terça-feira, 31 de maio de 2016

Olimpíadas


Poderia voar,
Mas faltou-lhe asas...
Sonhos realizadores...
Agilidade de macaco,
Astúcia de periquito,
Cabeça de sonhador...
A menina de vestido xadrez
Apenas se desfez em lágrimas
Ao saber-se capaz...
No salto com vara,
Na corrida dos 100 metros,
Na natação, vôlei, basquete,
No tempo cronometrado
Entre a saída e a chegada,
Marcado o tempo vivido,
Marcado o tempo deixado
De viver-se...  Tendo ido.


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segunda-feira, 30 de maio de 2016

Consultivas
Me diz, professor,
Como dizer a palavra certa?
À certa altura
A tempo se rebela,
O ensinamento serve
Para desensinar o instinto?
O coração reage ao exercício,
A lâmpada se torna opaca
À vista do escrito
No quadro negro, agora verde,
Entre as lições do dia
E o que se sabia... à revelia.
Trâmites desnecessários
Num emaranhado de aprendizado
Sem poesia.
O não ensinado em classe,
Mas nas ruas, nas refregas,
Nas classes divididas em classes,
A certa altura dessa lida...
Diz aí, professor,
Está certa a palavra aqui,
Escondida depois da vírgula?
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domingo, 29 de maio de 2016

Recadinho breve
                 Aos estupradores:

Em casa convivo
Com três mulheres
De idades diversas...
Procuro entende-las
Em suas vaidades,
Cada uma com cada qual...
São florezinhas nas janelas
E no quintal...
São coloridas em suas faces
E roupas desenhadas serem...
Acho normal.
São vaidosas de serem belas,
E como o são...
São femininas aquarelas,
Em comoção...
Nem por isso estejam à oferta
De pôr a mão.
Assim são as mulheres...
Belas paisagens pela vida,
Mas distantes das atrevidas
Mensagens inundadas
De malícia.

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sábado, 28 de maio de 2016


Sob uma camada de cinza


Todos os sonhos da juventude
Assaltam
A ideia de pode-los visualizar
Entre as realizações da lida...
Sob uma camada de cinza
O desfeitamento das obras,
Materiais e imateriais,
Postos no fogo das intenções,
Malogradas uma vez...
Talvez grandiloquentes,
Visto por este prisma da idade
O tempo se indispôs com o virtual,
Posto frente a frente com o real
Dia a dia, sol a sol,
Nessas manhãs enevoadas
De surpresas desfiadas prontas,
Depois das madrugadas
Planejadas longas,
Pelo sono inocente,
Almejado real.




Escovamento


É preciso,
Entre os afazeres desse dia,
Escovar os dentes e a alma,
Como disse o poeta,
Há dois mil e quinhentos anos,
Ainda atual nessa fase de hojes.
Escovar os batimentos
Desses corações endurecidos
E o sentimento dessas almas
Abrandadas pelos ditos...
Escovar a consciência
Do que se faça ao outro
Antes que adoeça a força
Que resiste ao mal.
Escovar o mal do mau
E perceber a cinza
Que daí sai... E prurir
A paz oriunda disso...

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Inspirações

Sem saber de onde vêm
Ou para onde vão
Redigimos as palavras
Em garranchos a corrigir...
Simplesmente ligando as letras
E dando vida a elas...
Nada planejado,
Tudo intuído na força da mente
De, sem pensar, deixar fluir...
Sabendo que não nos pertencem
E fazem de nós seus locatários,
Fiéis locadoras de nossos pensares...
Parecidos com gravadores
Enviando mensagens lidas
Nas linhas do horizonte.
Sem saber pra onde vão
Ou de onde veem as mensagens
Enviadas de algum lugar...
Distante ou ao lado.
Apenas pensadas originais...
Mas não, são cópias de ideias
Vindas desses pensares soberanos,
Emprestados aos escritores
Que vivem escondidos nas mentes
Receptivas, escrevinhando
Vidas.


Boa sorte!


