quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Uma alma esperançosa


Uma alma
Esperando a vez primeira
Na sala com fotos dos avós,
A desenhar decorativa moldura,
As cadeiras com espaldares altos,
A mesa coberta de toalha fina
E algumas taças inda brilhantes…
Tudo como era antes
De nascer a tia, agora arredia…
Perdidos os pendores
Ascendentes, deixa-se levar
Pela desistência dos sonhos…
Uma alma esperando
A vez primeira
De ser vivida.
Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva.
Incógnita (Portugal)
Amazon Kindle, Creatspace


Perse e Clube de Autores

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

                                    Excertos do sermão da montanha:            fb

Convido–os a meditar sobre o sermão da montanha, donde apreendemos lições proficientes, ensinadas há dois mil anos e atuais no seu sentido maior de regrar a conduta da vida. Se conseguirmos levar a sério as palavras de Jesus, quando diz que devemos dar a outra face quando nos baterem na direita, em vez de retrucar, como no “olho por olho dente por dente”e fazer as pazes com adversários enquanto estamos a caminho com eles, esquecendo as ranhuras, e, que devemos dizer sim quando a resposta for sim, e não quando for não, sem titubear. Que não devemos alardear a esmola dada, às trombetas, que não sejamos hipócritas como os que gostam de rezar empertigados, nos templos e esquinas, mas que rezemos em silêncio, nos nossos quartos, de portas fechadas, que o Pai está presente nos lugares ocultos e ouve intenções. Que, ao rezar, não multipliquemos as palavras, a oração que nos ensina traz sete petições, as três primeiras visando à glória de Deus, as outras quatro os nossos interesses espirituais e temporais, ou seja:”Pai Nosso que estás no céu, Santificado seja o Teu Nome”que Deus deve ser respeitado e venerado.”Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia”que visa a conservação da vida corporal.”Perdoa-nos as nossas ofensas assim como perdoamos os nossos ofensores”a miséria moral que oprime é pior que a indigência material e a condição para obter o perdão é o perdão aos nossos inimigos.”E não nos deixe cair na tentação mas livra-nos do mal”tentação é provação, contratempos da vida e sedução pecaminosa da concupiscência.e, finalizando com o “amém”, que vem do hebraico,”assim seja”,rogando ao Pai que conceda o pedido em oração.

Por fim, que é preciso olhar os lírios no campo e as aves no céu, que crescem sem se afadigar ou fiar, sem juntar ou ambicionar, e nem por isso tiram um côvado à duração de suas vidas. Se conseguirmos viver com a bondade no coração, seremos dignos da companhia deste homem, que viveu segundo tais princípios e não cedeu, mesmo condenado por sua crença, à força dos poderosos. Os poderosos de então sucumbiram à história, e Jesus, o aniversariante, permanece nos corações dos cristãos. Que assim seja para sempre. 

sábado, 26 de novembro de 2016

Pareio

Talvez o tempo seja pouco
Para o olvido… Sua mãe,
Além de carrega-lo no colo,
Transportou-o no ventre,

Nos mal-estares da gestação…
No parto dolorido ao tempo.
Talvez o tempo, se já é pouco,
Seja para o agradecimento,

Mesmo o tempo de se prever
Que a mãe seja esquecida por
Dono de seu nariz… e do dela.

À essa mãe, que agora pareia
Entre os fracos da esperança,
À procura por aquela criança…


Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva. 
Incógnita (Portugal) 
Amazon Kindle, Creatspace
Perse e Clube de Autores 

quinta-feira, 24 de novembro de 2016


Por onde passa a saudade

Por onde passa a saudade
De tempos não vividos?
Por onde passa a saudade?
Passa talvez pelas idades

Pensadas ter desistido…
Pensadas ser esquecidas
Nessa imagem na parede
De fundo em lago distante,

Em parques de diversão,
Em fundo infinito ou não,
Infinitamente reais

Por onde passa a saudade
Passa outra vertente,
Por esquecida demais…


Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva. 
Incógnita (Portugal) 
Amazon Kindle, Creatspace
Perse e Clube de Autores 

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Meu livro de poemas


No saltério poético,
Desde esse tempo…
Estão as novidades.
Procuras pelo novo
A cada sua viagem,
A cada jornal lido…
Relido, jogado fora,
Na fria tela da Tevê,
Nas ondas do rádio…
Nas mensagens idas
Do tal computador…
Essas notas, denotas,
Desunidas da realidade,
Por amor ou sem amor
A dor está de passagem…
No livro de poemas
Estão as novidades.


Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva. 
Incógnita (Portugal) 
Amazon Kindle, Creatspace
Perse e Clube de Autores 

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

SEGUNDA MENSAGEM                                                    Feliz natal!

            Às vésperas de mais um ano novo, nesse calendário atropelado pelas necessidades, primeiro de correr mais, segundo de chegar antes. Convido meus concidadãos a pensar o tema, ou melhor, repensar, tentando anular a convocação iluminada das vitrines, analisando que o ano novo é precedido de um final de ano velho, recheado de festas, almoços, entregas de presentes, amigos, secretos ou declarados, e...  acertos das contas. Nesse tempo de virtualidades, é preciso manter os pés no chão, firmes na convicção de que, no final, tudo é concreto demais para se abstrair. A vida não é virtual, é real! As dores não são virtuais, o estresse não é virtual... virtual é apenas o virtual, ou seja, o abstrato pode se dar ao luxo de ser virtual, então, essa moçada que cultiva amigos virtuais em detrimento dos amigos reais, da família, que é real, dos conselhos dos mais presentes, que é real, podem se dar mal com a leviandade de se confessar aos virtuais, em vez de aos reais, que podem ,e, que normalmente o fazem, socorrer na hora do tombo real.
            Às vésperas de mais um festejo natalino, quero cumprimentar a todos, com sincero desejo de felicidade, mesmo que triste, de saudações, mesmo que ralas. Que todos tentem se aproximar de Jesus, o aniversariante, nesses dias de brindes natalinos, com o coração aberto, mesmo com bolso fechado, comemorando com os seus, mesmo que ausentes de almas, a felicidade de estar fechando um ciclo, se bom que seja repetido, se ruim que seja esquecido. Mas, nesse momento, que tudo seja em prol da paz, entre amigos ou inimigos, e, principalmente entre consangüíneos, que, mesmo atritados por algum motivo, são reais e não virtualmente, seus melhores pontos de apoio.
            Às vésperas de um novo ciclo, é preciso energia para espantar os crucificamentos, os dedos apontados para nossos erros, os pregos em nossas consciências, as cruzes em nossos ombros, e enfrentar as dores com resignação, os louvores com modéstia, e seguir adiante, carregando essa cruz dos deveres diários com o otimismo e até com utopismo, necessários para fazer germinar bons momentos no ano vindouro.

            Enfim, ás vésperas do aniversário de Jesus, lembrar que este é o cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo, segundo as palavras de João Batista, o primeiro a reconhecê-lo como Messias, e não decepcioná-lo, brindando a data com sinceros votos de bem aventurança.

domingo, 20 de novembro de 2016

Monologando


Se falo com meus botões,
Meus botões entendem.
Se falo com teus botões,
Teus botões entendem.
-Por que só tu
Não me entendes?
-Conclusão:
Por não seres botão!















À margem


Almas partida,
Corações amargurados
À margem da lida,
No senso de partida…

Os passos passam
Mendigando vidas,
Alhures o remorso se reparte
Em formas de dessaber os dias
Levado a procurar valores
Onde se perdeu a despedida.
Os cães que ladram
Estranham o passos desses pés
Machucados.

Desde o porto de partida
À margem a contagem regressiva
Faz-se capaz de ver o mal
No ato da varrida.




Desaprendimentos


Não se nasce sabendo…
Odiar, desprezar, dividindo
Em raças as cores das pessoas,
Os olhos, os cabelos, os meneios…
Aprendemos isso nos ismos.
Todos somos paridos
Dos mesmos genes…
Isto é tão lógico que assusta
As ações de racismo e fobias…
Somos pessoas ou somos pedras?
Navegamos juntos essa nau
Perdida num espaço sideral!
Toma jeito, menino,
Aprenda a sustar seu racismo,
Seu egocentrismo, seu idiotismo
Entre tantos ismos adube
Seu solidarismo!






