segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Shopping Neste corredor de pessoas apressadas, Que é a caça das tardes, Reparo que as mulheres olham Não para os homens que as olham, Para as mulheres que acompanham Os homens que as olham... Sapatos azuis, meias rasgadas, Um par de brincos suados, um olhar Enviesado para as cores E o descabelo das atrevidas a ser... Que estranha parceira esta, Se preocupa em ver mais que ser.
medos Num terreno aberto A negrura esboça vultos, O vazio das multidões Tropeçando em pedras Que não existem agora, Que o escuro apagou-las. Mão das pessoas, caladas, Não há de haver a pedra Nem o ramo arranhando A calça e rasgando a saia, Apenas o silêncio escuro Apagando pegadas úteis. Num terreno aberto, freio À certidão dos nadas, A sombra desaparece E se espraia nos arranhões Das saias e pernas finas, Esperando resposta vaga.
Cortinas abertas A alimentar o vento forte Abro as cortinas par a par. Estou deitado numa cama Do tempo antes, a esperar Que me acolha os medos E embalance os nervos De ouvir rosnar o vento Meu pouco sono sonso, Como um cão e sua fome De roer meu tempo osso. Resfriado nesse tempo ido, Menino estou, febril e oco, São turbulências do tempo Voando às cortinas rotas De quando sonhava olhares. Entre os pesares de passar, Embora pouco, sou-me Saudade dos meses frouxos... Alienado agora neste vento, Embalanço ventos outros.
caldo A fraca luz que provêm o dia Sacode uma decisão tardia De correr antes acamado zelo Entre os extremos desmazelos... Assim o homem, este ser fuso, Dá seu horário de sorver o frio Em pleno calor vernal de hoje Que açola simples não querer. De novo apenas a dor de andar Entre essas pedras tumulares Que a vida principia do fim. Mas o menino persiste nele, O velho balbucia um prazer De sorver o empedrado gelo.
Responsa Criança não deve sentar torto, Não pode mastigar boca aberta, Não roer unhas... Nem dos pés, Ou fazer xixi na calça nova... É, criança tem muita reponsa Sobre suas ações de inda cedo, No cedo de suas vidinhas Entre escola e amarelinhas... Não deve apontar o dedo Ou chorar o joelho rapinado, Nem mesmo o sangue a medo... E agora, mãe, o que faço Com este gosto muito azedo De ter comido terra arada?
Se eu fosse verdade Se eu fosse verdade Não careceria entender A condição maldade. Se eu fosse verdade Não precisaria sofrer As desigualdades. Se eu fosse verdade Na teria de acreditar Que desacreditasses. Se eu fosse verdade Não envergonharia A outra verdade... A que comprove que Eu seja a verdade ante A mentira destarte.
A circunferência É um passo Que fecha sempre O espaço... Queira ir para aonde for O passo do desertor (ou do conquistador) Volta sempre ao fecho Circunflexo da dor. Cada pequeno domínio Expande-se com o passo Aventurado ao seguinte Passo assumido largo... A circunferência De voltar ao princípio Sempre desmedido É o temor de cada Viajor.
Um dia acabado Um dia acabado Pode estar começando... É quando você acorda sua gula E procura A geladeira repleta... De nadas a comer. presumivelmente Subir ao teto e ver estrelas Pode ser uma experiência A saciar esta fome gula De abrir doces em caldas E farejar açucares... E quando o além for aquém Iremos juntos também? Assim, nesse dia, Acabado de desacontecer? A geladeira repleta... De nadas a ver.
carinhosamente Quando a palavra Me abraça carinhosamente Não tem mais nada A acontecer Que possa ser Mais importante Que ceder... Ceder à insistência De fazer, Talvez não um poema, Mas, simbolicamente, A poesia na reflexão Que força a palavra, Que te abraça De vez.
Ainda não É meio do dia no meio da noite, Momento propício para pensar Repensando o pensado antes... Não ter medo de esclarecer O que seria dúvida de ser. Ainda não, Ainda podemos seguir a razão E deitar os pés na cama, Do lado da cabeceira, E adormecer... Ainda não. Ainda pensar repensando Este momento no meio do dia noite Entre um latido distante E um barulho tão perto De acontecer. Ainda não, não agora, Entre umas memórias frágeis E um esperar que amanheça Leve, o sol vindo devagar, A nuvem indo divagar... Como eu, divagando O acontecer... Ainda não.
Oh, bom companheiro silêncio... Valéry Ah, Bom companheiro... Havia a concomitância de palavras Não ditas Olhadas de soslaio quando Queríamos gritar a grita De esperas pela esperança Nos tempos das cigarras mortas, Nosso tempo de em criança. Ao companheiro silêncio Dirijo a palavra oculta No não dizer sonoramente O que diga Que a vida passou voando, Como aquela cigarra que descubro Estava vivendo sob a terra Decantando sua cantata Desse dia único de palavras Desavindas. Veio o silêncio das aprendizagens, Veio o silêncio das ocupagens, Veio o silêncio das conferencias. Agora apenas este silêncio Da passagem para o definitivo Silêncio dos mais nada A dizer ou fazer de belo, Ou intransigente ou lerdo No eternamente silencioso Voltar ao ermo. Ah... Amigo silêncio, A ti recorro em socorro Das minhas indecisões, prementes Das outras badalações, Das decisões terceiras Que fazem cumprir a sina De silenciar somente.
Trechos da Magna Carta, o Sermão da Montanha Bem-aventurados os pobres em espírito porque deles é o reino dos céus Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados Bem-aventurados os humildes, porque receberão a terra em herança Bem-aventurados os famintos e sedentos de justiça porque serão saciados Bem-aventurados os que têm misericórdia porque alcançarão misericórdia Bem-aventurados os puros de coração porque contemplarão a Deus Bem-aventurados os promotores da paz, porque serão chamados filhos de Deus Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus Bem-aventurados sereis quando vos ultrajarem, perseguirem e disserem todo mal contra vós, mentindo por causa de mim. Alegrai-vos e exultai porque grande será a vossa recompensa no céu: foi assim que perseguiram os profetas que vos precederam. Vós sois o sal da terra. Se, porem, o sal se tornar insípido, com que então se há de salgar? Não serve mais para nada senão para ser lançado fora e pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo, uma cidade sobre o monte não pode ficar escondida,Nem se acende uma candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas em cima do candelabro, onde brilha para os que estão na casa. Assim brilhe vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos céus. Não julgueis que vim ab-rogar a lei ou os profetas, mas cumprir. Porque em verdade vos digo, ainda que passem o céu e a terra, não passará um iota ou um ápice da lei sem que tudo se tenha cumprido. Quem transgredir um só destes mandamentos e ensinar aos homens a fazer o mesmo, será tido como o menor no reino dos céus, porém o que os cumprir e ensinar, este será tido como grande no reino dos céus. Porque vos digo, se a vossa justiça não superar a dos escribas e fariseus, não entrareis nos reinos dos céus. Ouvistes o que foi dito aos antigos:”Não matarás”. Eu, porém vos digo: quem se irritar contra seu irmão, irá à juízo. “Não cometerás adultério”. Eu, porém, vos digo:aquele que olhar para uma mulher, com mal desejo, no seu coração já cometeu adultério. “Não jurarás falso.mas cumprirás para o Senhor teus juramentos”. Eu, porem, vos digo: Não jurareis de forma alguma, nem pelo céu, que é o trono de Deus.nem pela terra, que é o escabelo de seus pés. “Olho por olho dente por dente”. Eu porem vos digo: A quem te bater na face direita apresenta também a outra. “Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo”.Eu porem vos digo: Amai teu inimigo, orai pelos que te perseguem.pois o Pai faz raiar o sol sobre os bons e os maus e chover sobre justos ou injustos.Sêde portanto como vosso Pai. Esse talvez seja o melhor presente de natal, obedecer as regras do aniversariante, no dia de seu aniversário.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Valores cívicos Democraticamente. O governo no interesse do cidadão, de todos, independente do tipo de governo, deve ser gerido pela soberana vontade do povo, isto é, da res pública “coisa pública”, que os romanos implantaram 500 anos antes de Cristo, com a deposição do rei, para ouvir o povo, a democracia Estamos falando de anos de história, como fora esta noite a hora da verdade. Pode ser, mas aprendemos com a vivência que as horas das verdades são tantas... Desmemoriados, retornamos aos nossos pensamentos antigos, ou velhos, ou desatualizados... Sei lá como relembrar isto, mas a verdade é que sua hora é esta, sempre. Posso estar sendo saudosista, ou utopista, mas já vivemos tempos melhores ou é apenas ilusão de ótica? Sempre que termina a festa da inleição, como diria Pompilio, a preocupação é com as notas contraditórias dos camaristas. “Os vereadores são eleitos juntamente com o prefeito de um município, no qual os primeiros têm a função de discutir as questões locais e fiscalizar o ato do Executivo Municipal com relação à administração e gastos do orçamento. Eles devem trabalhar em função da melhoria da qualidade de vida da população, elaborando leis, recebendo o povo, atendendo às reivindicações, desempenhando a função de mediador entre os habitantes e o prefeito, da Lei Orgânica do Município”. Bonito, não? Então, que diabo é esta movimentação para criar maioria na Câmara?! Temos 15 representantes lá, cada um tem seu favorito eleito para tal ação, ou não? Desde a posse desses, precisamos cobrar que trabalhem para nós, povo! Quando o prefeito mandar projetos para eles, vamos pressionar. Se bom, os vereadores para aprovar, se ruim, o prefeito para não prosseguir com tal pleito. O que precisamos, pragmaticamente, para nossa cidade? Cada cidadão tem seu projeto de cidade melhor. Como cidadão, tenho o meu, que nem chega a ser um projeto, mas, digamos, uma visão: Melhorar. Melhorar as condições de tráfego de nossas vias públicas. Tapando buracos? Não, implantando material de primeira para sedimentar o asfalto de nossas ruas. (Uma idéia, nas ruas onde o asfalto cobre antigos calçamentos de paralelepípedos, retirar esta casca, que as pedras absorvem a água e não cedem tão fácil quanto). Melhorar as condições dos pontos de circular. Tapando buracos? Não, criando coberturas e fechamentos para nossos passageiros se protegerem do vento e da chuva e do sol... Melhorar o terminal, ou melhor, ativar a antiga estação rodoviária para tal, como anteriormente concebida. Exigir cumprimento de horário dos ônibus, já que os passageiros têm os seus. Melhorar a condição de nossas escolas. Tapando buracos? Não... cobrando trabalho de certas diretorias, que desmazelam suas funções. Fazendo ver que há certas escolas que funcionam bem, outras que nem mal funcionam. Ativar postos de saúde. Tapando buracos? Não! Fazendo certos profissionais cumprir o contratado, com médicos atendendo parcimoniosamente, como fariam em seus consultórios particulares, e não apenas cumprindo aquela horinha da manhã, olhando às vezes com desdém o paciente a sua frente. Com atendentes fiscalizados para atender. Com enfermeiros conscientizados de seu lavoro. É claro que não generalizo, senão, seria o caos. Mas temos casos abundantemente testemunhados de tal apreço. Não cabe aqui tudo o que penso... mas penso que, pragmaticamente, o senhor prefeito nem precisa de aprovação, mas só de fiscalização dos camaristas, nas coisas corriqueiras de nossas cidades. E os senhores camaristas, de nossa fiscalização para aprovação, ou não, de seus atos e desatos em nosso nome. Atentem: em nosso nome! Utopia? Não, apenas a constatação de que nosso Município tem uma das maiores rendas do Estado. Então, por que não usufruir benemeritamente disso?
Ser ou não querer Seríamos isto: Audazes sonhadores Do que é vivido dia a dia, Esquecido para sonhar mais alto O amanhã? Seríamos Talvez os perdedores Das palavras chance e ocasião, Que, separadamente fazem O intuito da razão.
inspiração Em silêncio escuto A voz que vem de dentro, Âmago do sentimento... Paz de algum alento. Apenas isto, no silêncio, A voz ditando palavras Para meu entendimento.
dúvidas Não há como argüir O fim das promessas ditas válidas Neste tom de festa... Amanhã... Quem sabe, uma outra conversa Será editada dessas frases desconexas, Por estarem fora do contexto. Quem brilha enquanto brilha a festa Depois o aconchego será Apenas, para alguns, a sombra desta. Outros terão de marchar as pedras, Descalços dessa aresta. Não há como argüir O fim das promessas ditas válidas Neste tom de festa.
Por de vidas A manhã amanhecendo Não faz mais do que o ser humano Em nascendo... Apenas um dia, uma vida, Seres que passam desapercebidos Nessa esfera de tempos Reviventes. Não mais que um dia a cada vida, Em minutos repartido. Assim, se pondo este sol em nós, Como o dia hoje, amanhã Seremos revividos.
Olhar de raiva do desconhecido Dentro do coração É sombria noite... Paixão de uma vez Ter renascido... Se for para viver Sem sentido, Invejar os mortos Por ter morrido. Assim passa aquele Profetizando a farsa De implorar a atenção Ao seu pranto... Mas o memento Sofrido não perdoa... Não vira morte a vida Assim à toa.
Olhar de raiva do desconhecido Dentro do coração É sombria noite... Paixão de uma vez Ter renascido... Se for para viver Sem sentido, Invejar os mortos Por ter morrido. Assim passa aquele Profetizando a farsa De implorar a atenção Ao seu pranto... Mas o memento Sofrido não perdoa... Não vira morte a vida Assim à toa.
guizos Alguém pode tentar viver Com isso de zombar o guizo, Mas a frustração de ter vivido As dores sem lato sentido São maiores que o sonho Antes concebido. A água passando sob a ponte, Não retorna à antiga fonte, Assim como as fases de amor... Ou ódio, à dor de tê-los vivido, Ou à forma de sorrir Enviesado pela fome. A água, o fogo, a névoa fria Que povoa pensamentos Não retornam, apenas pousam, Passantes sob esta ponte De vítreos acontecimentos, Sem memória.
parcimonioso Na parca fé pela qual me esfolo Vejo-os santos, deuses apócrifos, Apenas procurando decorar nomes Entre as estátuas expostas... Aqui não me reconheço crente Nas palavras desses profetas, Proféticos anunciantes dessa carga De valores minorados nas ofertas... Santos desses tempos de santificar Até mesmo arcanjos do lugar, Entre demônios expulsos dessa fé Que não compreende temas de falhar. Falhamos todos quando cegamente Enumeramos as farpas de orar Sem a fé precisa para saber Se é sonho ou vida, Ou duvidas peremptoriamente Do parecer de alguém mais, Esquecido de morrer antes De pecar?
Percepções As marcas do tempo vivido Cicatrizam mas não somem, Como as marcas das chibatas Devidas ao fato que domem... As noites dos tempos doridos Envilecem mas não dormem Enquanto o saber fizer sentido Entre o macho e o homem. Assim velamos nossos corpos Que açulam, mas não morrem Entre os desmaios das dores. Uma espera a ser compensada Pelas manhãs de frio e calores Entre o berço e o terço agora
Frios na espinha O medo anda pelo corpo, Dói a espinha dorsal, Tremem as mãos, Esfria a testa resignada de suar frio, Estático, espero a transição Para pavor ou calma. Sigo adiante, passo a passo Pela sala, pelo tapete enrugado Tropeçando nos meus passos Vesgos De procurar o interruptor. Da luz? Da esbarra.
check-up O sonho parece realidade... Estava voando novos ares Quando a nau do sonho abate. Caio em mim Não sabendo discernir a falha Nesta lida de correr atrás Do tempo perdido, visualizado Em check-up. Aqui somamos pormenores De fatos irrelevantes, boatos, Itinerantes ruídos apáticos De carros passando ao largo, Avisando que O sonho parecido realidade Esvai-se no mar de novos ares Quando a nau me abate.
chinfrinada Aqui estamos, Eu e essa hora desmedida, Aprontando O reinicio da lida. Uma estranha sensação de afortunados Com tal delícia, Usar do momento abençoado E seguir alisando Sentimentos hostis, Por quase nada.
emolumentos A noite vem, devagar, Soprando seu vento frio... De noite, Espairecendo sentimentos, Pensamentos, emolumentos... A noite vem devagar Divagando recordações Deixando ficar No esquecimento O que a noite não traz Para o momento.
véus O mundo é menor Do que lhe parece, Olhas ao por do sol Horizontes vastos... Se olhar a criança Ao seu pé à vista Do tempo levado Por ti vivido, daí Então o mundo Ficará menor aos Horizontes claros Do teu sentido. Poderás enxergar Sobre horizontes Um véu dos dias Amanhecidos...
Doídas versões da verdade Às vezes a palavra conforma, Outras vezes irrita, mesmo doces... Assim é a vida comunitária, Azedam-se relações por quase nada, Mas são nadas que se repetem E se avolumam... se avolumam... Até que explodam, inusitadas. Das doces companhias restam Poucas saudades, uma ou outra alegria... O resto é enfadonha companhia. Mas somos gregários, Chateamos nossos pares Até que nos chateiem suas formas De conviver, coniventes. Mas, a palavra que desmorona Às vezes conforta os conformes De uma vivência coletiva, Por demais ativa, desativa. Esconde-se, morigere lasciva, Prenhe de outras palavras Decisivas.