Que é um desejo
Além de uma suposição vazia?
Pode seja poesia!
Pode enganar-se em pensar ser possível o que é sorte...
Diferente de crença de uma força externa inexistente, quando decidiu jogar fora superstição antiga e substituí-la por lógica, 
pode tenha tempo para ver
Estrelas cadentes brilhar no céu,
ou atirar moedas em fontes  
Quando realmente não tem níquel! Como pode desejar boa sorte
A um amigo em um exame
Ou entrevista se não acredita
Que isso tenha qualquer impacto
No seu desempenho do que retórica vazia é ilusão... Está direito? 
Ou simplesmente acreditar na validade de alterar o futuro! 
Anseio por algo profundamente melhor
atrás da verdade dessas mentiras
Mantidas na esperança!



Batalhas


Depois do vencido
Perder os dedos
O vencedor acaba
Perdendo os anéis...










Passado o susto
Novo dia amanhece
Literal e virtual mente...










Complacências

Arrumando a raiva em fascículos
Compreendo a dor dos enfermos...
Vendo a febre consumir os nervos,
O apêndice contorcendo as mãos
E o medo... O medo da dor maior
No ritmo longo do outro tempo...
Visto-me enfermeiro, sinto o odor
Da raiva, corrente fria, mazelara
A água corrente entre as veias,
Levadas serem fugidias à agulha...
Tudo ao tempo em que a chuva
Fenece a febre do outro, lá fora...
Na palma aleatória do tempo hora
Já vem a noite alvorando a aurora,
Que importa a dor ou a secura, se
A moça discute a bebedeira dela
Com todos, que se condoem disso,
De poder assistir à falência do ser
Frente à coligação de erros crassos,
Como fundir-se à cana a hipótese
De cansaço... Rocha incólume que
Do fracassado desmaio vertera
Criatura em desvelo pelo outro,
Que se o fez vassalo?


terça-feira, 24 de maio de 2016

Distanciamento


Depois dos longes
Converso com o silêncio,
Do qual tenho respostas
Cortadas pelo vento...
Depois dos longes
O começo recomeça
De onde parou o tempo
Levado pelo vento...
Sem minha pressa
Depois dos longes
O longe ficou perto.

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segunda-feira, 23 de maio de 2016

O que estou precisando
À romero, este jucá

O que estou precisando
Não é controvérsia às teorias.
O que estou precisando
Não é esgueirar-se pelas pontas.
O que estou precisando
Não é medir as diferenças...
Mas, concluir das aparências
O miolo podre de vencido.
O que estou precisando
É um canto feito em coral
Com as meninas da escola
E os idosos do sarau
Em confraria de respostas
À lida sem reciclagens.
O que estou precisando
É de ouvir, mais que falar,
Sobre as necessidades
Desse meu povo sofrido
Em meio às malandragens...
O que estou precisando
Não é ser partidário
De um lado politizado,
Mas que unamo-nos à este
Partido, partido em vários.
O que estou precisando
É da ética abandonada
Como filho bastardo
Das promessas esquecidas
Nesse patamar de vários
Contendores dessa lida.

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domingo, 22 de maio de 2016

Lápis e papel


Sou desse tempo,
De lápis e papel e,
Sobretudo, borracha,
Apagando os maus momentos,
Erros, arrependimentos...
Vagas lembranças de quando
As comidas não vinham em caixas,
Mas em canteiros estrambalhados,
Brotando serraias e espinafres
Sem plantio ou cuidado,
Entre as varas de tomates...
E sandálias de brim com solas
De cordas e cadarços barbantes
E uma infinda coisa de antes...
Vou sentar nessa calçada
Jogar burca com a molecada
Cansado de devorar momentos
De sinos e de alarmes, 
Correr vara pelas grades
Assustando cães de guarda
A dizer que sem dinheiros
Corríamos a feira, a igreja,
Uma fé sem oferendas,
Uma reza de assim seja.

