domingo, 11 de março de 2012

escuro


Antes de a primavera ser feita
Caminhemos os gelos desse inverno,
Inferno de nossos erros tantos...
Apenas aparentemente solucionados.

Lesionados pelos erros antigos...
Ainda sofrer o apaziguo deles
Entre as jornadas de desespero,
Leves serão as marcas desses erros?

Mas antes desse inverno inferno
Podemos nos haver de certeiros,
Apenas a maçã é alvo do flecheiro.

Todo o resto das tapas e esturros
Serão vedados pelas regras claras
Desvendada máscara sem escuros.










desacertivas


Dentro
de um mesmo mundo
Tantos mundos diversos...
Qual deles está certo?
O incerto.

Manias de querer-se sempre
A razão:
O velho com sua experiência.
O jovem com seu vulcão.
Ambos batendo a cara
Na indagação:

Como chegamos a isto?
Como vivemos sem isto?
Como seremos amanhã
Com desajuízo?

Ambos, certos e errados,
Cada idade com sua paixão,
Dos mínimos detalhes ralos
À próxima geração.
freqüência


Fora da idade da vida
A idade da morte
Assusta o descontrole
Das horas vencidas...

Subjugadas num chão
De brisas falhas, calhas
De cicatrizes amargas
Frente às animosidades.

Vencida a parte de ira,
Sobra um pouco o suor
Da lida, vida, estreitada

Entre pilastras o peso
Da próxima arrancada,
Marcha apenas de ida.










No interior da vela


Queima uma alma límpida,
O pavio açodado pela
Glicerina espalha num pires
Formando um mapa íris.

No interior dessa alma vela
A cera de uma vida áspera,
Passeada de alvores e tiradas
De uma raça ascendente dela.

Quem se esvai nessa fumaça
A formar uma nova estada?
O pai de meu alhures?

A praça de avós, dormentes
Nas suas campas lívidas?
Algum qualquer parente...
esmoreceres


Quando o casal cometeu
uma criança, sem perspectiva...
Não havia esperança,
Apenas o prazer do gozo.

Enfim, se desligaram, amplo
Aspecto ruim das relações,
Terminam antes de começar
Verdadeiramente.

Quando o casal cometeu-se,
Riu-se de suas estripulias
Sem consenso, só alegrias.
Mas agora choram o censo

De terem cometido a criança,
que, de fome se estreita em
Alquebramento pelos cantos
Desta vida íntima miserável,

Em que se imbuem na derrota
Da palavra sob a força
Do instinto selvagem, iludisse
A desesperança.



Mormente


Aninhamos... caminhamos...
Sem pensar nas pedras,
Sobretudo nas pontiagudas
Pedras desse descaminho.

Estreito logradouro calhau
De intenções e desrazões...
Enfim, a face bárbara
Das ações de ira e pranto.

Espanto? Apenas ao primo
Toque, não antes de gelar
As glândulas salivares...

Aqui nos desencontramos,
Nós que nos prometíamos
Mais que pares, piras.
O dia de vidro


O dia de vidro não se quebra
A cada mão que o abata com força,
Como a esmurrar uma raiva
Concedida.

0 olhar da mãe
Traduz a maternidade da vez,
A vez primeira concebida quando
De malícia se o fez.

A vez segunda...
Ah, a segunda vez a maternidade
Se impõe sobre a mão crime
Que se abriu em sangue.

A vez terceira quando
A mãe abençoa o filho e perdoa,
Só ela, o que ele fez, de mau,
Que só a si não era.

A mão definitiva em oração
Pelo filho que trucida uma família
Sem perder de vista a oração
À mãe pedida.



compunção


Com idade
Para ter vivido
Tudo que a vida possa
Ter servido,

Pede que volte a ser o que
Não foi, que em verdade
Desdobrou-se em dois...

Pensa compungido
Que deveria ter ouvido
Mais do que querido
Nos depois.
66


Trago todas as idades
Vividas uma a uma,
Em plena praticidade.
Nunca pela metade.

Dormi nas horas vagas?
Nunca horas vazias...
Apenas as ocupo assim,
Nas iras madrugadas...

Conheço as miudezas
Das ações e ilações que
Participei nesses dias...

Vivi-os como efêmero,
Cerquei-os por perenes
Nas memórias gratas.










