segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
Shopping
Neste corredor de pessoas apressadas,
Que é a caça das tardes,
Reparo que as mulheres olham
Não para os homens que as olham,
Para as mulheres que acompanham
Os homens que as olham...
Sapatos azuis, meias rasgadas,
Um par de brincos suados, um olhar
Enviesado para as cores
E o descabelo das atrevidas a ser...
Que estranha parceira esta,
Se preocupa em ver mais que ser.
medos
Num terreno aberto
A negrura esboça vultos,
O vazio das multidões
Tropeçando em pedras
Que não existem agora,
Que o escuro apagou-las.
Mão das pessoas, caladas,
Não há de haver a pedra
Nem o ramo arranhando
A calça e rasgando a saia,
Apenas o silêncio escuro
Apagando pegadas úteis.
Num terreno aberto, freio
À certidão dos nadas,
A sombra desaparece
E se espraia nos arranhões
Das saias e pernas finas,
Esperando resposta vaga.
Cortinas abertas
A alimentar o vento forte
Abro as cortinas par a par.
Estou deitado numa cama
Do tempo antes, a esperar
Que me acolha os medos
E embalance os nervos
De ouvir rosnar o vento
Meu pouco sono sonso,
Como um cão e sua fome
De roer meu tempo osso.
Resfriado nesse tempo ido,
Menino estou, febril e oco,
São turbulências do tempo
Voando às cortinas rotas
De quando sonhava olhares.
Entre os pesares de passar,
Embora pouco, sou-me
Saudade dos meses frouxos...
Alienado agora neste vento,
Embalanço ventos outros.
caldo
A fraca luz que provêm o dia
Sacode uma decisão tardia
De correr antes acamado zelo
Entre os extremos desmazelos...
Assim o homem, este ser fuso,
Dá seu horário de sorver o frio
Em pleno calor vernal de hoje
Que açola simples não querer.
De novo apenas a dor de andar
Entre essas pedras tumulares
Que a vida principia do fim.
Mas o menino persiste nele,
O velho balbucia um prazer
De sorver o empedrado gelo.
Responsa
Criança não deve sentar torto,
Não pode mastigar boca aberta,
Não roer unhas... Nem dos pés,
Ou fazer xixi na calça nova...
É, criança tem muita reponsa
Sobre suas ações de inda cedo,
No cedo de suas vidinhas
Entre escola e amarelinhas...
Não deve apontar o dedo
Ou chorar o joelho rapinado,
Nem mesmo o sangue a medo...
E agora, mãe, o que faço
Com este gosto muito azedo
De ter comido terra arada?
Se eu fosse verdade
Se eu fosse verdade
Não careceria entender
A condição maldade.
Se eu fosse verdade
Não precisaria sofrer
As desigualdades.
Se eu fosse verdade
Na teria de acreditar
Que desacreditasses.
Se eu fosse verdade
Não envergonharia
A outra verdade...
A que comprove que
Eu seja a verdade ante
A mentira destarte.
A circunferência
É um passo
Que fecha sempre
O espaço...
Queira ir para aonde for
O passo do desertor
(ou do conquistador)
Volta sempre ao fecho
Circunflexo da dor.
Cada pequeno domínio
Expande-se com o passo
Aventurado ao seguinte
Passo assumido largo...
A circunferência
De voltar ao princípio
Sempre desmedido
É o temor de cada
Viajor.
Um dia acabado
Um dia acabado
Pode estar começando...
É quando você acorda sua gula
E procura
A geladeira repleta...
De nadas a comer.
presumivelmente
Subir ao teto e ver estrelas
Pode ser uma experiência
A saciar esta fome gula
De abrir doces em caldas
E farejar açucares...
E quando o além for aquém
Iremos juntos também?
Assim, nesse dia,
Acabado de desacontecer?
A geladeira repleta...
De nadas a ver.
Ainda não
É meio do dia no meio da noite,
Momento propício para pensar
Repensando o pensado antes...
Não ter medo de esclarecer
O que seria dúvida de ser.
Ainda não,
Ainda podemos seguir a razão
E deitar os pés na cama,
Do lado da cabeceira,
E adormecer...
Ainda não.
Ainda pensar repensando
Este momento no meio do dia noite
Entre um latido distante
E um barulho tão perto
De acontecer.
Ainda não, não agora,
Entre umas memórias frágeis
E um esperar que amanheça
Leve, o sol vindo devagar,
A nuvem indo divagar...
Como eu, divagando
O acontecer...
Ainda não.
Oh, bom companheiro silêncio...
Valéry
Ah, Bom companheiro...
Havia a concomitância de palavras
Não ditas
Olhadas de soslaio quando
Queríamos gritar a grita
De esperas pela esperança
Nos tempos das cigarras mortas,
Nosso tempo de em criança.
Ao companheiro silêncio
Dirijo a palavra oculta
No não dizer sonoramente
O que diga
Que a vida passou voando,
Como aquela cigarra que descubro
Estava vivendo sob a terra
Decantando sua cantata
Desse dia único de palavras
Desavindas.
Veio o silêncio das aprendizagens,
Veio o silêncio das ocupagens,
Veio o silêncio das conferencias.
Agora apenas este silêncio
Da passagem para o definitivo
Silêncio dos mais nada
A dizer ou fazer de belo,
Ou intransigente ou lerdo
No eternamente silencioso
Voltar ao ermo.
Ah... Amigo silêncio,
A ti recorro em socorro
Das minhas indecisões, prementes
Das outras badalações,
Das decisões terceiras
Que fazem cumprir a sina
De silenciar somente.
Trechos da Magna Carta, o Sermão da Montanha
Bem-aventurados os pobres em espírito porque deles é o reino dos céus
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados
Bem-aventurados os humildes, porque receberão a terra em herança
Bem-aventurados os famintos e sedentos de justiça porque serão saciados
Bem-aventurados os que têm misericórdia porque alcançarão misericórdia
Bem-aventurados os puros de coração porque contemplarão a Deus
Bem-aventurados os promotores da paz, porque serão chamados filhos de Deus
Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus
Bem-aventurados sereis quando vos ultrajarem, perseguirem e disserem todo mal contra vós, mentindo por causa de mim.
Alegrai-vos e exultai porque grande será a vossa recompensa no céu: foi assim que perseguiram os profetas que vos precederam.
Vós sois o sal da terra. Se, porem, o sal se tornar insípido, com que então se há de salgar? Não serve mais para nada senão para ser lançado fora e pisado pelos homens.
Vós sois a luz do mundo, uma cidade sobre o monte não pode ficar escondida,Nem se acende uma candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas em cima do candelabro, onde brilha para os que estão na casa. Assim brilhe vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos céus.
Não julgueis que vim ab-rogar a lei ou os profetas, mas cumprir.
Porque em verdade vos digo, ainda que passem o céu e a terra, não passará um iota ou um ápice da lei sem que tudo se tenha cumprido. Quem transgredir um só destes mandamentos e ensinar aos homens a fazer o mesmo, será tido como o menor no reino dos céus, porém o que os cumprir e ensinar, este será tido como grande no reino dos céus. Porque vos digo, se a vossa justiça não superar a dos escribas e fariseus, não entrareis nos reinos dos céus.
Ouvistes o que foi dito aos antigos:”Não matarás”. Eu, porém vos digo: quem se irritar contra seu irmão, irá à juízo. “Não cometerás adultério”. Eu, porém, vos digo:aquele que olhar para uma mulher, com mal desejo, no seu coração já cometeu adultério. “Não jurarás falso.mas cumprirás para o Senhor teus juramentos”. Eu, porem, vos digo: Não jurareis de forma alguma, nem pelo céu, que é o trono de Deus.nem pela terra, que é o escabelo de seus pés. “Olho por olho dente por dente”. Eu porem vos digo:
A quem te bater na face direita apresenta também a outra. “Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo”.Eu porem vos digo: Amai teu inimigo, orai pelos que te perseguem.pois o Pai faz raiar o sol sobre os bons e os maus e chover sobre justos ou injustos.Sêde portanto como vosso Pai.
Esse talvez seja o melhor presente de natal, obedecer as regras do aniversariante, no dia de seu aniversário.
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Valores cívicos
Democraticamente. O governo no interesse do cidadão, de todos, independente do tipo de governo, deve ser gerido pela soberana vontade do povo, isto é, da res pública “coisa pública”, que os romanos implantaram 500 anos antes de Cristo, com a deposição do rei, para ouvir o povo, a democracia
Estamos falando de anos de história, como fora esta noite a hora da verdade. Pode ser, mas aprendemos com a vivência que as horas das verdades são tantas... Desmemoriados, retornamos aos nossos pensamentos antigos, ou velhos, ou desatualizados... Sei lá como relembrar isto, mas a verdade é que sua hora é esta, sempre. Posso estar sendo saudosista, ou utopista, mas já vivemos tempos melhores ou é apenas ilusão de ótica? Sempre que termina a festa da inleição, como diria Pompilio, a preocupação é com as notas contraditórias dos camaristas. “Os vereadores são eleitos juntamente com o prefeito de um município, no qual os primeiros têm a função de discutir as questões locais e fiscalizar o ato do Executivo Municipal com relação à administração e gastos do orçamento. Eles devem trabalhar em função da melhoria da qualidade de vida da população, elaborando leis, recebendo o povo, atendendo às reivindicações, desempenhando a função de mediador entre os habitantes e o prefeito, da Lei Orgânica do Município”. Bonito, não? Então, que diabo é esta movimentação para criar maioria na Câmara?! Temos 15 representantes lá, cada um tem seu favorito eleito para tal ação, ou não? Desde a posse desses, precisamos cobrar que trabalhem para nós, povo! Quando o prefeito mandar projetos para eles, vamos pressionar. Se bom, os vereadores para aprovar, se ruim, o prefeito para não prosseguir com tal pleito. O que precisamos, pragmaticamente, para nossa cidade? Cada cidadão tem seu projeto de cidade melhor. Como cidadão, tenho o meu, que nem chega a ser um projeto, mas, digamos, uma visão: Melhorar. Melhorar as condições de tráfego de nossas vias públicas. Tapando buracos? Não, implantando material de primeira para sedimentar o asfalto de nossas ruas. (Uma idéia, nas ruas onde o asfalto cobre antigos calçamentos de paralelepípedos, retirar esta casca, que as pedras absorvem a água e não cedem tão fácil quanto). Melhorar as condições dos pontos de circular. Tapando buracos? Não, criando coberturas e fechamentos para nossos passageiros se protegerem do vento e da chuva e do sol... Melhorar o terminal, ou melhor, ativar a antiga estação rodoviária para tal, como anteriormente concebida. Exigir cumprimento de horário dos ônibus, já que os passageiros têm os seus. Melhorar a condição de nossas escolas. Tapando buracos? Não... cobrando trabalho de certas diretorias, que desmazelam suas funções. Fazendo ver que há certas escolas que funcionam bem, outras que nem mal funcionam. Ativar postos de saúde. Tapando buracos? Não! Fazendo certos profissionais cumprir o contratado, com médicos atendendo parcimoniosamente, como fariam em seus consultórios particulares, e não apenas cumprindo aquela horinha da manhã, olhando às vezes com desdém o paciente a sua frente. Com atendentes fiscalizados para atender. Com enfermeiros conscientizados de seu lavoro. É claro que não generalizo, senão, seria o caos. Mas temos casos abundantemente testemunhados de tal apreço. Não cabe aqui tudo o que penso... mas penso que, pragmaticamente, o senhor prefeito nem precisa de aprovação, mas só de fiscalização dos camaristas, nas coisas corriqueiras de nossas cidades. E os senhores camaristas, de nossa fiscalização para aprovação, ou não, de seus atos e desatos em nosso nome. Atentem: em nosso nome!
Utopia? Não, apenas a constatação de que nosso Município tem uma das maiores rendas do Estado. Então, por que não usufruir benemeritamente disso?
dúvidas
Não há como argüir
O fim das promessas ditas válidas
Neste tom de festa...
Amanhã...
Quem sabe, uma outra conversa
Será editada dessas frases desconexas,
Por estarem fora do contexto.
Quem brilha enquanto brilha a festa
Depois o aconchego será
Apenas, para alguns, a sombra desta.
Outros terão de marchar as pedras,
Descalços dessa aresta.
Não há como argüir
O fim das promessas ditas válidas
Neste tom de festa.
Por de vidas
A manhã amanhecendo
Não faz mais do que o ser humano
Em nascendo...
Apenas um dia, uma vida,
Seres que passam desapercebidos
Nessa esfera de tempos
Reviventes.
Não mais que um dia a cada vida,
Em minutos repartido.
Assim, se pondo este sol em nós,
Como o dia hoje, amanhã
Seremos revividos.
Olhar de raiva do desconhecido
Dentro do coração
É sombria noite...
Paixão de uma vez
Ter renascido...
Se for para viver
Sem sentido,
Invejar os mortos
Por ter morrido.
Assim passa aquele
Profetizando a farsa
De implorar a atenção
Ao seu pranto...
Mas o memento
Sofrido não perdoa...
Não vira morte a vida
Assim à toa.
Olhar de raiva do desconhecido
Dentro do coração
É sombria noite...
Paixão de uma vez
Ter renascido...
Se for para viver
Sem sentido,
Invejar os mortos
Por ter morrido.
Assim passa aquele
Profetizando a farsa
De implorar a atenção
Ao seu pranto...
Mas o memento
Sofrido não perdoa...
Não vira morte a vida
Assim à toa.
guizos
Alguém pode tentar viver
Com isso de zombar o guizo,
Mas a frustração de ter vivido
As dores sem lato sentido
São maiores que o sonho
Antes concebido.
A água passando sob a ponte,
Não retorna à antiga fonte,
Assim como as fases de amor...
Ou ódio, à dor de tê-los vivido,
Ou à forma de sorrir
Enviesado pela fome.
A água, o fogo, a névoa fria
Que povoa pensamentos
Não retornam, apenas pousam,
Passantes sob esta ponte
De vítreos acontecimentos,
Sem memória.
parcimonioso
Na parca fé pela qual me esfolo
Vejo-os santos, deuses apócrifos,
Apenas procurando decorar nomes
Entre as estátuas expostas...
Aqui não me reconheço crente
Nas palavras desses profetas,
Proféticos anunciantes dessa carga
De valores minorados nas ofertas...
Santos desses tempos de santificar
Até mesmo arcanjos do lugar,
Entre demônios expulsos dessa fé
Que não compreende temas de falhar.
Falhamos todos quando cegamente
Enumeramos as farpas de orar
Sem a fé precisa para saber
Se é sonho ou vida,
Ou duvidas peremptoriamente
Do parecer de alguém mais,
Esquecido de morrer antes
De pecar?
Percepções
As marcas do tempo vivido
Cicatrizam mas não somem,
Como as marcas das chibatas
Devidas ao fato que domem...