domingo, 7 de outubro de 2012

abjetos As pessoas Se confundem com objetos. Comportam-se como Se não houvesse frente Ou fundo Para cada ação, oriunda De um pensamento. As pessoas não são objetos. Apenas não se movem Por alguma razão De querer ficar, ou, De imobilizar-se Pelo medo... Pelo temor de cedo Enrugarem as faces? Pelo desamor que cedo As transformasse Em pessoas abjetas, Quando se esquivam De se mover Frente ao cataclismo Que vem varrendo As vontades De viver.
Desajuízo Esta é a hora zero Das próximas vivências... Não é preciso relembrar, Não é possível olvidar. Apenas varrer pra baixo Das inconsciências todas As verdades transmudadas Das mentiras antes vivas. O que fazer com o último Suspiro? Aspira-lo lento... Em que lixeira despejar As doridas lágrimas? Os risos sarcásticos, Os sorrisos frágeis... Os esquecidos males? Há que se pensar adiante, Amanhã um próximo Sorriso, uma esquecida Fragma... Algum juízo, Ou desajuízo.
Fim da noite implícita Displicentemente O dia finda, Assobia uma tempestade Vinda do sul... Estamos aqui, na última cerveja, Antes Que o barman chame, Com seu guarda-chuva, Um lugar na mesa... Sem tristezas Agora levantamos... lentos, Querendo uma última mijada, Esperando a chuva amainar Para sair, Assim, sem medo de dormir As próximas jornaladas E ler a conta, e saber que Gana é esperada.
Por baixo dessas pedras Cadáveres comem a terra Depauperada de insumos, Que está sobre seus corpos Desamparadamente frios. Por isso as gramas crescem, Adubadas por essas fomes Criam raízes disformes Entre formigueiros musgos Sobre corpos carcomidos. Assim, parece tétrica a cisão De já não serem pessoas, Apenas ossos perambulando E nomes nos vazios das placas Sobre campas abandonadas.
visionários Como é manso O olhar dessas vacas Na sua irracionalidade... Como é manso o passo, Como é manso o ruminar De suas bocas, cansadas? As florezinhas no pasto Não são pisoteadas Mais que nos jardins Das cíclicas cidades... As formigas convivem Em seus cochos de sal, Os cães passeiam entre As pernas plácidas Dessas vacas... Por que apenas nós Enraivecemos com isto, Assim, por nadas?
espinheiros Os espinheiros açulam O beijo de suas flores brancas, A névoa traduz os céus, Sem esperança... Ninguém passa por essa cerca Acima de nossos ombros, Nossos olhares de medo, Descartáveis. Os espinheiros sabem o conluio Dessas feras assim expostas Em seus pontiagudos Braços memoráveis. Eram nuvens aquelas bocas Corridas por céus afora Como fora a desesperança De ir embora...
Cuidado, cão brabo! fb Sei o que é isso, Ruim de ser visto, Para o cão. Uma vez apontaram a mim: -Bravo, nervoso... Armado. (?) E fiquei exposto Aos olhares desconfiados De covardes, Desarmados. Sei o que é isso De taxar o cão De brabo.
lignites De que é feito a força Desse homem? De que argila moldou Deus Sua imagem máscula? De que costela fala-se Na formação da mulher, Meiga, afável, dura No quinhão de espera? Quantos Cains para cada Abel Na transgressão afeita? Somos os filhos dessas feras? A parição dos erros nos impera... Somos a borra de uma geração Passada a limpo, que estresireis Em esta folha de carbono Gasto... Gasto... copiando Quase nada nesses anos.
cachecóis A moldura emoldura O que o espelho vê de você: Um tanto a estatura, O sorriso mensurado Num tanto de ranzinice... Mas a sempre fiel moldura Cachecol do que se vê, Agasalhando a figura Do berço à sepultura... Que será sempre você. besouros fb Passeia Sobre o lustre Um besouro preto, Sobrevoa a haste Até cair Lá dentro, Debate-se, Aquieta-se... Morre? Vejo esta figura Feito um homem A debater-se Nos abajures Dos quartos Prostíbulos, Comparo-os... Enfim somos iguais? Somos animais De um mesmo mundo, Desigual, Profundo... Profundamente Sujo.
Marcha cerrada Marchemos! Que a marcha é a forte Oposição à ociosidade nociva. Que é a forma de duelar Sem adagas... Que é caminho a percorrer Sem muletas... Que é a parição dos outros males Abrindo portas para ser, Somente. alvoradas O sol aqui nasce cedo Na aquiescência de ter dormido A escureza das horas de ontem. Ontem, quando o futuro Vivenciava longe É o agora presumido antes. É a hora de aceder à fome De partir, no meio. Partir na névoa dos sonhos Agendados verdade entre As mentiras prometidas ser, Antes que tarde.
opções Fora dos meus conceitos Este som que vem da rua, É o som da balburdia Que chamam dia de eleição... Por que fazem tal algazarra Se Querem respeito pela instituição De votar hoje?! Amanhã, Um dia qualquer depois Este cantador de ruídos Ensurdecedores Votará a tua vontade... De não querer. invernito As folhas estranham o vento, Como minhas costas, dói A friagem repentina, como Nas folhas Balançando a morte. Um cão protesta alardeando O frio que veio com a noite Vinda, por ser desde cedo Primavera ainda,
O preciso retorno Para que país viajamos? Das forças industriárias? Das fraquezas morais? Verdade é que se move Esta locomotiva secular Nos mesmos trilhos Com cargas diversas De tempos outros, atrás... Atrás das cinzas estão Soterradas as pessoas. Importa donde vieram, Se vamos juntos agora? A marcha forçada é Uma prece de retornos. Pisamos nossas pegadas, Pois estamos voltando.. Para nossos lugares, Donde partimos lesos Com a esperança, Pronde voltamos pegos, Desesperançados. Preciso acordar agora, Antes que tarde O preciso retorno. cansaços Os olhos se cansam de paredes, Os membros se revoltam, A dormência avança sobre gestos, Pernas que se dobram, Braços que acotovelam quando chamados à urgência dos atos. Importa saber o próximo passo Sobre tantas pedras afiadas, Tentando alcançar a areia fofa Da decisão: Ir ou voltar ao ponto Da partida sórdida de antes Da premonição das dores? As preces são atendidas agora, Até mesmo as do ateu que Vivia em ti antes da fé pela dor. Estaremos juntos depois, Na última etapa de viver. Para este passo estamos aqui.
Sessentões À margem dos erros caminhamos... Talvez nos vejamos depois Da próxima curva, A dos sessenta anos revividos. A pouca saúde das pernas sessentonas, A pouca visão dos olhos esmaecidos, A pouca audição de ouvidos moucos Faz sentido, Já que a experiência de uma mente Mais envilece que envelhece Com esse tempo de lamúrias, Consentido.
Coligações político-eleitoreiras Os uivos dos lobos solitários Assustam Quem caminha por esta vala... Aqui todos os escuros são viáveis, Apenas uma mínima luz Acende a esperança: -Haverá um fim para esta turba? -Haverá um canto do cisne sisudo? O lobo solitário que uiva em mim Responde: -Há de haver um fim, Mas está distante... Longe dos olhos e da esperança. Outros lobos respondem ao chamado, Estaremos unidos na desunião De atos.
Ciclos (in)governáveis Comecemos este ciclo de meias verdades: Eleito o próximo burgo desta burguesia façamos as contas das travas à idolatria, quantos votos será preciso para governar as próprias pernas doridas de caminhar Sozinho? Todas as formas de ceder serão visitadas, dos favores prometidos, imerecidos, à disfunção de privilégios, à larga... Assim veremos o zarpar do barco, a baía cheia de “cadáveres” a interromper o passo mal dado. Quem será o mais chegado visitante desse legado? Façamos desse ciclo verdades inteiras, fora das fanfarronices, das bebedeiras... Há ainda pais educando filhos a palmada e filhos dando de ombros à autoridade... Seremos assim cidadãos da palmatória? Vermos assim as pedras desfazerem-se nas ruelas esburacadas? Sermos novamente os bobos desta corte dissimulada? Então, o que seremos agora, abertas as últimas urnas encalacradas desse votatório? Que cartório vai autenticar que eras tu, Cura, o próximo Brutus dessa empreitada? Todas as vezes elegidos foram salvos das denúncias fraudadas, depois contaminados. As más gestões cobram um preço muito alto aos retardatários. Assim como seremos sempre, necessários neste dia, apenas neste. depois desnecessariados... Outra vez o passo manca? Quem será o privilegiado desse legado? Somos uma turba interessante... Olhe bem o sorriso do eleitorado, a promessa em troco da promessa, o voto desmembrado da decência não é voto, é um cabresto desavergonhado. Que é das ruelas esburacadas? Novamente abobalhados votamos na pessoa errada? Então, o que seremos agora, amarfanhados nesse voto, de otários? Pensar que não merecemos tanto... Apenas licenciosidades sobre a mesa e uma espera que não finda cedo tornando velhacos os meninos lesos. Espera aí, senhores, que a história é feita de demoras e sossegos, depois de lufa lufa pelo voto o aviltamento da ética pelo peso. Como serás amanhã cedo, sendo metafórica amanhã o todo sempre neste futuro que encaras à frente. As manhãs dos amanhãs virão caindo pedras desse dominó manchado pela ação de cada dia, derrubadas pela mão do afago. Quem pode garantir estes vindouros dias melhores que o passado? Serás tu, Cura, o pródigo governado? Ou governarás tua cabeça à vida de milhares? Desgraçado é aquele prometido e mal pago. Veremos se a euforia faz sentido depois do amanhã certificado. A plebe que exalta não é mendiga, o burgo deve ser bem governado que a volta da roldana é o perigo atropelando vossas senhorias, se ficarem prostrados em abrigos. Comecemos este ciclo sem meias verdades, eleito o burgo desta burguesia faça conta das travas à idolatria. Terás as pernas que é preciso para caminhares só ao desabrigo? Enquanto as pedras se desfazem, outras caminharão contigo.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Honra a terra em que nascestes... -Queres amor? Trinta dinheiros. Queres favor? Trinta dinheiros. Queres o que da vida mundana, o poder de poder? São tantos dinheiros a solucionar problemas pessoais de pessoas públicas... todos tão caros, tão maculados que não basta a paixão, as viagens, o refrão da paisagem. É preciso usurpar até o sangue partidário. É possível sangrar à mão cheia, à mala indiscreta? É preciso blá-blá-blás até que a voz se torne inaudível? É preciso “coragem”... Este país precisa honrar os seus mortos. Felipe dos Santos e Joaquim da silva Xavier foram esquartejados! Cipriano Barata, crítico feroz dos grandes mandatários aprisionado, e todos os condenados ulteriores, à morte ou ao degredo, por crimes de opinião, que deram a vida para defender suas idéias, nossos ideais. Nós brasileiros não somos duques, como Luís Alves de Lima, nem somos viscondes, como Irineu Evangelista de Souza, mas somos luíses irineus, izabeis e anitas... somos cidadãos! Não merecemos ser traídos por trinta dinheiros. Esses brasileiros anônimos não podem ser “eleitos” bobos da corte, objetos de troca, refrões da paisagem... nós, eleitores brasileiros não somos paisagem! Este País tem história, de paz e sublevações, de monarquia e ditaduras, e, pelos caminhos da razão, de democracia. Ao peso de cortar cabeças conseguiu permanecer unido, desde os tempos das grandes rebeliões, contra o império, ao republicanismo, cidadãos lutaram pelo direito à elegibilidade. Neste outubro milhares de cidadãos colocam seus nomes ao julgamento do voto. Pelo voto podemos escolher quem vai administrar ou legislar pelos próximos quatro anos nossas comunidades. Aí está a palavra chave: comunidade. Que pressupõe coesão, princípio de consenso entre os cidadãos. O que é comum é de todos, não de ninguém! Em sendo de todos, todos devemos honrar este momento. O resultado da eleição atinge a todos, de todas as classes, profissões, interesses, endereços... o futuro começa em quem elegemos, e o futuro não é apenas amanhã, é o amanhã de nossos filhos, que herdarão o que plantarmos hoje. Eleição, além de dever é direito. Dever é comparecer, eleger é usufruir o direito de escolha, se não do melhor, do menos pior. Anular voto é anular esse direito e ficar apenas com o dever. Eleitor que anula voto anula-se como cidadão. Cidadão que não escolhe não tem direito de reclamar depois, pois teve a chance de evitar descaminhos, e alienou-se. Honremo-nos. Do livro “Do meu direito de estar derrubando (sic) o pau da barraca”