Certos dias


Dia sim dia não
As pessoas acordam felizes.
Que não seja hoje
O dia não dos aprendizes.




Pela janela


As nuvens se mexem...
O vento mexe as folhas,
As pessoas continuam
Fabricando outras pessoas.
Porque sou uma pessoa


Porque sou uma pessoa
Há que haver um ascendente
Meu em algum lugar achado
Ou em algum outro se perdeu,
Não sendo o mesmo eu...

Porque sou uma pessoa
Há que haver uma identidade,
RG, sabe, com minha foto,
Aquela, esquisita, sem sorriso,
Ou mesmo sem vida.

Porque sou uma pessoa
Aqui e no navio, a caminho
Da Europa ou de África,
Ou de algum outro ponto
Onde eu me seja...

Porque sou uma pessoa
Mesmo que não o seja
Numas horas de medos,
Das fomes, dos degredos...
Das faixas de lonjuras...







Porque sou uma pessoa
E sou ainda a criatura, a
do dia da criação, talvez
Nem com uma costela
A mais para ceder...

Ou um pecado a menos
a cometer, com minha
Vontade de ser eu,
Entre as criaturas que
Se foram, e se o perdeu...

Porque sou uma pessoa
Além de ser uma ínfima
Parte água desse mundo,
Entre as águas diluídas
Nos corpos outros...

Menos eu, que viajei e
Perdi-me das tribos raças
E uivos, e relinchos...
Porque sou uma pessoa
Há que haver um Deus!
Chegou,
carregando um nome
Pesado demais
Para sua miúda pessoa,
Mas todos reverenciam
A pose que embarga vozes,
Uma lágrima se solta,
De nervoso.

Então, na escala de valores,
Solta-te, homem,
De seus tamancos rotos
E viaja...
Que amanhã não terás o
Mesmo hóspede,
Nem sua paz será
Vendida assim barato.

Ele invade teu mundo, homem,
Mas, se nem tu sabes
Que é teu,
Como vai saber o nobre,
Que se perdeu?
Se não ouves
O pensamento dele,
Vai te sentir mais dono
Do que é teu.



Olhe diretamente
Nesses olhos mortiços,
Eles estão medrosos de te mirar,
Pois são acostumados
À baixa das cabeças,
Quando chegam,
E quando partem, deixam rastros
De anomalias para ficar.

Fique ereto, homem!
Não do tamanho do teu corpo,
Mas do de tua alma.
Vê que ele se apequena
Frente à tua resoluta
Imagem?
-Fica ereto, homem, mesmo
Que depois se acovarde.

Estás aqui no teu terreno,
Ciscado e lavrado por ti mesmo,
Então, homem, não se ceda,
A luz é fraca, mas a sombra
É tua, enquanto
Não te amanheça.
Quarta de cinzas domingo


Há mil anos ontem à noite
Perguntaram-me as horas,
O verão mudando ponteiros,
O sábado indo embora...

As crianças dormitando
Enquanto o carro fareja
As poeiras da chuvarada
E o radio anuncia a valsa

Dos carnavais a quaresma
Que dia, mesmo que noite,
Que viagem bem acabada,

Um ponto esperado antes
Uma batida de portas,
O rádio silenciado, o sono...










intempéries


Nem todos os princípios
Retornaram,
Os retardatários se apressam
A chegar antes do dilúvio,
As fraldas da terra firme
Se desmancham
Pela insensatez dos mandantes
E dos construtores radicais
Nas rampas da montanha...
Que se desmancha.

O calendário continua sendo
Sexta feira, antes dos
Finais de cada semana,
Mas não se iludem os passageiros,
A terra está se movendo
Antes...
A vida já foi mais fácil,
Apenas com guerrilheiros mal
Armados.
Agora, a natureza se arma,
E amedronta.