As noites dos tempos doridos
Envilecem mas não dormem
Enquanto o saber fizer sentido
Entre o macho e o homem.
Assim velamos nossos corpos
Que açulam, mas não morrem
Entre os desmaios das dores.
Uma espera a ser compensada
Pelas manhãs de frio e calores
Entre o berço e o terço agora
Frios na espinha
O medo anda pelo corpo,
Dói a espinha dorsal,
Tremem as mãos,
Esfria a testa resignada de suar frio,
Estático, espero a transição
Para pavor ou calma.
Sigo adiante, passo a passo
Pela sala, pelo tapete enrugado
Tropeçando nos meus passos
Vesgos
De procurar o interruptor.
Da luz?
Da esbarra.
check-up
O sonho parece realidade...
Estava voando novos ares
Quando a nau do sonho abate.
Caio em mim
Não sabendo discernir a falha
Nesta lida de correr atrás
Do tempo perdido, visualizado
Em check-up.
Aqui somamos pormenores
De fatos irrelevantes, boatos,
Itinerantes ruídos apáticos
De carros passando ao largo,
Avisando que
O sonho parecido realidade
Esvai-se no mar de novos ares
Quando a nau me abate.
Doídas versões da verdade
Às vezes a palavra conforma,
Outras vezes irrita, mesmo doces...
Assim é a vida comunitária,
Azedam-se relações por quase nada,
Mas são nadas que se repetem
E se avolumam... se avolumam...
Até que explodam, inusitadas.
Das doces companhias restam
Poucas saudades, uma ou outra alegria...
O resto é enfadonha companhia.
Mas somos gregários,
Chateamos nossos pares
Até que nos chateiem suas formas
De conviver, coniventes.
Mas, a palavra que desmorona
Às vezes conforta os conformes
De uma vivência coletiva,
Por demais ativa, desativa.
Esconde-se, morigere lasciva,
Prenhe de outras palavras
Decisivas.
domingo, 7 de outubro de 2012
abjetos
As pessoas
Se confundem com objetos.
Comportam-se como
Se não houvesse frente
Ou fundo
Para cada ação, oriunda
De um pensamento.
As pessoas
não são objetos.
Apenas não se movem
Por alguma razão
De querer ficar, ou,
De imobilizar-se
Pelo medo...
Pelo temor de cedo
Enrugarem as faces?
Pelo desamor que cedo
As transformasse
Em pessoas abjetas,
Quando se esquivam
De se mover
Frente ao cataclismo
Que vem varrendo
As vontades
De viver.
Desajuízo
Esta é a hora zero
Das próximas vivências...
Não é preciso relembrar,
Não é possível olvidar.
Apenas varrer pra baixo
Das inconsciências todas
As verdades transmudadas
Das mentiras antes vivas.
O que fazer com o último
Suspiro? Aspira-lo lento...
Em que lixeira despejar
As doridas lágrimas?
Os risos sarcásticos,
Os sorrisos frágeis...
Os esquecidos males?
Há que se pensar adiante,
Amanhã um próximo
Sorriso, uma esquecida
Fragma... Algum juízo,
Ou desajuízo.
Fim da noite implícita
Displicentemente
O dia finda,
Assobia uma tempestade
Vinda do sul...
Estamos aqui, na última cerveja,
Antes
Que o barman chame,
Com seu guarda-chuva,
Um lugar na mesa...
Sem tristezas
Agora levantamos... lentos,
Querendo uma última mijada,
Esperando a chuva amainar
Para sair,
Assim, sem medo de dormir
As próximas jornaladas
E ler a conta, e saber que
Gana é esperada.
Por baixo dessas pedras
Cadáveres comem a terra
Depauperada de insumos,
Que está sobre seus corpos
Desamparadamente frios.
Por isso as gramas crescem,
Adubadas por essas fomes
Criam raízes disformes
Entre formigueiros musgos
Sobre corpos carcomidos.
Assim, parece tétrica a cisão
De já não serem pessoas,
Apenas ossos perambulando
E nomes nos vazios das placas
Sobre campas abandonadas.
visionários
Como é manso
O olhar dessas vacas
Na sua irracionalidade...
Como é manso o passo,
Como é manso o ruminar
De suas bocas, cansadas?
As florezinhas no pasto
Não são pisoteadas
Mais que nos jardins
Das cíclicas cidades...
As formigas convivem
Em seus cochos de sal,
Os cães passeiam entre
As pernas plácidas
Dessas vacas...
Por que apenas nós
Enraivecemos com isto,
Assim, por nadas?
espinheiros
Os espinheiros açulam
O beijo de suas flores brancas,
A névoa traduz os céus,
Sem esperança...
Ninguém passa por essa cerca
Acima de nossos ombros,
Nossos olhares de medo,
Descartáveis.
Os espinheiros sabem o conluio
Dessas feras assim expostas
Em seus pontiagudos
Braços memoráveis.
Eram nuvens aquelas bocas
Corridas por céus afora
Como fora a desesperança
De ir embora...
lignites
De que é feito a força
Desse homem?
De que argila moldou Deus
Sua imagem máscula?
De que costela fala-se
Na formação da mulher,
Meiga, afável, dura
No quinhão de espera?
Quantos Cains para cada Abel
Na transgressão afeita?
Somos os filhos dessas feras?
A parição dos erros nos impera...
Somos a borra de uma geração
Passada a limpo, que estresireis
Em esta folha de carbono
Gasto... Gasto... copiando
Quase nada nesses anos.
cachecóis
A moldura emoldura
O que o espelho vê de você:
Um tanto a estatura,
O sorriso mensurado
Num tanto de ranzinice...
Mas a sempre fiel moldura
Cachecol do que se vê,
Agasalhando a figura
Do berço à sepultura...
Que será sempre você.
besouros
fb
Passeia
Sobre o lustre
Um besouro preto,
Sobrevoa a haste
Até cair
Lá dentro,
Debate-se,
Aquieta-se...
Morre?
Vejo esta figura
Feito um homem
A debater-se
Nos abajures
Dos quartos
Prostíbulos,
Comparo-os...
Enfim somos iguais?
Somos animais
De um mesmo mundo,
Desigual,
Profundo...
Profundamente
Sujo.
Marcha cerrada
Marchemos!
Que a marcha é a forte
Oposição à ociosidade nociva.
Que é a forma de duelar
Sem adagas...
Que é caminho a percorrer
Sem muletas...
Que é a parição dos outros males
Abrindo portas para ser,
Somente.
alvoradas
O sol aqui nasce cedo
Na aquiescência de ter dormido
A escureza das horas de ontem.
Ontem, quando o futuro
Vivenciava longe
É o agora presumido antes.
É a hora de aceder à fome
De partir, no meio.
Partir na névoa dos sonhos
Agendados verdade entre
As mentiras prometidas ser,
Antes que tarde.
opções
Fora dos meus conceitos
Este som que vem da rua,
É o som da balburdia
Que chamam dia de eleição...
Por que fazem tal algazarra
Se
Querem respeito pela instituição
De votar hoje?!
Amanhã,
Um dia qualquer depois
Este cantador de ruídos
Ensurdecedores
Votará a tua vontade...
De não querer.
invernito
As folhas estranham o vento,
Como minhas costas, dói
A friagem repentina, como
Nas folhas Balançando a morte.
Um cão protesta alardeando
O frio que veio com a noite
Vinda, por ser desde cedo
Primavera ainda,
O preciso retorno
Para que país viajamos?
Das forças industriárias?
Das fraquezas morais?
Verdade é que se move
Esta locomotiva secular
Nos mesmos trilhos
Com cargas diversas
De tempos outros, atrás...
Atrás das cinzas estão
Soterradas as pessoas.
Importa donde vieram,
Se vamos juntos agora?
A marcha forçada é
Uma prece de retornos.
Pisamos nossas pegadas,
Pois estamos voltando..
Para nossos lugares,
Donde partimos lesos
Com a esperança,
Pronde voltamos pegos,
Desesperançados.
Preciso acordar agora,
Antes que tarde
O preciso retorno.
cansaços
Os olhos se cansam de paredes,
Os membros se revoltam,
A dormência avança sobre gestos,
Pernas que se dobram,
Braços que acotovelam quando
chamados à urgência dos atos.
Importa saber o próximo passo
Sobre tantas pedras afiadas,
Tentando alcançar a areia fofa
Da decisão: Ir ou voltar ao ponto
Da partida sórdida de antes
Da premonição das dores?
As preces são atendidas agora,
Até mesmo as do ateu que
Vivia em ti antes da fé pela dor.
Estaremos juntos depois,
Na última etapa de viver.
Para este passo estamos aqui.
Sessentões
À margem dos erros caminhamos...
Talvez nos vejamos depois
Da próxima curva,
A dos sessenta anos revividos.
A pouca saúde das pernas sessentonas,
A pouca visão dos olhos esmaecidos,
A pouca audição de ouvidos moucos
Faz sentido,
Já que a experiência de uma mente
Mais envilece que envelhece
Com esse tempo de lamúrias,
Consentido.
Coligações político-eleitoreiras
Os uivos dos lobos solitários
Assustam
Quem caminha por esta vala...
Aqui todos os escuros são viáveis,
Apenas uma mínima luz
Acende a esperança:
-Haverá um fim para esta turba?
-Haverá um canto do cisne sisudo?
O lobo solitário que uiva em mim
Responde:
-Há de haver um fim,
Mas está distante...
Longe dos olhos e da esperança.
Outros lobos respondem ao chamado,
Estaremos unidos na desunião
De atos.
Ciclos (in)governáveis
Comecemos este ciclo de meias verdades: Eleito o próximo burgo desta burguesia façamos as contas das travas à idolatria, quantos votos será preciso para governar as próprias pernas doridas de caminhar Sozinho? Todas as formas de ceder serão visitadas, dos favores prometidos, imerecidos, à disfunção de privilégios, à larga...
Assim veremos o zarpar do barco, a baía cheia de “cadáveres” a interromper o passo mal dado. Quem será o mais chegado visitante desse legado? Façamos desse ciclo verdades inteiras, fora das fanfarronices, das bebedeiras...
Há ainda pais educando filhos a palmada e filhos dando de ombros à autoridade... Seremos assim cidadãos da palmatória? Vermos assim as pedras desfazerem-se nas ruelas esburacadas? Sermos novamente os bobos desta corte dissimulada? Então, o que seremos agora, abertas as últimas urnas encalacradas desse votatório? Que cartório vai autenticar que eras tu, Cura, o próximo Brutus dessa empreitada? Todas as vezes elegidos foram salvos das denúncias fraudadas, depois contaminados. As más gestões cobram um preço muito alto aos retardatários. Assim como seremos sempre, necessários neste dia, apenas neste. depois desnecessariados... Outra vez o passo manca? Quem será o privilegiado desse legado? Somos uma turba interessante... Olhe bem o sorriso do eleitorado, a promessa em troco da promessa, o voto desmembrado da decência não é voto, é um cabresto desavergonhado. Que é das ruelas esburacadas? Novamente abobalhados votamos na pessoa errada? Então, o que seremos agora, amarfanhados nesse voto, de otários?
Pensar que não merecemos tanto... Apenas licenciosidades sobre a mesa e uma espera que não finda cedo tornando velhacos os meninos lesos. Espera aí, senhores, que a história é feita de demoras e sossegos, depois de lufa lufa pelo voto o aviltamento da ética pelo peso.
Como serás amanhã cedo, sendo metafórica amanhã o todo sempre neste futuro que encaras à frente. As manhãs dos amanhãs virão caindo pedras desse dominó manchado pela ação de cada dia, derrubadas pela mão do afago. Quem pode garantir estes vindouros dias melhores que o passado? Serás tu, Cura, o pródigo governado? Ou governarás tua cabeça à vida de milhares? Desgraçado é aquele prometido e mal pago. Veremos se a euforia faz sentido depois do amanhã certificado.
A plebe que exalta não é mendiga, o burgo deve ser bem governado que a volta da roldana é o perigo atropelando vossas senhorias, se ficarem prostrados em abrigos.
Comecemos este ciclo sem meias verdades, eleito o burgo desta burguesia faça conta das travas à idolatria. Terás as pernas que é preciso para caminhares só ao desabrigo? Enquanto as pedras se desfazem, outras caminharão contigo.
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
Honra a terra em que nascestes...
-Queres amor? Trinta dinheiros. Queres favor? Trinta dinheiros. Queres o que da vida mundana, o poder de poder? São tantos dinheiros a solucionar problemas pessoais de pessoas públicas... todos tão caros, tão maculados que não basta a paixão, as viagens, o refrão da paisagem. É preciso usurpar até o sangue partidário. É possível sangrar à mão cheia, à mala indiscreta? É preciso blá-blá-blás até que a voz se torne inaudível? É preciso “coragem”...
Este país precisa honrar os seus mortos. Felipe dos Santos e Joaquim da silva Xavier foram esquartejados! Cipriano Barata, crítico feroz dos grandes mandatários aprisionado, e todos os condenados ulteriores, à morte ou ao degredo, por crimes de opinião, que deram a vida para defender suas idéias, nossos ideais.
Nós brasileiros não somos duques, como Luís Alves de Lima, nem somos viscondes, como Irineu Evangelista de Souza, mas somos luíses irineus, izabeis e anitas... somos cidadãos! Não merecemos ser traídos por trinta dinheiros. Esses brasileiros anônimos não podem ser “eleitos” bobos da corte, objetos de troca, refrões da paisagem... nós, eleitores brasileiros não somos paisagem!
Este País tem história, de paz e sublevações, de monarquia e ditaduras, e, pelos caminhos da razão, de democracia. Ao peso de cortar cabeças conseguiu permanecer unido, desde os tempos das grandes rebeliões, contra o império, ao republicanismo, cidadãos lutaram pelo direito à elegibilidade. Neste outubro milhares de cidadãos colocam seus nomes ao julgamento do voto. Pelo voto podemos escolher quem vai administrar ou legislar pelos próximos quatro anos nossas comunidades. Aí está a palavra chave: comunidade. Que pressupõe coesão, princípio de consenso entre os cidadãos. O que é comum é de todos, não de ninguém! Em sendo de todos, todos devemos honrar este momento.
O resultado da eleição atinge a todos, de todas as classes, profissões, interesses, endereços... o futuro começa em quem elegemos, e o futuro não é apenas amanhã, é o amanhã de nossos filhos, que herdarão o que plantarmos hoje. Eleição, além de dever é direito. Dever é comparecer, eleger é usufruir o direito de escolha, se não do melhor, do menos pior. Anular voto é anular esse direito e ficar apenas com o dever. Eleitor que anula voto anula-se como cidadão. Cidadão que não escolhe não tem direito de reclamar depois, pois teve a chance de evitar descaminhos, e alienou-se. Honremo-nos.
Do livro “Do meu direito de estar derrubando (sic) o pau da barraca”
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
O que realmente importa
Olhando a imensidão do jardim
Noto, lá entre as folhagens altas
Um senhor grisalho, com seu chapéu,
suado, suas polainas embarradas,
Cavando as daninhas que ameaçam
Seu plantio de rosas falhas...