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O que realmente importa Olhando a imensidão do jardim Noto, lá entre as folhagens altas Um senhor grisalho, com seu chapéu, suado, suas polainas embarradas, Cavando as daninhas que ameaçam Seu plantio de rosas falhas... Alongo a vista, não materialmente, Mentalmente sobre outras pessoas Que amansam a turbulência das Vidas em comum. são pessoas Anônimas, varrendo calçadas, Lavando paredes, limpando esgotos, Pessoas sem a ilusão das letras, Apenas compondo a sinfonia muda Nos arredores do poder central, Dos que assinam tratados, Assinam comprados... E coisas e tal.
cidadania Caminho por esses caminhos... Realmente não importa se indo ou vindo, Defronto com pessoas que dizem bom dia, Com pessoas que ignoram meu tino, Com pessoas que me pensam ladino Enquanto caminho... descaminho, Culpado das coisas vadias desse dia., Vigiados por nós, vistos de viés. Vêem-me errado com meu passo vesgo E meus olhos tortos para um lado, Sou culpado até dos tropeços nos buracos Desse malfadado calço de rua, Apenas caminhamos paralelos a nós Com as coisas da rua, a lâmpada queimada, A cesta quebrada, o lixo largado Entre pessoas de fino trato... Destrato o tratado. Não faço mais parte desse humilhante lixo Levado pelo vento... Já não sou culpado.
mensuramentos A cada instante que se vive, Dá-se maior valor à memória Que ao que se disse... Vivenciar cada momento do antes, Agora que somamos dores No lugar de prazeres. E como somamos... Apenas lembrar os idos de cada idade Favorecidos pela inverdade Dos acontecidos, Ou não. A cada pensamento Uma verdade aflora Das mentiras que foram embora, Ou não.
Favas contadas A força do eco do tic-tac do relógio, Mais forte que o próprio contabilizar Das horas, rasgos de um outro fato, Compassando esse infernal guarda Sobre nossas tarefas costumeiramente Amargas... É assim o desencanto de passar a frio Cada movimento obrigado de ser, Entre outros o mais intenso perecer Do relógio e seu eco assustador Das tantas... No encanto antigo De parecer. Assim se colhe o que se há plantado Entre o prazer e o amargo trecho Ladeado pelas hostes de soldados Que pereceram sem espairecer. Esta a tarefa costumada amarga De já não ser.
Acerto de contas fb Pelas nossas contas Você deveria estar desesperado E eu pacificado. Mas a verdade é que ambos Estamos acomodados em nossas cadeiras, Espreitando nossas mentiras e verdades, Separadamente... Mas ambos com os mesmos motivos, Temendo os mesmos deuses... Assim, esperançados, Nos desesperançamos demais Olhando os horizontes permeados Dessas crianças que estão crescendo Ao redor, sem futuros, Com suas fomes e suas desilusões... Com nossas promessas E nossas quebras de promessas Desavergonhadamente mentirosos De nossas histórias de viver Passados.
À Nelson Rodrigues Quando se morre mata-se o passado, E de algum modo o futuro é morto. Como fora assim o cereal queimado Deixa sem sombra esquecer olores, Como assim fora o senhor das terras, Das artes ou letras, política à parte, Morre o senhor e sua sombra abate-se Entre descendentes a cobrir apartes... Uma só haste pode ter-se viva, outra, Por lei, completamente esquecida, O canto emudecido em têmpera eira. Será a terra extinta de colheitas, mas A palavra desse morto sobreviverá Em cada página, por ouvida inteira.
Não dá pra mentir o futuro O futuro não tem mentiras. O passado nos mentimos Para colorir o cinza Apagar o vermelho, Dedilhar o piano que não sabemos... Tudo é válido para o passado. O futuro não, o futuro é honesto, Não tem como menti-lo. Apenas esperar e seguir os passos De cada momento.
Achados e perdidos fb Normal sentir saudades... Das pessoas idas, das pessoas vindas, Das coisas desarrumadas Nos cantos... Sinto saudades das molequices, Talvez da falta delas na seriedade De viver, De conviver-lhas. Engraçado como a saudade Me procura pelas coisas e pessoas Com que cruzei aleatoriamente Pelos cantos... Sinto saudades dessas maluquices De ver pessoas desconhecidas E conhece-las... E conviver-lhas.
Pose para foto A carne está enrijecida, Um mapa extenso de veias Torna-se o gráfico de tal tristeza... Os ossos mal cobertos Saltam nos cotovelos, Velho, Tu és o passado de beleza? Ela se foi com a carranca Dos tempos frios... Um deslize Pelas bordas das calças Seu perfil Parece um nevoeiro. Sem peles lisas para acariciar As mãos trêmulas pairam no ar Desiludida surpresa... Mas seremos iguais enfim Na desigualdade de saber Do tempo vivido até aqui, E no olhar de cansaço O por viver. perdão O amor de um momento É o momento, Não se estende ao firmamento. Poder-se-ia amar a dois Por tanto mais tempo Fora o amor perene... Esquecimentos.
Tênue beleza de olhares Abraço-vos ao alcance de meus braços, Uma légua adiante vos enxergo baços. Mas, em verdade, assim e longe Sois tão bonitos Que me encanta chegar perto E abraça-los... Quando nos aproximamos é que desisto. Assim como desistisses de mim Bem antes disso.
fidelidades Pelas costas a matrona se esmera, Por trás da fera há de sempre haver Outra fera... A que se esconde na subserviência Das situações de escravidão... Ou quase. Mas é quando o esposo parte Que ela acorda-se em diversas Outras esferas, de amantes a fantasia De tantas alegorias... Que fantasma poderia ser a hora Da catarse? Pelas trilhas deixa sangue o amante, A amante acompanha a viagem Aos rincões de outrem, à margem De esperas... Entre as paredes maritais e pegadas De outras feras. Mas outra vez se abraçam ternos Os dois cônjuges enlevados horas, Agora à condição de pais na paz Dos lares. Aqui a volta faz a fantasia de Querer-se mais.
amarrios Todos somos amarrados A uma invisível corda, Que nos dá liberdade vigiada. Somos assim trazidos de volta A cada impensável ato. Malogradas as formas de fugir, Voltemos ao convívio de termos A manso o mando que nos faz Agir no esperando vir O termo de soltura antes. A transparência do vidro Nos promete horizontes azuis... Inalcançáveis à distância, Sonhados por todos o escravos Desta mesma instância. Até que estique a corda Somos livres para tal esperança... Um casto procurador de metas Se espanta com tal soltura, mesmo
crendices Acredito Que os amigos sobreviverão Ao mito. Acredito Que a fé admoestará Feitiços. E quando eu tiver sido O que premedito, a canção Não será grito, Mas o sussurro ao pé do ouvido Fazendo entender o não dito. Acredito Na paz de viver a família, Aos gritos? Nem pensar, se Forem banidos da violência, Acredito.
entemente O presente é a realidade. Não nos furtemos de realizá-lo Plenamente. Amanhã ninguém sabe Nem saberá porque amanhã Será o presente do depois. Assim caminhemos de mãos dadas, Visto a impossibilidade Caminhemos de pensamentos dados... Ouçamos a madrugada Com suas promessas para o hoje. Esqueçamos ontens... Deliberadamente, que incuráveis. Não nos apressemos para próxima Madrugada. Somemos nossas idéias. Se possível nossos ideais... Surfemos nesta água límpida Que filtramos Das horas mais banais, Porque todas as horas são Instantes revividos ou não Dos outros relembrados, Nada mais. Pensemos agora o agora. Ontem já se cicatrizou, amanhã Não sei a hora. Pensemos o presente como razão De viver os amigos, os filhos, A paz de poder vê-los assim Maduros, assim sinceros, Assim tratados, não como erros, Mas como sonhados. Curtamos esta hora das monções, Estamos em plena primavera, Mesmo que não. Depois não sabemos da viagem, Se podemos zarpar ou não De nossos portos abafados De compromissos inadiáveis. Somos o que a terra chama de sal A temperar esses momentos Atualmente válidos entre os que passaram e os que virão... A passar por nós... ou Sobre nós, apressadamente Esquecidos de sorver exemplos, Se... Aqui somamos nossos males, Aqui somamos nossos olhares, Aqui somamos nossos falares. A academia pode esperar, O prioritário é respirar o agora Com suas manias de flanar Suas verdades inda não ditas, Esperadas emergir. Assim somemos nossas verdades Que nossas mentiras afogarão Em mágoas e mornarão inanimadas Se... Pincemos com o coração sem mágoas A mente limpa de lembranças... A memória de só saudade. A esperança é o agora, Que amanhã será o Agora de amanhã. Pensemos assim a mesma água Correndo o mesmo chão A meares de aguadas, Sem outra solução, senão A de correr o sempre, Alhures. Assim somos, A água que vive pelos veios E não se acaba neles. A verdade que advém do enleio Que não veio. A paz das guerras acabadas. A paz não se acaba, A paz é eternamente grata À nossa convivência Dos presentes, ativos, falhos, Externamente ridentes, Mesmo que ausentes. Nesta hora somemos as saudades Quer a vida comece outra vez A cada idade. A cada passo da água rumo ao nada. A cada passo de mim Para mim mesmo. Consolidam-se aqui a verdade E as mentiras sedimentadas, todas Num mesmo cimentado piso Que servirá aos advindos de nós, Uma vez amparados nisto De sorrir ao imprevisto. O presente é a realidade, Não nos furtemos a realizá-lo. Pensemos agora o agora. Ontem já se cicatrizou, amanhã Não sei a hora. Depois veremos o depois. Pensemos assim a mesma água Correndo o mesmo chão A meares de aguadas, Sem outra solução, senão A de correr o sempre, Alhures. Pincemos do coração as mágoas A mente limpa de lembranças... A memória de só saudade. A esperança do agora ficto, Que amanhã será o Agora de amanhã. Maduros, assim sinceros, Assim tratados, não como erros, Mas como sonhados. Curtamos esta hora das monções, Estamos em plena primavera, Mesmo que não. A paz não se acaba, A paz é eternamente grata À nossa convivência Dos presentes, ativos, falhos, Externamente ridentes, Mesmo que ausentes. Nesta hora somemos as saudades Quer a vida comece outra vez A cada idade. A cada passo da água rumo ao nada. A cada passo de mim para mim mesmo. Se consolidam aqui a verdade E as mentiras sedimentadas, todas Num mesmo cimentado piso Que servirá aos advindos de nós, Uma vez amparados nisto De sorrir ao imprevisto. Fácil assim ensinar açodamentos Sem a razão de cumprir os tentos Prometidos antes desta hora. Façamos nossa hora, mesmo falhos Que, como dizia Millôr: “Viver é do caralho!”