Um lugar de espera


Um lugar de espera
Para o trem passar, o ônibus,
O barco das travessias…
O amor fenecido…
A mão do amigo…  ex…
Um lugar parecido
Com todos os outros lugares
De sua espera.
Um lugar de espera
Pelo dia de hoje, inda ontem,
Pelo sonho de ontem, inda hoje.
Um lugar de espera
Pelo fim da espera.










Das futilidades


O caminho está florido
Entre areia e espinhos …
Formigas comem milho
Plantados leira em leira
Entre cafezais arruados
Para a próxima colheita…
Quem sabe o que isto é,
Além da futilidade
Que parece ser?














Arrego


Corri os dedos
No alto da tua cabeça,
Já não tinhas mais cabelo.
Olhei dentro dos teus olhos,
Já não tinham mais brilho.
Toquei tuas mãos geladas
Sentindo que já não estavas…
Para onde pensas ir agora,
Já fria?
Para onde ir embora,
Se não ias?
Corri os dedos
Sobre teus olhos, fechei-os
Em despedida.









Carochinha


Todas as estórias
De em criança
Aprendi-as nas ruas,
Não eram tempos
De estorinhas de mães,
Eram tempos de guerra,
Difíceis tempos duros
Da mãe ocupada
Com seus dez filhos
Em fiada…













Das desacontecências


Eu não saberia dizer
Quanto vivi desde a infância
Crescida no pós guerra…
Eu não poderia dizer se vivi
Esses anos todos, sorridente…
Eu preferiria saltar uns tempos,
Por inúteis, por doídos…
Mas sei que estou aqui
Para contar o tempo vindouro,
Dedo a dedo, dedal a dedal,
Desse acontecimento que é
Continuar respirando esse sal
Da terra prometida sincera,
Viva, semeada de belezas…
Eu não poderia contar o vivido
Sem lágrimas… Então me calo,
E calo palavras não minhas
Nesse perdulário de estórias
Desacontecidas.




A música dos movimentos


Passamos a tarde resumindo
A felicidade em alguns atos
Corriqueiros do dia a dia…
Os carros em movimento,
As pessoas em movimento,
A música desses movimentos…
Os pés deixados ficar
Nesses sapatos novos…
A ideia de pousar os pés
Sob os pensamentos
E liberta-los.
Passamos a tarde ouvindo
As mães ninando seus filhos,
Os outros fumando o narguilé
Entre copos de Chopp…
Entre nacos de carne
E nacos de verdades…
Eu não saberia dizer-te
O quanto valeu esta tarde…




Cuidados


Eu tenho sido cuidadoso
Com minhas palavras amargas,
Adocicando-as antes de proferir
Ideias soltas na necessidade…
Eu tenho visto derraparem
Os carros nesse barro de chuva
E as pessoas nessa seca de ideais…
Mas guardo meu silêncio ignaro
Sobre motivos, sonhos, desilusões…
Eu não poderia consertar isso
De viver entre lágrimas e sorrisos
Necessariamente alternados
Para manter limpo o juízo.
Eu não sei quanto vivi desde aquela
Infância presumida sadia
Entre os cacos da memória
E a vantagem dos esquecimentos…
Mas sei que agora estamos aqui
A usufruir desses momentos,
Pensados felizes.



Aos olhos da natureza


Aos olhos da natureza
Somos mais uma samambaia
A verter folhas
Na frescura da tarde,
Sustentando parasitas
Que florem por ela
Suas orquídeas…
Por ela que, como nós,
Não flore nada.














Atônito


Havia assombrados
Momentos
Em mim, em nós?
A fazer desfavores
Aos primeiros nomes,
Como fora a tarde
Na noite passada,
Como fora o dia
De ventos uivantes
E saraivada de balas,
Vindas não sei d’onde…
Como fora o choro
Do nascituro
A assustar a mãe,
Ainda não feito dela…
Sonhei com isso esta noite
E tudo já não era…






O esquecido das derrotas


O esquecido das derrotas
É o não cicatrizado…
É a hora amarga do choro,
A formulação dos dados…
O esquecido das derrotas
Põe fim às dores do parto,
Das partidas, atrolados…
Essa parte sensível de ceder
À matriz dos envolvidos
Na lei de ir só por ir-se…
No esquecido das derrotas
A vida continua ao sol,
Os pingos continuam molhar
Rabiscos a giz nas paredes…
O último apito do trem
Das aparências perdidas
Das idas do muito cedo…






Os caminhos do jardim    1964


Floresce em pedra a flor e cintila,
Odora na escuridão a redondeza,
Cada pétala socorre-se ao vento,
Agradece à água em suas lígulas.