Alongo a vista, não materialmente,
Mentalmente sobre outras pessoas
Que amansam a turbulência das
Vidas em comum. são pessoas
Anônimas, varrendo calçadas,
Lavando paredes, limpando esgotos,
Pessoas sem a ilusão das letras,
Apenas compondo a sinfonia muda
Nos arredores do poder central,
Dos que assinam tratados,
Assinam comprados...
E coisas e tal.
cidadania
Caminho por esses caminhos...
Realmente não importa se indo ou vindo,
Defronto com pessoas que dizem bom dia,
Com pessoas que ignoram meu tino,
Com pessoas que me pensam ladino
Enquanto caminho... descaminho,
Culpado das coisas vadias desse dia.,
Vigiados por nós, vistos de viés.
Vêem-me errado com meu passo vesgo
E meus olhos tortos para um lado,
Sou culpado até dos tropeços nos buracos
Desse malfadado calço de rua,
Apenas caminhamos paralelos a nós
Com as coisas da rua, a lâmpada queimada,
A cesta quebrada, o lixo largado
Entre pessoas de fino trato...
Destrato o tratado.
Não faço mais parte desse humilhante lixo
Levado pelo vento...
Já não sou culpado.
mensuramentos
A cada instante que se vive,
Dá-se maior valor à memória
Que ao que se disse...
Vivenciar cada momento do antes,
Agora que somamos dores
No lugar de prazeres.
E como somamos...
Apenas lembrar os idos de cada idade
Favorecidos pela inverdade
Dos acontecidos,
Ou não. A cada pensamento
Uma verdade aflora
Das mentiras que foram embora,
Ou não.
Favas contadas
A força do eco do tic-tac do relógio,
Mais forte que o próprio contabilizar
Das horas, rasgos de um outro fato,
Compassando esse infernal guarda
Sobre nossas tarefas costumeiramente
Amargas...
É assim o desencanto de passar a frio
Cada movimento obrigado de ser,
Entre outros o mais intenso perecer
Do relógio e seu eco assustador
Das tantas... No encanto antigo
De parecer.
Assim se colhe o que se há plantado
Entre o prazer e o amargo trecho
Ladeado pelas hostes de soldados
Que pereceram sem espairecer.
Esta a tarefa costumada amarga
De já não ser.
Acerto de contas
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Pelas nossas contas
Você deveria estar desesperado
E eu pacificado.
Mas a verdade é que ambos
Estamos acomodados em nossas cadeiras,
Espreitando nossas mentiras e verdades,
Separadamente...
Mas ambos com os mesmos motivos,
Temendo os mesmos deuses...
Assim, esperançados,
Nos desesperançamos demais
Olhando os horizontes permeados
Dessas crianças que estão crescendo
Ao redor, sem futuros,
Com suas fomes e suas desilusões...
Com nossas promessas
E nossas quebras de promessas
Desavergonhadamente mentirosos
De nossas histórias de viver
Passados.
À Nelson Rodrigues
Quando se morre mata-se o passado,
E de algum modo o futuro é morto.
Como fora assim o cereal queimado
Deixa sem sombra esquecer olores,
Como assim fora o senhor das terras,
Das artes ou letras, política à parte,
Morre o senhor e sua sombra abate-se
Entre descendentes a cobrir apartes...
Uma só haste pode ter-se viva, outra,
Por lei, completamente esquecida,
O canto emudecido em têmpera eira.
Será a terra extinta de colheitas, mas
A palavra desse morto sobreviverá
Em cada página, por ouvida inteira.
Achados e perdidos
fb
Normal sentir saudades...
Das pessoas idas, das pessoas vindas,
Das coisas desarrumadas
Nos cantos...
Sinto saudades das molequices,
Talvez da falta delas na seriedade
De viver,
De conviver-lhas.
Engraçado como a saudade
Me procura pelas coisas e pessoas
Com que cruzei aleatoriamente
Pelos cantos...
Sinto saudades dessas maluquices
De ver pessoas desconhecidas
E conhece-las...
E conviver-lhas.
Pose para foto
A carne está enrijecida,
Um mapa extenso de veias
Torna-se o gráfico de tal tristeza...
Os ossos mal cobertos
Saltam nos cotovelos,
Velho,
Tu és o passado de beleza?
Ela se foi com a carranca
Dos tempos frios... Um deslize
Pelas bordas das calças
Seu perfil
Parece um nevoeiro.
Sem peles lisas para acariciar
As mãos trêmulas pairam no ar
Desiludida surpresa...
Mas seremos iguais enfim
Na desigualdade de saber
Do tempo vivido até aqui,
E no olhar de cansaço
O por viver.
perdão
O amor de um momento
É o momento,
Não se estende ao firmamento.
Poder-se-ia amar a dois
Por tanto mais tempo
Fora o amor perene...
Esquecimentos.
fidelidades
Pelas costas a matrona se esmera,
Por trás da fera há de sempre haver
Outra fera...
A que se esconde na subserviência
Das situações de escravidão...
Ou quase.
Mas é quando o esposo parte
Que ela acorda-se em diversas
Outras esferas, de amantes a fantasia
De tantas alegorias...
Que fantasma poderia ser a hora
Da catarse?
Pelas trilhas deixa sangue o amante,
A amante acompanha a viagem
Aos rincões de outrem, à margem
De esperas...
Entre as paredes maritais e pegadas
De outras feras.
Mas outra vez se abraçam ternos
Os dois cônjuges enlevados horas,
Agora à condição de pais na paz
Dos lares.
Aqui a volta faz a fantasia de
Querer-se mais.
amarrios
Todos somos amarrados
A uma invisível corda,
Que nos dá liberdade vigiada.
Somos assim trazidos de volta
A cada impensável ato.
Malogradas as formas de fugir,
Voltemos ao convívio de termos
A manso o mando que nos faz
Agir no esperando vir
O termo de soltura antes.
A transparência do vidro
Nos promete horizontes azuis...
Inalcançáveis à distância,
Sonhados por todos o escravos
Desta mesma instância.
Até que estique a corda
Somos livres para tal esperança...
Um casto procurador de metas
Se espanta com tal soltura, mesmo
crendices
Acredito
Que os amigos sobreviverão
Ao mito.
Acredito
Que a fé admoestará
Feitiços.
E quando eu tiver sido
O que premedito, a canção
Não será grito,
Mas o sussurro ao pé do ouvido
Fazendo entender
o não dito.
Acredito
Na paz de viver a família,
Aos gritos?
Nem pensar, se
Forem banidos da violência,
Acredito.
entemente
O presente é a realidade.
Não nos furtemos de realizá-lo
Plenamente.
Amanhã ninguém sabe
Nem saberá porque amanhã
Será o presente do depois.
Assim caminhemos de mãos dadas,
Visto a impossibilidade
Caminhemos de pensamentos dados...
Ouçamos a madrugada
Com suas promessas para o hoje.
Esqueçamos ontens...
Deliberadamente, que incuráveis.
Não nos apressemos para próxima
Madrugada.
Somemos nossas idéias.
Se possível nossos ideais...
Surfemos nesta água límpida
Que filtramos
Das horas mais banais,
Porque todas as horas são
Instantes revividos ou não
Dos outros relembrados,
Nada mais.
Pensemos agora o agora.
Ontem já se cicatrizou, amanhã
Não sei a hora.
Pensemos o presente como razão
De viver os amigos, os filhos,
A paz de poder vê-los assim
Maduros, assim sinceros,
Assim tratados, não como erros,
Mas como sonhados.
Curtamos esta hora das monções,
Estamos em plena primavera,
Mesmo que não.
Depois não sabemos da viagem,
Se podemos zarpar ou não
De nossos portos abafados
De compromissos inadiáveis.
Somos o que a terra chama de sal
A temperar esses momentos
Atualmente válidos entre
os que passaram e os que virão...
A passar por nós... ou
Sobre nós, apressadamente
Esquecidos de sorver exemplos,
Se...
Aqui somamos nossos males,
Aqui somamos nossos olhares,
Aqui somamos nossos falares.
A academia pode esperar,
O prioritário é respirar o agora
Com suas manias de flanar
Suas verdades inda não ditas,
Esperadas emergir.
Assim somemos nossas verdades
Que nossas mentiras afogarão
Em mágoas e mornarão inanimadas
Se...
Pincemos com o coração sem mágoas
A mente limpa de lembranças...
A memória de só saudade.
A esperança é o agora,
Que amanhã será o
Agora de amanhã.
Pensemos assim a mesma água
Correndo o mesmo chão
A meares de aguadas,
Sem outra solução, senão
A de correr o sempre,
Alhures.
Assim somos,
A água que vive pelos veios
E não se acaba neles.
A verdade que advém do enleio
Que não veio.
A paz das guerras acabadas.
A paz não se acaba,
A paz é eternamente grata
À nossa convivência
Dos presentes, ativos, falhos,
Externamente ridentes,
Mesmo que ausentes.
Nesta hora somemos as saudades
Quer a vida comece outra vez
A cada idade.
A cada passo da água rumo ao nada.
A cada passo de mim
Para mim mesmo.
Consolidam-se aqui a verdade
E as mentiras sedimentadas, todas
Num mesmo cimentado piso
Que servirá aos advindos de nós,
Uma vez amparados nisto
De sorrir ao imprevisto.
O presente é a realidade,
Não nos furtemos a realizá-lo.
Pensemos agora o agora.
Ontem já se cicatrizou, amanhã
Não sei a hora.
Depois veremos o depois.
Pensemos assim a mesma água
Correndo o mesmo chão
A meares de aguadas,
Sem outra solução, senão
A de correr o sempre,
Alhures.
Pincemos do coração as mágoas
A mente limpa de lembranças...
A memória de só saudade.
A esperança do agora ficto,
Que amanhã será o
Agora de amanhã.
Maduros, assim sinceros,
Assim tratados, não como erros,
Mas como sonhados.
Curtamos esta hora das monções,
Estamos em plena primavera,
Mesmo que não.
A paz não se acaba,
A paz é eternamente grata
À nossa convivência
Dos presentes, ativos, falhos,
Externamente ridentes,
Mesmo que ausentes.
Nesta hora somemos as saudades
Quer a vida comece outra vez
A cada idade.
A cada passo da água rumo ao nada.
A cada passo de mim
para mim mesmo.
Se consolidam aqui a verdade
E as mentiras sedimentadas, todas
Num mesmo cimentado piso
Que servirá aos advindos de nós,
Uma vez amparados nisto
De sorrir ao imprevisto.
Fácil assim ensinar açodamentos
Sem a razão de cumprir os tentos
Prometidos antes desta hora.
Façamos nossa hora, mesmo falhos
Que, como dizia Millôr:
“Viver é do caralho!”
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
Este foi o pai que convivi,
Sem abraços e beijos, mas
De um amor rude e sincero,
Nas viagens, nas roçadas,
Nos portões dos sítios, que
Faríamos juntos, eu criança
Ele adulto, paciente quando
Saí do exame para exército
Estava esperando para dizer:
Tudo bem? Como a saber,
Conformando revide muda,
Não precisava de palavras.
Este meu pai, me domou
Fez-me pai também, antes
Orientou-me filho a viver,
Que me respeitou pessoa
A conviver a extrema hora
Como iguais, de mesma fé
Este meu pai, um cara bom,
A erigir um lar de sua casa.
O menino
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Definhado
Mostra a fome
armazenada
De dias... meses...
Passado horas a fio
No fio da espera,
O trem chega e parte
Cheio de feras...
Treme as mãos
Pedintes e nem
Se sabe credor...
Que fome é esta
Que agride o olhar
Do benfeitor?
Um cara bom
dedico à memória do passamento do nosso pai Domingos em julho de 1967
fb
Meu pai, sempre o cara bom.
Foi, mas não se deixou levar.
Um dia, inda cedo na sua vida,
Contraiu esta moléstia ferina,
Que o levou tempos depois...
A sua coragem em enfrentar
As desavenças da mala-sorte
Faria suspirar a última vez
Dizendo: tô gelado sim, filha,
Mas não tem importância.
Frente ao desespero da filha,
Que a morte é parte do viver,
A parte mais lógica, explicita
Talvez a mais merecida... Ou
Não, mas a parte mais certa.
Nas incertezas de caminhar
Ele dizia e provou que, enfim,
Chegada sua hora, a coragem
Do homem acima do medo
Do macho raçudo de antes...
Enquanto desviam dinheiros...
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As crianças morrem
Enquanto desviam dinheiros...
As mães choramingam
Enquanto desviam dinheiros...
Os pais suam frio
Enquanto desviam dinheiros...
As escolas fecham
Enquanto desviam dinheiros...
As comportas esvaziam
Enquanto desviam dinheiros...
Os idosos morrem de frio
Enquanto desviam dinheiros...
Os famintos se mordem
Enquanto desviam dinheiros...
As feras trucidam
Enquanto desviam dinheiros...
As outras feras revidam
Enquanto desviam dinheiros...
E, pasmo, o presidente diz
Não saber das coisas
Enquanto desviam dinheiros...
O país estafa, suspira, morre
Enquanto desviam dinheiros.
rock amanhecido
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Abrem-se as ventanas
De uma porta histérica,
Surge atrás da poeira
O sentido da espera.
Apenas dois passaram
A reconhecer os fatos
Que geraram gentes
De alguns quilates,
Uma nova euforia barra
A tristeza,
Hoje é o dia do rock,
Tirando as asperezas
É um bom dia
Para ouvir Raul ou Elvis
Ou o santo ignóbil
Dos retráteis.
cercados
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As cercas de ferro e
As cercas sem ferro
Pouco diferem...
O homem é o predador
Do outro homem...
Assim seremos indefinidamente
Porque
As cercas sem ferro isolam
As mentes dos outros,
Que passam e assustam
Com a desgraça inútil
fatos
fb
Os fatos passados são memória.
Feliz o que pode transformá-los
Em saudade.
desaninhados
fb
É cruel
O confinamento desses jovens
Porque,
Além dos crimes cometidos,
Arruaças,
O que se lhes possa infundir...
A verdade...
Ah, a verdade é que
Desde o berço eles não têm chances.
Nem tiveram berço,
Nem cama, nem mesa,
Apenas a aspereza de pecar,
Pecaminosos...
É cruel
Faze-los pagar pelos erros
Das autoridades, isto é,
Nossos erros!
É cruel
Perceber essa verdade, de que
Nossos erros aprisionam gerações
De depenados pintainhos
No frio das estações...
Desaninhados,
Soltos ao léu.
Aprendiz de aprender
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Consciente da minha ignorância
Erro pelas páginas amareladas
Desses livros, clássicos, imaturos,
À procura de saber-me dessabido
Dos dissabores desse desbundo...
