“Viver é do caralho!”
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