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Este foi o pai que convivi, Sem abraços e beijos, mas De um amor rude e sincero, Nas viagens, nas roçadas, Nos portões dos sítios, que Faríamos juntos, eu criança Ele adulto, paciente quando Saí do exame para exército Estava esperando para dizer: Tudo bem? Como a saber, Conformando revide muda, Não precisava de palavras. Este meu pai, me domou Fez-me pai também, antes Orientou-me filho a viver, Que me respeitou pessoa A conviver a extrema hora Como iguais, de mesma fé Este meu pai, um cara bom, A erigir um lar de sua casa.
O menino fb Definhado Mostra a fome armazenada De dias... meses... Passado horas a fio No fio da espera, O trem chega e parte Cheio de feras... Treme as mãos Pedintes e nem Se sabe credor... Que fome é esta Que agride o olhar Do benfeitor? Um cara bom dedico à memória do passamento do nosso pai Domingos em julho de 1967 fb Meu pai, sempre o cara bom. Foi, mas não se deixou levar. Um dia, inda cedo na sua vida, Contraiu esta moléstia ferina, Que o levou tempos depois... A sua coragem em enfrentar As desavenças da mala-sorte Faria suspirar a última vez Dizendo: tô gelado sim, filha, Mas não tem importância. Frente ao desespero da filha, Que a morte é parte do viver, A parte mais lógica, explicita Talvez a mais merecida... Ou Não, mas a parte mais certa. Nas incertezas de caminhar Ele dizia e provou que, enfim, Chegada sua hora, a coragem Do homem acima do medo Do macho raçudo de antes...
Enquanto desviam dinheiros... fb As crianças morrem Enquanto desviam dinheiros... As mães choramingam Enquanto desviam dinheiros... Os pais suam frio Enquanto desviam dinheiros... As escolas fecham Enquanto desviam dinheiros... As comportas esvaziam Enquanto desviam dinheiros... Os idosos morrem de frio Enquanto desviam dinheiros... Os famintos se mordem Enquanto desviam dinheiros... As feras trucidam Enquanto desviam dinheiros... As outras feras revidam Enquanto desviam dinheiros... E, pasmo, o presidente diz Não saber das coisas Enquanto desviam dinheiros... O país estafa, suspira, morre Enquanto desviam dinheiros. rock amanhecido fb Abrem-se as ventanas De uma porta histérica, Surge atrás da poeira O sentido da espera. Apenas dois passaram A reconhecer os fatos Que geraram gentes De alguns quilates, Uma nova euforia barra A tristeza, Hoje é o dia do rock, Tirando as asperezas É um bom dia Para ouvir Raul ou Elvis Ou o santo ignóbil Dos retráteis.
cercados fb As cercas de ferro e As cercas sem ferro Pouco diferem... O homem é o predador Do outro homem... Assim seremos indefinidamente Porque As cercas sem ferro isolam As mentes dos outros, Que passam e assustam Com a desgraça inútil fatos fb Os fatos passados são memória. Feliz o que pode transformá-los Em saudade. desaninhados fb É cruel O confinamento desses jovens Porque, Além dos crimes cometidos, Arruaças, O que se lhes possa infundir... A verdade... Ah, a verdade é que Desde o berço eles não têm chances. Nem tiveram berço, Nem cama, nem mesa, Apenas a aspereza de pecar, Pecaminosos... É cruel Faze-los pagar pelos erros Das autoridades, isto é, Nossos erros! É cruel Perceber essa verdade, de que Nossos erros aprisionam gerações De depenados pintainhos No frio das estações... Desaninhados, Soltos ao léu.
Aprendiz de aprender fb Consciente da minha ignorância Erro pelas páginas amareladas Desses livros, clássicos, imaturos, À procura de saber-me dessabido Dos dissabores desse desbundo... Como esfera, rola a mora à espera Minha próxima aurora, sendo fera Entre feras dessei minha demora Sobre o juízo pleno das propostas De não sendo fera, habituar a ela. Que importa nesta roda epifania Se não a hora sábia que irradia A compreensão do lido e relido Em enfim entendido parágrafo Desse livro em não sendo livro? Pela rua reaprendo aprender-me Com a vaga noção de sapiência Do menino homem amadurecido Padecendo a dor que a rua impõe Aos que da rua vivem o sabido. Sinais de vida fb Ao bater o tição aceso na fogueira, Estrelinhas de fogo voam ao redor, Mas não são vidas novidadeiras, É o fim anunciado daquela brasa. Assim o olhar vívido do assustado Não é riso, mas constrangimento Palpável no gelo das mãos e no Tremor das pernas incertadas. Por que, então, falar das dores? Porque o sangue de meninos jorra Pelas ruas sombrias dessas vilas E policiais assustados atiram neles Confundindo celulares com armas, Meninos com sequazes... Como conviver com esta explosão E rir disso que se passa e aflige Nossas mentes abandonadas para Temer um tempo de animálias? Não, o aceso dos tições não é vida, É a turbulência de morrer antes.
A rosa branca fb A rosa branca... tempo branco, Fazendo lembrar momentos... A mente branca de infâncias Entre o ir e vir trabalhado Das obrigações de viver... Conviver? -Talvez... A meninice passando filmes Vendo crianças no parquinho Sacolejando suas energias... As mentes brancas de malícias, As pernas ágeis sem preguiça... De conviver.-Sim. A rosa branca, enfim entregue Às mãos cansadas de manejar. São tantas horas a perambular Pelas saliências da memória Meio saudade, um tanto história. De como viver.-Ainda? Está por acontecer outra vez A palidez da infância Amanhecendo branca Nas faces lívidas dos netos Vindo espairecer névoas Do conviver o novo. Aquele abraço 25 de julho de 2012 fb Este caderno meio esgarçado Constrói momentos dos nadas E nadas dos momentos. Assim o que passou não é passado, apenas experiência, Para o bom ou para o ruim Os fatos das vivências esperam A resposta nos netos do agora, Semeando boas intenções somos avós De pequenas colheitas, que perambulam Pelas casas, batendo bumbos Nas cabeças zunidas. A maior de nós, avós, não convivemos com nossos avós, por isso caprichamos Em conviver com nossos netos. Este caderno, mesmo esgarçado, Constrói momentos. Viva nóis!
Desobediência cívica fb blog Estão empacotando vidas Nesses sacos plásticos. São batatas e cenouras e cebolas e... Crianças. E uma espera de cem anos Para derretê-los, os plásticos Em sacos, vasos, prateleiras... E crianças. Como pode a vida ser dividida Em recicláveis e orgânicos, Se somos todos orgânicos... E recicláveis?!
Fim de semana fb Nesta fase, Em que todos os dias são domingo... Ou todos os domingos são enfadonhos demais para serem sexta, é preciso Reinventar a semana... com chuva ou sol, Ou extrema lerdeza... Sair do casulo e experimentar o novo, De novo... com certeza. A poesia agora É uma oração compenetrada de toda hora, Promessa de alivio para os pecados De alguém que acreditara neles Antes de saber que os viveu todos Das vezes em que penou estradas de lama E derrotas outras, Sem miséria.
O grito nos olhos do mudo Expressa o que penso E não digo... Que a paz esteja contigo. No tempo do verbo Só conjugo o presente. O passado foi apagado, O futuro ausente.
O grito nos olhos do mudo Expressa o que penso E não digo... Que a paz esteja contigo. No tempo do verbo Só conjugo o presente. O passado foi apagado, O futuro ausente.
O princípio da incerteza fb Dessalguemos as palavras ásperas Que não se tornarão insípidas, Mas palatáveis à primeira ouvida, Se docemente ditas... entendidas: O princípio da incerteza à ciência É “Que tudo é igual a nada”.Mas, embora não explique a existência, Diz não haver precisão de um deus... O princípio da incerteza para leigos É que nada é igual a tudo.Explica a existência na crença a Deus, para a Boa oxigenação do nosso mundo. O big bang é uma estruturação lenta Das bases para a tal sobrevivência? Dessalguemos a palavra final, afinal Estamos aqui... sobrevivemos!
pastejos fb Nesses meses outonais a vida corre, Escorre pelos anais das esperas mansas, Carneiros continuam construindo lãs A pastejar os vales verdes Das esperanças... As coisas estão certas, Cada uma em seu lugar avistando Tardes brancas, marambaias joviais Chegando ou partindo nelas Sem medo de não voltar. O sono de ontem acorda vozes, O silêncio estava tranqüilo... Mas retorna o menino da feira Fissurando os carretos apressados Desses tempos criança... Nesses tempos a vida dança A dança dos trigais, entre rezas E chuvas longas, estreitos vendavais... Quem pode surrar as dores Se a dor já não dói mais?
Efeito aos mensaleiros fb Você sabe por que mentiu? Você mentiu para satisfazer Seu ego, não dizer-se frágil. Remoendo suas dores você Argúi que não sabia disso... Que não passou de ano ante A verdade: nem ter iniciado! A exclusa maléfica maldade. . Você passeia sob os arcos Desta velha catedral, ápice De todas as obras primas. Mas não sabe quando nem Porque alguém a levantou Dos escombros das outras. Como a velha construção Você traz cacos dos antes.
Cogentes fb Perenemente esmaecem poucos, Improfícuo feito da ociosidade. Que a roda do dia, sendo solto, Sentir-se-á morder na saudade. Houve tempo, não muito longe, Atribuído à antiga juvenilidade, Em que as rodas dos pés soltos Buscavam ferezas novidades... Haverá um tempo dito novo a Repetir o tempo das vontades Entre necessidades e estorvos, Assim somos cogentes a nós, Ao dividirmos noção de dolo Entre os estorvados moços.
currais fb Os pombais da igreja estão vazios. Incomodava a alguém os pombos Revoando, colhendo grãos na praça, Vazia de outras opções de cata. Talvez, imagino, a liberdade deles, Que iam para as roças e voltavam Sem dar atenção à fala pela praça, Vazia de razão ou sentido, ou jaça. Será, imagino, tamanha desgraça Pombos livres da conversa fiada Desses senhoris donos das praças? Talvez a época da colheita parca De uns votos soltos, se vendidos, Faça a raiva à concorrência nata.