Como esfera, rola a mora à espera
Minha próxima aurora, sendo fera
Entre feras dessei minha demora
Sobre o juízo pleno das propostas
De não sendo fera, habituar a ela.
Que importa nesta roda epifania
Se não a hora sábia que irradia
A compreensão do lido e relido
Em enfim entendido parágrafo
Desse livro em não sendo livro?
Pela rua reaprendo aprender-me
Com a vaga noção de sapiência
Do menino homem amadurecido
Padecendo a dor que a rua impõe
Aos que da rua vivem o sabido.
Sinais de vida
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Ao bater o tição aceso na fogueira,
Estrelinhas de fogo voam ao redor,
Mas não são vidas novidadeiras,
É o fim anunciado daquela brasa.
Assim o olhar vívido do assustado
Não é riso, mas constrangimento
Palpável no gelo das mãos e no
Tremor das pernas incertadas.
Por que, então, falar das dores?
Porque o sangue de meninos jorra
Pelas ruas sombrias dessas vilas
E policiais assustados atiram neles
Confundindo celulares com armas,
Meninos com sequazes...
Como conviver com esta explosão
E rir disso que se passa e aflige
Nossas mentes abandonadas para
Temer um tempo de animálias?
Não, o aceso dos tições não é vida,
É a turbulência de morrer antes.
A rosa branca
fb
A rosa branca... tempo branco,
Fazendo lembrar momentos...
A mente branca de infâncias
Entre o ir e vir trabalhado
Das obrigações de viver...
Conviver? -Talvez...
A meninice passando filmes
Vendo crianças no parquinho
Sacolejando suas energias...
As mentes brancas de malícias,
As pernas ágeis sem preguiça...
De conviver.-Sim.
A rosa branca, enfim entregue
Às mãos cansadas de manejar.
São tantas horas a perambular
Pelas saliências da memória
Meio saudade, um tanto história.
De como viver.-Ainda?
Está por acontecer outra vez
A palidez da infância
Amanhecendo branca
Nas faces lívidas dos netos
Vindo espairecer névoas
Do conviver o novo.
Aquele abraço
25 de julho de 2012
fb
Este caderno meio esgarçado
Constrói momentos dos nadas
E nadas dos momentos.
Assim o que passou não é passado,
apenas experiência,
Para o bom ou para o ruim
Os fatos das vivências esperam
A resposta nos netos do agora,
Semeando boas intenções somos avós
De pequenas colheitas, que perambulam
Pelas casas, batendo bumbos
Nas cabeças zunidas.
A maior de nós, avós,
não convivemos com nossos avós,
por isso caprichamos
Em conviver com nossos netos.
Este caderno, mesmo esgarçado,
Constrói momentos.
Viva nóis!
Desobediência cívica
fb blog
Estão empacotando vidas
Nesses sacos plásticos.
São batatas e cenouras e cebolas e...
Crianças.
E uma espera de cem anos
Para derretê-los, os plásticos
Em sacos, vasos, prateleiras...
E crianças.
Como pode a vida ser dividida
Em recicláveis e orgânicos,
Se somos todos orgânicos...
E recicláveis?!
Fim de semana
fb
Nesta fase,
Em que todos os dias são domingo...
Ou todos os domingos são enfadonhos
demais para serem sexta, é preciso
Reinventar a semana... com chuva ou sol,
Ou extrema lerdeza...
Sair do casulo e experimentar o novo,
De novo... com certeza.
A poesia agora
É uma oração compenetrada de toda hora,
Promessa de alivio para os pecados
De alguém que acreditara neles
Antes de saber que os viveu todos
Das vezes em que penou estradas de lama
E derrotas outras,
Sem miséria.
O princípio da incerteza
fb
Dessalguemos as palavras ásperas
Que não se tornarão insípidas,
Mas palatáveis à primeira ouvida,
Se docemente ditas... entendidas:
O princípio da incerteza à ciência
É “Que tudo é igual a nada”.Mas,
embora não explique a existência,
Diz não haver precisão de um deus...
O princípio da incerteza para leigos
É que nada é igual a tudo.Explica a
existência na crença a Deus, para a
Boa oxigenação do nosso mundo.
O big bang é uma estruturação lenta
Das bases para a tal sobrevivência?
Dessalguemos a palavra final, afinal
Estamos aqui... sobrevivemos!
pastejos
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Nesses meses outonais a vida corre,
Escorre pelos anais das esperas mansas,
Carneiros continuam construindo lãs
A pastejar os vales verdes
Das esperanças...
As coisas estão certas,
Cada uma em seu lugar avistando
Tardes brancas, marambaias joviais
Chegando ou partindo nelas
Sem medo de não voltar.
O sono de ontem acorda vozes,
O silêncio estava tranqüilo...
Mas retorna o menino da feira
Fissurando os carretos apressados
Desses tempos criança...
Nesses tempos a vida dança
A dança dos trigais, entre rezas
E chuvas longas, estreitos vendavais...
Quem pode surrar as dores
Se a dor já não dói mais?
Efeito
aos mensaleiros
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Você sabe por que mentiu?
Você mentiu para satisfazer
Seu ego, não dizer-se frágil.
Remoendo suas dores você
Argúi que não sabia disso...
Que não passou de ano ante
A verdade: nem ter iniciado!
A exclusa maléfica maldade.
.
Você passeia sob os arcos
Desta velha catedral, ápice
De todas as obras primas.
Mas não sabe quando nem
Porque alguém a levantou
Dos escombros das outras.
Como a velha construção
Você traz cacos dos antes.
Cogentes
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Perenemente esmaecem poucos,
Improfícuo feito da ociosidade.
Que a roda do dia, sendo solto,
Sentir-se-á morder na saudade.
Houve tempo, não muito longe,
Atribuído à antiga juvenilidade,
Em que as rodas dos pés soltos
Buscavam ferezas novidades...
Haverá um tempo dito novo a
Repetir o tempo das vontades
Entre necessidades e estorvos,
Assim somos cogentes a nós,
Ao dividirmos noção de dolo
Entre os estorvados moços.
currais
fb
Os pombais da igreja estão vazios.
Incomodava a alguém os pombos
Revoando, colhendo grãos na praça,
Vazia de outras opções de cata.
Talvez, imagino, a liberdade deles,
Que iam para as roças e voltavam
Sem dar atenção à fala pela praça,
Vazia de razão ou sentido, ou jaça.
Será, imagino, tamanha desgraça
Pombos livres da conversa fiada
Desses senhoris donos das praças?
Talvez a época da colheita parca
De uns votos soltos, se vendidos,
Faça a raiva à concorrência nata.
terça-feira, 10 de julho de 2012
guerreira
Aquela menina respira
O mesmo ar de todos nós.
Então, por que não se cansa
De armar-se, como todos nós?
É que os momentos sangrados
Não atuam sobre sua paz,
Apenas sombreiam a paz
Dos outros guerreiros,
Afastados por ferimentos
Ou acovardados pelo medo
De errar.
Aquela menina,
Com outro ar de todos nós,
Ah, vinha com sapatos floridos,
Vestido bordado e sorriso largo
Procurando outro sorriso
Na guerra de momentos ríspidos
Onde atuava sua paz
Assim não se cansou em esperar,
Apenas sorria à ferocidade
E planava sobre
Nosso ar.
As criaturas do ar
As criaturas do ar
Têm um olhar diferenciado
Sobre as coisas que vagam
Nos descampados verdes...
Vêm os roçados de longe,
Donde são sempre lindos,
Sem a aspereza dos suores
Dos capinadores de ervas
Entre canas e limoeiros,
A espera pelos ratos
Inda fadados esperar
Aterramentos erosivos.
As criaturas desse ar
Dos longes vivenciados
Não vêm o fogo ardido,
Apenas o arrazoado.
Cítara
A música enche espaços
Vazios desta hora...
Toca solitário o tocador
A sua clave repetitiva
Sobre a aurora,
Já esperada chegar entre
Louvores.
Derrama-se; fosse chuva,
Entenderia sua leveza
De correr entre paliças,
Os dedos ágeis destreza
Amealhando olhares
Apurados, que passam
A ouvir-la sóbria.
Faz-se paz o momento,
Que aspereza pode
Insurgir-se nesta hora
Se se repete a cítara
Melancólica, a mesma
Nota, posta ao ar nevoso
Desde a aurora?
descaminhos
Estou no caminho certo?
Passam por mim as idéias vencidas,
Exploro a incontinência dos fatos
Gerados à época
Como simples curiosidade
Sobre fatos numéricos.
Estaria no caminho certo
Quando percebi a maturação
Das frutas e idéias que tive
No descaminho das coisas
Que passavam rápido e caíam
Antes de amadurecer?
Estou no caminho certo!
Já que cheguei até aqui apenas com
Poucas cicatrizes e arrependimentos...
Banal pensar nas desilusões de ontem
Se a reparação dos erros pode
Ser o hoje redimido.
Estou no caminho certo,
Com certeza!
oco
No escuro da sala a sala é vazia
Sem a percepção dos olhares frios
De antes, quando insurgia
A mesa e suas adjacências
Enchiam a sala de aparências...
Com uma espécie de curiosidade
Consulto a memória das cadeiras
Entaladas sob a mesa
Puxando os pés que passam
Atrás delas, de soslaio.
Os painéis perdem a cor,
O opaco do escuro faz-me
Daltônico e lúbrico,
Sem o calor do sol de antes,
Ao frio do escuro da gora.
Na vastidão da sala me perco
e me encontro entre
as memórias das peças móveis
E suas inutilidades,
Um vazio sai de dentro de mim.
Enche os vazios ao redor da sala,
Entre cristaleira, mesas e tapetes,
Um telefone toca enraivado,
Mas continua escuro o silêncio
Quebrado agora.
acarinhado
Quando eu vier lá de mim,
Carregado das coisas que vim,
Procura na arcada do tempo
Porque cansei tanto assim.
Apesar do corpo ter esquecido
Aqueles cansaços, a lida
Ainda tem sentido pelo regaço
Das esvaecidas acarinhadas.
Apesar de ter vivido a paz
Na guerra, vem à memória
o tanto que não erra.
Então, procura nessa arcada
Enquanto venho de mim
O motivo de espera.
A pianista
O silêncio oculto no corpo
Ninguém imagina...
Fui tímido em menino?
Todos cresceram. Eu sou.
O assoalho range aos passos novos
A saudade daqueles tempos
De antes, quando o piano acordava
E as avós dos atuais tecladistas
Pensavam-se damas fortes.
O silêncio abate a teimosia de tocá-lo,
Range o medo das próprias mãos
Calosas de enfadar a roça.
Que mãos seriam tão fortes?
A cada treze
Por vagar encantos
Sobre o perfume da hora
Ela borda flores num pano de janela,
Que são suas lágrimas jogadas fora.
Vejo-me como me vês,
Tu que perguntaste há pouco as horas,
Eram já as três da tarde
Preguiçosa de ir-se embora.
Por vagar por esses olhos lacrimosos
Sei que a tristeza borda-te as horas
Nas flores contadas a cada treze
Perfazendo o tempo na demora.
pichação
Esses muros sujos de rabiscos
São as mentes sujas de rabiscos...
Nada pode explicar a face cruel
Dos pichadores de muros sujos,
Como se ferissem a própria pele
Com suas mãos ásperas e
Suas mentes dilapidadas a frio.
As cidades são tristes vitrines
Para alguém que sonhara cores,
As cidades monopolizam a área
Que seria verde, não fora cinza.
As cidades depredadas por nós
Não se safam das lágrimas,
Apenas não as sabem sorver.
Quantos sustos serão preciso
Para o caboclo ingerir esta náusea
Sem cuspi-la com o sangue
Das narinas ardendo o odor fétido
Das latrinas abertas ao desuso,
Se a razão deixou-se levar
Pela brutalidade da fumaça?
O peso das latas de água
Os anjos morenos carregam
Para o banho dos anjos claros
Num céu programado cristão
Com santos de olhares verdes...
Assim já era antes, na corrida
Pelas terras e mares do plano
Revivido aqui, entre altiplanos
As vozes enérgicas gritavam.
Vestida de branco este anjo
Perambulava pelas encostas
O peso arqueando as costas.
Sem latas, vestida de branco,
Enfim ereta, imaculada agora,
Ela estará livre esta noite.
coerção
Agora me acham velho,
Os que me conhecem e
Os que nunca me conheceram...
Eu tinha este encontro marcado,
Não tive como fugir,
Coajam-me a vir, de onde estava,
Com os pés no barro das estradas
Lameando as passagens plácidas
De um amadurecimento lento...
Lento... mas severo em suas ordens,
Branqueando a barba e a mente
E amarecelendo o retrato na parede
Em comunhão comigo aqui
Na cadeira, embalando as idades,
Idas para trás das artes assumidas,
Mortas em cada um de nós.
Agora que me fazem velho
Desato os nós.
Tentativas
Quando tentei viajar os sonos
Era manhã no dia e em mim,
E fomos juntos perambulando
As sombras e os matizes
Que nos fariam felizes...
Assim o dia e eu comungamos
A mesma canção de voejar
Sonhos por onde a realidade
Levanta paredes.
E fomos assim, o sol e eu
Desfazendo sombras
Para o meio do dia.
No dia inteiro vou sucumbindo
Às sombras que se agigantam
Ao redor dos erros.
O sol também se deixa sucumbir,
É que nós dois estamos cansando
De cobrir arvoredos
Com as sombras viscerais de erros,
Donde nossos tempos vêem
Primeiro procurando o ar, e,
Respiramos nosso último arrebol
Nessa intensa luta de cruzar horas,
Criar poleiros para sonhos cansados
De ciscar momentos e bicar
Somente grãos pequenos.
m cara bom
fb
Meu pai, sempre o cara bom.
Foi, mas não se deixou levar.
Um dia, inda cedo na sua vida,
Contraiu esta moléstia ferina,
Que o levou tempos depois...
A sua coragem em enfrentar
As desavenças da mala-sorte
Faria suspirar a última vez
Dizendo: tô gelado sim, filha,
Mas não tem importância.
Frente ao desespero da filha,
Que a morte é parte do viver,
A parte mais lógica, explicita
Talvez a mais merecida... Ou
Não, mas a parte mais certa.
Nas incertezas de caminhar
Ele dizia e provou que, enfim,
Chegada sua hora, a coragem
Do homem acima do medo
Do macho raçudo de antes...
Este foi o pai que convivi,
Sem abraços e beijos, mas
De um amor rude e sincero,
Nas viagens, nas roçadas,
Nos portões dos sítios, que
Faríamos juntos, eu criança
Ele adulto, paciente quando
Saí do exame para exército
Estava esperando para dizer:
Tudo bem? Como a saber,
Conformando revide muda,
Não precisava de palavras.
