quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

 

                                                            Carpe diem, diem perdidi...

No comando dos desejos para o ano que se inicia é preciso perseverança no que se espera deste momento de cada vida, consciência do que se deseje continue e do que se deseje mude. Mudar em planos é a parte fácil, botar fora quinquilharias, dos objetos às ideias, já não é tão fácil, pois o que se joga fora é irreversível na recolha no mesmo estado de antes, tanto objetos quanto sentimentos. Para meu ano novo formulei um esquema: Por onde começar? Pelos desejos deixados na gaveta do ano que se fecha. Abro a gaveta, está abarrotada de indecisões, simplifico mensurando as alcançáveis diante das inalcançáveis, das alcançáveis por que mofaram na gaveta?  Das inalcançáveis por que ainda estão aqui? Para esta divisão de sonhados preciso saber o que me faz mais falta para o novo ano! Talvez a simplicidade de olhar os pássaros pela janela, catando gravetos, um de cada vez, e construindo ninhos. Vou por aí, catar gravetos de ideias e costurar os trezentos e sessenta e cinco dias à frente, um de cada vez...

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

 

                                                                Questão de valores

Às vésperas de mais um tempo natalino, valorizemos a ação, as vitrines estão ofertando tudo, de árvores brilhosas a estrelas azuis, mas quase tudo é falso, das árvores plastificadas às estrelas purpurizadas, fantasias a brilhar olhares fúteis, ruas iluminadas, lojas preparadas para abstrair desejos acumulados na pandemia... às vésperas deste natal, procuremos a essência guardada nas intenções, entre as ofertas descabidas de brilhos falsos, encontremos o brilho do amor privilegiado pela ação! Será preciso mais atenção para enxergar os verdadeiros valores, inerentes às nossas almas, acima das alegorias ofertadas pelas luzes piscantes nas vitrines, d’onde mostram a materialidade do momento, a eventualidade dos risos soltos, os churros doces das ofertas...  Procuremos lembrar o tempo de Jesus na terra: Naquele tempo, Zaqueu, o cobrador de impostos, ao saber que Jesus viria à Jericó, e que iria à sua casa, correu a preparar sua família para recebe-lo, naquele encontro a riqueza de Zaqueu não importou para a presença de Jesus, assim como nos dias atuais a riqueza das luzes e purpurinas não terão importância para a comemoração da vinda Dele aos nossos lares. Não há, segundo consta, registro do que conversaram nessa visita, como não haverá agora o que a presença de jesus em nossos lares dissertará conosco, porque este dia será consagrado ao silêncio entre nós e Ele, o que dialogarmos não interessa a terceiros, só a nós mesmos, a cada um de nós, o que dizer a Ele, a quem referenciar acontecidos? Os amigos de infância estão longe, os de agora não são tão íntimos para ouvir reclamações doloridas hoje, então o que vale neste momento é o silêncio dialogado com Ele, é a rendição à fé, seja ela de que forma for, o que aprece é sentir o sentimento neste dia, a alegria pueril, a valorização do imaterial, o que desimporta é a fartura material, os presentes caros, que endividam para o novo ano as perdulárias joias para hoje. A valência para este dia é a presença dos ausentes, dos que se foram e não retornam, dos que esqueceram o valor do pensamento elevado ao patamar de oferta, como fora lícito se ofertar carinho, abnegação, resposta aos anseios, a mão estendida ao que pede apoio... o que vale é a intenção, o ato preservado de querer-se amado e do querer-te abraçado! Como na cena bíblica da árvore na palavra de Jesus a Zaqueu, Ele está nos dizendo agora: ”Desce daí, (de nossos preconceitos, vaidades, ambições) eu preciso ir à sua casa hoje”.

 

 

 

Emoções são

As causas do dia a dia...

Seja por fé ou ironia.

Seria preciso mais

Que o tempo varrido

Para conceber-se

O acontecido!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O que pode a espera

Senão esperar que se molde

À espera por se viver?

 

 

 

 

 

 

Não há um mundo

Para cada dia

Cada dia é um mundo...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O fim da linha

 

A menor

Distância

Entre

Dois pontos

É a linha curva

Porque

Você não

Visualiza o fim

Da linha

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Às meninas quase feias

 

Se

Todas as cores

São válidas

Por que não

Dar atenção

Às meninas

Pálidas?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

olhando em volta

 

descubro

que faço parte da paisagem,

sou aquele galho

que o vento muda de cara

quando me dói tudo

que não esperava ver,

ao ver sinto-me mudo,

perplexo

por me reconhecer

como só mais um,

um arbusto...