quarta-feira, 7 de março de 2012

O mundo da carochinha

O dia hoje me parece o mundo da carochinha, de mentirinha em mentirinha as coisas vão rolando. Na internet é gente dizendo-se bonita e estudada e especialista em coisas várias... é gente de 60 passando por 15... e outras coisitas mais do mundo virtual. Mas o que mais afeta minha, digamos sensibilidade, são as ofertas para os próximos cinco minutos, se você já ligou para estes sites, vai ver que na maioria das vezes o tempo acabou. Tem também as ofertas de carros semi-novos pela metade do preço do mercado, de computadores em Hong Kong, de pedido em catálogo, de compra programada, de entrada para jogos e shows, cruzeiros com tudo incluído, super saldão, curso com um mês grátis, assinatura com tantos jornais grátis... enfim, toda enrolação possível! Isso a uma distância presumida segura para não ouvir a grita da revolta dos pseudo-compradores.
“Enquanto durar o estoque”. Esta frase trouxe para a realidade da esquina a virtualidade da internet, de corpo presente, frente a frente os caras de pau vendem o que não tem, na maior. Especificamente um supermercado de nossa Arapongas, gente tradicional daqui, ofertou para hoje ovos de páscoa pela metade do preço, ao meio dia não tinha mais! Bem, ou eles não conhecem o potencial de venda ou não conhecemos o potencial de cara de pau deles.
É preciso reciclar o gerenciamento porque isso enerva mais gente do que contempla outras que, oportunamente encheu a burra com os tais ovos em oferta, gente que nem sabia o endereço antes, que foi terminar sua compra em outro local, onde tem intimidade de passar um chequinho de fora, de terceiro na boa. Interessa este cliente, em detrimento do corriqueiro, que ia levar fruta , verdura, pão, leite, e...ovos de páscoa em oferta? tinha gente saindo nervosa, deixando o carrinho com outras compras para trás. É um desacato ao freguês de todo dia, chegar à suposta boa compra, e...
Já não basta a segunda verde, a terça da carne, a quinta do peixe, a sexta da fome?! É por isso que um mercado “de fora” entra e “rouba” a cena, com o pão 30% mais barato, o refrigerante mais barato, TODOS OS DIAS. Mesmo que em outras coisas o preço seja mais caro, há mais sinceridade aparentemente.
Penso que chegamos a um momento em que o desrespeito ao cidadão abraca setores antes impermeabilizados contra essas falcatruas. Já tínhamos as ofertas, vagas, da internet, as promessas de candidatos a cargos eletivos, o aguarde um minuto, o espaço para idosos, o expressamente proibido cobrar deposito adiantado para atendimento médico... tudo de mentirinha.
Na verdade, desviamos de ledores da sorte nas esquinas, pedintes com pernas “engessadas”, doentes querendo o complemento para um remédio, uma passagem... mas não um ovo de páscoa! Esta para mim é nova.

domingo, 4 de março de 2012

Perdendo a esportiva

1-Em março de 2011 0 governo federal criou mais uma autarquia, ou o que o valha, (leia-se anarquia) a Autoridade Pública Olímpica.(APO) ligada ao Ministério do Planejamento, para coordenar as ações dos jogos olímpicos de 2016. criando 484 cargos comissionados, o congresso autorizou a contratação de 181 comissionados, o presidente as APO, Marcio Fortes de Almeida empregou 60 pessoas, estimando um custo de 22 milhões por ano. Muito ou pouco? Acontece que o Presidente do Comitê Organizador Carlos Arthur Nuzman, garante que o COI ( comitê olímpico Internacional) manterá todas as despesas com patrocínios!! Em novembro a APO foi transferida para o Ministério dos esportes, e continua apo...rrinhando.
2-Ainda no governo Lula, paralelamente a FIA (Fundação Instituto de Administração) criara a Empresa Brasileira de Legado Esportivo S/A que recebeu verbas de 5 milhões de reais sem sair do papel, o Ministro Orlando Silva diz que não tem conhecimento, mas a tal empresa continuou a receber verbas mesmo depois de desativada pela Presidente Dilma, o ministro dos esportes, o atual, Aldo Rebelo,diz que quando assumiu a empresa não existia mais.
3-Enquanto isso, o “cidadão”, com desculpa ao termo, Naji Robert Nahas, nadando em dinheiro alheio, quebrou a bolsa de valores, foi preso, solto, falido, pego com milhões recebidos, segundo o próprio, da Telefônica, dono da também falida Selecta, que é a “dona” dos l,3 mil metros quadrados do bairro Pinheirinho em são Jose dos campos, sobre os quais não paga IPTU há muitos anos, onde milhares de migrantes das secas do norte de Minas e outras regiões se alojaram, indevidamente?, pois foram abandonados à sorte nas paupérrimas regiões de onde precedem, devidamente?! Encontraram tal terreno, da família extinta( que foi extinta, diga-se) que, sem herdeiros, deixou a fortuna para o Estado, que, num passe de mágica passou para o estelionatário em questão, que não fez nada mais do que esperar... não pagou impostos, não edificou nada lá, não perdeu, como qualquer outro falido, a posse do terreno, e volta a amealhar o que deveria ser agora um tranqüilo bairro. Errados estão os que se apossaram? Mais errados estão os que desalojaram brutalmente tantas famílias de seus tetos, num país que luta para cobrir de teto seus cidadãos em penúria.
4-Deplorável a atitude de minha grande ídola Rita Lee, em seu enfrentamento aos policiais que buscavam uma pessoa no recinto de seu “último” show! Quando se exaspera e xinga, o que é de seu jeito, os policiais de cachorros filhos da p... minimizando a situação ambiente: -Por causa de uns baseadinhos? Grande diva, aprende com sua própria lição, lembra: -“seja educado/diga: não./obrigado”.
5- Para fechar a semana: Que m... fizeram lá no Rio, amontoando andares num prédio sem estrutura, depois que caiu as autoridades descobriram tantas irregularidades, não? Onde estavam os fiscais antes? Molhando a mão?
6-Só para não passar em branco, coalharam esquinas com sinaleiros na nossa cidade, uns menos necessários, como da Marabú com Falcão, mas que pecado esquecer a mais precisa delas, da Flamingos com Drongo. É isso aí...
Submissão