Este meu pai, me domou
Fez-me pai também, antes
Orientou-me filho a viver,
Que me respeitou pessoa
A conviver a extrema hora
Como iguais, de mesma fé
Este meu pai, um cara bom,
A erigir um lar de sua casa.
endemia
A infestação de corruptos(e corruptores) invade todas as esferas governamentais. Então, por que não reagimos? Penso que é como pernilongo com índio, parece que se acostumaram um com o outro, você não vê índio se coçar, mas se tem um branco perto, ele está se coçando de tanto ser picado... você vê alguém acostumado se coçando com as notícias do cachoeira? Só brasileiros que moram fora. Os daqui, nós, índios do dia a dia com essas picadas virulentas, estamos vacinados.
Já dissertei aqui sobre José Carlos Rodrigues, assessor de gabinete do ministério da fazenda de Dom Pedro II, que aplicou um golpe falsificando assinatura de seu chefe e sacando na boca do caixa. Na época foi condenado e fugiu do país, depois foi proclamada a república, que o nomeou embaixador em Londres, mesmo sendo procurado pela justiça!
No século XIII a.C. o Faraó Ramsés II já se via enroscado nessas artimanhas de corrupção, segundo a história, e, com toda a sua autoridade de Santidade, não resolveu a questão amistosamente. O Egito não mudou muito...
No Império Romano a mesma endemia dizimou a autoridade e fez fenecer o resultado das grandes conquistas. Berlusconi é a prova viva de que não mudou também..
Nos paises asiáticos, segundo consta, corruptos e corruptores são condenados à morte, e, volta e meia aplicam a lei, mas assim mesmo temos lido sobre ministros de lá com a mão na massa. Se, ameaçados de morrer se arriscam, imagine onde a ameaça é apenas perder o cargo, pelo qual já não se abanam, com seus bolsos forrados, por aqui..
O poder público desde sempre vive em estado falimentar nesse quesito, é fonte de desavenças financeiras, porque os tributos são parte societária de todas as empresas e profissionais de qualquer natureza, sem sujar as mãos literalmente na graxa do dia a dia, sujam-nas na aplicação de sua porcentagem imposta.
Diferente da jabuticaba, este não é um produto exclusivo do Brasil, nos Estados Unidos também corre solta, o vice-presidente renunciou faz um tempo pelo mesmo motivo do Arruda por aqui, no Japão o primeiro ministro também caiu. Na Bélgica, na França, na Itália, etc. o maior problema atual na Grécia parece ser o mesmo dos antigos gregos... na Inglaterra até a Scotland Yard entrou nessa fria!
A futura vacina contra essa endemia talvez seja a computação, que está globalizando os mundos que cabem neste mundo num só patamar: a transparência. Se é que isto inibiria a cara de pau de certos cidadãos... esperemos... esperemos...
segunda-feira, 11 de junho de 2012
O livro dos nadas
calendario
O livro dos nadas
E das coisas nenhumas...
Bem, se Deus criou
Esse mundo assim,
Cheio de coisas nenhumas,
Como os insetos
E a transparência dos nadas,
Por que negar que o mundo
Não é nosso,
Enquanto humanos?
Amiúde
Essas coisas nos mordem,
De raiva?
Da distração nossa
De não vê-las passando.
Sinto
Sinto arder às narinas
Como estivesse voltando...
Mas, não é bom voltar
Ao principio, ao verbo,
Às infâncias dos homens?
Talvez descobrir o Sorriso,
O primeiro grito sem horror...
O espasmo, Talvez a prima
Corola perfumada da flor...
Ao dito por não dito.
O medo perpassa a idéia
De que voltar possa ser
Assassinar a nova geração
Que não haveria de ser
Exposta assim sem razão.
Mas insisto: gostaria de ver
O princípio do Éden,
Esta estrela que brilha e
Se cria, respirando o éter
Denominado Poesia!
A invenção da saudade
calendario
Também tive infância,
Hora bonita de conhecer a partir
Do quintal e da rua empoeirada,
Outros lugares menos distantes
Tornados próximos
Com a leitura das fábulas.
Lugares febris, lavra sangrada
Entre matas virgens,
Estradas, museus, caminhos
No meio dos nadas...
Tão caros aos olhos quanto
As catedrais de Gaudi.
Tempo de ir apalpando a vida,
A medo, curiosidade e cuidado.
Revendo aqui e ali imagens
Desatualizadas de ser.
Assim descobri assustado
A invenção da saudade.
monotonamente
calendario
Viver é de uma lentidão
Monotonamente perigosa...
Os meninos querem chegar,
Os velhos não querem sair.
Para que? Retornar
Para enciumar os outros,
Que estarão bengalando
Os passos trôpegos...
Um jogo de paciência,
Não é pra quem não sabe
O valor de saber jogar.
Viver é mesmo isto,
Entre as opções de ficar,
A opção de partir...
quandos
Quando eu me for,
Não por querer, mas por ter partido,
Levarei comigo a saudade das coisas...
O rosa das flores, o verde das tardes,
O escuro do quarto, o claro da sala...
Uma impressão de vida nas vidas
Geradas por mim.
Quando eu me for
Serei desesquecido, que lembrar é
Tanto mais que vivido...
Verei por aqui as flores esmaecidas
Das cores que vivo, e,
Nas gerações de mim talvez o sentido
De eu ter vivido.
Colheita
Talvez não seja lógico
Mas a velhusca frase:
“Colherás o que planta”
Não tem mais sentido...
Bandido filho de bandido?
Puta é filha de família...
Político de botequeiro...
Engenheiro de frentista.
Ou tô errado de novo?
Eu, quase ateu, de pais
Religiosos, e, este escrito
É ao menos prosa?
É um poemeu, meio trova,
Meio glosa, meio sem pai,
Como eu, caído do léxico
E se explica em hebreu.
quandos
Quando eu me for,
Não por querer, mas por ter partido,
Levarei comigo a saudade das coisas...
O rosa das flores, o verde das tardes,
O escuro do quarto, o claro da sala...
Uma impressão de vida nas vidas
Geradas por mim.
Quando eu me for
Serei desesquecido, que lembrar é
Tanto mais que vivido...
Verei por aqui as flores esmaecidas
Das cores que vivo, e,
Nas gerações de mim talvez o sentido
De eu ter vivido.
Espantos
Espanta-me como
As crianças de minha infância
Estão tão envilecidas
Quanto envelhecidas...
Somos tracejados
Pela inconstância de viver
Assim, como sem passado
Ou sem querer se ver.
Espanta como as coisas
Envelhecem firmes, com caráter
E uma personalidade de doer...
Tanto quanto as árvores,
As mesas de bilhar,
As banquetas de um bar lembrado
De não deixar de ser.
Os copos, os apetites...
A vida por desmerecer
As vidas que envileceram sem viver.
As coisas mais que nós
Sabem bem envelhecer.
Uma música
Uma música... uma música persiste
No brocardo das memórias,
Separado do adágio das atualidades,
Me explora a mente aguçada
Para as remessas dos ontens,
Feito sacadas para uma paisagem.
Uma música, esta música invade
Meus pensamentos de agora
Trazendo de lá a saudade
Das coisas fúteis da época,
Agora rememoráveis.
Esta música traz da infância
A cor do som que pairava
Nuns sentimentos banais,
Agora tão necessários.
Sumidas horas não mais
Aprimoradas a vencer
As novidades...
O parecer da vontade
De voltar... voltar
Para lá.
Das franquezas
As palavras voam para este papel
Em branco...
Agora podemos dialogar nesta língua
De hieróglifos e permanecer
Estalando os dedos,
Rebuscando dicionários de nada saber
Dos sentimentos...
Aqui somamos nossas ignorâncias
E lemos nossos pensamentos/sentimentos.
Hostis às palavras chaves
Desviamos para o descaminho
Das abreviaturas informais,
Agora sim, podemos conversar de mano.
Sem sinais ou insinuações.
Pedra é pedra
Pau é pau.
Letra por letra o final.
endemia
A infestação de corruptos(e corruptores) invade todas as esferas governamentais. Então, por que não reagimos? Penso que é como pernilongo com índio, parece que se acostumaram um com o outro, você não vê índio se coçar, mas se tem um branco perto, ele está se coçando de tanto ser picado... você vê alguém acostumado se coçando com as notícias do cachoeira? Só brasileiros que moram fora. Os daqui, nós, índios do dia a dia com essas picadas virulentas, estamos vacinados.
Já dissertei aqui sobre José Carlos Rodrigues, assessor de gabinete do ministério da fazenda de Dom Pedro II, que aplicou um golpe falsificando assinatura de seu chefe e sacando na boca do caixa. Na época foi condenado e fugiu do país, depois foi proclamada a república, que o nomeou embaixador em Londres, mesmo sendo procurado pela justiça!
No século XIII a.C. o Faraó Ramsés II já se via enroscado nessas artimanhas de corrupção, segundo a história, e, com toda a sua autoridade de Santidade, não resolveu a questão amistosamente. O Egito não mudou muito...
No Império Romano a mesma endemia dizimou a autoridade e fez fenecer o resultado das grandes conquistas. Berlusconi é a prova viva de que não mudou também..
Nos paises asiáticos, segundo consta, corruptos e corruptores são condenados à morte, e, volta e meia aplicam a lei, mas assim mesmo temos lido sobre ministros de lá com a mão na massa. Se, ameaçados de morrer se arriscam, imagine onde a ameaça é apenas perder o cargo, pelo qual já não se abanam, com seus bolsos forrados, por aqui..
O poder público desde sempre vive em estado falimentar nesse quesito, é fonte de desavenças financeiras, porque os tributos são parte societária de todas as empresas e profissionais de qualquer natureza, sem sujar as mãos literalmente na graxa do dia a dia, sujam-nas na aplicação de sua porcentagem imposta.
Diferente da jabuticaba, este não é um produto exclusivo do Brasil, nos Estados Unidos também corre solta, o vice-presidente renunciou faz um tempo pelo mesmo motivo do Arruda por aqui, no Japão o primeiro ministro também caiu. Na Bélgica, na França, na Itália, etc. o maior problema atual na Grécia parece ser o mesmo dos antigos gregos... na Inglaterra até a Scotland Yard entrou nessa fria!
A futura vacina contra essa endemia talvez seja a computação, que está globalizando os mundos que cabem neste mundo num só patamar: a transparência. Se é que isto inibiria a cara de pau de certos cidadãos... esperemos... esperemos...
As similaridades
Estive, de visita, em uma cidade do Estado, fiquei impressionado com a precariedade das ruas, esburacadas, sujas, com falha na iluminação dos postes, com as lixeiras quebradas, com os famosos orelhões estraçalhados, com obras inacabadas, de outras gestões, abandonadas em desserviço aos usuários, notei que as árvores estavam podadas irregularmente, obedecendo uma estranha fantasmagórica ordem de cortes avessos sob a fiação elétrica, decepadas em seu interior e desbragadas nas laterais, invadindo outros espaços, cobrindo a visão das placas de sinalização, isto nas poucas existentes, na maioria das calçadas só havia um tufo de ervas daninhas sobre os troncos cortados rente ao chão, que um dia foram frondosos, (talvez um tsunami não teria feito tanto estrago permanente). As calçadas de antigamente erodidas pelas cicatrizes das companhias de água, luz, telefone, e o escambal, que impiedosamente perfuraram pedras ornamentais e arremataram com cimento bruto, tão bruto que deixaram a impressão de propositadamente esculhambados, para ser refeitos por quem se sentir lesado. Fui procurar o cartório para resgatar um documento de um parente, recepcionado por um funcionário sem aptidão, ou vontade, ou preguiça enfadonha de cumprir o horário de braços cruzados sobre sua estabilidade, passou para uma outra moça, que discutia como iria vestir-se para um casamento vindouro, e ficou olhando-me como se esperasse que eu desistisse de importuná-la com picuinhas, vendo que eu não saía do balcão gasto e rabiscado por outros pacientes contribuintes, decidiu me atender.
De volta à rua, tomei consciência da familiaridade que senti, vendo pessoas num ponto de ônibus circular, sob o sol, em pé, senhoras de idade, com suas varizes doídas, senhores curvados, uma gestante suando frio, duas crianças impacientes se digladiando, à espera de uma condução que deveria ter passado há algum tempo por ali, e que, sem cerimônia nenhuma, os recolhe periodicamente, sem horário fixo, sem o pudor de envergonhar-se pelo atraso, pelo desmazelo, pelas freadas bruscas...
Procurando outras coincidências, notei uns mendigos “cuidando” de carros estacionados, uns menores mal encarados na esquina, um outro menor passeando sua vagabundagem numa camionete importada, extravasando sua perplexidade com o som estrondosamente alto, exibindo sua filiação perdulária, talvez a única forma de sentir-se querido, coitadinho... meninos sem destino, por falta ou excesso de regras.
Já findando o dia, saí “de fininho”, desviando dos buracos nas ruas, cuidando dos motoqueiros apressados que tentavam me abalroar, com muita atenção as placas de mão e contramão, as preferenciais ocultas na imaginação de quem as propôs, voltando rapidinho para meu cantinho, porque aqui já conheço os mendigos, os buracos, os menininhos e suas artimanhas, e posso respirar quase tranquilamente, estou em casa.
domingo, 13 de maio de 2012
Os que não estão mortos
Os que não estão mortos
Estão se pensando vivos.
Estranha visão de caminhadas...
Varreduras aos atos
plenos de mágoas,
tudo revendo valores
dos que morreram antes.
Os que não estão mortos
Votam nos inescrupulosos,
Vale a pena batalhar
Nesse brejo, encalhados
Nele como carros vesgos?
É que, enquanto vivos,
Propensos ao erro.
Os que estão mortos
Traduzem olhos chorosos
Com preces, na pressa de
Somar-se aos vivos aqui,
Entre desviados erros
E verdades oriundas
Deles, outra vez vedados.
Os que não estão mortos
Os que não estão mortos
Estão se pensando vivos.
Estranha visão de caminhadas...
Varreduras aos atos
plenos de mágoas,
tudo revendo valores
dos que morreram antes.
Os que não estão mortos
Votam nos inescrupulosos,
Vale a pena batalhar
Nesse brejo, encalhados
Nele como carros vesgos?
É que, enquanto vivos,
Propensos ao erro.
Os que estão mortos
Traduzem olhos chorosos
Com preces, na pressa de
Somar-se aos vivos aqui,
Entre desviados erros
E verdades oriundas
Deles, outra vez vedados.
relembra mentos
O tempo diria
Que afrouxei...
É que fazia tudo fácil uma vez,
Uma vez passada a infância
Regulei a adolescência
Pelos atos desata
dos
De um nó hiato.
Depois... o hoje,
Vagarosamente caminhado
Sobre pernas bambas e
Pensamentos no passado...
Assim somos sempre,
Capazes de lembrar e
Mentir
Esquecimento.
azuis
Quando tudo parece azul
Eis que levanta algum
Vermelho,
Pequena memória
Dos tempos difíceis
De antes...
Seria fácil esquecer?
Mas o sol,
O sol ilumina
Tal incerteza e
Clareia a idéia de ceder
Ao esquecimento...
