quarta-feira, 8 de maio de 2013
O grande circo mítico
De mito em mito se engenha um país de soluções rápidas e efêmeras, assim feito com as pessoas dos imperadores, depois derrubados, com os militares que proclamaram a república e logo depois se desentenderam, com as ditaduras e seus próceres, com Getúlio Vargas, depredado na época, depois endeusado. Com Castelo Branco, moderado para o conceito de seus pares. Assim por diante, com o mundo esquizofrênico de Janio Quadros ao collorido de Fernando, todos esquecidos pelas novas gerações por seus feitos e defeitos. De todos os solavancos dessa estrada, vamos nos ater aos mais próximos da memória coletiva, inda ontem, 1995, o mítico candidato a presidente Lula juntava os inquietos numa central única, (CUT) para azucrinar o governante da hora, o outro mítico Fernando, que tendo domado a inflação, levava uma lavada no Congresso, com o apoio de apenas vinte por cento dos congressistas. Depois, conseguia aprovar a reeleição com o voto de maioria, o que sucinta a criação de um “mensalinho” comprando os votos que lhe eram contrários antes, para quebrar a espinha opositora. Bem, passados esses entraves, a política mudou em 2002, com a entrada na administração daquele pessoal da CUT, que jogou fora as pedras para se tornar vidraça. Esses personagens pouco a pouco vão se apagando, para dar lugar aos novos míticos. Depois de mais uma derrama de dinheiro público, alcunhada de “mensalão”, eis que se apaga a luz sobre aqueles acontecidos, desde os feitos da monarquia, aos da primeira república, das duas ditaduras, dos planos de contenção e expansão malogrados ou não...
O novo mítico está sendo formado agora, com a maciça propaganda para a eleição do ano que vem, com novas alternativas de promoção pessoal. Esqueçam Lula, FHC, Getúlio, e todos os mitos menores criados a cada época eletiva. Os nomes do momento Dilma, Aécio, Eduardo Campos, Barboza, estão sendo chocados cada um em seu ninho. Mas não se iludam, são todos predadores. visto que a situação do cidadão, embora o país tenha evoluído, continua precária, arriscaria até dizer cada vez mais precária... e não vai mudar, seja quem for o próximo mandante. A população continuará desatendida compulsoriamente, bandidos continuarão assaltando com canetas ou outras armas do mesmo calibre, vide esses canalhas incinerando pessoas que tenham pouca grana para ser roubada, vide a dentista. Sabem por quê? Porque os “meninos” como aquele de 1,95 de altura aos dezesseis anos, que estuprou a senhora num coletivo ontem, à vista de todos os outros , não vão responder DEVIDAMENTE pelos seus atos, com as tais penas reduzidas, cadeias superlotadas, massacres dentro e fora! Agora querem solucionar o problema do menor tornando-o de maior... não, não ,não... Enquanto os míticos se preocuparem apenas em ser mitos, não teremos educação, o chamado berço, para ao invés de
sinais
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No teatro desta rua
Assisto a pantomima,
Uns vão sem destino,
Apressadamente,
Outros se divertem de ver
A pressa dos estressados.
Faço parte dessa turba
Entre os se vão e
Os que ficam...
Acordo em mim o viajor e saio
Deste corpo apático
Conservando minhas asas sonhos
De tantos outros anunciados.
Por que a rua não tem passado?
Apenas eu vivi a pena de penar
Suores e dores entre risos?
Mecenas de alguns ficados
Encontro-me no último
Temerário,
Que me acena.
instante
A cada instante
Que me passam os passos que não dei
E ainda ensaio,
Talvez seja a planura de meus atos,
Que ferem a sombra
Que me põe ilhado.
Em minha própria terra degredado.
Quanto faz falta
Aquele moço que fui, tímido,
Mas ao mesmo tempo atirado,
A correr as vias que desconhecia,
Tendo por bússola uma idéia fixa
De arrombar costumes e
Apagar os passos
Para retornar ao leito de nascido
E ser recebido
Com o mesmo abraço,
Se não de amigo,
Da mãe tranqüila,
Que repousa em outro céu desmembrado.
Leio em sua campa a alegria
De me ver retornado.
Estou aqui a pedir a bênção
E o perdão por ter me afastado.
Estou aqui, sem aquela sombra.
Somos nós dois agora
Do mesmo lado.
prometidos
É possível otimizar um poema?
Pergunto-me frente à poesia que surge
Nas palavras com que me descrevo
Na dor e no prazer,
Na vitória e na derrota,
Na saúde e na doença.
Somos agora uma só pessoa,
Abençoados pela palavra.
O que somos se a palavra não obedece
A ordem natural das situações
Adversas?
Perverso como um contendor
O poema descreve a poesia como idéia,
Posta em prática ela dissimula
E pasma, admite-se fera.
Assim somos, bem casados, mal casados,
Eu a palavra e a poesia
Que pousa nela, desavisada
De sorrir sempre.
E agora?
Vide a fragilidade da pessoa
Frente ao momento de estar
Morrendo... Seu temperamento
Talvez seja de aceite, Mas é
Sua vida que se esvai, porra!
Quem pode mais nessa hora?
Ela olha para o vazio pensando
O quanto tinha bebido demais,
O quanto tinha sorrido de menos...
Mas agora é o de menos pensar...
Apenas a espera é angustiosa
Porque demora mais o tempo
De espera real, pelo resultado,
É muito mais lenta que a outra
Daqueles exames costumeiros
Ou de antes, na corriqueira,
Pelo pudim no banho Maria
De um fogão a lenha seca...
Quem já viveu isto sabe bem
O que é esperar... Esperar...
Quando esperar é rotineiro
Não demora, Mas quando
A dúvida é se vive ou morre...
