Desperdícios
domingo, 27 de fevereiro de 2022
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022
A semana de 22, cem anos do modernismo
O primeiro impulso para surgir o
movimento de 1922 foi das artes plásticas, a pintora Anita Malfatti trouxe da
Europa obras de cubistas, o que provocou grande tumulto nas artes daqui,
Monteiro Lobato tachou de paranoia, mas os jovens de então, como Mario de
Andrade, descobriram na corrente antiacadêmica europeia um novo caminho. A
ideia da “semana” surgiu de Di Cavalcante, no Rio, e prosperou com Ribeiro
Couto, em São Paulo. Entre outros, Menotti Del Picchia e Guilherme de Almeida
encabeçaram a ideia de promover no Teatro Municipal a “Semana de Arte Moderna”
ganhou impulso com a solidariedade de Graça Aranha, membro da Academia
Brasileira de Letras, da qual se afastou para unir-se àqueles jovens
revolucionários. Na sua fala de apresentação disse. “É uma resultante do extremado
individualismo que vem na vaga do tempo há quase dois séculos até se espraiar
em nossa época, de que é feição avassaladora. Cada pessoa um pensamento independente,
exprimirá livremente, sem compromisso, a sua interpretação da vida, a emoção
estética que lhe vem do seu contato com a natureza. Que a arte seja fiel a si
mesma...” Os Poetas foram vaiados por sua libertação, mas depois da Semana, nas
páginas da revista Klaxon e outras, firmaram sua posição com grande tumulto, no
seu discurso na Academia Graça Aranha em 1924 proclamou que sua fundação fora
um equívoco, mas já que existia, que viva e se transforme, admitindo nela as
coisas dessa terra informe, paradoxal, todas as forças ocultas desse caos, são
elas que não permitem à língua estratificar-se e que nos afastam do falar
português e dão à linguagem brasileira
este maravilhoso encanto da aluvião, do esplendor solar, que a tornam a única
expressão viva da nossa espiritualidade coletiva. Mario de Andrade explicou: ”.
Escrevo sem pensar, tudo o que meu inconsciente grita. Penso depois, não só
para corrigir mas para explicar o que escrevi. Acredito que o lirismo, nascido
no subconsciente, acrisolado num pensamento claro ou confuso, cria frases que
são versos inteiros, sem medir sílabas com acentuação determinada. Arte, que
somada a lirismo, da Poesia, não consiste em prejudicar a doida carreira do
estado lírico para avisa-lo das pedras e cercas de arame do caminho, deixemos
que tropece, que caia e se fira. Arte é montar mais tarde o poema de repetições
fastientas, que não seja de limpar versos de exageros coloridos. ” Cem anos
depois ainda estamos a separar briga entre parnasianos e simbolistas com o
modernismo datado por aqui, mas que já era expressado por Walt Whitman em
confronto com a rigidez de Castro Alves, ou nos versos de Shakespeare em “o
vento senta no ombro de suas velas” ou ainda de Homero “A terra mugia debaixo
dos pés dos homens e dos cavalos” ou ainda mais longe no tempo, em 2 mil
a.C. Nos versos: ” O homem precisa
manter os dentes e alma limpos” todos eles sem as amarras do simbolismo
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022
Feito o sol da tarde
Feito o sol desta tarde
Aprecio seu levante
Entre sombras e ventos
Indo embora...
Talvez à noite perceba
Quão escuro pode ser
O daqui a pouco...
Assim como o amanhã
Visto do hoje findo,
Como pode ser escuro
Este labirinto...
Feito o sol da tarde
Sinto-me apagando
As verdades deste dia
Todo feito de mentiras...
Descoberta/invasão?
Viajando marcam presença
Nos rincões d’outros viajados...
Quem pode gavar-se da terra
Por onde seus passos aram?
Quem vai banhar-se na água
Que escorre de seu costado
E saber-se dono dessa terra
Se anteverem-se regrados?
Por aqui passavam pessoas
E todos cá se apoderaram
Por poderes imemorados
Dessas ceveiras pendentes
Dos braços desabraçados
Dos pendões amendoados ...
Baú de esperas
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022
Qualquer fato efêmero
Se faz eterno no enlevado
Expresso na memória
Voos
As asas são palavras
Soltas que soltam
Pensamentos presos
Formando poesia...
segundas feiras
o clima de segunda feira
não é o mesmo do domingo
como não foi do sábado...
tudo a seu tempo,
da fanfarra à ressaca.
o clima desta segunda feira
é a espera da terceira feira
sem alardes, sem tristeza...
apenas a sobriedade sábia
de viver o hoje no clima
que se faz presente na fila
de valores de agora, depois
de cada festejado domingo...
todos os corpos
perecem um dia,
todas as almas
voltam a viver...
quando o corpo perece
a alma volta viver...
este canto de chegada
ou despedida
é o que resta em comunhão
com nossas vidas
a saber que vezes tantas,
por partida, chegamos
a nos encontrar...
este canto, mais que louvor,
te faz visita
no torpor do tempo
inda em crédito
com a vontade de ir
sem ter que ir-se
desta paz inda agora
conseguida...
quando olho o horizonte
parece estar tão perto,
ao dar o primeiro passo
me desperto...
quando escrevo o poema
o poema me descreve...
feito o sol desta tarde
aprecio seu levante
entre sombras e ventos
indo embora...
talvez à noite perceba
quão escuro pode ser
o daqui a pouco...
assim como o amanhã
visto do hoje findo,
como pode ser escuro
este labirinto...
feito o sol da tarde
sinto-me apagando
as verdades deste dia
todo feito de mentiras...
Chorar em silêncio
Lamento baixinho quando
Vejo a chorar desconhecidos,
Não por sentir o que sentem,
O choro em mim faz sentido
Quando por além-mundos
Minha fé é pouca de vez que
Aninha de prantear o pranto
Que meço na amargura alheia
Momento de perder a graça
Perdida a remissão ao torto
Do agora em pleno esforço
Pelo que sentimos em cadeia
Pela dor do outro, que passa
No momento daqui a pouco...
sergiodonadio
terça-feira, 8 de fevereiro de 2022
Voz que chama
No silêncio da noite
Esta voz que chama
Não me é estranha
Na áspera vivência,
Apenas não distingo
De memorial passado
Em extremos lapsos...
Laços de sugar tentos,
Pena que saibas pouco,
Bem ralo conhecimento
De meus passos dados,
Vagos sonares ventos...
Pingos fosforescentes
Nos olhos desolados...
Cimeiros
Não sou afeito
Ao contraditório,
Aceito,
Que tomem consciência
Sem interferência, apenas
Fico indignado quando pedem,
Exigem aquiescência!
Talvez uma vez entendam
Que seus valores não são
Valores universais, valões
Deixados cavar nas consciências...
Talvez aceitem que se pense
O contrário do contrário quando
O cotidiano for contrário.
Enfim, não discuto valores
Políticos, religiosos, cimeiros,
Apenas me calo.
Divórcio
Separar
A dúzia de copos
Em meia dúzias...
Acho tão deprimente,
Vergonhoso, tão...
Quão baixo chegou o valor
Dos sentimentos...