quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A meio caminho da perseverança


O sucesso na vida depende de traçar planos e perseverar nas trilhas, mesmo que tortas, ou distorcidas pelas circunstancias do dia a dia. Hoje recebi outra vez a oferta de cartões postais de fim de ano dos artistas que pintam com os pés ou com a boca, impossibilitados de fazê-lo com as mãos, que não têm. É providencial o momento desta oferta, acompanhada de uma carta manuscrita, ou melhor dizendo, pé escrita ou boca escrita. Dizendo da intenção de ser úteis e não depender da caridade doutrem. Ontem vi na TV o menino iraquiano, aleijado, cantando Imagine, de John Lennon, emocionando todos com uma bela voz e a simpatia irradiante de sua pessoa. Quando recebo esse tipo de informação, balanço em minha base, pela pequenez de minha perseverança frente às trilhas tortas do caminho meu.
Abrindo o leque de informações, para não dizer que não falei das flores, (dores) é-me doído o conhecer das tramóias de certas ongs, que o governo teima em patrocinar, sem cautela. Nesta semana, até que enfim, a Presidente Dilma suspendeu os repasses para as tais ongs para uma varredura. Só este ano já foram “doados” DOIS BILHÕES, sem licitação, sem comprovação, sem explicação...a validação dos contratos será revista e analisada passo a passo, antes de liberar novas verbas, sob supervisão de cada ministro(?) mas o Ministro Orlando Silva por exemplo, era conivente com isso. Como os outros, que sucumbiram ou que resistem, eles são os interessados na propagação de ongs, daí...
Voltando ao deleite, os artistas que pintam cartões com os pés e boca vendem-nos para sobreviver, sem esta permissividade adulterada, e não precisam da “bondade” de políticos, oferecem um trabalho bonito, a preço acessível, que encanta pela beleza e pela singeleza, não pela pena ou pela tramóia.
Pela beleza desse trabalho faço uma exceção aqui, dando o endereço desses artistas para quem quiser adquirir: PINTORES COM A BOCA E OS PES LTDA. Rua Tuim, 426 São Paulo – SP Cep 04514-101 , (o preço de cada cartão gira em torno de 3,00 com envelope). O faço como um presente de natal para todos nós, que temos as mãos os pés as bocas, mas não temos a capacidade.
Sergiodonadio. blospot.com/

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Jacob Palis, outro brasileiro

O matemático nascido em Uberaba em 15/03/1940, que formou-se engenheiro no Rio de Janeiro e doutorou-se em Berkeley nos Estados Unidos na década de 60, desde 1973 é professor titular do famoso Impa, instituto que dirigiu por uma década, elevando-o como um dos melhores centros de pesquisa do mundo. Depois de premiado dentro e fora do Brasil inúmeras vezes, recebeu em 2010 o premio Balzan, (correspondente ao Nobel, em matemática), por seu trabalho na área de sistemas dinâmicos, que prevê com relativo acertamento o comportamento futuro de alterações climáticas, entre outros.
O premio Balzan, além de sua importância em honraria para pesquisadores, corresponde em dinheiro a um milhão e oitocentos mil reais, que Palis aplicará, em parte, para estímulo a novos pesquisadores brasileiros.
O brasileiro Jacob Palis, do alto de sua autoridade, aponta os porquês do Brasil estar aquém de sua possibilidade, comparando com a China, país equivalente ao nosso em campos estruturais, eles investem 40% mais que nós, em relação ao PIB, em pesquisa e desenvolvimento, e, principalmente avaliam por mérito os estudantes de todas as áreas, seguindo os paises de primeiro mundo, que já fazem isso há séculos, enquanto o Brasil prega a igualdade, nivelando por baixo, e despreza o mérito, esta contramão em que andamos traz um atraso enorme para todos os brasileiros. Segundo o professor, e muitos outros, aí reside o problema, pois nós continuamos exportando produtos básicos, que eles transformam e agregam valores, para nos vender de volta!
No levantamento as OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) os estudantes brasileiros são os piores colocados! Temos de iniciar um processo para aguçar nas crianças o gosto pela leitura em geral, e principalmente nesse ponto pela ciência, coisa que a Coréia faz há 40 anos, colhendo hoje o resultado, e que o chamado primeiro mundo faz há muito mais tempo...
O Brasil forma 12.000 doutores por ano, (na área da ciência 150), que não dá nem para preencher as vagas de professores nas universidades, o que dizer de fornecer para a indústria profissionais que acelerem o passo lerdo que caminhamos? Há falta de profissional, por exemplo, na área crucial da extração de petróleo, da construção civil, da mecânica, entre outras...e, para piorar, há a exigência de se fazer a seleção dos candidatos em português, quando é sabido que a língua universal da ciência é o inglês, até na China! Por que não selecionar pela capacidade e dar um tempo para o candidato aprender a língua depois, para se enturmar?
O ensino brasileiro, ainda segundo o professor, está no caminho, mas muito lento em comparação ao passo forte dos concorrentes. Mas, desse engatinhamento salva-se de vez em quando um crânio privilegiado, que consegue se destacar e levantar a bandeira nos píncaros da vitória. Parabéns, professor Jacob “pardal” Palis!
www.sergiodonadio.blogspot.com/
Das folhas de couve ao bafômetro