terça-feira, 10 de julho de 2012

poetar Poetar é encantar a palavra Como o faquir encanta serpentes...
guerreira Aquela menina respira O mesmo ar de todos nós. Então, por que não se cansa De armar-se, como todos nós? É que os momentos sangrados Não atuam sobre sua paz, Apenas sombreiam a paz Dos outros guerreiros, Afastados por ferimentos Ou acovardados pelo medo De errar. Aquela menina, Com outro ar de todos nós, Ah, vinha com sapatos floridos, Vestido bordado e sorriso largo Procurando outro sorriso Na guerra de momentos ríspidos Onde atuava sua paz Assim não se cansou em esperar, Apenas sorria à ferocidade E planava sobre Nosso ar.
As criaturas do ar As criaturas do ar Têm um olhar diferenciado Sobre as coisas que vagam Nos descampados verdes... Vêm os roçados de longe, Donde são sempre lindos, Sem a aspereza dos suores Dos capinadores de ervas Entre canas e limoeiros, A espera pelos ratos Inda fadados esperar Aterramentos erosivos. As criaturas desse ar Dos longes vivenciados Não vêm o fogo ardido, Apenas o arrazoado.
entorpecido O tempo de anseio É quase uma dor Que o dia vai suavemente suando Até o estupor. O acontecido é Uma verdade Que não se refuta, Pois que é força Absoluta.
Cítara A música enche espaços Vazios desta hora... Toca solitário o tocador A sua clave repetitiva Sobre a aurora, Já esperada chegar entre Louvores. Derrama-se; fosse chuva, Entenderia sua leveza De correr entre paliças, Os dedos ágeis destreza Amealhando olhares Apurados, que passam A ouvir-la sóbria. Faz-se paz o momento, Que aspereza pode Insurgir-se nesta hora Se se repete a cítara Melancólica, a mesma Nota, posta ao ar nevoso Desde a aurora?
descaminhos Estou no caminho certo? Passam por mim as idéias vencidas, Exploro a incontinência dos fatos Gerados à época Como simples curiosidade Sobre fatos numéricos. Estaria no caminho certo Quando percebi a maturação Das frutas e idéias que tive No descaminho das coisas Que passavam rápido e caíam Antes de amadurecer? Estou no caminho certo! Já que cheguei até aqui apenas com Poucas cicatrizes e arrependimentos... Banal pensar nas desilusões de ontem Se a reparação dos erros pode Ser o hoje redimido. Estou no caminho certo, Com certeza!
oco No escuro da sala a sala é vazia Sem a percepção dos olhares frios De antes, quando insurgia A mesa e suas adjacências Enchiam a sala de aparências... Com uma espécie de curiosidade Consulto a memória das cadeiras Entaladas sob a mesa Puxando os pés que passam Atrás delas, de soslaio. Os painéis perdem a cor, O opaco do escuro faz-me Daltônico e lúbrico, Sem o calor do sol de antes, Ao frio do escuro da gora. Na vastidão da sala me perco e me encontro entre as memórias das peças móveis E suas inutilidades, Um vazio sai de dentro de mim. Enche os vazios ao redor da sala, Entre cristaleira, mesas e tapetes, Um telefone toca enraivado, Mas continua escuro o silêncio Quebrado agora.
acarinhado Quando eu vier lá de mim, Carregado das coisas que vim, Procura na arcada do tempo Porque cansei tanto assim. Apesar do corpo ter esquecido Aqueles cansaços, a lida Ainda tem sentido pelo regaço Das esvaecidas acarinhadas. Apesar de ter vivido a paz Na guerra, vem à memória o tanto que não erra. Então, procura nessa arcada Enquanto venho de mim O motivo de espera.
A pianista O silêncio oculto no corpo Ninguém imagina... Fui tímido em menino? Todos cresceram. Eu sou. O assoalho range aos passos novos A saudade daqueles tempos De antes, quando o piano acordava E as avós dos atuais tecladistas Pensavam-se damas fortes. O silêncio abate a teimosia de tocá-lo, Range o medo das próprias mãos Calosas de enfadar a roça. Que mãos seriam tão fortes?
A cada treze Por vagar encantos Sobre o perfume da hora Ela borda flores num pano de janela, Que são suas lágrimas jogadas fora. Vejo-me como me vês, Tu que perguntaste há pouco as horas, Eram já as três da tarde Preguiçosa de ir-se embora. Por vagar por esses olhos lacrimosos Sei que a tristeza borda-te as horas Nas flores contadas a cada treze Perfazendo o tempo na demora.
pichação Esses muros sujos de rabiscos São as mentes sujas de rabiscos... Nada pode explicar a face cruel Dos pichadores de muros sujos, Como se ferissem a própria pele Com suas mãos ásperas e Suas mentes dilapidadas a frio. As cidades são tristes vitrines Para alguém que sonhara cores, As cidades monopolizam a área Que seria verde, não fora cinza. As cidades depredadas por nós Não se safam das lágrimas, Apenas não as sabem sorver. Quantos sustos serão preciso Para o caboclo ingerir esta náusea Sem cuspi-la com o sangue Das narinas ardendo o odor fétido Das latrinas abertas ao desuso, Se a razão deixou-se levar Pela brutalidade da fumaça?
O peso das latas de água Os anjos morenos carregam Para o banho dos anjos claros Num céu programado cristão Com santos de olhares verdes... Assim já era antes, na corrida Pelas terras e mares do plano Revivido aqui, entre altiplanos As vozes enérgicas gritavam. Vestida de branco este anjo Perambulava pelas encostas O peso arqueando as costas. Sem latas, vestida de branco, Enfim ereta, imaculada agora, Ela estará livre esta noite.
coerção Agora me acham velho, Os que me conhecem e Os que nunca me conheceram... Eu tinha este encontro marcado, Não tive como fugir, Coajam-me a vir, de onde estava, Com os pés no barro das estradas Lameando as passagens plácidas De um amadurecimento lento... Lento... mas severo em suas ordens, Branqueando a barba e a mente E amarecelendo o retrato na parede Em comunhão comigo aqui Na cadeira, embalando as idades, Idas para trás das artes assumidas, Mortas em cada um de nós. Agora que me fazem velho Desato os nós.
Tentativas Quando tentei viajar os sonos Era manhã no dia e em mim, E fomos juntos perambulando As sombras e os matizes Que nos fariam felizes... Assim o dia e eu comungamos A mesma canção de voejar Sonhos por onde a realidade Levanta paredes. E fomos assim, o sol e eu Desfazendo sombras Para o meio do dia. No dia inteiro vou sucumbindo Às sombras que se agigantam Ao redor dos erros. O sol também se deixa sucumbir, É que nós dois estamos cansando De cobrir arvoredos Com as sombras viscerais de erros, Donde nossos tempos vêem Primeiro procurando o ar, e, Respiramos nosso último arrebol Nessa intensa luta de cruzar horas, Criar poleiros para sonhos cansados De ciscar momentos e bicar Somente grãos pequenos.
m cara bom fb Meu pai, sempre o cara bom. Foi, mas não se deixou levar. Um dia, inda cedo na sua vida, Contraiu esta moléstia ferina, Que o levou tempos depois... A sua coragem em enfrentar As desavenças da mala-sorte Faria suspirar a última vez Dizendo: tô gelado sim, filha, Mas não tem importância. Frente ao desespero da filha, Que a morte é parte do viver, A parte mais lógica, explicita Talvez a mais merecida... Ou Não, mas a parte mais certa. Nas incertezas de caminhar Ele dizia e provou que, enfim, Chegada sua hora, a coragem Do homem acima do medo Do macho raçudo de antes... Este foi o pai que convivi, Sem abraços e beijos, mas De um amor rude e sincero, Nas viagens, nas roçadas, Nos portões dos sítios, que Faríamos juntos, eu criança Ele adulto, paciente quando Saí do exame para exército Estava esperando para dizer: Tudo bem? Como a saber, Conformando revide muda, Não precisava de palavras. Este meu pai, me domou Fez-me pai também, antes Orientou-me filho a viver, Que me respeitou pessoa A conviver a extrema hora Como iguais, de mesma fé Este meu pai, um cara bom, A erigir um lar de sua casa.
endemia A infestação de corruptos(e corruptores) invade todas as esferas governamentais. Então, por que não reagimos? Penso que é como pernilongo com índio, parece que se acostumaram um com o outro, você não vê índio se coçar, mas se tem um branco perto, ele está se coçando de tanto ser picado... você vê alguém acostumado se coçando com as notícias do cachoeira? Só brasileiros que moram fora. Os daqui, nós, índios do dia a dia com essas picadas virulentas, estamos vacinados. Já dissertei aqui sobre José Carlos Rodrigues, assessor de gabinete do ministério da fazenda de Dom Pedro II, que aplicou um golpe falsificando assinatura de seu chefe e sacando na boca do caixa. Na época foi condenado e fugiu do país, depois foi proclamada a república, que o nomeou embaixador em Londres, mesmo sendo procurado pela justiça! No século XIII a.C. o Faraó Ramsés II já se via enroscado nessas artimanhas de corrupção, segundo a história, e, com toda a sua autoridade de Santidade, não resolveu a questão amistosamente. O Egito não mudou muito... No Império Romano a mesma endemia dizimou a autoridade e fez fenecer o resultado das grandes conquistas. Berlusconi é a prova viva de que não mudou também.. Nos paises asiáticos, segundo consta, corruptos e corruptores são condenados à morte, e, volta e meia aplicam a lei, mas assim mesmo temos lido sobre ministros de lá com a mão na massa. Se, ameaçados de morrer se arriscam, imagine onde a ameaça é apenas perder o cargo, pelo qual já não se abanam, com seus bolsos forrados, por aqui.. O poder público desde sempre vive em estado falimentar nesse quesito, é fonte de desavenças financeiras, porque os tributos são parte societária de todas as empresas e profissionais de qualquer natureza, sem sujar as mãos literalmente na graxa do dia a dia, sujam-nas na aplicação de sua porcentagem imposta. Diferente da jabuticaba, este não é um produto exclusivo do Brasil, nos Estados Unidos também corre solta, o vice-presidente renunciou faz um tempo pelo mesmo motivo do Arruda por aqui, no Japão o primeiro ministro também caiu. Na Bélgica, na França, na Itália, etc. o maior problema atual na Grécia parece ser o mesmo dos antigos gregos... na Inglaterra até a Scotland Yard entrou nessa fria! A futura vacina contra essa endemia talvez seja a computação, que está globalizando os mundos que cabem neste mundo num só patamar: a transparência. Se é que isto inibiria a cara de pau de certos cidadãos... esperemos... esperemos...

