domingo, 14 de julho de 2013

Dunas fb Vê a movimentação dessa areia? O povo nas ruas, o povo no grito, O povo no povo é a areia da duna Se movimentando para sobreviver Ao caos... Às fomes... Você vê? Você vê o que já foi uma cidadela Se espraiando outra vez sobre ela Para a permissividade de ser-se? O que você vê quando olha a duna Cobrindo torres e forças maiores? O que vê quando olha pra massa, Duna que se move sobre pedras E impõe-se, sem pedir licença, E afoga torres na areia movediça Sobrevivente à per sina da dor? -As ruas e as mentes de pedra Se afogarem na muda da duna... O povo do povo na areia da duna, Premindo a dor de saber-se vero E grande outra vez, como duna.
Passeatas As coisas estranhas Sob o sol da noite esclarecem O pensamento de quando a turba Aquietara-se momentaneamente... Agora se levantam aquelas vozes, Como que vindas do além, Para dizer outra vez à que vieram Antes... As coisas estranhas Sob o sol da noite esclarecem: Fantasmas daqueles dias fortes Ainda uivam ao sol da noite hoje, Sabemos que são fortes porque Resistiram à faina dos poderosos E se põem novamente a quebrar O que se desfez.
Afluentes Às idéias novas a que afluímos Ganhamos em experiência E perdemos em tempo lívido... Daí surgirem farpas investidas. Nas mais drásticas partidas Somos como grilos num verão, Vamos à guiza dos mares findos E voejamos ao vento que parou. Às idéias novas nos abraçamos Ao tempo efêmero dos grilos Saímos dessa toca ao fervor, Assim nos fazemos afluentes De tempos passados antes, Sabedores que vida acabou.
Empreita O olhar frio da intentona Espalha-se pelas castas vizinhas Impondo sua visão irônica Do momento de rir, Deixando de sorrir Antes que amadureça a razão De cumprir as obrigações De eito lavrado... Aquelas em que planta-se As voltas do arado e recebe-se Pelo quanto se tem plantado... O mérito da questão é quanto Colher-se-á amanhã... O suor de hoje será a paga.
Minuta Sombras passeiam pela sala vazia... Que lembranças estarão aqui, hoje? A fase das invenções de malícia, A fase das construções pirotécnicas... Todas as recordações fazem sombra Nesta sala de antes. Sombras passeiam pela mente... Quantas lágrimas rolaram por aqui Antes das alegrias posteriores? A sala continua cheia de risos, Histriônicos momentos revivem A tristura de não tê-los agora. Como foi uma vez malogrado O intento de salvar momentos Incinerando outros, menos reais, A fogueira é tanta que apraz Refazê-los ainda que saibamos Que não voltem mais.
Musgos O musgo verde, Encobre todos os fantasmas, Esconde a face enrugada Da velha senhora... Mas eras menina Do meu tempo menino... Éramos inocentes, e verdes, Sem musgos, sem cobertura De intempéries, Que o tempo recobre E esconde as eras... Por isso estamos nos olhando... Estranhando o olhar surpreso Dos meninos verdes De agora... Tivemos tempo de pensar a viagem, Tivemos tempo de estudar o clima, Tivemos tempo de salientar abusos, Mas não teremos tempo, vencido, Para unir esforços a sustar os guizos.
O vazio dia O dia não vem Envelopado pra presente, Vem vazio, indiferente, pronto Para receber tarefas de distraimento... Por isso preencho o meu dia Com afazeres, do prazer à obrigação De entretê-lo... Ou entretecê-lo. Por que não seria cômodo viver O preconcebido tempo de lamúrias Em sendo eu criatura. Fico aqui, nessa hora vazia de silêncios, Curtindo o riso solto dos fantasmas Desse tempo bolorento.
No meio da noite À sombra da luminosidade Corre soltos os sentimentos De ver o que o sol esconde Quando amanhece as cores... Agora, o silencioso escuro Mostra de vez a luz pensada, Antes mal e mal opaca, Das emoções Infungíveis. O que pinta o silêncio ralo Depois da claritude diurna A olhos desacostumados? Apenas o não discernir Caminhos floridos verdes Deixados crepuscular...
Por assertes Ah... Minha cara metade, Quanto erramos juntos... Quanto acertamos... Quanto assertamos... Por isso estamos aqui, De mãos dadas Pelos anos seguidos... Por assertares.