A pessoa não quer esperar,
Definha-se nessa de espera,
Vivenciando a dor que espera,
Pensa findar tudo ali mesmo,
Mas em pé ao lado seu amor
Implora atenção para a colher
De sopa o remédio para a dor...
De que vale o remédio à dor
Se dor é efeito e não causa?
E a fragilidade via crescendo
E tomando conta da pessoa
Estendida na cama branca,
Rodeada de favores e louvor
A pessoa não entende como
A vida pode ser tão frágil...
Resvalando na penúria de
Morrer-se antes. E agora?!
Predadores
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No céu azul sobrevoa
Uma águia ameaçadora,
As pombas pousam a medo,
Os coelhos escondem-se
Nas moitas espinhosas,
A cabra leva seu filhote
Para as pedras ocas...
Em outra cena o urso
Espreita a foca respirando
Receosa sobre o gelo...
A onça planeja o ataque,
A cobra planeja o bote,
O jacaré engole piranhas...
Este mundo natural, na TV,
É espantosamente cruel
Mas é incrível como
Esses animais ferozes
Deixam o bicho homem
Bem alimentado, afinal
É natural a desordem
Na escala evolutiva
A luta pela sobrevida.
olhares
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Olha, eu não aceitei o destino.
Talvez tenha uma resposta para isso,
De correr atrás dos impossíveis,
Crendo-os possíveis, e,
Passíveis de solver em água morna
De uma chuva distante,
Na distante infância de poças de água
Com relevância para a vida,
O cerceamento aos sonhos de voar...
Navegar... Ser alguém a mais que
O moleque de calças curtas e
Suspensórios...
Suspensórios,
A gente usava até os oito nove anos,
Daí passava a calças compridas e cintos.
Agora, vendo alguns senhores usados,
E seus suspensórios, voltando à infância,
Com seus pesares e suas dores e dúvidas
Sobre ser amado ou abandonado
Dentro de suas casas esvaziadas.
Assusta-me a imagem desses senhores
Com seus suspensórios, voltando
Ao pó de suas idades imaturas
Para vivê-las de novo,
No esquecimento
A perversidade da liberdade
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A perversidade da liberdade
Com esses meninos impúberes
Soltos, (ou presos?) nos computadores...
Oscilando entre ver as coisas
E curtir as cores das coisas
Lá fora...
A perversidade da liberdade
Ocultando a realidade das cores vivas
No ambiente de sol das manhãs
A esses meninos dormindo ainda
Suas intenções nas cobertas
Cá dentro...
A perversidade da liberdade
Impondo olhares de fora para dentro
Dessas salas aparelhadas para
Silenciar o prazer nessas crianças
Levadas a não pensar
Em si...
A perversidade da liberdade
Amputada nesses tempos perigosos
De supor que possam viver
Aleatoriamente no virtual,
Enquanto crescem as cores
Lá fora...
A perversidade da liberdade
De cegar à luz as nascentes novas,
Das águas às cabeças límpidas,
Impondo rotas alternativas
De desviver suas idas
Adiante...
A perversidade da liberdade
De ir e não ficar olhando passar
Os sóis de cada dia, alterados
Pelas estações dos anos,
Floridas à espera
Deles...
A perversidade da liberdade
Desacontecida nas tardes suadas
De antes, agora higienizadas
Pela ausência do prazer
De ser o viver-se
Ainda...
Ainda que novas idéias gerem
Novas situações, amputadas pela
Inação de tantos frente
À obcecada visão vesga do real
Das vidas perversamente
Diluídas.
Acentuada
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A criatura que te veste
Não eterniza suas peles,
Trocadas a cada dia vivido
Em ti,
Portanto, não se imole nisso,
Não se tatue de destro,
Não se intimide de medos,
Não se enfrente em degredos...
Apenas vista... Vista esta face
Que te agita e verta
O suor das malícias
Conquistadas
No correr desses dias...
Apenas viva intensamente tua fase
De carnes sobre ossos, sob peles
E intenções de lívidas moradas
De moscas e vermes
Na próxima Madrugada.
Veja porque augusto dos anjos
Se nutria das podridões do ser
E faça o contrário,
Usufrua esta veste, antes
Que apodreças,
E sejas outra vez
Nada.
Viciosidades
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De amanheceres estamos fartos,
Façamos um monumento
A este ego efêmero que verte
A ânsia de viver tudo urgente,
Antes que desfaçam vontades
E a tarde comece a ser tarda
Esperando outra vez amanhecer.
Sexualizemos este conviver
De entardeceres estamos tardos
O masoquismo faça entender
Que ainda vale viver o prazer,
Nem que seja doído conceber
Cada novo intento, revendo
Perceber a inutilidade de sofrer,
A viscosidade de conviver
A viciosidade de não ser.
Apenas não sabemos dobrar
Em noites que acompanhem
Tais excertos, qual seja a parte
Viva de ensejos e eretilidades,
Ok, façamos a mesma verdade
Repetir-se sem mágoas idas:
Façamos um monumento
A este ego efêmero!
Pela ausência
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A pálida distância
Converte-se em lágrimas
A notícia estampa a cara dum filho
Abrandado pela dor da falta...
Aqui se ferem crianças
No abandono como cães ou ratos,
Pelos covis de estreitas salas
Correm amedrontados.
É madrugada já,
Principia uma correição de falas,
Descalços os meliantes
Convertem-se em tímidos medrosos
Nesta escala de crimes e penas...
Que pena que as penalidades
Serenizam quando
O acusado tem diploma...
Para o efeito causal merece
Um tratamento especial...
Fico indignado: o de mais dispêndio
Para ser formado Homem,
Forma-se bandido...
Aí, pelo concurso de ter cursado
Diferencia-se do menor,
Abandonado.
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