Simples assim?
Não, apenas factível
Na longa espera
Pela solução
De outrem... Quando
Tudo estava azul.
estética
Preenchendo de carne
Os ossos brancos,
as faces dos crânios,
Os pés descalços...
Para que esta cirurgia
Tão plástica?
O invólucro
Mereja a escondida dor
Da carne
Entre dedos ágeis e
Malfadados intentos
Frágeis.
Uma mente sofrendo
A decisão dos errados,
Como fora antes
Manipulado.
Quem pode costurar
Esta fissura?
Messiânico
Palavras ditas ao vento
Surpreendendo multidões
De ouvidos desatentos...
Assim a história conta estórias
De outros tempos...
Passado sem limites de espera,
Apenas a inglória morte
Dos soldados, dos escravos,
Dos construtores de pirâmides
Malfadadas ao limite
Das forças desumanas.
Palavras... Palavras...
Apenas discursivo motivo
Para entreter a polis
Nos templos daquele tempo...
De hoje, de amanhã...
Seremos sempre desavisados
Desses messias barulhentos...
Cantores e faladores
De novo tempo,
Surpreendendo multidões
De ouvidos desatentos.
Marca de giz
O silêncio deste homem
O faz perdoado porque
A alma daquele homem
Absorve a de seu corpo,
Extenuado, mas ainda
À procura do brilho do
Mesmo diamante que
Em infância procurava.
Na ingenuidade pesou
Seus pecados, a dor de
Dedos tortos estresia as
De seu caráter arruado.
O seu silêncio é defesa
Do medo de ser cobrado
Como fora seu parceiro,
Seu passado.
olhas secas
As folhas fazem a história
De todas as plantas,
de verdes promessas,
Até que um dia, numa manhã,
Apodreçam.
Depois seremos iguais...
Folhas secas voando
Acumulando-se
Nos fundos dos quintais.
Marca de giz
O silêncio deste homem
O faz perdoado porque
A alma daquele homem
Absorve a de seu corpo,
Extenuado, mas ainda
À procura do brilho do
Mesmo diamante que
Em infância procurava.
Na ingenuidade pesou
Seus pecados, a dor de
Dedos tortos estresia as
De seu caráter arruado.
O seu silêncio é defesa
Do medo de ser cobrado
Como fora seu parceiro,
Seu passado.
Messiânico
Palavras ditas ao vento
Surpreendendo multidões
De ouvidos desatentos...
Assim a história conta estórias
De outros tempos...
Passado sem limites de espera,
Apenas a inglória morte
Dos soldados, dos escravos,
Dos construtores de pirâmides
Malfadadas ao limite
Das forças desumanas.
Palavras... Palavras...
Apenas discursivo motivo
Para entreter a polis
Nos templos daquele tempo...
De hoje, de amanhã...
Seremos sempre desavisados
Desses messias barulhentos...
Cantores e faladores
De novo tempo,
Surpreendendo multidões
De ouvidos desatentos.
estética
Preenchendo de carne
Os ossos brancos,
as faces dos crânios,
Os pés descalços...
Para que esta cirurgia
Tão plástica?
O invólucro
Mereja a escondida dor
Da carne
Entre dedos ágeis e
Malfadados intentos
Frágeis.
Uma mente sofrendo
A decisão dos errados,
Como fora antes
Manipulado.
Quem pode costurar
Esta fissura?
azuis
Quando tudo parece azul
Eis que levanta algum
Vermelho,
Pequena memória
Dos tempos difíceis
De antes...
Seria fácil esquecer?
Mas o sol,
O sol ilumina
Tal incerteza e
Clareia a idéia de ceder
Ao esquecimento...
Simples assim?
Não, apenas factível
Na longa espera
Pela solução
De outrem... Quando
Tudo estava azul.
relembra mentos
O tempo diria
Que afrouxei...
É que fazia tudo fácil uma vez,
Uma vez passada a infância
Regulei a adolescência
Pelos atos desatados
De um nó hiato.
Depois... o hoje,
Vagarosamente caminhado
Sobre pernas bambas e
Pensamentos no passado...
Assim somos sempre,
Capazes de lembrar e
Mentir
Esquecimento.
Os que não estão mortos
Os que não estão mortos
Estão se pensando vivos.
Estranha visão de caminhadas...
Varreduras aos atos
plenos de mágoas,
tudo revendo valores
dos que morreram antes.
Os que não estão mortos
Votam nos inescrupulosos,
Vale a pena batalhar
Nesse brejo, encalhados
Nele como carros vesgos?
É que, enquanto vivos,
Propensos ao erro.
Os que estão mortos
Traduzem olhos chorosos
Com preces, na pressa de
Somar-se aos vivos aqui,
Entre desviados erros
E verdades oriundas
Deles, outra vez vedados.
oratório
Este deus que pregam na Tv
Não é o meu Deus,
O que batalha comigo
Minhas indecisões
E aprova minhas derrotas
Quando merecidas
E minhas vitórias na
História da vida.
Esta é minha alma decidida
Que não está no discurso
Dos livros ecumênicos.
Apenas carrego no peito,
invisível,
O mesmo dilema
De não estar sozinho
Na solidão dos termos.
As similaridades
Estive, de visita, em uma cidade do Estado, fiquei impressionado com a precariedade das ruas, esburacadas, sujas, com falha na iluminação dos postes, com as lixeiras quebradas, com os famosos orelhões estraçalhados, com obras inacabadas, de outras gestões, abandonadas em desserviço aos usuários, notei que as árvores estavam podadas irregularmente, obedecendo uma estranha fantasmagórica ordem de cortes avessos sob a fiação elétrica, decepadas em seu interior e desbragadas nas laterais, invadindo outros espaços, cobrindo a visão das placas de sinalização, isto nas poucas existentes, na maioria das calçadas só havia um tufo de ervas daninhas sobre os troncos cortados rente ao chão, que um dia foram frondosos, (talvez um tsunami não teria feito tanto estrago permanente). As calçadas de antigamente erodidas pelas cicatrizes das companhias de água, luz, telefone, e o escambal, que impiedosamente perfuraram pedras ornamentais e arremataram com cimento bruto, tão bruto que deixaram a impressão de propositadamente esculhambados, para ser refeitos por quem se sentir lesado. Fui procurar o cartório para resgatar um documento de um parente, recepcionado por um funcionário sem aptidão, ou vontade, ou preguiça enfadonha de cumprir o horário de braços cruzados sobre sua estabilidade, passou para uma outra moça, que discutia como iria vestir-se para um casamento vindouro, e ficou olhando-me como se esperasse que eu desistisse de importuná-la com picuinhas, vendo que eu não saía do balcão gasto e rabiscado por outros pacientes contribuintes, decidiu me atender.
De volta à rua, tomei consciência da familiaridade que senti, vendo pessoas num ponto de ônibus circular, sob o sol, em pé, senhoras de idade, com suas varizes doídas, senhores curvados, uma gestante suando frio, duas crianças impacientes se digladiando, à espera de uma condução que deveria ter passado há algum tempo por ali, e que, sem cerimônia nenhuma, os recolhe periodicamente, sem horário fixo, sem o pudor de envergonhar-se pelo atraso, pelo desmazelo, pelas freadas bruscas...
Procurando outras coincidências, notei uns mendigos “cuidando” de carros estacionados, uns menores mal encarados na esquina, um outro menor passeando sua vagabundagem numa camionete importada, extravasando sua perplexidade com o som estrondosamente alto, exibindo sua filiação perdulária, talvez a única forma de sentir-se querido, coitadinho... meninos sem destino, por falta ou excesso de regras.
Já findando o dia, saí “de fininho”, desviando dos buracos nas ruas, cuidando dos motoqueiros apressados que tentavam me abalroar, com muita atenção as placas de mão e contramão, as preferenciais ocultas na imaginação de quem as propôs, voltando rapidinho para meu cantinho, porque aqui já conheço os mendigos, os buracos, os menininhos e suas artimanhas, e posso respirar quase tranquilamente, estou em casa.
DAS IMPUDÊNCIAS
José Carlos Rodrigues, assessor de gabinete do ministério da fazenda de Dom Pedro II, que aplicou um golpe falsificando assinatura de seu chefe e sacando grana na boca do caixa. na época foi condenado e fugiu do país, depois foi proclamada a república, que nomeou-o embaixador em Londres, mesmo sendo procurado pela justiça!
Descaramento, impudor, despudor da pior espécie, a que rouba de quem não tem, quando rouba dinheiro público (de todos) rouba a tranqüilidade do abonado e comida do desabonado. A inconsciência do corrupto, e do corruptor, impressiona pela constância de atos ilícitos absolvidos no correr dos anos. Ladrões que roubaram nas décadas passadas estão em plena atividade esquecidos pela repetida ação de novos usurpadores, que encobrem com uma cortina de fumaça os atos passados, com suas estripulias. Quem se lembra do João Alves, dos anões do orçamento? Das falcatruas da LBA de Rosane Collor? Dos 70 bilhões desviados do INCRA? Das bicicletas e guarda-chuvas da Fundação Nacional de Saúde, comprados a preço de automóveis? Das 1.700 toneladas de livros da Fundação de assistência ao Estudante, desviados e vendidos como aparas, enquanto os estudantes chupavam o dedo? Da Central de Medicamentos, com seus carros e seringas descartáveis sumidos? Da ferrovia norte sul, escandalosamente orçada? Do Sistema Marajoara, de capitação de água para o Rio de Janeiro, e seus 800 milhões de dólares de prejuízo? Do Abi-Ackel e suas pedras preciosas? Das contas secretas do Morgan, de milhões em nome de brasileiros ocultos? Dos desfalques no INAMPS? Quase não lembramos dos atores do mensalão, das malas despudoradas, das cuecas recheadas, do vai e vem do Lalau, do vem e vai do Maluf, do Quércia, etc...
A polícia faz sua parte. Focando um período: entre 2003 e 2004 prendeu 245 pessoas, dessas 64 foram a julgamento, e pasmem, DUAS estão presas!! O que os faz imunes? Os processos estão mofando! Por que a justiça não faz justiça, tratando todos como iguais? Os ladrões de ninharias pagam por seus “erros”. Desafio qualquer um visitar uma cadeia, verá que estão superlotadas, e pinçar de lá UM meliante classe A!
Como no clássico Mensalão, o dinheiro sumiu! A polícia os entregou algemados, nós aplaudimos, no dia seguinte estavam soltos, os processos é que estão presos! Milhares de crimes apreciados, 40 pessoas denunciadas, um advogado dizendo que é ficção, -Na Suprema Corte? E como ficam os juizes? A medir pelos trinta anos do processo Paulipetro, daqui a trinta anos os mensaleiros serão julgados? Nem Ali Babá acredita!
www.sergio.donadio@yahoo.com. sergiodonadio.blogspot.com/
CPF 006610319-34
Dados: brasileiro, maior, residente Rua das Garças 500 em Arapongas Pr.Fone 32741087 e 99642745 assinante da Folha, escritor/poeta, quatro livros editados, artigos publicados,
terça-feira, 17 de abril de 2012
As cores cinza
Essas cores cinza
Dos palácios europeus
Trazem à mente as cores
Que a velhice
Das pessoas
Perdeu...
O cinza das memórias,
O cinza das lembranças
Dos outros, nas datas
Importantes que o tempo
Apagou, por
Distantes...
Essas cores, cinza
Dos tempos, válidas para
Descrever o suor
Dos medos e arrepios,
Do amor, ou desamor,
Que feneceu.
Essas cores cinza
Dos palácios europeus
Trazem à mente as cores
Que a velhice
Das pessoas
Perdeu...
O cinza das memórias,
O cinza das lembranças
Dos outros, nas datas
Importantes que o tempo
Apagou, por
Distantes...
Essas cores, cinza
Dos tempos, válidas para
Descrever o suor
Dos medos e arrepios,
Do amor, ou desamor,
Que feneceu.
A semana
Entre 11 e 18 de fevereiro de 1922, foi realizada a semana de Arte Moderna, idealizada pelo pintor Di Cavalcante, celebrizada por Oswald e Mario de Andrade na literatura e por Anita Malfatti na pintura, fazia parte das celebrações do centenário de Independência, criticada por Monteiro Lobato e outros, apoiada por Guilherme de Almeida e outros, recriminava a perfeição estética do século XIX, abrindo horizontes para novas idéias em literatura e artes em geral. Manuel Bandeira foi vaiado quando apresentavam seu poema os sapos, depois muito consagrado. Anita Malfatti não foi aceita. Com o quadro o Abaporu Tarsila do Amaral também foi criticada, consagrado depois. Heitor Villa-Lobos na música, Gilberto Freire e tantos outros, mas hoje é unanimidade a projeção da semana para as artes no Brasil. 90 anos depois, soa meio sem sentido rotular a arte modernista. O que seria modernismo? Portinari ou De Chirico? Picasso ou Dali? Da Vinci ou Michelangelo? Parece-me que tudo é arte extemporânea. Drummond ou Cacaso? Nessa seara quero citar: ”Nutre-nos a esperança enganadora, ansiosamente lutamos para alcançar o inatingível, como vivemos um breve dia, filho, não nos iludamos...” este trecho é de um poema do século VII antes de Cristo! “Vou de adeus em adeus atrás de nova ilusão, amores que foram meus agora de quem serão” esta do século XXI.. “Com minha arte firo mortalmente aqueles que me ferem” pensa bem, que modernismo este de Alcmeão, séculos antes de Cristo... Mas, o ranço do século anterior ao nosso, tinha alergia por versos brancos, a arte sem sombras expressivas. Enfim, anos depois os movimentos tropicalismo e bossa nova ainda são herdeiros daquela semana, que mudou o parâmetro dos conceitos e abriu as portas para essas experiências vindouras.
Em 1922, além da comemoração dos 100 anos da Independência, em 7 de setembro, tivemos o levante do exército contra o governo, a eleição de Artur Bernardes para Presidente, lá fora teve a dissolução do império otomano, a formação da união soviética, o falecimento do Papa Bento XV, e, para esmagar, a criação do imposto de renda cá.
Voltando ao assunto: Aos noventa anos da semana, aqueles que deram a cara para bater já se foram, resta a obra que deixaram, os herdeiros que os glorificam, a nova maneira de ver o mundo aceitando a diversidade de versos e tinturas, proliferando a palavra diversa da palavra, assim é que cultuamos a herança, asseguramos a perenidade do proposto. Parece fácil agora que se abriram as portas, mas o modernismo preconizado naquela época levou pedrada, é preciso que se o respeite sempre por isso.