Afazeres Há momentos em que As obrigações atropelam-se. Nesses momentos é preciso Serenidade acima de operacionalidades... Alguns podem ver além do problema Se esperar serenar o pensamento... Outros atropelarão o problema Usando a tecla errada. Assim somos “tecladores” apressados Atrás de resultados para ontem. Por isso erramos mais nos excertos Peninsulares.
Reiteiramentos Os anos mudam a feição E os amiúdes... Mas não vão mudar as intenções E o conteúdo. Sabemos todos o que fomos Nesses passados de aventuras Venturosas... Queremos saber, alguns, O que fazer amanhãs. Talvez amanheça chovendo, Talvez amanheça doendo, Talvez nem amanheça... Então, mudados os amiúdes, Saudemos o conteúdo!
Duque Eu tive um cachorro, Em pequeno, Ele foi envenenado. Descobri depois que Não tive um cachorro. Um cachorro me teve, Em pequeno.
Lances As fases da vida se alternam... Não seqüenciam Como contamos anos... Elas começam com o nascimento E vão se alternando em fases De produzir e consumir, Em fases de crescer e decrescer, Em fases de sofrer saudades Antes de as viver. Acabam onde começaram, Revivendo almas novas.
Pétalas Tudo se transforma em pétalas, De flores ou de pedras... Apenas Será preciso saber cultivá-las, Cada uma com seu motivo E adubação. Será necessário, além da técnica, O amor na semeação
Do ético ao cético “O cão (Canis lupus familiaris),talvez o mais antigo animal domesticado pelo ser humano. surgiu do lobo cinzento há mais de 100 000 anos. através da domesticação, o ser humano realizou uma seleção artificial por suas características físicas ou comportamentais. O resultado foi uma grande diversidade de raças, As designações vira-lata ou rafeiro são dadas aos cães de raça indefinida ou mestiços descendentes.Com expectativa de vida que varia entre dez e vinte anos, o cão é um animal social que, na maioria das vezes, aceita o seu dono como o "chefe da matilha" e possui várias características que o tornam de grande utilidade para o homem. excelente olfato e audição, é bom caçador e corredor vigoroso, relativamente dócil e leal, inteligente e com boa capacidade de aprendizagem. Assim como o ser humano, também é vítima de doenças como o resfriado, a depressão e o mal de Alzheimer, bem como das características do envelhecimento, como problemas de visão e audição, artrite e mudanças de humor.” Eu sempre gostei de animais, mas me apiedo de ver cães sendo amestrados para servir de mascotes, guardas, guias, vigias de quintais, latindo o tempo todo para os que passam lá fora, livres dessas correntes e grades, sejam eles cães vadios, gatos reinosos, pessoas distraídas, todos estão soltos pela rua, menos o cão de guarda ou enfeite. Desculpem-me os “donos” de cães, mas dou valor à máxima que quem ama não maltrata. Tá certo que prendam esses animais, afeiçoados a nós, humanos? Há de se pensar que talvez o único animal que se agrada de nossa presença é o cão, os outros “estimados”, como macacos, papagaios, peixinhos, cobras e lagartos, só ficam conosco se engaiolados. Animais de estimação só são vistos assim unilateralmente, se lhes fosse dado a soltura para seus sentimentos, eles talvez ficassem por perto, mas a maioria foge, estou certo? Por que será que fogem, se são bem cuidados, alimentados, vacinados, banhados, e, o cúmulo da ironia: castrados!? Alguém sabe por que vestem cachorrinhos com roupinhas, ou melhor, eles, os cachorrinhos, sabem por que? Diferente dos humanos, amestrados antes, eles se sentem bem nus, com sua pelagem protegendo do frio e do calor, com seu sistema todo planejado para isso, confortavelmente... Eu também “tive” um cachorro de “estimação”, chamava-o duque, mas ele atendia por assobios também, este era meu amigo, gostava da minha presença, queixava quando eu saia e o deixava para trás. Um dia alguém lhe deu uma bola de carne envenenada, tentei salva-lo com leite, mas ele morreu estrebuchando... Cresci com o fato, senti muito, fiquei tempos ouvindo seu latido no ar. Mas aprendi que ele não era um igual, não havia lhe dado os mesmos direitos que com as pessoas, embora considerasse-o amigo. Depois, muito depois, “tivemos” outros, mas nunca mais foi a mesma sensação de amizade.