Nos primórdios do automobilismo, com o surgimento dos velozes carros, criou-se a multa por excesso de velocidade, no final do século XIX o limite permitido nas estradas era de 20 km., que passou a 32 km. em inicio do XX. Junto criou-se a arbitrariedade de motoristas violando esses limites e policiais abusando de sua autoridade. Há o caso famoso de uma defesa em tribunal que justificava o pleito com o testemunho do próprio policial, que acompanhara o carro multado, de bicicleta! Com o aparecimento das armadilhas de guardas sobre árvores ou entrincheirados em valetas para surpreender o infrator, foi criada em 1906 a Automobile Association para prevenir motoristas, os patrulheiros da associação tinham a incumbência de localizar os policiais escondidos e sinalizar aos carros suas posições. Cinco anos depois a associação contava com 20 mil sócios. Já naquele tempo a marcação para delimitar a velocidade era feita com dois sinais num trecho pré determinado, (eram colocadas duas folhas de couve), como hoje em alguns trechos de nossas estradas, onde o policial de binóculo cronometra o tempo entre dois pontos, a uma distância razoável.
Cem anos depois, essa situação não mudou tanto quanto a velocidade dos carros e o enxame deles pelas ruas e estradas, a bem mais que os 20 km. por hora. Mesmo com tanta tecnologia e o limite esticado para 110 na média das estradas, a contenda continua entre motoristas e vigilantes, os primeiros comportando-se como pilotos de corrida e os segundos com o fiel da palavra, tentando frear o ritmo das mortes precoces. Há que se cumprimentar o trabalho de vigia desses policiais, que são os primeiros a socorrer os incautos acidentados, a dizer para si: Eu sabia que ia dar nisso...
Paralelamente cresce a arrecadação em multas, às vezes descabidas, mas sempre corretivas, até pelo descalabro, às vezes. Se o leitor prestar atenção nas nossas esquinas da avenida, verá policiais com a caderneta de multa, lançando seguidamente suas flechadas, sem parar o infrator para notificá-lo, ou instruí-lo, que só tomará conhecimento meses depois do ocorrido. Não com a mesma eficiência verá o policial instruir ciclistas que os atropelam sobre calçadas e confrontam carros, indo na contramão das ruas, sem ser multados. No inicio deste ano recebi uma notificação em casa, explicando que em final de 2010 eu passara em frente a igreja matriz com uma pessoa no carro, sem cinto. Eu não dirijo sem cinto de segurança, mas é difícil controlar as pessoas no banco de trás, bem sabe qualquer condutor, e com este vácuo entre o suposto ocorrido e o recebimento da notificação, como me defender?
Há muito tempo os carros saem de fábrica com o medidor até 200 km. por hora! Por que não se delimita até 110? Deus já havia dado ao homem o livre arbítrio, não vingou. Vai dar certo agora, com esses carros à explosão, explodindo? Nas estradas nem visualizamos folhas de couve, que dirá guardas escondidos nos pardais...e o que dizer dessa opção de bêbedo (famoso) se negar a fazer o teste do bafômetro, ganhando tempo de ressaca até colherem seu sangue num posto de saúde, horas depois?
sergio.donadio@yahoo.com sergiodonadio.blogspot.com/
Caros amigos = os amigos caros