Esses corpos ambulantes
Não fazem seus destinos.
Apenas caminham juntos,
Separadamente.

Sangram esses corpos suas culpas,
Mais que suas promessas e sonhos,
Menos que suas imagens poluídas
Desfeitas pela brisa dos ontens.

Esses corpos cobrem pesadelos,
Um tanto por seguir mesmos erros,
Um tanto por se desfazerem deles,
Mas sempre com arrependimentos.

Haveria outro caminho, mais penoso?
Talvez mais legítimo, mas abandonado
Por sozinho. Esses corpos se escoltam,
Se avizinham, mas não se abraçam.

Esses copos se imiscuem
Por jazer de seus destinos,
Ao invés de encastramentos,
Apenas descaminhos.
púrpura


A moça veio chegando
Como quem queria nada,
Foi dedilhando o piano
Marcando a sua estada.

O que seria do sapato
vermelho, rosa no cabelo,
meia redada...Não fora
o piano e sua estada?

Dois longos minutos
Lentos... uma estacada,
Quem conhecia a moça

Com sua flor coronata,
Seus dedos dedilhando,
Assim prendada?
promessas


Não deixe quebrar teu coração
que é meu.
Não deixe quebrar meu coração
que é teu.

Nos prometemos uno,
Nos dividimos em emoções,
Compartilhamos a geração dos filhos,
Compartilhamos a geração de fotos,
Compartilhamos a geração de problemas... e soluções.

Não deixe esta alma se desprender,
Porque quebraria em dois
O que unificado
Foi.











Itanhaem


A um dia de distância,
Numa noite de lembrança
Atravessar os pensamentos
Inscritos na pedra fria.

Da experiência a fé exposta
Em todos os atos costumeiros...
Derrotas? Apenas a face
Primeira das vitórias.

A outra vez, o vento do mar,
O sal do vento salgando
As faces lívidas e o encanto...
Ah, o encanto de estar

A um dia de distância,
Numa noite de lembrança
Atravessando os pensamentos
Inscritos na pedra fria.
gumareiros


A gente caminhava junto,
A gente se divertia junto...
De repente a gente
Se separou nas trilhas,
Desencontrou-se nas metas,
Distraiu-se nas ofertas...

Agora a gente não caminha,
A gente não se diverte,
A gente nem se vê mais...
E não se perde na memória.
Os desencontros passaram,
As distrações foram embora.

Desencontrados na meta,
Distraídos na oferta.
De repente a gente
Sozinha se derrota.
A gente passou da medida,
A gente virou história.







Em memória


O menino morto
Será sempre um menino.
A foto em sua campa eterniza
Sua meninice,
Feliz dele que não crescerá nunca?