Entre 11 e 18 de fevereiro de 1922, foi realizada a semana de Arte Moderna, idealizada pelo pintor Di Cavalcante, celebrizada por Oswald e Mario de Andrade na literatura e por Anita Malfatti na pintura, fazia parte das celebrações do centenário de Independência, criticada por Monteiro Lobato e outros, apoiada por Guilherme de Almeida e outros, recriminava a perfeição estética do século XIX, abrindo horizontes para novas idéias em literatura e artes em geral. Manuel Bandeira foi vaiado quando apresentavam seu poema os sapos, depois muito consagrado. Anita Malfatti não foi aceita. Com o quadro o Abaporu Tarsila do Amaral também foi criticada, consagrado depois. Heitor Villa-Lobos na música, Gilberto Freire e tantos outros, mas hoje é unanimidade a projeção da semana para as artes no Brasil. 90 anos depois, soa meio sem sentido rotular a arte modernista. O que seria modernismo? Portinari ou De Chirico? Picasso ou Dali? Da Vinci ou Michelangelo? Parece-me que tudo é arte extemporânea. Drummond ou Cacaso? Nessa seara quero citar: ”Nutre-nos a esperança enganadora, ansiosamente lutamos para alcançar o inatingível, como vivemos um breve dia, filho, não nos iludamos...” este trecho é de um poema do século VII antes de Cristo! “Vou de adeus em adeus atrás de nova ilusão, amores que foram meus agora de quem serão” esta do século XXI.. “Com minha arte firo mortalmente aqueles que me ferem” pensa bem, que modernismo este de Alcmeão, séculos antes de Cristo... Mas, o ranço do século anterior ao nosso, tinha alergia por versos brancos, a arte sem sombras expressivas. Enfim, anos depois os movimentos tropicalismo e bossa nova ainda são herdeiros daquela semana, que mudou o parâmetro dos conceitos e abriu as portas para essas experiências vindouras.
Em 1922, além da comemoração dos 100 anos da Independência, em 7 de setembro, tivemos o levante do exército contra o governo, a eleição de Artur Bernardes para Presidente, lá fora teve a dissolução do império otomano, a formação da união soviética, o falecimento do Papa Bento XV, e, para esmagar, a criação do imposto de renda cá.
Voltando ao assunto: Aos noventa anos da semana, aqueles que deram a cara para bater já se foram, resta a obra que deixaram, os herdeiros que os glorificam, a nova maneira de ver o mundo aceitando a diversidade de versos e tinturas, proliferando a palavra diversa da palavra, assim é que cultuamos a herança, asseguramos a perenidade do proposto. Parece fácil agora que se abriram as portas, mas o modernismo preconizado naquela época levou pedrada, é preciso que se o respeite sempre por isso.
O mundo da carochinha
O dia hoje me parece o mundo da carochinha, de mentirinha em mentirinha as coisas vão rolando. Na internet é gente dizendo-se bonita e estudada e especialista em coisas várias... é gente de 60 passando por 15... e outras coisitas mais do mundo virtual. Mas o que mais afeta minha, digamos sensibilidade, são as ofertas para os próximos cinco minutos, se você já ligou para estes sites, vai ver que na maioria das vezes o tempo acabou. Tem também as ofertas de carros semi-novos pela metade do preço do mercado, de computadores em Hong Kong, de pedido em catálogo, de compra programada, de entrada para jogos e shows, cruzeiros com tudo incluído, super saldão, curso com um mês grátis, assinatura com tantos jornais grátis... enfim, toda enrolação possível! Isso a uma distância presumida segura para não ouvir a grita da revolta dos pseudo-compradores.
“Enquanto durar o estoque”. Esta frase trouxe para a realidade da esquina a virtualidade da internet, de corpo presente, frente a frente os caras de pau vendem o que não tem, na maior. Especificamente um supermercado de nossa Arapongas, gente tradicional daqui, ofertou para hoje ovos de páscoa pela metade do preço, ao meio dia não tinha mais! Bem, ou eles não conhecem o potencial de venda ou não conhecemos o potencial de cara de pau deles.
É preciso reciclar o gerenciamento porque isso enerva mais gente do que contempla outras que, oportunamente encheu a burra com os tais ovos em oferta, gente que nem sabia o endereço antes, que foi terminar sua compra em outro local, onde tem intimidade de passar um chequinho de fora, de terceiro na boa. Interessa este cliente, em detrimento do corriqueiro, que ia levar fruta , verdura, pão, leite, e...ovos de páscoa em oferta? tinha gente saindo nervosa, deixando o carrinho com outras compras para trás. É um desacato ao freguês de todo dia, chegar à suposta boa compra, e...
Já não basta a segunda verde, a terça da carne, a quinta do peixe, a sexta da fome?! É por isso que um mercado “de fora” entra e “rouba” a cena, com o pão 30% mais barato, o refrigerante mais barato, TODOS OS DIAS. Mesmo que em outras coisas o preço seja mais caro, há mais sinceridade aparentemente.
Penso que chegamos a um momento em que o desrespeito ao cidadão abraca setores antes impermeabilizados contra essas falcatruas. Já tínhamos as ofertas, vagas, da internet, as promessas de candidatos a cargos eletivos, o aguarde um minuto, o espaço para idosos, o expressamente proibido cobrar deposito adiantado para atendimento médico... tudo de mentirinha.
Na verdade, desviamos de ledores da sorte nas esquinas, pedintes com pernas “engessadas”, doentes querendo o complemento para um remédio, uma passagem... mas não um ovo de páscoa! Esta para mim é nova.
O dia hoje me parece o mundo da carochinha, de mentirinha em mentirinha as coisas vão rolando. Na internet é gente dizendo-se bonita e estudada e especialista em coisas várias... é gente de 60 passando por 15... e outras coisitas mais do mundo virtual. Mas o que mais afeta minha, digamos sensibilidade, são as ofertas para os próximos cinco minutos, se você já ligou para estes sites, vai ver que na maioria das vezes o tempo acabou. Tem também as ofertas de carros semi-novos pela metade do preço do mercado, de computadores em Hong Kong, de pedido em catálogo, de compra programada, de entrada para jogos e shows, cruzeiros com tudo incluído, super saldão, curso com um mês grátis, assinatura com tantos jornais grátis... enfim, toda enrolação possível! Isso a uma distância presumida segura para não ouvir a grita da revolta dos pseudo-compradores.
“Enquanto durar o estoque”. Esta frase trouxe para a realidade da esquina a virtualidade da internet, de corpo presente, frente a frente os caras de pau vendem o que não tem, na maior. Especificamente um supermercado de nossa Arapongas, gente tradicional daqui, ofertou para hoje ovos de páscoa pela metade do preço, ao meio dia não tinha mais! Bem, ou eles não conhecem o potencial de venda ou não conhecemos o potencial de cara de pau deles.
É preciso reciclar o gerenciamento porque isso enerva mais gente do que contempla outras que, oportunamente encheu a burra com os tais ovos em oferta, gente que nem sabia o endereço antes, que foi terminar sua compra em outro local, onde tem intimidade de passar um chequinho de fora, de terceiro na boa. Interessa este cliente, em detrimento do corriqueiro, que ia levar fruta , verdura, pão, leite, e...ovos de páscoa em oferta? tinha gente saindo nervosa, deixando o carrinho com outras compras para trás. É um desacato ao freguês de todo dia, chegar à suposta boa compra, e...
Já não basta a segunda verde, a terça da carne, a quinta do peixe, a sexta da fome?! É por isso que um mercado “de fora” entra e “rouba” a cena, com o pão 30% mais barato, o refrigerante mais barato, TODOS OS DIAS. Mesmo que em outras coisas o preço seja mais caro, há mais sinceridade aparentemente.
Penso que chegamos a um momento em que o desrespeito ao cidadão abraca setores antes impermeabilizados contra essas falcatruas. Já tínhamos as ofertas, vagas, da internet, as promessas de candidatos a cargos eletivos, o aguarde um minuto, o espaço para idosos, o expressamente proibido cobrar deposito adiantado para atendimento médico... tudo de mentirinha.
Na verdade, desviamos de ledores da sorte nas esquinas, pedintes com pernas “engessadas”, doentes querendo o complemento para um remédio, uma passagem... mas não um ovo de páscoa! Esta para mim é nova.
DAS IMPUDÊNCIAS
José Carlos Rodrigues, assessor de gabinete do ministério da fazenda de Dom Pedro II, que aplicou um golpe falsificando assinatura de seu chefe e sacando grana na boca do caixa. na época foi condenado e fugiu do país, depois foi proclamada a república, que nomeou-o embaixador em Londres, mesmo sendo procurado pela justiça!
Descaramento, impudor, despudor da pior espécie, a que rouba de quem não tem, quando rouba dinheiro público (de todos) rouba a tranqüilidade do abonado e comida do desabonado. A inconsciência do corrupto, e do corruptor, impressiona pela constância de atos ilícitos absolvidos no correr dos anos. Ladrões que roubaram nas décadas passadas estão em plena atividade esquecidos pela repetida ação de novos usurpadores, que encobrem com uma cortina de fumaça os atos passados, com suas estripulias. Quem se lembra do João Alves, dos anões do orçamento? Das falcatruas da LBA de Rosane Collor? Dos 70 bilhões desviados do INCRA? Das bicicletas e guarda-chuvas da Fundação Nacional de Saúde, comprados a preço de automóveis? Das 1.700 toneladas de livros da Fundação de assistência ao Estudante, desviados e vendidos como aparas, enquanto os estudantes chupavam o dedo? Da Central de Medicamentos, com seus carros e seringas descartáveis sumidos? Da ferrovia norte sul, escandalosamente orçada? Do Sistema Marajoara, de capitação de água para o Rio de Janeiro, e seus 800 milhões de dólares de prejuízo? Do Abi-Ackel e suas pedras preciosas? Das contas secretas do Morgan, de milhões em nome de brasileiros ocultos? Dos desfalques no INAMPS? Quase não lembramos dos atores do mensalão, das malas despudoradas, das cuecas recheadas, do vai e vem do Lalau, do vem e vai do Maluf, do Quércia, etc...
A polícia faz sua parte. Focando um período: entre 2003 e 2004 prendeu 245 pessoas, dessas 64 foram a julgamento, e pasmem, DUAS estão presas!! O que os faz imunes? Os processos estão mofando! Por que a justiça não faz justiça, tratando todos como iguais? Os ladrões de ninharias pagam por seus “erros”. Desafio qualquer um visitar uma cadeia, verá que estão superlotadas, e pinçar de lá UM meliante classe A!
Como no clássico Mensalão, o dinheiro sumiu! A polícia os entregou algemados, nós aplaudimos, no dia seguinte estavam soltos, os processos é que estão presos! Milhares de crimes apreciados, 40 pessoas denunciadas, um advogado dizendo que é ficção, -Na Suprema Corte? E como ficam os juizes? A medir pelos trinta anos do processo Paulipetro, daqui a trinta anos os mensaleiros serão julgados? Nem Ali Babá acredita!
José Carlos Rodrigues, assessor de gabinete do ministério da fazenda de Dom Pedro II, que aplicou um golpe falsificando assinatura de seu chefe e sacando grana na boca do caixa. na época foi condenado e fugiu do país, depois foi proclamada a república, que nomeou-o embaixador em Londres, mesmo sendo procurado pela justiça!
Descaramento, impudor, despudor da pior espécie, a que rouba de quem não tem, quando rouba dinheiro público (de todos) rouba a tranqüilidade do abonado e comida do desabonado. A inconsciência do corrupto, e do corruptor, impressiona pela constância de atos ilícitos absolvidos no correr dos anos. Ladrões que roubaram nas décadas passadas estão em plena atividade esquecidos pela repetida ação de novos usurpadores, que encobrem com uma cortina de fumaça os atos passados, com suas estripulias. Quem se lembra do João Alves, dos anões do orçamento? Das falcatruas da LBA de Rosane Collor? Dos 70 bilhões desviados do INCRA? Das bicicletas e guarda-chuvas da Fundação Nacional de Saúde, comprados a preço de automóveis? Das 1.700 toneladas de livros da Fundação de assistência ao Estudante, desviados e vendidos como aparas, enquanto os estudantes chupavam o dedo? Da Central de Medicamentos, com seus carros e seringas descartáveis sumidos? Da ferrovia norte sul, escandalosamente orçada? Do Sistema Marajoara, de capitação de água para o Rio de Janeiro, e seus 800 milhões de dólares de prejuízo? Do Abi-Ackel e suas pedras preciosas? Das contas secretas do Morgan, de milhões em nome de brasileiros ocultos? Dos desfalques no INAMPS? Quase não lembramos dos atores do mensalão, das malas despudoradas, das cuecas recheadas, do vai e vem do Lalau, do vem e vai do Maluf, do Quércia, etc...
A polícia faz sua parte. Focando um período: entre 2003 e 2004 prendeu 245 pessoas, dessas 64 foram a julgamento, e pasmem, DUAS estão presas!! O que os faz imunes? Os processos estão mofando! Por que a justiça não faz justiça, tratando todos como iguais? Os ladrões de ninharias pagam por seus “erros”. Desafio qualquer um visitar uma cadeia, verá que estão superlotadas, e pinçar de lá UM meliante classe A!
Como no clássico Mensalão, o dinheiro sumiu! A polícia os entregou algemados, nós aplaudimos, no dia seguinte estavam soltos, os processos é que estão presos! Milhares de crimes apreciados, 40 pessoas denunciadas, um advogado dizendo que é ficção, -Na Suprema Corte? E como ficam os juizes? A medir pelos trinta anos do processo Paulipetro, daqui a trinta anos os mensaleiros serão julgados? Nem Ali Babá acredita!
arritmia
Será sempre preciso
Mais que um aviso,
Um borbulhar de salivas
Refluxo afora, uma pausa
Nas agruras desse dia,
Umas mãos que vêm, e
Vão embora...
Será preciso mais que isto,
A palpitação do coração ardendo
Não faz sentido apenas sendo
O músculo controlador da hora.
Será mais preciso
Uma força de mãos abanando
adeuses
Entre as formas sutis
De despedir-se,
Talvez nem isso seja pertinente
Nesta hora.
Será sempre preciso
Mais que um aviso,
Um borbulhar de salivas
Refluxo afora, uma pausa
Nas agruras desse dia,
Umas mãos que vêm, e
Vão embora...
Será preciso mais que isto,
A palpitação do coração ardendo
Não faz sentido apenas sendo
O músculo controlador da hora.
Será mais preciso
Uma força de mãos abanando
adeuses
Entre as formas sutis
De despedir-se,
Talvez nem isso seja pertinente
Nesta hora.
Boa noite
A conta mais cara deste dia,
Não será, com certeza, a alegria.
Outras serão cobradas pela semana
Afora...
Os desaforos das ocasiões mirradas
De uma tarde assim de nada fazer,
Fazendo nadas...
A conta mais paga por este dia
Pode ser, enfim, essa alegria
De netos borbulhando pela sala...
Dois
Valendo por dezenas de pirralhos
Ouvindo a mesma cancioneta
Desbragada.
A conta menos cara deste dia
Embola tristeza e alegria, como
Fora o último da largada...