As mãos passadas premem o corrimão,
Velam por nós, que voejamos...
Plantam-se flores nas gretas das paredes,
Limo nas juntas dos tijolos,
Verdes presentes no tempo.
Do que esquecemos a foto lembra:
As pernas mortas do Rubens, o riso
Sarcástico do Osvaldo, o humor arrítmico
Do Osmar, a ranzinza do Paulinho,
Vivos na fotografia.
As mãos passadas conduzem as nossas, FOTO
Afagam cicatrizes por somenos,
Presentes agora num sentimento vago,
Limo dos ossos vencidos, presentes
Nos verdes tempos idos...
Do que deslembramos a foto lembra:
As pernas lentas do Professor Agenor,
Professor Veloso fora do tempo,
O maneta Carsino desenhando quadrados,
Vivos na não fotografia.
As mãos dos mortos estão presentes,
É preciso lhes pedir licença para
Demolir os muros das saudades,
Semeadas nas heras em flor
Desse intenso passado.
Como a sociedade humana é nuclear, reconhecemos núcleos em cada atividade,
Os que gostam de futebol, os que gostam de poesia, os que não se ligam a nada, os fanáticos por alguma coisa em particular... os que nem gostam de si mesmos. Lembro de amigos de infância e adolescência que não cresceram tanto quanto suas carcaças, agora envelhecidas, como outros que, na adolescência já eram maturos. Deixando de lado as digressões que levaram ao condicionamento de alguns e ao detrimento de outros, colegas de classe e de rua, quero lembrar hoje um amigo em particular pela sua irreverência de “moleque” para a vida toda: o Osmar Rossi, filho do “Seu Bepe” do Nosso Bar. Foco nesta pessoa expandindo a intenção para todas as outras pessoas desse tempo cidade, que comemora mais um ano, rejuvenescida, para inveja sadia de nós humanos, que arcamos com o tempo vencido.
O Osmar era o tipo folgazão, desde sempre armando suas brincadeiras, como quando retirou o corrimão da escada de nossa sala de aula para melar o acesso do Professor Agenor com seu reumatismo, ou como, vinte anos depois, empurrou o carrinho de seu bebê recém nascido sala adentro, vazio, claro, soltando-o em velocidade e matando de susto as visitas, senhoras amigas de sua mãe, que tomavam seu chá das cinco, ou quando implantou uma enorme melancia num pé que tinha frutificado no quintal uma outra, raquítica, e que era o orgulho de seu pai, que, quando viu tal fruto chamou os amigos para colher, e passou vexame...assim foi o nosso amigo, de saudosa memória, todo o tempo que viveu entre nós...poderia discorrer sobre seus feitos para muitas páginas, pretendo com esse pequeno gesto homenagear todos os filhos dessa terra. Arapongas é o berço de todos nós, dos que nasceram aqui e dos que foram adotados por ela.
circo


A mesma ordem
Havia de ser cumprida
Pelos palhaços do circo
Acampado na cidade,
Especificamente em nós,
Hoje.

Todos obedecem a mesma lei,
A do trabalho pelo prato
Feito de sobras dos
Palhaços ridentes e sós
Na ncumbencia ríspida.

A mulher de saia justa
Ajusta a fala e assusta
Os circundantes.
Antes dessas mímicas
Éramos todos irmãos,
Agora são tão pedantes
Esses discursantes.