Grata flor que ensina caminhar,
Que não corre nem voa, pipila,
Nem ruge ao vento ou se iguala
Ao sangue que ponho em dívida.

Flor que ensina, em sendo homem,
Prevendo pela tarde a noite densa,
Que não foge à tempestade, torce,

E odora o perfume de sua presença,
E me diz que de tarde a tarde some
Mas virá na manhã, tem paciência.

Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva. 
Incógnita (Portugal) 
Amazon Kindle, Creatspace
Perse e Clube de Autores





Cerzidos


A alma não se desfaz,
Fica nas coisas que deixaste
Para trás…
A mesa lembra seus bordados
E seus livros…
Sua cadeira espaldeada
Em gestos prontos…
E algum sentido nas porcelanas,
O dedal no cirzo dos uniformes…
Mesmo nos nomes nas coisas
Que te tinham,
Lembram seus gestos…
Fica lá na casa cuidando coisas
Seu retrato na parede
E esse vazio que ainda chora
Pois que a alma não vá-se
Embora…






Meu livro de poemas


Num livro de poemas
Estão as novidades…
Procuras pelo novo
A cada viagem,
A cada jornal lido…
Relido, jogado fora,
Na fria tela da Tevê,
Nas ondas do rádio…
Nas mensagens
Do computador…
Essas notas,
Desunidas da realidade,
Por amor ou sem amor
A dor está de passagem…
No livro de poemas
Estão as novidades.



Os caminhos do jardim    1964


Floresce em pedra a flor e cintila,
Odora na escuridão a redondeza,
Cada pétala socorre-se ao vento,
Agradece à água em suas lígulas.

Grata flor que ensina caminhar,
Que não corre nem voa, pipila,
Nem ruge ao vento ou se iguala
Ao sangue que ponho em dívida.

Flor que ensina, em sendo homem,
Prevendo pela tarde a noite densa,
Que não foge à tempestade, torce,

E odora o perfume de sua presença,
E me diz que de tarde a tarde some
Mas virá na manhã, tem paciência.


Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva. 
Incógnita (Portugal) 
Amazon Kindle, Creatspace
Perse e Clube de Autores 

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Constatações


Tem poesia
Que acaba antes do poema,
Como tem poesia
Que não cabe no poema.
Assim somamos versos
Aos diversos inversos,
Acontecidos a acontecimentos,
Entre vitórias e derrotas,
Alegrias e aborrecimentos
Assumidos por cada a si mesmo,
Como frases que eu disse
E frases que dizem que eu disse,
Como templos aos reis mortos
Minha poesia terá meu nome
Nessa lápide memorativa?
Espero que num último caderno,
Colorido nas cores do vivido.
Enfim, chova ou faça sol,
Será um dia lindo
Esse tempo findo.


Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva. 
Incógnita (Portugal) 
Amazon Kindle, Creatspace
Perse e Clube de Autores







O silêncio
Pode seja o melhor modo
De nos entendermos…
Quando cada frase dita
Chega ao extremo
E já não é ouvida…






















Preito


Lua em forma de lua,
Cheia
Quanto se a pleiteiam.














Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva. 
Incógnita (Portugal) 
Amazon Kindle, Creatspace
Perse e Clube de Autores





Se falo com meus botões,
Meus botões me entendem.
Se falo com teus botões,
Teus botões me entendem.
-Por que só tu não me entendes?

-Conclusão: Por não seres botão!

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Frente às desalegrias


A atuação virou situação.
Onde estao aqueles revolucionários
de merda?
Para onde viraram suas escopetas?
Como se alteram as faces lívidas
Frente à derrota para a vitória alheia?
Onde estao aqueles que bradavam
Palavras de ordem, pela desordem?
Seremos todos tão baratos
Que sorriremos em falso
Frente às desalegrias?