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De repente sou um velho


De repente sou um velho?
Vestindo preto e chinelos,
Portando com arrogância
De sabedor das passagens...
De repente sou um velho
A descalçar meus chinelos,
A colher outras pessoas 
e aprender a não cuspir. 
Manter-me seco e alinhado,
Pagar o aluguel e dar
Bom exemplo às crianças, 
Ter amigos para jantar
E ler os jornais vespertinos...
Mas talvez eu deva praticar
Nas pessoas que conheço,
Estou chocado e surpreso, 
De repente eu sou velho!
E começo a usar preto
Como batinas dos padres
E as togas dos juízes...
E a má-criação da idade
Desconfiado das verdades
Mentidas por ser já velho,
E ladino.






Começa a fazer sentido
Cenas com que convivemos
Por convir ao sossego...
Ao dispor de mero emprego
Entre fadigas e raivas
É que o tempo nos manda
Consentir com esparrelas.
Começa a fazer sentido
O ver sem compromisso 
De olhar aprofundado...
Fazendo profissão disso,
De querer ganhar favores
Sem lavores... Desperdício
Na saudade das horas
Inconsumíveis nas lavras,
Nas indecisas aparagens
Deixadas crescer em heras
Criadoras de mosquitos.
Mas já não faz mais sentido
Sentir-se perdido e tolo
Ante aras desse ofício,
De lavrar palavras podres
De troncos carbonizados
Na viva ação de passados.






Estando sozinho dos outros,
Posso repensar melhor
Meus pensamentos de ontem
De quando ouvia cochichos
De além ouvidos moucos...







Também o matador
Um dia será morto,
Criando cinza no espaço
Como outros condenados...











Despenseiro


Não descansa
Na paz que poderia ter
O velado comandante
Dessa casa...
Na casa sobraram pedaços:
Um paletó esquecido na cadeira,
A cadeira cansada de balançar,
O cinzeiro, seu cheiro de fumaça,
A garrafa pelo meio, a tigela,
Também meada, de paciência,
De pipocas salgadas demais...
Um letreiro sobre a campa
Conserva a memória
Do velado e seu relógio,
Que não veio sustentar
Sua última hora, sobra o
“Descansa em paz” um letreiro
Na coroa de flores coloridas,
A descanar a vida...









Malamento


Os cidadãos
Deitados nas campas
Já contam em maior número
Que os andantes pelas calçadas...
Mal sinal, a cidade
Está se distraindo
De renascer nos nascituros,
Mas os vencidos
Pelo desnascer
Continuam a sua prole
Deitando-se nas campas
A assistir o campo de batalhas
Que é viver essa nova
Geração de malas,
Com seus males...











Da época dos ferros velhos


Da época dos ferros velhos
De automóveis, montanhas
De para-choques, capôs,
Paralamas e parafusos
Convivam conosco...
Muda o tempo, a inofensiva
Ferrugem se abate ante
Esse ferro velho de CPUs
Envenenando ao redor
Com sua toxidade.
Que tempo é esse, efêmero,
De carros mortos e cornos
Espalhados pelo matadouro,
Nesse chão de restos,
Hoje cuidados dejetos de robôs?
No tempo de daqui a pouco,
Quando ressuscitarem todos,
CPUs, carros, bois e pessoas,
O lixo será esquecido entre
Cirrosos habitantes dessa
Nau de insensatos.









Os profetas de ontem
Já não estão isolados,
O futuro, tão rápido,
A se tornar passado.





















sábado, 21 de maio de 2016

Salamandras
Com esse passeio de não ir,
Com meus sapatos largos, meias pretas, finas,
Passo a impressão de vasto descolorido, íntimo ladino... 
Mas não, somos todos,
Assim bem colocados nessa praça florida...
De girinos,
Completamos a tarde com olhares
Entre sinceros e platinos.
Quando me aposentar desses deveres tantos
De não ir
Irei a todo canto, desocupado de bons dias
Aos caras amarrados de ofício,
Então seremos bem quistos
Entre os párias da praça
Jogando dominó, olhando meu chapéu
Sem aba, cobrindo desse vento
A falta que me faça ser outra vez menino
Nessa praça florida...
De girinos.
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quinta-feira, 19 de maio de 2016

Se eu durar mais que minha história


Ao bafejo da nova história
Esconde-se a velha história,
Desde Joaquim José,
O da Família Silva Xavier,
Que se tornou mártir, alçado
Pelos militares republicanos
Depois de anos escondido
Pelos militares monárquicos,
Sempre os mesmos...
Ao próximo olvidando, planejam
Soterrar velhos governantes
Para sobressaírem-se os novos,
Além de suas ideias e realizações
Deita-se a prosa de promessas,
Cumpridas ou não, feitas no calor
De cada ciclo diluído no formol
Sobre outros líderes, desde sempre.
Ao bafejo de novos elegidos
Perde-se o contato com
Os despedidos.