Que importa a força do gigante,
A ferocidade do anão,
A farsa do ilusionista
Se falta feijão ao circo
montado hoje na cidade
em dia de eleição?!



A força da tradição
É respeitar o domador
E suas feras soltas:
Uma jovem linda e
Seu pártner embrulhão.

Como é de esperar
Que parem de suar à bica
Os trapezistas
Desta pantomima toda,
De que falamos afinal?

Das bocas famintas
Desse circo chegado
Acampado em nós,
Candidatos à sucessão
Dos erros abissais
Desses palhaços.

É preciso respeitar palhaços
De profissão, que nada têm
de mais, apenas a sensatez
De suas caretas pintadas
De suas piruetas malabaristicas
Para sustentar a casa
E o congresso dos picaretas
Ilusionistas.
Buk, este velho escancarado


Me irrito
Com os chegados.
Não me irrito
Com os afastados.

Não me importa se o desconhecido
Não se comporta.
Não me importa se o afastado
Se alcooliza, e,
Sob a brisa cai e descansa
Nas latas desse lixo...

Mas,
Se a cara embebedada reconheço,
Aí me importa
O desleixo,
A baixa auto-estima,

A purgação dos seixos
Deixados adivinhar
Futuros...
Me importa a vida
Que está morrendo
Inanimada.



Sombras


Minha sombra é de um menino.
Devo estar delirando...
A glicose a 120 me faz um velho,
A estatina me faz um doente,
Os ossos gastos me vencem a força
De quando era eu menino...

Só a sombra se parece comigo
Antes...
Só a sombra não se curva,
Só a sombra não faz a dieta
Prescrita pelo calendário
Dos posso não posso...

O que não posso
Pode a sombra incólume aos anos,
Vivida, atuante, merecida
Das condições de sombra
De um menino saltitante
Desde eu menino.
Fios grisalhos


Nos tempos do tempo escuro
O medo treme,
O amor prensado nos costumes
Trava suas dores,
Os fios já grisalhos fazem
Desistir a madona
De ser mocinha outra vez.

Mas houve o tempo,
Houve o tempo de trancinhas
Antes da viuvez.
Fez-se bonita em sorrisos,
Fez-se mulher, fez-se siso,
Os fios grisalhos confessam
Seu tempo ido.

Nos tempos do tempo escuro
O amor prensado em ciúmes
Extravasa seus queixumes
Trazidos pela viuvez,
Liberta enfim,
manifesta livre para se ser.
Os fios grisalhos esmaecem.
Disjungidos


Dois talantes,
Dois morcegos,
Dois pesos
Duas medidas...

Pois que no disjungir das peças,
O morcego de ponta cabeça
Observa
O talante do maconheiro
Preso com alguns gramas separados
Por seus erros...

Quem paga esta conta
Se o morcego dorme,
O fumante puxa, devagar,
Divagando?

Os pais choram sozinhos
Essa primeira adição.
Não há lei que solte o usurpado,
Nem que prenda o usurpador.
gonorréias

Amigo morto,
Estão a lapidar
Teu corpo.

E da alma quem cuidará agora,
Que não respira mais teus planos?
Quem fará a triagem desses ossos
E das idéias que eviscerastes?
Quem limará tuas unhas
E o poder de unhar alturas?

Amigo morto,
Quem enterrará
Teu corpo?

Quem guiará tua alma, agora solta,
Pelas alturas desse céu limítrofe
Das fugas?
Já não há mais aquelas seqüelas
De acidentes e bebedeiras, ou
A indesejável planura de besteiras...
Já não mais a alvura das coxas
Puras das meninas
Nem a secura das mães delas...

Amigo morto,
Já não pingas as gonorréias.
Quem as cura?
Ponto para as muletas


Alguém surge na calçada em frente,
Sem nome, sem silhueta, apenas
Com disformes passos trôpegos
E uma seca de meneios soltos...

Quem seria a esta hora das vidas
Levadas a sério pelas perdidas
Tropeçadas idas? Nas hilárias terras,
travou com a máquina sua guerra?