Todas as idades


Estão a me morder
As velhas poses
De quando fui moço
aventureiro,
Até soldado por cinco dias,
Empresário, à revelia,
Torcedor, mas não fanático,
Assistidor de batalhas,
Algumas imaginárias,
Outras vencidas pelo cansaço
Das trincheiras,
Pelo mormaço dos canhões,
Hoje dormidos…
Nas minhas dores
As antigas avcenturas
São conjecturas…
Vencido o inimigo, o amigo,
O desabrigo,
Voltamos à paz, essa da idade,
Vencendo todas as idades
Que dormem comigo…

sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva. 
Incógnita (Portugal) 
Amazon Kindle, Creatspace
Perse e Clube de Autores






Não consigo ver,
Com os olhos abertos,
O recôndito do belo…







À margem deste rio,
Que na nossa infância
Vestia-se de taboas…
Agora veste-se
De garrafas vazias…








Oh, Antonico…


Alguem colocou-te
Algodão nas narinas…
Alguém forrou-te
As bochechas murchas,
Passou rímel e baton,
Penteou teus ralos cabelos
Ao contrário que penteavas,
te vestiu um terno
que não te cabe,
E gravatas… Gravatas...  
Veja só, que nunca usaste…
Alguem maquiou
teu branco sofrimento…
que me foge à tristeza
do momento… Ah, Tonico,
Voce está tão engraçado,
Como em vida não tiveste…
Desculpe a indelicadeza
Mas, enfim, voce me faz
Rir, para ti, ao inverso.







Descobridor dos males


Navegamos a favor dos ventos,
Vindos de todas as latitudes…
Esperamos as boas novas,
Suportamos as más novas,
Trafegamos entre elas
Descompromissados com isto
De chorar ou rir das coisas,
Das ações levadas adiante
Frente ao arregalar do tempo…
Descobridor dos males
Processo todas as formas
E atravesso, a nado, a voo,
A passos largos ou lerdos
A condição dos males
Alternados em egos.






Espantalhos


Somos todos,
Desde os plantados nas hortas
Aos plantados nas esquinas,
Nos congressos,
Nas vias de fato
Das ocupações mal engendradas…
Somos todos?
É só olhares no espelho,
Como eu olhei,
E ver-te passado da hora,
Vestido a espantar visitantes…
Carranca de cansaços acumulados
Nessas hortas deixadas ver
Entre pássaros assustados
E gentes…










Na hora nenhuma


Nesta hora nenhuma
Em que as coisas se embalam,
Pessoas dormem, ou morreram,
Quietas que estão…
E não o sabem.
Nesta hora nenhuma
As cadeiras embalançam
Cheirando pendões de flores
Acordadas…
Nesta hora nenhuma
Os portões batendo palmas
Respondem ao vento que os fez
Acordar o silêncio na calma…
O silêncio, o barulho do nada
Ao pé da escada,
Nesta hora nenhuma
Em que tudo em que se manda
É nada se perscrutando…
Entre eu só e a manada.







Sem conseguir esquecer
A casa em que se viveu,
Mais as coisas lá ficadas
Querem-na mais que eu.







Andar a passos curtos
Sem olhar para trás,
Do que a vida trouxe
Viver o que a vida traz…








Timidamente


Sou de passos curtos…
Caminho as pedras
sem conta-las,
desprezo as pedras
por tropessa-las,
Venho da outra esquina,
Vou-me para a de lá
Sem pressa do meu destino
Apenas o passo a passo
Ao passo que me virá…
Sentindo o frio na espinha
O medo de acolá…













Neste mundo
cheio de ninguéns
Procuro o ninguém especial,
Aquele complexamente feito
De um completo ninguém,
Porque de meio vazios
Já estou cheio de aturar…

















Na enxurrada dos dias


O que sobrou do sonho
A chuva leva gota a gota
Pelo tempo abaixo,
Cheio de bueiros e gatos…









Guardo o sétimo dia,
Mesmo não sendo deus,
A apreciar o que fiz
Nos outros seis…








sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva. 
Incógnita (Portugal) 
Amazon Kindle, Creatspace
Perse e Clube de Autores