Depois
Ouviremos as cantigas
De mães querendo dormir antes
De seus pimpolhos irritantes.
A conta mais cara deste dia,
Não será, com certeza, a alegria.
Outras serão cobradas pela semana
Afora...
Os desaforos das ocasiões mirradas
De uma tarde assim de nada fazer,
Fazendo nadas...
A conta mais paga por este dia
Pode ser, enfim, essa alegria
De netos borbulhando pela sala...
Dois
Valendo por dezenas de pirralhos
Ouvindo a mesma cancioneta
Desbragada.
A conta menos cara deste dia
Embola tristeza e alegria, como
Fora o último da largada...
Depois
Ouviremos as cantigas
De mães querendo dormir antes
De seus pimpolhos irritantes.
Sapiens?!
Como podemos ser bons
Se nossos ascendentes
Foram expulsos do éden,
Depois da Macedônia,
Das penínsulas? Dos umbrais?
Como podemos ser bons
Se invadimos este rincão
De índios belicosos, ou não,
E os expulsamos de ser,
Aculturando-os?
Como podemos ser bons
Se,entre paradas das guerras
Não convivemos com a paz?
Se nessas torres de babel
Nos distanciamos?
Sim, podemos ser bons
Acarneirando nossos ímpetos,
Usando o poder de pensar,
Ou simplesmente voltando
Ao poder de não pensar.
Como podemos ser bons?
Copiando outros animais!
Cofiando pelos rebeldes
Quando eriçados demais,
Ou... desistindo de estar.
Como podemos ser bons
Se nossos ascendentes
Foram expulsos do éden,
Depois da Macedônia,
Das penínsulas? Dos umbrais?
Como podemos ser bons
Se invadimos este rincão
De índios belicosos, ou não,
E os expulsamos de ser,
Aculturando-os?
Como podemos ser bons
Se,entre paradas das guerras
Não convivemos com a paz?
Se nessas torres de babel
Nos distanciamos?
Sim, podemos ser bons
Acarneirando nossos ímpetos,
Usando o poder de pensar,
Ou simplesmente voltando
Ao poder de não pensar.
Como podemos ser bons?
Copiando outros animais!
Cofiando pelos rebeldes
Quando eriçados demais,
Ou... desistindo de estar.
Em paz
Tranquilamente, Entre a quietude
e o alvoroço, lembro-me elusivo
Que o silêncio me traz a paz.
Nem sei se merecida... Mas, se
Imerecidamente estou em paz.
Entendo a inquietação da juventude,
Essa pressa de não saber pra onde ir.
Espero que entendam a minha lerdeza
De esperá-los aqui, tranquilamente,
Somos parte da mesma natureza.
Um tanto cético dessas premissas
De heroísmos, paroxismos, ismos...
Inda crendo na humanidade sana
Paro-me pela mão ativa e clamo
Pela igualdade dos desiguais.
Tranquilamente desvio da falsidade
Dessas mentes que mentem muito
Desde sempre, pairamos sobre
As tantas falsas lutas, alinhavando
A perenidade das ações amenas.
Espio as vidas heróicas de gentes
Que propuseram a paz em guerra
Devaneando séculos de espera
Depois que sangraram tantos
Impunemente. Aonde foram?
Crente no amor, descrente na
Promessa, sei-me assimilado
Que não tenho a pressa púbere
De correr os prados, mas urdo
A capacidade adulta da espera.
Alimento espírito com minha fé
De uma humanidade plena inda
Que revolta em atos descalabros,
De tempo e tempo assassinando
O futuro de pequenos molambos.
A estressante fadiga pela lida
Traz-me o consolo de vencida
A pausa de chorar e sorrir dela,
Dando por batida a trela que
Tranquilamente conto cruzado.
Tranquilamente sei do silêncio
Que alimenta a alma com fé
Na humanidade das ações, que,
Feitas, não voltarão atrás,
Perfeitas ou imperfeitas.
Tranquilamente, Entre a quietude
e o alvoroço, lembro-me elusivo
Que o silêncio me traz a paz.
Nem sei se merecida... Mas, se
Imerecidamente estou em paz.
Entendo a inquietação da juventude,
Essa pressa de não saber pra onde ir.
Espero que entendam a minha lerdeza
De esperá-los aqui, tranquilamente,
Somos parte da mesma natureza.
Um tanto cético dessas premissas
De heroísmos, paroxismos, ismos...
Inda crendo na humanidade sana
Paro-me pela mão ativa e clamo
Pela igualdade dos desiguais.
Tranquilamente desvio da falsidade
Dessas mentes que mentem muito
Desde sempre, pairamos sobre
As tantas falsas lutas, alinhavando
A perenidade das ações amenas.
Espio as vidas heróicas de gentes
Que propuseram a paz em guerra
Devaneando séculos de espera
Depois que sangraram tantos
Impunemente. Aonde foram?
Crente no amor, descrente na
Promessa, sei-me assimilado
Que não tenho a pressa púbere
De correr os prados, mas urdo
A capacidade adulta da espera.
Alimento espírito com minha fé
De uma humanidade plena inda
Que revolta em atos descalabros,
De tempo e tempo assassinando
O futuro de pequenos molambos.
A estressante fadiga pela lida
Traz-me o consolo de vencida
A pausa de chorar e sorrir dela,
Dando por batida a trela que
Tranquilamente conto cruzado.
Tranquilamente sei do silêncio
Que alimenta a alma com fé
Na humanidade das ações, que,
Feitas, não voltarão atrás,
Perfeitas ou imperfeitas.
A pessoa certa
A pessoa certa é,
Na verdade a pessoa errática.
A que caiu de uma esfera,
Num bar, no canto, bebericando
A mesma salvia...
A pessoa certa
Surge assim do nada, aperiódica,
Procurando os olhos
Que se olham nela e
Vê-se espelhada.
A pessoa certa,
A certa altura começa
A responder errado as perguntas
Certas, a fugir das outras,
Que desinteressam.
A pessoa certa,
Depois da ressaca, morde e assobia,
Em vez de assoprar aperta
A jugular parceira de antes,
Por outras ofertas.
A pessoa certa
É a que foi embora antes, quando
Delirante inda te amava.
Nunca esperando que pudesse
Ver-te braba.
A pessoa certa é,
Na verdade a pessoa errática.
A que caiu de uma esfera,
Num bar, no canto, bebericando
A mesma salvia...
A pessoa certa
Surge assim do nada, aperiódica,
Procurando os olhos
Que se olham nela e
Vê-se espelhada.
A pessoa certa,
A certa altura começa
A responder errado as perguntas
Certas, a fugir das outras,
Que desinteressam.
A pessoa certa,
Depois da ressaca, morde e assobia,
Em vez de assoprar aperta
A jugular parceira de antes,
Por outras ofertas.
A pessoa certa
É a que foi embora antes, quando
Delirante inda te amava.
Nunca esperando que pudesse
Ver-te braba.
Os tantos mundos
Os outros mundos estão distantes?
-Estão aí na próxima esquina,
-Vide as soluções de tráfego, de moradia,
-De decência...
Vide o homem comendo o feijão azedo
Que jogastes fora.
O menino catando a latinha da tua cerveja.
A mulher perambulando pelas vielas
Procurando...
Filhos.
Vide o cárcere e o carcereiro.
A escola e a porta desenhada de fatores,
O vendedor de maconha na porta...
De todos.
Assim não dá pra ver os mundos distantes,
Tão perto quanto as fomes
Dos talantes.
Que mundos são esses que, descobertos,
Trazem para dentro de nós
As diferenças interplanetárias
Que não ousamos pensar
Viventes.
Os outros mundos estão distantes?
-Estão aí na próxima esquina,
-Vide as soluções de tráfego, de moradia,
-De decência...
Vide o homem comendo o feijão azedo
Que jogastes fora.
O menino catando a latinha da tua cerveja.
A mulher perambulando pelas vielas
Procurando...
Filhos.
Vide o cárcere e o carcereiro.
A escola e a porta desenhada de fatores,
O vendedor de maconha na porta...
De todos.
Assim não dá pra ver os mundos distantes,
Tão perto quanto as fomes
Dos talantes.
Que mundos são esses que, descobertos,
Trazem para dentro de nós
As diferenças interplanetárias
Que não ousamos pensar
Viventes.
preenchimentos
O momento está perfeito.
Não pelo que possas fazer,
Mas pelo que podes tentar.
Tentar mudar o tempo da manhã sem sol...
Que lua é esta que vem vindo aí?
Poder mudar a impressão de miséria
No teu pão amanhecido...
Mas, que pão é este, ainda dividido?
A multiplicação pode ter sentido
Se medires a fome
Pelos sentidos...
Para o momento perfeito
A dor latente pode ser amenizada
Olhando a dor do próximo, alentada.
Por que razão chora a mãe sem filhos,
Se eles viajaram para a paz?
Soldados que voltaram da guerra
Do jamais.
O momento está perfeito.
Não pelo que possas fazer,
Mas pelo que podes tentar.
Tentar mudar o tempo da manhã sem sol...
Que lua é esta que vem vindo aí?
Poder mudar a impressão de miséria
No teu pão amanhecido...
Mas, que pão é este, ainda dividido?
A multiplicação pode ter sentido
Se medires a fome
Pelos sentidos...
Para o momento perfeito
A dor latente pode ser amenizada
Olhando a dor do próximo, alentada.
Por que razão chora a mãe sem filhos,
Se eles viajaram para a paz?
Soldados que voltaram da guerra
Do jamais.
Vamos para o ontem
Vamos para o ontem
Ver passar fanfarras,
Zunir entre as abelhas
O seu mel de favas...
Vamos para o ontem
Procurar as falas
Daqueles meninos gentis
Antes que o ontem acabe.
Vamos para o ontem
Perscrutar as amarras
Que nos trazem a força
Para o hoje amargo
Vamos... que o ontem
Espera-nos com a inocência
Que trouxemos até aqui
Nos alforjes pesados,
Vamos...vamos...
Que o hoje é tardo,
Os meninos brigam
Por suas namoradas,
De todas as escadas.
Cheio das verdades...
Pelos seus times,
Pelas vaidades novas,
Que desconhecemos,
Nós, por ontem armados
Nós, por ontens amados,
Defrontados tarde
Com suas verdades,
Inverdades herdadas
De nossas maluquices
Ingênuas, podadas.
Que o hoje é complicado
Demais para ser vivido,
Próximo demais
Para ser evitado.
Vamos para o ontem
E seu mel de favas...
Ver passar fanfarras,
Antes que o ontem acabe.
Vamos para o ontem
Ver passar fanfarras,
Zunir entre as abelhas
O seu mel de favas...
Vamos para o ontem
Procurar as falas
Daqueles meninos gentis
Antes que o ontem acabe.
Vamos para o ontem
Perscrutar as amarras
Que nos trazem a força
Para o hoje amargo
Vamos... que o ontem
Espera-nos com a inocência
Que trouxemos até aqui
Nos alforjes pesados,
Vamos...vamos...
Que o hoje é tardo,
Os meninos brigam
Por suas namoradas,
De todas as escadas.
Cheio das verdades...
Pelos seus times,
Pelas vaidades novas,
Que desconhecemos,
Nós, por ontem armados
Nós, por ontens amados,
Defrontados tarde
Com suas verdades,
Inverdades herdadas
De nossas maluquices
Ingênuas, podadas.
Que o hoje é complicado
Demais para ser vivido,
Próximo demais
Para ser evitado.
Vamos para o ontem
E seu mel de favas...
Ver passar fanfarras,
Antes que o ontem acabe.
De manhã as pombas...
De manhã todas as pombas voam...
Passam pelas fendas da torre da igreja,
Levam suas folhas fetiches
Aos longos passeios pelas praças,
São mais urbanas que eu e você.
Passeiam pelas calçadas catando pipocas,
Levitando sobre nossas cabeças
Como se nem estivéssemos aqui,
Não ligam para nossas presenças.
Nós é que admiramos sua pose
De donas da praça.
Copulam, ronronam,
Dão de asas gorjeando
Suas namoradas
Enquanto trabalhamos nossos dinheiros,
Nossa falta de dinheiro...
Nossas falhas,
Elas passeiam, trabalham, voam
Expressas sobre seus bancos de espera,
Dizem-nas ratos do ar,
Não se ofendem, caçam-nas para assar,
Não se ofendem, procriam mais,
Sobrevoam nossas faltas sem faltas
Fatais.
apagadores
Se for para desmontar o dia,
Comecemos pela lua, atrevida, cheia,
Iluminando o que era para estar escuro.
Voltemos ao dia anterior
Com seus problemas de segunda feira.
Voltemos ao domingo e sua feira
De pastéis quentinhos
Na madrugada...
Se for para desmontar comecemos
Com a manhã lustrosa das palmeiras
E suas bentevis namoradeiras
Nas antenas da TV.
Passemos uma borracha sobre o coito
Da madrugada antes de acordar
Os olhos das crianças perguntadeiras.
Se for para desmontar, desmontemos
A fera que se criou em nós
Quando inda éramos carneiros
de peles macias e corações empedrados
Por esse dia sem passados.
Apaguemos de vez nosso antigo pouso.
Partamos para o pior dos mundos,
Ou seja, este em que estamos,
Sem conserto ou gozo.
De manhã todas as pombas voam...
Passam pelas fendas da torre da igreja,
Levam suas folhas fetiches
Aos longos passeios pelas praças,
São mais urbanas que eu e você.
Passeiam pelas calçadas catando pipocas,
Levitando sobre nossas cabeças
Como se nem estivéssemos aqui,
Não ligam para nossas presenças.
Nós é que admiramos sua pose
De donas da praça.
Copulam, ronronam,
Dão de asas gorjeando
Suas namoradas
Enquanto trabalhamos nossos dinheiros,
Nossa falta de dinheiro...
Nossas falhas,
Elas passeiam, trabalham, voam
Expressas sobre seus bancos de espera,
Dizem-nas ratos do ar,
Não se ofendem, caçam-nas para assar,
Não se ofendem, procriam mais,
Sobrevoam nossas faltas sem faltas
Fatais.
apagadores
Se for para desmontar o dia,
Comecemos pela lua, atrevida, cheia,
Iluminando o que era para estar escuro.
Voltemos ao dia anterior
Com seus problemas de segunda feira.
Voltemos ao domingo e sua feira
De pastéis quentinhos
Na madrugada...
Se for para desmontar comecemos
Com a manhã lustrosa das palmeiras
E suas bentevis namoradeiras
Nas antenas da TV.
Passemos uma borracha sobre o coito
Da madrugada antes de acordar
Os olhos das crianças perguntadeiras.
Se for para desmontar, desmontemos
A fera que se criou em nós
Quando inda éramos carneiros
de peles macias e corações empedrados
Por esse dia sem passados.
Apaguemos de vez nosso antigo pouso.
Partamos para o pior dos mundos,
Ou seja, este em que estamos,
Sem conserto ou gozo.
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