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quarta-feira, 18 de maio de 2016

Por aqui passou a realidade


Por aqui passou a realidade,
Deixou a marca de seus passos.
Quem pode separar os sonhos
Que possa ou não efetivar-se?
Por aqui passaram as verdades
E suaram as frontes só por passar,
O que ficou de fato, o que sonhara,
Tendo por tarefa maior se realizar.
Por aqui passou a desesperança
E fixou-se em se desesperar,
O que fora sonho, em criança,
E que ainda se pudesse sonhar...
Por aqui passara a dor cicatrizada
Pelo posterior fazer-se alcançar,
Que sonho, em sendo factível,
Espera paciencioso seu chegar.
Que ainda há tempo para o viço
Nesse tempo rude de outonar...
Pois, nos filhos, netos, sobrinhos,
Há que se moldar o sonho findo,
Deixado de ser feito por tardar.

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segunda-feira, 16 de maio de 2016

Tem horas


Tem uma hora
Em que te dão à vida,
Tem outra hora
Em que te tiram a vida.
Separe bem acontecidos
Pra menos sofrer
Quando esquecido
Entre as velhas
Coisas de seu vivido
Entre os lixos
Podres do varrido.
Que, nesta hora,
Se te vale a pena,
Somam-se àquelas
 Que jogas fora
Entre os lixos
Que tivestes em tempos
E a desmemoria
Desses relentos...








Descoberta


Descobri que
A casa paterna não é lugar,
Um endereço,
Mas uma resposta ao fim
Voltando ao começo...
Aprendi que
A voz dos pais ressoa
Por onde quer que esteja,
Em sendo outra pessoa...
Decidi que
Vou aos quatro cantos
E talvez por encanto
Volte à casa de meus pais,
À sombra de sua força
À que não tenho mais.












Seguindo em frente


Seguindo
Sem saber pra onde...
A onda assim vai levando
A opinião dividida
Entre o real da partida
E a partida do real...
Assim vivida ou sonhada,
Sem caminho, sem parada,
Entre feras e coisa e tal...
Seguindo
Essa fumaça intervinda
Das paróquias desnutridas,
Querendo ser mais normal,
Caminhos desencontrados
Entre futuro e passados
Deixando ver cicatrizes
Que sangram ainda o final.
Seguindo
Só para ir seguindo
O que foi definitivo:
Voltar a ser anormal
Entre o sonho e o real,
Desvivido.




Das minhas almas


Uma das minhas almas
Espanta-se com o acúmulo
Do prometido às outras...
Da eternidade abanam lenços
Para quem ficou por último.
Estranho que se cumprimentem,
De há pouco divergiam
Dos caminhos a seguir.

Uma de minhas almas levanta-se
Enquanto as outras cedem,
Desfalecem ante dificuldades
E preme à espera pelos passos
Lentos com que procuro chegar.
Uma de minhas almas sabe
O que as outras têm de pagar...
Antes de acomodar-se.










Temperanças


O que o tempo nos traz
Não se comparte...
Apenas se vive
Parte a parte.
O que o tempo nos leva
Não se comparte...
Apenas se guarda
Na saudade.
Que o tempo é parceiro,
Não antagônico,
Se a guerra é a paz
Que o tempo nos traz.