Infeliz dele que permanecerá
Na lembrança menino?
Talvez fosse melhor para todos
Não ter a foto
De em menino,

Assim como os outros cresceram
Ele cresceria junto
Na impressão dos fatos.
Escolheria uma companheira,
Brigaria por um canudo,

Estenderia sua mão grossa
Aos outros meninos,
Filhos seus...
Mas não, o menino morto,
Será sempre um menino.
Porões


Às vezes a paisagem leda
cansa,
Os porões são a melhor fatia
Desse escuro programando
Clareira...

Tudo o que foi levado espia
a flor,
O sol do outro lado,
Distendendo a paisagem,
Verdeja

Folhagem molhada, ontem
A verdade, hoje utopia,
Apenas o porão diz
a incólume verdade
Deste dia.
Porque sou uma pessoa


Porque sou uma pessoa
Há que haver um ascendente
Meu em algum lugar achado
Ou em algum outro se perdeu,
Não sendo o mesmo eu...

Porque sou uma pessoa
Há que haver uma identidade,
RG, sabe, com minha foto,
Aquela, esquisita, sem sorriso,
Ou mesmo sem vida.

Porque sou uma pessoa
Aqui e no navio, a caminho
Da Europa ou de África,
Ou de algum outro ponto
Onde eu me seja...

Porque sou uma pessoa
Mesmo que não o seja
Numas horas de medos,
Das fomes, dos degredos...
Das faixas de lonjuras...







Porque sou uma pessoa
E sou ainda a criatura, a
do dia da criação, talvez
Nem com uma costela
A mais para ceder...

Ou um pecado a menos
a cometer, com minha
Vontade de ser eu,
Entre as criaturas que
Se foram, e se o perdeu...

Porque sou uma pessoa
Além de ser uma ínfima
Parte água desse mundo,
Entre as águas diluídas
Nos corpos outros...

Menos eu, que viajei e
Perdi-me das tribos raças
E uivos, e relinchos...
Porque sou uma pessoa
Há que haver um Deus!
O hóspede


Chegou,
carregando um nome
Pesado demais
Para sua miúda pessoa,
Mas todos reverenciam
A pose que embarga vozes,
Uma lágrima se solta,
De nervoso.

Então, na escala de valores,
Solta-te, homem,
De seus tamancos rotos
E viaja...
Que amanhã não terás o
Mesmo hóspede,
Nem sua paz será
Vendida assim barato.

Ele invade teu mundo, homem,
Mas, se nem tu sabes
Que é teu,
Como vai saber o nobre,
Que se perdeu?
Se não ouves
O pensamento dele,
Vai te sentir mais dono
Do que é teu.



Olhe diretamente
Nesses olhos mortiços,
Eles estão medrosos de te mirar,
Pois são acostumados
À baixa das cabeças,
Quando chegam,
E quando partem, deixam rastros
De anomalias para ficar.

Fique ereto, homem!
Não do tamanho do teu corpo,
Mas do de tua alma.
Vê que ele se apequena
Frente à tua resoluta
Imagem?
-Fica ereto, homem, mesmo
Que depois se acovarde.

Estás aqui no teu terreno,
Ciscado e lavrado por ti mesmo,
Então, homem, não se ceda,
A luz é fraca, mas a sombra
É tua, enquanto
Não te amanheça.
Quarta de cinzas domingo


Há mil anos ontem à noite
Perguntaram-me as horas,
O verão mudando ponteiros,
O sábado indo embora...

As crianças dormitando
Enquanto o carro fareja
As poeiras da chuvarada
E o radio anuncia a valsa

Dos carnavais a quaresma
Que dia, mesmo que noite,
Que viagem bem acabada,

Um ponto esperado antes
Uma batida de portas,
O rádio silenciado, o sono...










intempéries


Nem todos os princípios
Retornaram,
Os retardatários se apressam
A chegar antes do dilúvio,
As fraldas da terra firme
Se desmancham
Pela insensatez dos mandantes
E dos construtores radicais
Nas rampas da montanha...
Que se desmancha.

O calendário continua sendo
Sexta feira, antes dos
Finais de cada semana,
Mas não se iludem os passageiros,
A terra está se movendo
Antes...
A vida já foi mais fácil,
Apenas com guerrilheiros mal
Armados.
Agora, a natureza se arma,
E amedronta.