segunda-feira, 11 de junho de 2012

favelinhas Das considerações que peno Algumas judiam de mim Sem pena... Vejo as paredes bonitas, vidros limpos, Jardins arejados E penso: bom se tudo fosse assim, A vida, o presente, o passado.
O livro dos nadas calendario O livro dos nadas E das coisas nenhumas... Bem, se Deus criou Esse mundo assim, Cheio de coisas nenhumas, Como os insetos E a transparência dos nadas, Por que negar que o mundo Não é nosso, Enquanto humanos? Amiúde Essas coisas nos mordem, De raiva? Da distração nossa De não vê-las passando.
Olho no olho Eu prefiro assim: Olho no olho, Alma na alma, Jeito maroto de Quem escala A palavra Uma a uma, Pesada Caminhada... No fim aceitamos O que ouvimos Do que velamos.
Sinto Sinto arder às narinas Como estivesse voltando... Mas, não é bom voltar Ao principio, ao verbo, Às infâncias dos homens? Talvez descobrir o Sorriso, O primeiro grito sem horror... O espasmo, Talvez a prima Corola perfumada da flor... Ao dito por não dito. O medo perpassa a idéia De que voltar possa ser Assassinar a nova geração Que não haveria de ser Exposta assim sem razão. Mas insisto: gostaria de ver O princípio do Éden, Esta estrela que brilha e Se cria, respirando o éter Denominado Poesia!
A invenção da saudade calendario Também tive infância, Hora bonita de conhecer a partir Do quintal e da rua empoeirada, Outros lugares menos distantes Tornados próximos Com a leitura das fábulas. Lugares febris, lavra sangrada Entre matas virgens, Estradas, museus, caminhos No meio dos nadas... Tão caros aos olhos quanto As catedrais de Gaudi. Tempo de ir apalpando a vida, A medo, curiosidade e cuidado. Revendo aqui e ali imagens Desatualizadas de ser. Assim descobri assustado A invenção da saudade.
monotonamente calendario Viver é de uma lentidão Monotonamente perigosa... Os meninos querem chegar, Os velhos não querem sair. Para que? Retornar Para enciumar os outros, Que estarão bengalando Os passos trôpegos... Um jogo de paciência, Não é pra quem não sabe O valor de saber jogar. Viver é mesmo isto, Entre as opções de ficar, A opção de partir...
vendaval Como dobram os trigais Dobro à minha vontade... Vento de fins de tardes Que tento argüir Dos como... Mas, como os trigais volto A levantar meu ânimo Nas infindas madrugadas Com o vento ameno E a pausa.
A cortina se abre A cortina se abre, As estrelas estão postas Em seus lugares demarcados. É uma cena diária Mas tão bem arquitetada Que... A vida passa E não se as vê como estrelas Mas como um céu aberto, Palco de poucas lavras Nenhuma estrela nova Na madrugada...
quandos Quando eu me for, Não por querer, mas por ter partido, Levarei comigo a saudade das coisas... O rosa das flores, o verde das tardes, O escuro do quarto, o claro da sala... Uma impressão de vida nas vidas Geradas por mim. Quando eu me for Serei desesquecido, que lembrar é Tanto mais que vivido... Verei por aqui as flores esmaecidas Das cores que vivo, e, Nas gerações de mim talvez o sentido De eu ter vivido.
Colheita Talvez não seja lógico Mas a velhusca frase: “Colherás o que planta” Não tem mais sentido... Bandido filho de bandido? Puta é filha de família... Político de botequeiro... Engenheiro de frentista. Ou tô errado de novo? Eu, quase ateu, de pais Religiosos, e, este escrito É ao menos prosa? É um poemeu, meio trova, Meio glosa, meio sem pai, Como eu, caído do léxico E se explica em hebreu.
quandos Quando eu me for, Não por querer, mas por ter partido, Levarei comigo a saudade das coisas... O rosa das flores, o verde das tardes, O escuro do quarto, o claro da sala... Uma impressão de vida nas vidas Geradas por mim. Quando eu me for Serei desesquecido, que lembrar é Tanto mais que vivido... Verei por aqui as flores esmaecidas Das cores que vivo, e, Nas gerações de mim talvez o sentido De eu ter vivido.
Fim das tardes Uma a uma Se vão as vontades. O corpo está cansado, O espírito está livre Para voejar de novo... Quem sabe possas agora, Alma desprendida, Encontrar o gozo.
Espantos Espanta-me como As crianças de minha infância Estão tão envilecidas Quanto envelhecidas... Somos tracejados Pela inconstância de viver Assim, como sem passado Ou sem querer se ver. Espanta como as coisas Envelhecem firmes, com caráter E uma personalidade de doer... Tanto quanto as árvores, As mesas de bilhar, As banquetas de um bar lembrado De não deixar de ser. Os copos, os apetites... A vida por desmerecer As vidas que envileceram sem viver. As coisas mais que nós Sabem bem envelhecer.
Uma música Uma música... uma música persiste No brocardo das memórias, Separado do adágio das atualidades, Me explora a mente aguçada Para as remessas dos ontens, Feito sacadas para uma paisagem. Uma música, esta música invade Meus pensamentos de agora Trazendo de lá a saudade Das coisas fúteis da época, Agora rememoráveis. Esta música traz da infância A cor do som que pairava Nuns sentimentos banais, Agora tão necessários. Sumidas horas não mais Aprimoradas a vencer As novidades... O parecer da vontade De voltar... voltar Para lá.
Das franquezas As palavras voam para este papel Em branco... Agora podemos dialogar nesta língua De hieróglifos e permanecer Estalando os dedos, Rebuscando dicionários de nada saber Dos sentimentos... Aqui somamos nossas ignorâncias E lemos nossos pensamentos/sentimentos. Hostis às palavras chaves Desviamos para o descaminho Das abreviaturas informais, Agora sim, podemos conversar de mano. Sem sinais ou insinuações. Pedra é pedra Pau é pau. Letra por letra o final.
endemia A infestação de corruptos(e corruptores) invade todas as esferas governamentais. Então, por que não reagimos? Penso que é como pernilongo com índio, parece que se acostumaram um com o outro, você não vê índio se coçar, mas se tem um branco perto, ele está se coçando de tanto ser picado... você vê alguém acostumado se coçando com as notícias do cachoeira? Só brasileiros que moram fora. Os daqui, nós, índios do dia a dia com essas picadas virulentas, estamos vacinados. Já dissertei aqui sobre José Carlos Rodrigues, assessor de gabinete do ministério da fazenda de Dom Pedro II, que aplicou um golpe falsificando assinatura de seu chefe e sacando na boca do caixa. Na época foi condenado e fugiu do país, depois foi proclamada a república, que o nomeou embaixador em Londres, mesmo sendo procurado pela justiça! No século XIII a.C. o Faraó Ramsés II já se via enroscado nessas artimanhas de corrupção, segundo a história, e, com toda a sua autoridade de Santidade, não resolveu a questão amistosamente. O Egito não mudou muito... No Império Romano a mesma endemia dizimou a autoridade e fez fenecer o resultado das grandes conquistas. Berlusconi é a prova viva de que não mudou também.. Nos paises asiáticos, segundo consta, corruptos e corruptores são condenados à morte, e, volta e meia aplicam a lei, mas assim mesmo temos lido sobre ministros de lá com a mão na massa. Se, ameaçados de morrer se arriscam, imagine onde a ameaça é apenas perder o cargo, pelo qual já não se abanam, com seus bolsos forrados, por aqui.. O poder público desde sempre vive em estado falimentar nesse quesito, é fonte de desavenças financeiras, porque os tributos são parte societária de todas as empresas e profissionais de qualquer natureza, sem sujar as mãos literalmente na graxa do dia a dia, sujam-nas na aplicação de sua porcentagem imposta. Diferente da jabuticaba, este não é um produto exclusivo do Brasil, nos Estados Unidos também corre solta, o vice-presidente renunciou faz um tempo pelo mesmo motivo do Arruda por aqui, no Japão o primeiro ministro também caiu. Na Bélgica, na França, na Itália, etc. o maior problema atual na Grécia parece ser o mesmo dos antigos gregos... na Inglaterra até a Scotland Yard entrou nessa fria! A futura vacina contra essa endemia talvez seja a computação, que está globalizando os mundos que cabem neste mundo num só patamar: a transparência. Se é que isto inibiria a cara de pau de certos cidadãos... esperemos... esperemos...
As similaridades Estive, de visita, em uma cidade do Estado, fiquei impressionado com a precariedade das ruas, esburacadas, sujas, com falha na iluminação dos postes, com as lixeiras quebradas, com os famosos orelhões estraçalhados, com obras inacabadas, de outras gestões, abandonadas em desserviço aos usuários, notei que as árvores estavam podadas irregularmente, obedecendo uma estranha fantasmagórica ordem de cortes avessos sob a fiação elétrica, decepadas em seu interior e desbragadas nas laterais, invadindo outros espaços, cobrindo a visão das placas de sinalização, isto nas poucas existentes, na maioria das calçadas só havia um tufo de ervas daninhas sobre os troncos cortados rente ao chão, que um dia foram frondosos, (talvez um tsunami não teria feito tanto estrago permanente). As calçadas de antigamente erodidas pelas cicatrizes das companhias de água, luz, telefone, e o escambal, que impiedosamente perfuraram pedras ornamentais e arremataram com cimento bruto, tão bruto que deixaram a impressão de propositadamente esculhambados, para ser refeitos por quem se sentir lesado. Fui procurar o cartório para resgatar um documento de um parente, recepcionado por um funcionário sem aptidão, ou vontade, ou preguiça enfadonha de cumprir o horário de braços cruzados sobre sua estabilidade, passou para uma outra moça, que discutia como iria vestir-se para um casamento vindouro, e ficou olhando-me como se esperasse que eu desistisse de importuná-la com picuinhas, vendo que eu não saía do balcão gasto e rabiscado por outros pacientes contribuintes, decidiu me atender. De volta à rua, tomei consciência da familiaridade que senti, vendo pessoas num ponto de ônibus circular, sob o sol, em pé, senhoras de idade, com suas varizes doídas, senhores curvados, uma gestante suando frio, duas crianças impacientes se digladiando, à espera de uma condução que deveria ter passado há algum tempo por ali, e que, sem cerimônia nenhuma, os recolhe periodicamente, sem horário fixo, sem o pudor de envergonhar-se pelo atraso, pelo desmazelo, pelas freadas bruscas... Procurando outras coincidências, notei uns mendigos “cuidando” de carros estacionados, uns menores mal encarados na esquina, um outro menor passeando sua vagabundagem numa camionete importada, extravasando sua perplexidade com o som estrondosamente alto, exibindo sua filiação perdulária, talvez a única forma de sentir-se querido, coitadinho... meninos sem destino, por falta ou excesso de regras. Já findando o dia, saí “de fininho”, desviando dos buracos nas ruas, cuidando dos motoqueiros apressados que tentavam me abalroar, com muita atenção as placas de mão e contramão, as preferenciais ocultas na imaginação de quem as propôs, voltando rapidinho para meu cantinho, porque aqui já conheço os mendigos, os buracos, os menininhos e suas artimanhas, e posso respirar quase tranquilamente, estou em casa.

