segunda-feira, 28 de setembro de 2015



Voltemos os olhos para dentro


Voltemos
Os olhos para dentro,
Que é este o sol
Que nos pertence,
Aqui nos vemos
Astros da grandeza
Que nos fazemos...
Voltemos o olhar
Para sabermos
Como nos vêm
Os outros de fora,
Voltemos para
Nossas histórias
De vitórias e derrotas
Que isto é que
A nós importa...




Ardumes


Outra vez
Conhecer a realidade...
Passar a limpo
O papel mal desempenhado,
Cruzar a linha
E chegar com certo atraso.
Outra vez...
Mais esta vez,
Sorrir ao imprevisto e
Chorar dentro desse riso...
Assim a tarde aflora
Em cores diversas e
Amoras doces em latas,
Dores enlatadas...
Todas as sensações
Numa só jornada:
Outra vez
Curtir a realidade
Puxada de dentro do sonho
Para o vizinho arder-se
Em mágoa.



Concomitâncias


Você se esconde
Atrás desta máscara,
Você se esconde
Atrás de suas mentiras, 
Sua vida é especial graça
A inventar estórias fictícias
Para fazer sorrir o que agrada
Que não se cala, se edita.

Se você morresse agora
Uma pessoa iria perder você. 
Uma única pessoa vai chorar 
O que deixou por fazer
E viver-se... Leve a leve vida 
Com seu último lasso peso
E vamos todos ser 
O extremo leso.




Sala de visitas


O céu amarelado pela fumaça. 
são casas expostas cortando
o céu com uma longa linha
de paredes toscas, névoa sólida,
Até onde vejo pode a monotonia
Da superfície e da forma 
Ser uma pausa para pendurar
Um palpite sobre cabides soltos. 
Nenhum pássaro a fazer sombra 
enquanto voa, pois tudo é sombra,
Esperando o seu retorno...
À maneira desta grossa tela,
Onde os raios vestidos de seda
Acordam o medo... Nenhuma figura 
persiste a alimentar a fome do olho 
Ou descansar no colo da vida. 
Todos se apressam a olhar o raio, 
O olhar demarca transeuntes, 
As rodas correm, carruagens 
fechadas em identidade múltipla
Invadem a sensação de perda...
O mundo parece enorme prisão
Sem tribunal onde os homens
São punidos ao menor custo, 
com menor taxa de dor, calor
Ou alegria, apenas a fumaça
A amarelar o dia.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015



VELHO COM MEMÓRIAS           

Agora, de estar velho
Nos poemas lustrados,
Das manhãs havidas entre
Sal amargo e noites idas...

Agora, se estou velho,
Guardo memórias áridas
Dos aconteceres vividos
 Pilares de ferro sentidos...

Agora,quando estou velho,
Talvez a lembrar motivos,
Como o arguido em defesa
Das mentiras verdadeiras...

Alma iluminada experiência
Transita entre os momentos
Lembrados, ou inibidos,
Das verdades mentidas.

Agora estou velho...
Com as memórias
Das músicas curtidas
Dos tempos vividos.


Castiçais

Por qualquer motivo
A alma iluminada de ternura
Choraminga ao som de ontens...
O baque do vivido.
Brilha aos olhos o sorriso
Da criança, do senhor antigo,
Ante a música do esquecido
Clamor de tempos levados
Com as águas invernais
A algum abrigo...
Por qualquer motivo
Paixão por indefinido sufoca
O que seria paz para o sentido,
Ordens a te ordenar caminhos
Empedrados entre gramas,
Picados em mata virgem...
Memória desses momentos
Idos, revisitados, revividos...
Por qualquer motivo,
Nunca um motivo qualquer,
A vida a fazer sentido
Em cada sorriso...
Sob a vela rescendida
No castiçal sofrido.

Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Saraiva,Perse,
Clube de Autores, Amazon




Ilusões do essencial


Não diga ao mundo
Que te falta amor fraternal...
Não diga ao vizinho
Que te falta açúcar ou sal...
Não diga ao senhor
Que te falta respeito ao tal...
Que o tempo é assim dividido
Entre o que seria preciso
E o essencial...

quinta-feira, 24 de setembro de 2015



PÁGINAS DE ROSTO
           
Mostram-se
Avessas à imaginação,
Quantas palavras será preciso
Ler para entender o conceito
Da explicação?
“A trava na porta segurando
O cheiro da rua empoeirada,
As taboas rangendo
Ao pisar pesado trazem
À memória o bom passado...”
Livros se abrem à imaginação
Cantada em verso ou prosa,
Mostrando o outro chão,
O verdadeiro chão da história...
Trazido à imaginação ledora...
O livro, mais que cabeceira,
Pode e deve ser o êxtase
Procurado nas experiências...
O livro presença tem rosto,
Contra capa, enredo e orelha,
Do prefácio ao posfácio...
Leia! Ouça-o sussurrando
Ao teu ouvido distraído
O que lhe faz sentido.

Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras:
Saraiva,Perse,Clube de Autores, Amazon



VERGONHA NACIONAL: ESTÁ SENDO TIRADO DAS MÃOS DO JUIZ MORO O JULGAMENTO DA MAIS PERNICIOSA PARANAENSE GLEISE, A NARIZINHO, PARA ENTREGAR AO SEU PARCEIRO  DE FALCATRUAS NO SUPREMO, O MOLEQUE DE RECADO 

quarta-feira, 23 de setembro de 2015



Venho emprestar-lhe ouvido 

Venho emprestar-lhe ouvido,
Treinado ouvir passarinhos
E não fuxicos levianos...
Quero pedir-lhe que, ao ler,
Ouça sua voz de dentro recitando
As palavras contidas na mastigação...
Quero desenhar com letras góticas
A minha premente indignação
Frente ao desvio das conversas
Não ouvidas como foram ditas,
Apenas ressentida estar muda
Frente à acareação dos males...
Que partida é essa que me parte?
Que forqueadura em nosso nome
Se reparte em intenções baratas?
Entre as bolhas desse sabão
Inverto as ordens da ordenação
E fixo o olhar no seu olhar:
Que expressão é esta,
Que não temos mais?

Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Saraiva, Perse,Clube de Autores, Amazon

No imperceptível som da alegria

Voa entre galhos folheados,
Leva o som dos ramos ao real
Para a filigrana do etéreo
Sentir-se no invisível mitral...

Sabe que seu som, inda fraco,
Pode ser murmúrio e fadar-se
Entre muros e galhos e florada
Enfim visitada pelas máscaras

Que se fazem boas conservar.
Seu sussurro sobe as pedras
Confunde a água escorrida.

O silêncio é o limiar do dia
Funde-se ao som da manhã
Fria ostentando a brisa...




O silêncio 


É o limiar de um galho
Quebrando em sua mão 
Quando você tenta riscar 
Um nome sobre a pedra,

Assim os nomes ausentes 
desemaranham alarmes, 
E para você se afastar,
Pensativo, tornar de lá

Sem deixar de ser motivo...
Apenas a palavra meada,
Que deixou de escrever,

Volta-se agora contra si,
Estranhamente repulsa
De já não ser.






Racionada


O custo da memória
Divide-se entre
Saudade e remorso...
Repartida apenas
Pela consciência
De vencer a derrota.
O custo da memória
Sua as dores da alma,
Deixada em desacordo
Com a real saída
O custo da memória
Extrai vidas...






Fatiota


Cresço
Quando me encontro
Igual ao que fui ontem...
Desperto desse sonho
Procuro-me nesse ato
Descompromissado
De viver-me pleno...
Cresço quando
Me desencontro
Do que deixei
 De ser ontem.
Assim posso ser-me,
Confortável em mim,
Ligeiramente folgado
Nesse corpo ancho
Onde me espaço
Ser.