Quando os tempos tiverem ido

Quando todas as noites
Tiverem ido...
As luas cheias desistido,
Os pardais calarem sua pressa
E a pressa perder o sentido
As eras voltarão...
Seremos mais velhos que os pardais
E as luas, e as paixões...
Seremos a volta ao fim do princípio,
A mão de adeus sem lencinhos,
Barcos partindo em chegadas,
Avoadas de folhas outonais
Pelos campos forrados de frutos
Deixados de ser colhidos...
Quando as noites
Não voltarem mais
O vento dobrar eucaliptos,
A grama dançar reverenciadas,
Então, sim, seremos imortais.
Que o tempo ido não valerá mais
Que a passarada cuidando ninhos
E o corte dos troncos vencidos...
Quando as noites voltarem atrás
E os tempos tiverem ido...
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sábado, 14 de maio de 2016

Motivamentos

Gastei a meninice
Carregando sonhos,
Cansei as eternices
Abraçando sonhos.
Pensei todas as formas
De sonhar acordado
Entre as turbulências
Dos dias sem passado.
Plantei rosas em versos,
Colhi-as no reverso
Das situações amargas...
Cantei o choro doce
Das lágrimas abençoadas
Pela alegria inata.
Gastei a maturice
Entre águas e mágoas
Arrendadas serem
Horas felicitadas...
Sonhei impossíveis,
Segundo minha mãe,
Ao termo de dizer-me
Para acordar meu senso,
Porque estou poeta
Em tempo inteiro
E ganho melhor em tempo
Que em dinheiro.

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quinta-feira, 12 de maio de 2016



É bom estar só


Não é bom estar só...
Até as nuvens têm companheiras,
Até as ilhas, as fossas, as gruas,
Apenas a lua parece sempre só,
Mas assistida por todos...
Não é bom estar mal acompanhado,
Mesmo as nuvens e as ilhas
Preferem estar sós que mal
Acompanhadas....
Fico bem, sem ouvir besteiras,
Comigo comungando o silêncio,
Aqui me entendo, me satisfaço,
Me abraço, me aborreço,
Sem precisar alguém fazê-lo,
Embora seja bom alguém sorrindo,
Ou chorando, ao lado,
Reclamando atenção,
Reclamando silêncio...
Mas é bom estar só
Um instante entre o alvorecer
E a luz que surge disso,
Só.


Nos longes


Um cavalo,
Um animal correndo,
Um cenário se abrindo em leques
De palmeiras balançando,
Nos longes...
Um asno
Sob mantos se descobrindo.
Um tiro desobedecendo a lei:
O respeito.
De longe
A visão confunde
O que seria verdade profunda,
O animal correndo não é um alvo,
O unicórnio, o homem, a sombra
Trotando desesperado, fugindo
Ao tiro dado.
De longe o homem cavalo
É o culpado.









Íntima questão


O banheiro da casa
Tem um buraco
Onde antes tinha
Um bidê,
Retirado
Para dar espaço...
Ao buraco!
Todos os dias o homem
Tampa a visão do buraco
Com seus chinelos...
Até esquecer que
No piso do banheiro
Tem um buraco,
Um buraco,
Um buraco
Maior que sua percepção
De quanto fere
Um buraco
A noção de perfeição
Num piso esmaltado,
Liso, enfático.






Tarde


A mesma força
A se chamar de fé...
Por outros, de coragem,
Alguns, por sina,
A mesma força
Que ilumina
A visão de ir em frente
Mesmo que barrado
Pela fraqueza
Que doutrina...
A mesma força,
Dita de verdade,
Pode seja a mentira
Vespertina.

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quarta-feira, 11 de maio de 2016

