quinta-feira, 26 de novembro de 2015



Unhadas
Enquanto as unhas crescem
O corpo bole...
Enquanto as unhas crescem
A música alimenta
Do frasco de frescura
Da noite lenta.
Enquanto as unhas crescem
O mar se evola em ondas,
Vai e vem e volta a ir-se...
Enquanto as unhas crescem
A dor se volta ao medo
Daquele último panariz...
Enquanto as unhas crescem
O amor se enrosca
Nas desilusões de amar
O que se foi...
Enquanto as unhas crescem
A mão se ergue ao ombro
Descido do depois.
Quanto às unhas crescem
As unhas crescem... As unhas
 Crescem ao redor.
Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Saraiva,Perse, Incógnita Portugal
Clube de Autores, Amazon Kindle.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015



Criações


Criou-se uma lágrima
Ao ciúme da verdade...
Criou-se uma lágrima,
Essência acentuada...
Criou-se uma lágrima
Pela cancha malsinada...
Criou-se uma lágrima
Na ebulição exorcizada
Das mentiras paralelas
Tidas como definitivas,
Mas efêmeras, diversas.
Assim sendo o látego
Cria-se uma lágrima
Para o momento crasso
Ao ser de gênero lasso
Entre concubinas fartas...
Por ironia da tristeza
Ou do contentamento,
Motivo de cada beleza
A lágrima do momento.
Pelas idas e vindas da
Veracidade assumida
Cria-se uma lágrima
A cada despedida.




Às vezes o dia começa
Quando acaba...
Assim são as pagas
Dessa intensa lida.
Um tempo em silêncio,
Uma ida aos velhos
pergaminhos
e nada que se faça vida.
Às vezes o dia acaba
Assim que comece,
Na ilusão de a chuva
Ser resposta à prece.







A imagem do verso
É a solita palavra,
Não a foto inversa
Ao que se é dada.










Quando a parte em que
Tenho saudade adormece
A parte em que tenho
Esperança amanhece

 




Iluminuras


Andamos no escuro,
Mesmo com as luzes acesas,
Lanternas que nos guiam
Apagam nossas mentes...
Tropeçamos nas palavras,
Nas guias, nas barrancas,
E vamos em frente
Crendo num deus para cada ato,
Numa resposta
Para cada necessidade,
Num socorro para cada tropeço...
Estamos lesos à planura dos dias,
Sabemo-nos fracos
Mas portamo-nos fortes...
A comiseração talvez seja o fato
Que nos encobre.

Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Saraiva,Perse, Incógnita Portugal
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segunda-feira, 23 de novembro de 2015



Infestos


As mãos
Procuram sentimentos,
Levam à boca
Alguns vícios loucos,
Distraem olhos fixados
Na ilusória mágica
Dos dados...
Alimentam a luxúria
Com seus dedos...
Atraem as lonjuras
Com seus gestos...
Desfazem-se em lamúrias
Com seus erros
Perdoados serem abjetos.
As mãos se insinuam
Entre as pernas ,
Formam um triângulo facto
Das coisas feias
Que lhes pareçam belas...
Assim é que essas mãos
Pintam os marrons
Das aquarelas.



Afloramentos

Que onda é esta
De terem-se presos
A whatsapps, se ervo?!
Relevo, às vezes,
A penumbra de ideias,
Visando o momento
Extremo de lezíria...
Mas não atrevo
Pendurar-me nela,
Um galho fraco
Perecível ao vento
Das histórias nobres
De outros tempos...
Que onda é esta,
Nomadizada? Ou eu
É que não a entendo?
Às vezes flores
Floram em calçadas,
Outras defloram
Em confinamento.
Que onda é esta,
Nesse relento?

Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Saraiva,Perse, Incógnita Portugal
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Horizontes


Na espera por exprimir
Momento de bem estar
Às vezes vejo-me partir
Antes de me ver chegar.

Quem dera fosse definir
O que é enfim esse ficar
Nas ondas de não remir,
Sonhadas antes viajar...

Pelos mapas hão de vir
Passagens dalgum lugar,
Já estivemos por aqui

Caminhando esse lugar,
Entre as forças de não ir
Está a fraqueza de ficar.