domingo, 13 de maio de 2012

afazeres No silêncio da hora quieta Relembremos: Éramos viajantes esparsos Pelo ermo das trilhas vazias... Recordemos A melhor alegria das alegrias: A que suporta o mau humor, A apatia que asfixia. Recordemos Os melhores momentos, Que os piores não vão embora Da memória tardia...
Calados Fb 06/05/2012 Esperava uma resposta... Mas, nada, Apenas o silêncio de nenhuma carta. Apenas o silêncio. Talvez esta seja a resposta Descombinada. A quietude é uma resposta, Mesmo que falha, melhor que O grito, o sussurro, a fala incômoda Dos que muito falam Sem dizer nada.
Os que não estão mortos Os que não estão mortos Estão se pensando vivos. Estranha visão de caminhadas... Varreduras aos atos plenos de mágoas, tudo revendo valores dos que morreram antes. Os que não estão mortos Votam nos inescrupulosos, Vale a pena batalhar Nesse brejo, encalhados Nele como carros vesgos? É que, enquanto vivos, Propensos ao erro. Os que estão mortos Traduzem olhos chorosos Com preces, na pressa de Somar-se aos vivos aqui, Entre desviados erros E verdades oriundas Deles, outra vez vedados.
Os que não estão mortos Os que não estão mortos Estão se pensando vivos. Estranha visão de caminhadas... Varreduras aos atos plenos de mágoas, tudo revendo valores dos que morreram antes. Os que não estão mortos Votam nos inescrupulosos, Vale a pena batalhar Nesse brejo, encalhados Nele como carros vesgos? É que, enquanto vivos, Propensos ao erro. Os que estão mortos Traduzem olhos chorosos Com preces, na pressa de Somar-se aos vivos aqui, Entre desviados erros E verdades oriundas Deles, outra vez vedados.
relembra mentos O tempo diria Que afrouxei... É que fazia tudo fácil uma vez, Uma vez passada a infância Regulei a adolescência Pelos atos desata dos De um nó hiato. Depois... o hoje, Vagarosamente caminhado Sobre pernas bambas e Pensamentos no passado... Assim somos sempre, Capazes de lembrar e Mentir Esquecimento.
azuis Quando tudo parece azul Eis que levanta algum Vermelho, Pequena memória Dos tempos difíceis De antes... Seria fácil esquecer? Mas o sol, O sol ilumina Tal incerteza e Clareia a idéia de ceder Ao esquecimento... Simples assim? Não, apenas factível Na longa espera Pela solução De outrem... Quando Tudo estava azul.
estética Preenchendo de carne Os ossos brancos, as faces dos crânios, Os pés descalços... Para que esta cirurgia Tão plástica? O invólucro Mereja a escondida dor Da carne Entre dedos ágeis e Malfadados intentos Frágeis. Uma mente sofrendo A decisão dos errados, Como fora antes Manipulado. Quem pode costurar Esta fissura?
Messiânico Palavras ditas ao vento Surpreendendo multidões De ouvidos desatentos... Assim a história conta estórias De outros tempos... Passado sem limites de espera, Apenas a inglória morte Dos soldados, dos escravos, Dos construtores de pirâmides Malfadadas ao limite Das forças desumanas. Palavras... Palavras... Apenas discursivo motivo Para entreter a polis Nos templos daquele tempo... De hoje, de amanhã... Seremos sempre desavisados Desses messias barulhentos... Cantores e faladores De novo tempo, Surpreendendo multidões De ouvidos desatentos.
Marca de giz O silêncio deste homem O faz perdoado porque A alma daquele homem Absorve a de seu corpo, Extenuado, mas ainda À procura do brilho do Mesmo diamante que Em infância procurava. Na ingenuidade pesou Seus pecados, a dor de Dedos tortos estresia as De seu caráter arruado. O seu silêncio é defesa Do medo de ser cobrado Como fora seu parceiro, Seu passado.
Folhas secas As folhas fazem a história De todas as plantas, de verdes promessas, Até que um dia, numa manhã, Apodreçam. Depois seremos iguais... Folhas secas voando Acumulando-se Nos fundos dos quintais.
olhas secas As folhas fazem a história De todas as plantas, de verdes promessas, Até que um dia, numa manhã, Apodreçam. Depois seremos iguais... Folhas secas voando Acumulando-se Nos fundos dos quintais. Marca de giz O silêncio deste homem O faz perdoado porque A alma daquele homem Absorve a de seu corpo, Extenuado, mas ainda À procura do brilho do Mesmo diamante que Em infância procurava. Na ingenuidade pesou Seus pecados, a dor de Dedos tortos estresia as De seu caráter arruado. O seu silêncio é defesa Do medo de ser cobrado Como fora seu parceiro, Seu passado. Messiânico Palavras ditas ao vento Surpreendendo multidões De ouvidos desatentos... Assim a história conta estórias De outros tempos... Passado sem limites de espera, Apenas a inglória morte Dos soldados, dos escravos, Dos construtores de pirâmides Malfadadas ao limite Das forças desumanas. Palavras... Palavras... Apenas discursivo motivo Para entreter a polis Nos templos daquele tempo... De hoje, de amanhã... Seremos sempre desavisados Desses messias barulhentos... Cantores e faladores De novo tempo, Surpreendendo multidões De ouvidos desatentos. estética Preenchendo de carne Os ossos brancos, as faces dos crânios, Os pés descalços... Para que esta cirurgia Tão plástica? O invólucro Mereja a escondida dor Da carne Entre dedos ágeis e Malfadados intentos Frágeis. Uma mente sofrendo A decisão dos errados, Como fora antes Manipulado. Quem pode costurar Esta fissura? azuis Quando tudo parece azul Eis que levanta algum Vermelho, Pequena memória Dos tempos difíceis De antes... Seria fácil esquecer? Mas o sol, O sol ilumina Tal incerteza e Clareia a idéia de ceder Ao esquecimento... Simples assim? Não, apenas factível Na longa espera Pela solução De outrem... Quando Tudo estava azul. relembra mentos O tempo diria Que afrouxei... É que fazia tudo fácil uma vez, Uma vez passada a infância Regulei a adolescência Pelos atos desatados De um nó hiato. Depois... o hoje, Vagarosamente caminhado Sobre pernas bambas e Pensamentos no passado... Assim somos sempre, Capazes de lembrar e Mentir Esquecimento. Os que não estão mortos Os que não estão mortos Estão se pensando vivos. Estranha visão de caminhadas... Varreduras aos atos plenos de mágoas, tudo revendo valores dos que morreram antes. Os que não estão mortos Votam nos inescrupulosos, Vale a pena batalhar Nesse brejo, encalhados Nele como carros vesgos? É que, enquanto vivos, Propensos ao erro. Os que estão mortos Traduzem olhos chorosos Com preces, na pressa de Somar-se aos vivos aqui, Entre desviados erros E verdades oriundas Deles, outra vez vedados. oratório Este deus que pregam na Tv Não é o meu Deus, O que batalha comigo Minhas indecisões E aprova minhas derrotas Quando merecidas E minhas vitórias na História da vida. Esta é minha alma decidida Que não está no discurso Dos livros ecumênicos. Apenas carrego no peito, invisível, O mesmo dilema De não estar sozinho Na solidão dos termos.
As similaridades Estive, de visita, em uma cidade do Estado, fiquei impressionado com a precariedade das ruas, esburacadas, sujas, com falha na iluminação dos postes, com as lixeiras quebradas, com os famosos orelhões estraçalhados, com obras inacabadas, de outras gestões, abandonadas em desserviço aos usuários, notei que as árvores estavam podadas irregularmente, obedecendo uma estranha fantasmagórica ordem de cortes avessos sob a fiação elétrica, decepadas em seu interior e desbragadas nas laterais, invadindo outros espaços, cobrindo a visão das placas de sinalização, isto nas poucas existentes, na maioria das calçadas só havia um tufo de ervas daninhas sobre os troncos cortados rente ao chão, que um dia foram frondosos, (talvez um tsunami não teria feito tanto estrago permanente). As calçadas de antigamente erodidas pelas cicatrizes das companhias de água, luz, telefone, e o escambal, que impiedosamente perfuraram pedras ornamentais e arremataram com cimento bruto, tão bruto que deixaram a impressão de propositadamente esculhambados, para ser refeitos por quem se sentir lesado. Fui procurar o cartório para resgatar um documento de um parente, recepcionado por um funcionário sem aptidão, ou vontade, ou preguiça enfadonha de cumprir o horário de braços cruzados sobre sua estabilidade, passou para uma outra moça, que discutia como iria vestir-se para um casamento vindouro, e ficou olhando-me como se esperasse que eu desistisse de importuná-la com picuinhas, vendo que eu não saía do balcão gasto e rabiscado por outros pacientes contribuintes, decidiu me atender. De volta à rua, tomei consciência da familiaridade que senti, vendo pessoas num ponto de ônibus circular, sob o sol, em pé, senhoras de idade, com suas varizes doídas, senhores curvados, uma gestante suando frio, duas crianças impacientes se digladiando, à espera de uma condução que deveria ter passado há algum tempo por ali, e que, sem cerimônia nenhuma, os recolhe periodicamente, sem horário fixo, sem o pudor de envergonhar-se pelo atraso, pelo desmazelo, pelas freadas bruscas... Procurando outras coincidências, notei uns mendigos “cuidando” de carros estacionados, uns menores mal encarados na esquina, um outro menor passeando sua vagabundagem numa camionete importada, extravasando sua perplexidade com o som estrondosamente alto, exibindo sua filiação perdulária, talvez a única forma de sentir-se querido, coitadinho... meninos sem destino, por falta ou excesso de regras. Já findando o dia, saí “de fininho”, desviando dos buracos nas ruas, cuidando dos motoqueiros apressados que tentavam me abalroar, com muita atenção as placas de mão e contramão, as preferenciais ocultas na imaginação de quem as propôs, voltando rapidinho para meu cantinho, porque aqui já conheço os mendigos, os buracos, os menininhos e suas artimanhas, e posso respirar quase tranquilamente, estou em casa.
DAS IMPUDÊNCIAS José Carlos Rodrigues, assessor de gabinete do ministério da fazenda de Dom Pedro II, que aplicou um golpe falsificando assinatura de seu chefe e sacando grana na boca do caixa. na época foi condenado e fugiu do país, depois foi proclamada a república, que nomeou-o embaixador em Londres, mesmo sendo procurado pela justiça! Descaramento, impudor, despudor da pior espécie, a que rouba de quem não tem, quando rouba dinheiro público (de todos) rouba a tranqüilidade do abonado e comida do desabonado. A inconsciência do corrupto, e do corruptor, impressiona pela constância de atos ilícitos absolvidos no correr dos anos. Ladrões que roubaram nas décadas passadas estão em plena atividade esquecidos pela repetida ação de novos usurpadores, que encobrem com uma cortina de fumaça os atos passados, com suas estripulias. Quem se lembra do João Alves, dos anões do orçamento? Das falcatruas da LBA de Rosane Collor? Dos 70 bilhões desviados do INCRA? Das bicicletas e guarda-chuvas da Fundação Nacional de Saúde, comprados a preço de automóveis? Das 1.700 toneladas de livros da Fundação de assistência ao Estudante, desviados e vendidos como aparas, enquanto os estudantes chupavam o dedo? Da Central de Medicamentos, com seus carros e seringas descartáveis sumidos? Da ferrovia norte sul, escandalosamente orçada? Do Sistema Marajoara, de capitação de água para o Rio de Janeiro, e seus 800 milhões de dólares de prejuízo? Do Abi-Ackel e suas pedras preciosas? Das contas secretas do Morgan, de milhões em nome de brasileiros ocultos? Dos desfalques no INAMPS? Quase não lembramos dos atores do mensalão, das malas despudoradas, das cuecas recheadas, do vai e vem do Lalau, do vem e vai do Maluf, do Quércia, etc... A polícia faz sua parte. Focando um período: entre 2003 e 2004 prendeu 245 pessoas, dessas 64 foram a julgamento, e pasmem, DUAS estão presas!! O que os faz imunes? Os processos estão mofando! Por que a justiça não faz justiça, tratando todos como iguais? Os ladrões de ninharias pagam por seus “erros”. Desafio qualquer um visitar uma cadeia, verá que estão superlotadas, e pinçar de lá UM meliante classe A! Como no clássico Mensalão, o dinheiro sumiu! A polícia os entregou algemados, nós aplaudimos, no dia seguinte estavam soltos, os processos é que estão presos! Milhares de crimes apreciados, 40 pessoas denunciadas, um advogado dizendo que é ficção, -Na Suprema Corte? E como ficam os juizes? A medir pelos trinta anos do processo Paulipetro, daqui a trinta anos os mensaleiros serão julgados? Nem Ali Babá acredita! www.sergio.donadio@yahoo.com. sergiodonadio.blogspot.com/ CPF 006610319-34 Dados: brasileiro, maior, residente Rua das Garças 500 em Arapongas Pr.Fone 32741087 e 99642745 assinante da Folha, escritor/poeta, quatro livros editados, artigos publicados,

terça-feira, 17 de abril de 2012

propensão


Propensa
A abrir os botões
De uma fina camisa...
Indecências?
Apenas a realidade
Da malícia.

Não eras mais a dama,
Eras a mulher
Antes e depois
De seres a puta
Da vez pro menino
De prima transa.
marmóreo
fb

O que restará
Nesse tempo obscuro
De terceira idade?
Saudade do futuro, talvez,
Talvez um olhar
Lânguido, focando
Outra tarde...

A que ficou
Nas cicatrizes do tempo
Levado a esmo
Pelas outras idades?
Talvez um passado
Escrito em letras
De mármore.
As cores cinza


Essas cores cinza
Dos palácios europeus
Trazem à mente as cores
Que a velhice
Das pessoas
Perdeu...

O cinza das memórias,
O cinza das lembranças
Dos outros, nas datas
Importantes que o tempo
Apagou, por
Distantes...

Essas cores, cinza
Dos tempos, válidas para
Descrever o suor
Dos medos e arrepios,
Do amor, ou desamor,
Que feneceu.
A semana

Entre 11 e 18 de fevereiro de 1922, foi realizada a semana de Arte Moderna, idealizada pelo pintor Di Cavalcante, celebrizada por Oswald e Mario de Andrade na literatura e por Anita Malfatti na pintura, fazia parte das celebrações do centenário de Independência, criticada por Monteiro Lobato e outros, apoiada por Guilherme de Almeida e outros, recriminava a perfeição estética do século XIX, abrindo horizontes para novas idéias em literatura e artes em geral. Manuel Bandeira foi vaiado quando apresentavam seu poema os sapos, depois muito consagrado. Anita Malfatti não foi aceita. Com o quadro o Abaporu Tarsila do Amaral também foi criticada, consagrado depois. Heitor Villa-Lobos na música, Gilberto Freire e tantos outros, mas hoje é unanimidade a projeção da semana para as artes no Brasil. 90 anos depois, soa meio sem sentido rotular a arte modernista. O que seria modernismo? Portinari ou De Chirico? Picasso ou Dali? Da Vinci ou Michelangelo? Parece-me que tudo é arte extemporânea. Drummond ou Cacaso? Nessa seara quero citar: ”Nutre-nos a esperança enganadora, ansiosamente lutamos para alcançar o inatingível, como vivemos um breve dia, filho, não nos iludamos...” este trecho é de um poema do século VII antes de Cristo! “Vou de adeus em adeus atrás de nova ilusão, amores que foram meus agora de quem serão” esta do século XXI.. “Com minha arte firo mortalmente aqueles que me ferem” pensa bem, que modernismo este de Alcmeão, séculos antes de Cristo... Mas, o ranço do século anterior ao nosso, tinha alergia por versos brancos, a arte sem sombras expressivas. Enfim, anos depois os movimentos tropicalismo e bossa nova ainda são herdeiros daquela semana, que mudou o parâmetro dos conceitos e abriu as portas para essas experiências vindouras.
Em 1922, além da comemoração dos 100 anos da Independência, em 7 de setembro, tivemos o levante do exército contra o governo, a eleição de Artur Bernardes para Presidente, lá fora teve a dissolução do império otomano, a formação da união soviética, o falecimento do Papa Bento XV, e, para esmagar, a criação do imposto de renda cá.
Voltando ao assunto: Aos noventa anos da semana, aqueles que deram a cara para bater já se foram, resta a obra que deixaram, os herdeiros que os glorificam, a nova maneira de ver o mundo aceitando a diversidade de versos e tinturas, proliferando a palavra diversa da palavra, assim é que cultuamos a herança, asseguramos a perenidade do proposto. Parece fácil agora que se abriram as portas, mas o modernismo preconizado naquela época levou pedrada, é preciso que se o respeite sempre por isso.
O mundo da carochinha