ESTAMOS ULTIMANDO O IMPEDIMENTO DO PRESIDENTE DE NOSSO PAÍS, VIA CONGRESSO NACIONAL, PELA OITAVA VEZ, SEGUNDO CONSTA. TODAS AS VEZES FORAM TRAUMÁTICAS EM 1964 OS MILITARES ASSUMIRAM O PODER CONTRA UM GOLPE COMUNISTA. SENDO TAXADA ATÉ HOJE DE GOLPE A REVOLUÇÃO, VOTADA PELO CONGRESSO DA ÉPOCA. HOJE A MESMA LADAINHA DE GOLPE VEM SENDO PROPAGADA PELA EQUIPE QUE PROVAVELMENTE DEIXA O TRONO DAQUI A ALGUMAS HORAS, VOTADO PELO CONGRESSO ATUAL. PARA SEREM VISTOS COMO VÍTIMAS E TEREM UM TEMPO PARA RESPIRAR A VOLTA À CARGA. INDEPENDENTE DE SER CONTRA OU A FAVOR, A VERDADE É QUE OS 10 MILHÕES DE BRASILEIROS DESEMPREGADOS, AS MILHARES DE EMPRESAS FALIDAS, O SISTEMA DE GOVERNAR A SAÚDE, AS RELAÇÕES EXTERNAS, A SEGURANÇA, ESTÃO MUITO AQUÉM DA NECESSIDADE DA SÉTIMA POTÊNCIA MUNDIAL, COMBALIDA PELA IRRESPONSABILIDADE DE NOSSOS GOVERNANTES HÁ TEMPOS, NÃO APENAS OS DE AGORA, LEVA O PAÍS A ESSES LIMITES, OITO VEZES IMPEDINDO O PRESIDENTE DE CONTINUAR, E, PIOR, SEM PERSPECTIVA DE QUE O PRÓXIMO SEJA MELHOR. NÃO MERECEMOS ISTO!

terça-feira, 10 de maio de 2016

BE-Á-BÁ
Nosso bê-á-bá é saber ler,
Nas entrelinhas,
O pensamento alheio,
Alheiamente deixado sorver
Em lágrima ou sorriso...
Ou sarcasmo.
É poder ensinar como fazer isso
De ouvir e entender...
E compreender,
A resposta que não veio,
Que calou-se,
Por não saber como,
Ou não querer o porquê.
Nosso bê-á-bá é poder aprender
Com o ensinamento que nos vem
De parte da sinceridade
De quem não sabe.
Difícil missão poder soletrar
Isso de querer saber ensinar
O apreendido de outrem...
Sem sofrer.
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domingo, 8 de maio de 2016

Partimentos
Dedico à todas as mães
Transformar as coisas duras
Em carinho... Arte de mães...
Assim seremos filhos dessas mães
Medindo por espelho sua força,
A força de chorar sorrindo
Frente a cada filho partidor...
Que perda é o contínuo reviver
As horas de amamentar e de sofrer
As idas pela porta que se fecha
À volta desse ser viajador,
Que parte e se reparte
Em tantas outras repartidas
No correr dos dias de ausência...
E, quando volta, às vezes se ausenta
Na presença aberta à própria porta,
Aquela que fechou-se quando
Esse mesmo filho foi embora...
E volta, mas não volta por completo,
Volta sonhando novos voos
Além do pensamento por inteiro,
O de sondar a dor do partimento
Desde o seu partir primeiro.
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Em dissonância com as alegrias desse dia,
Peço desculpas, mas preciso lembrar certos
Filhos de seu esquecimento às genitoras:
Flores para as marias...
Flores para as marias...
As cansadas do dia a ida,
As feridas por suas crias,
As deixadas na periferia...
Flores para as marias...
As guerreiras desabrigadas,
As matronas esfomeadas
Das vidas desvividas...
Flores para essas marias...
Que passam noites em claro,
Na espera da inúbil volta
Dos que só tiveram idas,
Das que dormem agarradas
Às velhas fotografias...
Das que comem os restos
De suas comidas...
Marias de todas as raças,
Marias de todas as vidas,
Das abastadas à fodidas.
Flores para as marias...
Nas campas desassistidas
Pelos que deram à vida!
Cadinhos
Cadinhos de quase nadas...
A mãe deixada prostrar-se em vida,
E na campa inominada, esquecida....
Conheço suas crias, mal criadas?
Mal vividas... Cadinhos de nadas,
Por terem sido geradas e
Dela terem se partido...
O escuro, o fluxo das mágoas,
Como a seiva do pinheiro velho
Posta a queimar à distância...
-Frutos de candeeiros! Sabem bem
Onde a fala os alcança... Cadinhos
Destilados desse ferro que ferroa,
Sucos malhados por primeiro...
Embebidos em suas emanações
Ao seu pendor por dinheiros...
Sei bem que sabem vocês...
A quem aponto o dedo.
Sois vós que vejo em primeiro
Saudando a mãe, em pecado!
Deixando a mãe doutro lado
Do muro estreso em erros