Perdeu uma perna, ganhou a batalha
final como quem erra uma vez, mas
Depois acerta sempre a flecha.

Quem se importa com o passo?
Apenas nós dois sabemos disso,
A que cambaleia, eu que assisto.
Acertos 7 BILHOES


Haveria de chegar este dia,
Entre formalidades e as gruas
Uma intensa farsa de alegoria
Espontânea pelas ruas...

Quem mais poderia estar aqui,
Além das antigas companhias?
A memória delas ilude o olhar,
Seria guerra em tempo de paz...

Haveria de começar esta festa
Para os meninos nascidos hoje
Entre as penúrias e confortos...

A gente pode até não acreditar,
Mas existe uma relação de guerra
Entre gerações de paz.
finitos


Nos olhamos
Sem qualquer ternura
Eu
E o desconhecido que caminha
Ao lado.
À frente mãos firmes carregam
O corpo do amigo comum,
Ao qual damos adeus.

Adeus?
Ilusoriamente, pois
Eu e o desconhecido sabemos
Ter o mesmo cortejo
Um dia...
Surpresos da constatação
Nos olhamos,
Agora com certa ternura.

Cúmplices
Lemos nos nomes das lápides
A diversidade
De morrer
Em horas e momentos distintos,
Iguais
Na rotina do coveiro
De cavar verdades...




Cavar os palmos,
Enterrar os ossos.
Fechar os palmos, e,
Com a mesma terra
Acompanhar a mesma reza
Doutros nomes,
Com a mesma farsa
De conformes.

Agora
Eu e o desconhecido
Nos conhecemos melhor,
Nos reconhecendo frágeis
Nas mãos hábeis desses
Homens, sobre a terra
De nossos nomes
Desaparecidos.

Estranhamos
A parcimônia de coveiros
Acostumados a enterrar
Os mortos
Como só uns ossos
Sem nomes...
Sem um ápice
de sentimento,
Hostis ao choro






O vôo da mariposa


Mais simples que parece,
Às vezes beira pieguice
À sombra do que ela desce
Pousando ovos na lousa.

A mão do homem seria
A parte ínfima do erro,
Talvez o seu desterro
Nas deformações do dia.

Pudesse eu ter esse gesto
De premeditada euforia
em dia de calor infesta

Pulsando vôos radicais
Percebe a mariposa
Seus momentos finais.










O fio do tempo


Ficaste ouvindo, anos a fio,
O fio da água...
Os sonhos se esvaindo,
As dores se avolumando,
O tempo a ser medido
Pelo fio da água.

Esses crânios brancos
Não têm palavra,
Apenas seus olhos grandes
Olham
Sem dizer nada.
Vazios de intenções
Medem a temporalidade
De sua expiação.
finitos


Nos olhamos
Sem qualquer ternura
Eu
E o desconhecido que caminha
Ao lado.
À frente mãos firmes carregam
O corpo do amigo comum,
Ao qual damos adeus.

Adeus?
Ilusoriamente, pois
Eu e o desconhecido sabemos
Ter o mesmo cortejo
Um dia...
Surpresos da constatação
Nos olhamos,
Agora com certa ternura.

Cúmplices
Lemos nos nomes das lápides
A diversidade
De morrer
Em horas e momentos distintos,
Iguais
Na rotina do coveiro
De cavar verdades...




Cavar os palmos,
Enterrar os ossos.
Fechar os palmos, e,
Com a mesma terra
Acompanhar a mesma reza
Doutros nomes,
Com a mesma farsa
De conformes.

Agora
Eu e o desconhecido
Nos conhecemos melhor,
Nos reconhecendo frágeis
Nas mãos hábeis desses
Homens, sobre a terra
De nossos nomes
Desaparecidos.

Estranhamos
A parcimônia de coveiros
Acostumados a enterrar
Os mortos
Como só uns ossos
Sem nomes...
Sem um ápice
de sentimento,
Hostis ao choro