O dia hoje me parece o mundo da carochinha, de mentirinha em mentirinha as coisas vão rolando. Na internet é gente dizendo-se bonita e estudada e especialista em coisas várias... é gente de 60 passando por 15... e outras coisitas mais do mundo virtual. Mas o que mais afeta minha, digamos sensibilidade, são as ofertas para os próximos cinco minutos, se você já ligou para estes sites, vai ver que na maioria das vezes o tempo acabou. Tem também as ofertas de carros semi-novos pela metade do preço do mercado, de computadores em Hong Kong, de pedido em catálogo, de compra programada, de entrada para jogos e shows, cruzeiros com tudo incluído, super saldão, curso com um mês grátis, assinatura com tantos jornais grátis... enfim, toda enrolação possível! Isso a uma distância presumida segura para não ouvir a grita da revolta dos pseudo-compradores.
“Enquanto durar o estoque”. Esta frase trouxe para a realidade da esquina a virtualidade da internet, de corpo presente, frente a frente os caras de pau vendem o que não tem, na maior. Especificamente um supermercado de nossa Arapongas, gente tradicional daqui, ofertou para hoje ovos de páscoa pela metade do preço, ao meio dia não tinha mais! Bem, ou eles não conhecem o potencial de venda ou não conhecemos o potencial de cara de pau deles.
É preciso reciclar o gerenciamento porque isso enerva mais gente do que contempla outras que, oportunamente encheu a burra com os tais ovos em oferta, gente que nem sabia o endereço antes, que foi terminar sua compra em outro local, onde tem intimidade de passar um chequinho de fora, de terceiro na boa. Interessa este cliente, em detrimento do corriqueiro, que ia levar fruta , verdura, pão, leite, e...ovos de páscoa em oferta? tinha gente saindo nervosa, deixando o carrinho com outras compras para trás. É um desacato ao freguês de todo dia, chegar à suposta boa compra, e...
Já não basta a segunda verde, a terça da carne, a quinta do peixe, a sexta da fome?! É por isso que um mercado “de fora” entra e “rouba” a cena, com o pão 30% mais barato, o refrigerante mais barato, TODOS OS DIAS. Mesmo que em outras coisas o preço seja mais caro, há mais sinceridade aparentemente.
Penso que chegamos a um momento em que o desrespeito ao cidadão abraca setores antes impermeabilizados contra essas falcatruas. Já tínhamos as ofertas, vagas, da internet, as promessas de candidatos a cargos eletivos, o aguarde um minuto, o espaço para idosos, o expressamente proibido cobrar deposito adiantado para atendimento médico... tudo de mentirinha.
Na verdade, desviamos de ledores da sorte nas esquinas, pedintes com pernas “engessadas”, doentes querendo o complemento para um remédio, uma passagem... mas não um ovo de páscoa! Esta para mim é nova.
DAS IMPUDÊNCIAS


José Carlos Rodrigues, assessor de gabinete do ministério da fazenda de Dom Pedro II, que aplicou um golpe falsificando assinatura de seu chefe e sacando grana na boca do caixa. na época foi condenado e fugiu do país, depois foi proclamada a república, que nomeou-o embaixador em Londres, mesmo sendo procurado pela justiça!
Descaramento, impudor, despudor da pior espécie, a que rouba de quem não tem, quando rouba dinheiro público (de todos) rouba a tranqüilidade do abonado e comida do desabonado. A inconsciência do corrupto, e do corruptor, impressiona pela constância de atos ilícitos absolvidos no correr dos anos. Ladrões que roubaram nas décadas passadas estão em plena atividade esquecidos pela repetida ação de novos usurpadores, que encobrem com uma cortina de fumaça os atos passados, com suas estripulias. Quem se lembra do João Alves, dos anões do orçamento? Das falcatruas da LBA de Rosane Collor? Dos 70 bilhões desviados do INCRA? Das bicicletas e guarda-chuvas da Fundação Nacional de Saúde, comprados a preço de automóveis? Das 1.700 toneladas de livros da Fundação de assistência ao Estudante, desviados e vendidos como aparas, enquanto os estudantes chupavam o dedo? Da Central de Medicamentos, com seus carros e seringas descartáveis sumidos? Da ferrovia norte sul, escandalosamente orçada? Do Sistema Marajoara, de capitação de água para o Rio de Janeiro, e seus 800 milhões de dólares de prejuízo? Do Abi-Ackel e suas pedras preciosas? Das contas secretas do Morgan, de milhões em nome de brasileiros ocultos? Dos desfalques no INAMPS? Quase não lembramos dos atores do mensalão, das malas despudoradas, das cuecas recheadas, do vai e vem do Lalau, do vem e vai do Maluf, do Quércia, etc...
A polícia faz sua parte. Focando um período: entre 2003 e 2004 prendeu 245 pessoas, dessas 64 foram a julgamento, e pasmem, DUAS estão presas!! O que os faz imunes? Os processos estão mofando! Por que a justiça não faz justiça, tratando todos como iguais? Os ladrões de ninharias pagam por seus “erros”. Desafio qualquer um visitar uma cadeia, verá que estão superlotadas, e pinçar de lá UM meliante classe A!
Como no clássico Mensalão, o dinheiro sumiu! A polícia os entregou algemados, nós aplaudimos, no dia seguinte estavam soltos, os processos é que estão presos! Milhares de crimes apreciados, 40 pessoas denunciadas, um advogado dizendo que é ficção, -Na Suprema Corte? E como ficam os juizes? A medir pelos trinta anos do processo Paulipetro, daqui a trinta anos os mensaleiros serão julgados? Nem Ali Babá acredita!
arritmia


Será sempre preciso
Mais que um aviso,
Um borbulhar de salivas
Refluxo afora, uma pausa
Nas agruras desse dia,
Umas mãos que vêm, e
Vão embora...

Será preciso mais que isto,
A palpitação do coração ardendo
Não faz sentido apenas sendo
O músculo controlador da hora.

Será mais preciso
Uma força de mãos abanando
adeuses
Entre as formas sutis
De despedir-se,
Talvez nem isso seja pertinente
Nesta hora.
Boa noite


A conta mais cara deste dia,
Não será, com certeza, a alegria.
Outras serão cobradas pela semana
Afora...
Os desaforos das ocasiões mirradas
De uma tarde assim de nada fazer,
Fazendo nadas...

A conta mais paga por este dia
Pode ser, enfim, essa alegria
De netos borbulhando pela sala...
Dois
Valendo por dezenas de pirralhos
Ouvindo a mesma cancioneta
Desbragada.

A conta menos cara deste dia
Embola tristeza e alegria, como
Fora o último da largada...
Depois
Ouviremos as cantigas
De mães querendo dormir antes
De seus pimpolhos irritantes.
Sapiens?!
Como podemos ser bons
Se nossos ascendentes
Foram expulsos do éden,
Depois da Macedônia,
Das penínsulas? Dos umbrais?

Como podemos ser bons
Se invadimos este rincão
De índios belicosos, ou não,
E os expulsamos de ser,
Aculturando-os?

Como podemos ser bons
Se,entre paradas das guerras
Não convivemos com a paz?
Se nessas torres de babel
Nos distanciamos?

Sim, podemos ser bons
Acarneirando nossos ímpetos,
Usando o poder de pensar,
Ou simplesmente voltando
Ao poder de não pensar.

Como podemos ser bons?
Copiando outros animais!
Cofiando pelos rebeldes
Quando eriçados demais,
Ou... desistindo de estar.
Em paz


Tranquilamente, Entre a quietude
e o alvoroço, lembro-me elusivo
Que o silêncio me traz a paz.
Nem sei se merecida... Mas, se
Imerecidamente estou em paz.

Entendo a inquietação da juventude,
Essa pressa de não saber pra onde ir.
Espero que entendam a minha lerdeza
De esperá-los aqui, tranquilamente,
Somos parte da mesma natureza.

Um tanto cético dessas premissas
De heroísmos, paroxismos, ismos...
Inda crendo na humanidade sana
Paro-me pela mão ativa e clamo
Pela igualdade dos desiguais.

Tranquilamente desvio da falsidade
Dessas mentes que mentem muito
Desde sempre, pairamos sobre
As tantas falsas lutas, alinhavando
A perenidade das ações amenas.





Espio as vidas heróicas de gentes
Que propuseram a paz em guerra
Devaneando séculos de espera
Depois que sangraram tantos
Impunemente. Aonde foram?

Crente no amor, descrente na
Promessa, sei-me assimilado
Que não tenho a pressa púbere
De correr os prados, mas urdo
A capacidade adulta da espera.

Alimento espírito com minha fé
De uma humanidade plena inda
Que revolta em atos descalabros,
De tempo e tempo assassinando
O futuro de pequenos molambos.

A estressante fadiga pela lida
Traz-me o consolo de vencida
A pausa de chorar e sorrir dela,
Dando por batida a trela que
Tranquilamente conto cruzado.

Tranquilamente sei do silêncio
Que alimenta a alma com fé
Na humanidade das ações, que,
Feitas, não voltarão atrás,
Perfeitas ou imperfeitas.
A pessoa certa
A pessoa certa é,
Na verdade a pessoa errática.
A que caiu de uma esfera,
Num bar, no canto, bebericando
A mesma salvia...

A pessoa certa
Surge assim do nada, aperiódica,
Procurando os olhos
Que se olham nela e
Vê-se espelhada.

A pessoa certa,
A certa altura começa
A responder errado as perguntas
Certas, a fugir das outras,
Que desinteressam.

A pessoa certa,
Depois da ressaca, morde e assobia,
Em vez de assoprar aperta
A jugular parceira de antes,
Por outras ofertas.

A pessoa certa
É a que foi embora antes, quando
Delirante inda te amava.
Nunca esperando que pudesse
Ver-te braba.
Os tantos mundos


Os outros mundos estão distantes?
-Estão aí na próxima esquina,
-Vide as soluções de tráfego, de moradia,
-De decência...

Vide o homem comendo o feijão azedo
Que jogastes fora.
O menino catando a latinha da tua cerveja.
A mulher perambulando pelas vielas
Procurando...
Filhos.

Vide o cárcere e o carcereiro.
A escola e a porta desenhada de fatores,
O vendedor de maconha na porta...
De todos.
Assim não dá pra ver os mundos distantes,
Tão perto quanto as fomes
Dos talantes.

Que mundos são esses que, descobertos,
Trazem para dentro de nós
As diferenças interplanetárias
Que não ousamos pensar
Viventes.
preenchimentos


O momento está perfeito.
Não pelo que possas fazer,
Mas pelo que podes tentar.
Tentar mudar o tempo da manhã sem sol...
Que lua é esta que vem vindo aí?

Poder mudar a impressão de miséria
No teu pão amanhecido...
Mas, que pão é este, ainda dividido?
A multiplicação pode ter sentido
Se medires a fome
Pelos sentidos...

Para o momento perfeito
A dor latente pode ser amenizada
Olhando a dor do próximo, alentada.
Por que razão chora a mãe sem filhos,
Se eles viajaram para a paz?
Soldados que voltaram da guerra
Do jamais.
Vamos para o ontem


Vamos para o ontem
Ver passar fanfarras,
Zunir entre as abelhas
O seu mel de favas...

Vamos para o ontem
Procurar as falas
Daqueles meninos gentis
Antes que o ontem acabe.

Vamos para o ontem
Perscrutar as amarras
Que nos trazem a força
Para o hoje amargo

Vamos... que o ontem
Espera-nos com a inocência
Que trouxemos até aqui
Nos alforjes pesados,

Vamos...vamos...
Que o hoje é tardo,
Os meninos brigam
Por suas namoradas,






De todas as escadas.
Cheio das verdades...
Pelos seus times,
Pelas vaidades novas,

Que desconhecemos,
Nós, por ontem armados
Nós, por ontens amados,
Defrontados tarde

Com suas verdades,
Inverdades herdadas
De nossas maluquices
Ingênuas, podadas.

Que o hoje é complicado
Demais para ser vivido,
Próximo demais
Para ser evitado.

Vamos para o ontem
E seu mel de favas...
Ver passar fanfarras,
Antes que o ontem acabe.
De manhã as pombas...


De manhã todas as pombas voam...
Passam pelas fendas da torre da igreja,
Levam suas folhas fetiches
Aos longos passeios pelas praças,
São mais urbanas que eu e você.

Passeiam pelas calçadas catando pipocas,
Levitando sobre nossas cabeças
Como se nem estivéssemos aqui,
Não ligam para nossas presenças.
Nós é que admiramos sua pose
De donas da praça.

Copulam, ronronam,
Dão de asas gorjeando
Suas namoradas
Enquanto trabalhamos nossos dinheiros,
Nossa falta de dinheiro...
Nossas falhas,

Elas passeiam, trabalham, voam
Expressas sobre seus bancos de espera,
Dizem-nas ratos do ar,
Não se ofendem, caçam-nas para assar,
Não se ofendem, procriam mais,
Sobrevoam nossas faltas sem faltas
Fatais.
apagadores


Se for para desmontar o dia,
Comecemos pela lua, atrevida, cheia,
Iluminando o que era para estar escuro.
Voltemos ao dia anterior
Com seus problemas de segunda feira.
Voltemos ao domingo e sua feira
De pastéis quentinhos
Na madrugada...

Se for para desmontar comecemos
Com a manhã lustrosa das palmeiras
E suas bentevis namoradeiras
Nas antenas da TV.
Passemos uma borracha sobre o coito
Da madrugada antes de acordar
Os olhos das crianças perguntadeiras.

Se for para desmontar, desmontemos
A fera que se criou em nós
Quando inda éramos carneiros
de peles macias e corações empedrados
Por esse dia sem passados.
Apaguemos de vez nosso antigo pouso.
Partamos para o pior dos mundos,
Ou seja, este em que estamos,
Sem conserto ou gozo.