 Tempo de esperas


A esperança me abraça,
A esperança não constrange,
Inda cultivo saudades
D’onde semeei andanças...
A esperança me abraça
Ante a lembrança estranha
De um tempo que esfumaça
Entre feitos e defeitos,
A esperança não constrange
Esta visão esparsa
Das formas que fui levando,
A esperança me abraça
Dando-me novas entranças
Ao sentimento esparso
De mim em tempo criança...

sergiodonadio

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

 

A cordilheira dos sonhos

 

A cordilheira dos sonhos

Que se ergue

Em nossa esperança

Atrai o inusitado

Poder de barganha...

Troca valores por dinheiros,

A paz pela concorrência

Desabusada...

A cordilheira dos sonhos

Sobeja pilares falsos,

Sem noção do que perde

Em ações predatórias...

A cordilheira dos sonhos

Sobre estacas movediças

Afunda-se nos atos falhos

De parada comezinha...

 

 

 

 

 

Atritos

 

Este atrito

Entre a guerra do gora

E paz do ter sido,

O planejado improviso,

O choque de reviver

A saudade do vivido...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Variantes

 

A variante depende da pedraria

No leito do rio a guiar seu passo,

Assim nos encontramos

Nesta encruzilhada do tempo...

Tempos vorazes e tempos lentos,

Tempos maduros e tempos imaturos,

Cargas pesadas em corpos curvados,

Na encruzilhada nos vemos tontos

Trombando em ofertas e enganos,

Mais socorrer que ser socorridos,

Apenas tentando sorrir aos erros

Perpetrados pela ingerência

De nosso passado em nosso futuro...

A variante depende da pedraria

No leito do rio a guiar seu passo,

Correndo ao sabor do vento

Enfurnado

 

 

 

 

 

 

Nossos fantasmas

Nos acompanham

Desde sempre,

Das manhãs frias

Às tardes quentes...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Alguém me disse

Que eu estava certo

Quando eu me achava errado

 

 

 

 

 

 

 

Encanta ver quanta alegria

Pode haver no silêncio...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A flor que murcha renascerá

Numa próxima primavera...

 

 

 

 

 

 

 

As crianças crescem,

Mas nas lembranças

Continuam a trançar

As tranças...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O tempo passa

E se esgarça

Em milhões

De tempinhos...

Irrelevantes?

Mas quando

Se unem

Tornam-se

Avalanches...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O que cabe dizer

Nesses fins de anos?

Que, embora passem,

Ficam tamanhos...

 Questão de valores

Às vésperas de mais um tempo natalino, valorizemos a ação, as vitrines estão ofertando tudo, de árvores brilhosas a estrelas azuis, mas quase tudo é falso, das árvores plastificadas às estrelas purpurizadas, fantasias a brilhar olhares fúteis, ruas iluminadas, lojas preparadas para abstrair desejos acumulados na pandemia... às vésperas deste natal, procuremos a essência guardada nas intenções, entre as ofertas descabidas de brilhos falsos, encontremos o brilho do amor privilegiado pela ação! Será preciso mais atenção para enxergar os verdadeiros valores, inerentes às nossas almas, acima das alegorias ofertadas pelas luzes piscantes nas vitrines, d’onde mostram a materialidade do momento, a eventualidade dos risos soltos, os churros doces das ofertas... Procuremos lembrar o tempo de Jesus na terra: Naquele tempo, Zaqueu, o cobrador de impostos, ao saber que Jesus viria à Jericó, e que iria à sua casa, correu a preparar sua família para recebe-lo, naquele encontro a riqueza de Zaqueu não importou para a presença de Jesus, assim como nos dias atuais a riqueza das luzes e purpurinas não terão importância para a comemoração da vinda Dele aos nossos lares. Não há, segundo consta, registro do que conversaram nessa visita, como não haverá agora o que a presença de jesus em nossos lares dissertará conosco, porque este dia será consagrado ao silêncio entre nós e Ele, o que dialogarmos não interessa a terceiros, só a nós mesmos, a cada um de nós, o que dizer a Ele, a quem referenciar acontecidos? Os amigos de infância estão longe, os de agora não são tão íntimos para ouvir reclamações doloridas hoje, então o que vale neste momento é o silêncio dialogado com Ele, é a rendição à fé, seja ela de que forma for, o que aprece é sentir o sentimento neste dia, a alegria pueril, a valorização do imaterial, o que desimporta é a fartura material, os presentes caros, que endividam para o novo ano as perdulárias joias para hoje. A valência para este dia é a presença dos ausentes, dos que se foram e não retornam, dos que esqueceram o valor do pensamento elevado ao patamar de oferta, como fora lícito se ofertar carinho, abnegação, resposta aos anseios, a mão estendida ao que pede apoio... o que vale é a intenção, o ato preservado de querer-se amado e do querer-te abraçado! Como na cena bíblica da árvore na palavra de Jesus a Zaqueu, Ele está nos dizendo agora: ”Desce daí, (de nossos preconceitos, vaidades, ambições) eu preciso ir à sua casa hoje”.
Ana Carla Donadio, Pena Tinta e outras 6 pessoas
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