segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

pendengas


Certos assuntos são indiscutíveis.
Por que então clara palma revive,
Cansados de discutir narcóticos,
As coisas apagadas na mesmice?

Inda ouvimos prelações, devotos
Desses infernos que amedrontam,
Não sendo palpável cada crença
No prometendo de amanhã...

A minha a ti pode ser ofensa...
Mas eu predigo a verdade íntima,
Oposta à tua, mas ainda assim

A minha verdade avocada.
Pois bem, então por que não calar
Essas verdades da madrugada?
herdados


Quando meu avô
gerou sua família,
Talvez não tivesse noção
De quantas geraria...

Mas estamos aqui,
aos potes,
Gerando suas gerações
E gerações de fortes...

Por que fortes?
Porque afiados irmanamos
as proporções dos fatos
Tão humanos.

Pois que assim o somos,
Pequenos, logres,
Detentores da herança
De suas dores.
Engano da raça
Mas quando eu morder
Esse cachorro brabo,
Serei outro cão irado.
Eu homem e animal,
primitivo, herdeiro
da roda, do fogo,
Do motor à explosão,
De seda vestido,
Dar asas ao avião...

Eu, primitivo, acendo
o fogo, levanto vôo,
Mergulho no infinito
Em sendo finito
O eu que, perimido,
Abato a caça, cozinho,
Asso o eu primevo
Que não sabe o ledo
Engano da raça.

Esse sou eu, bárbaro
Depois do aluvião,
De tantas partidas,
Das guerras perdidas
Nas pazes ganhadas
Nas outras corridas,
Mas quando eu morder
Esse cachorro brabo,
Serei outro cão irado
acordamentos


Alguém nos procura
No silêncio da idade...
Talvez a avó, inda trêmula,
Querendo um abraço.

Mas, que idade tem ela,
Que não sabe que viajamos
E não vamos voltar
os mesmos?

Alguém se desvia de nós
No silêncio da idade...
Talvez sejamos avós, trêmulos,
Procurando aquele abraço

Que ficou no ar quando
Viajamos...e viajaram
E não vão voltar
Os mesmos...
Decepção


Ver que o homem,
Solto na calçada,
Também quer um carro
E uma casa grande
E espaço...
Para navegar seus sonhos...

Tão igual o homem
Preso na mesa
De sua sala,
Exposto aos erros
De cada palavra.

Só que o homem na calçada
Baba
Enquanto o homem na sala
Espuma
Suas raivas.
expurgos


Todas as vezes ela chamava,
O menino fugia.
Até que o menino chegou-se,
Tímido
E desvirginou-se
Da sexualidade árdua.

Depois disso o menino rodeava,
Ela fugia.
Até que o menino endoidou-se
Irado,
E desvirginou-se
Outra vez, de outro fato.

Agora quando ele chama ela geme,
E fogem ambos.
É que o menino ainda cheira
Sangue,
E a velha senhora, morta,
Cheira afta.
restritos



A miséria veste um corpo
Escondido de desgostos...
Um sorriso sob panos,
Uma lágrima, esses danos.

A burca, a barca, o borco.
O troco das anomalias...
Um estranho julgar faces
Frente a cara tapada.

A idiossincrasia cultural
A culpa, a copa, o corpo,
A escondida expressão

Que fere a noção de ira
O riso, o raso, o roto
Sem estar vivo ou morto.
restritos



A miséria veste um corpo
Escondido de desgostos...
Um sorriso sob panos,
Uma lágrima, esses danos.

A burca, a barca, o borco.
O troco das anomalias...
Um estranho julgar faces
Frente a cara tapada.

A idiossincrasia cultural
A culpa, a copa, o corpo,
A escondida expressão

Que fere a noção de ira
O riso, o raso, o roto
Sem estar vivo ou morto.
fortuito


O dia está frio, olhando
Pelo baço dos vidros
Diviso vindo desse frio
A dona dos prazeres...

Seu corpo quente arrepia
Os frios da névoa do dia.
Cá dentro, em seu intróito,
A cama posta, a mesa,

O chá das noites acesas...
Uma orgia pro sentido,
Lá fora o frio da névoa,

Cá dentro calor latente.
De repente o lençol quente
Da sua ausência.
conheceres


Queria
visualizar
o corpo
Dentro desse corpo,

Não a alma,
as entranhas
De um ser libidinoso
E famélico

e forte
E fraco
e podre,
talvez...

Mas, humano.
Sem generalizar

] A nova geração de filhos, filhos dos filhos da minha geração, parece achar bonito ser mal educada, principalmente em lugares públicos. Dia desses a caixa de um posto de combustível, entregando a chave do carro para um “garoto” de seus 18 anos, desejou-lhe um bom fim de semana, ele respondeu: Tá. No mesmo dia, na parada de um elevador no térreo, estávamos eu, duas senhoras e outro “garoto”, que saiu empurrando todos porta afora como se o prédio estivesse em chamas, parou logo adiante para conversar, quer dizer, não era pressa...fico pensando que diabos está acontecendo? Para não passar em branco, dou minha opinião: diz-se que educação vem do berço, de que berço caiu o cara que responde um cumprimento com um tá? E o outro que se acha no direito de atropelar as pessoas num ambiente de elevador, por exemplo? Sim, porque animalescos de tal irracionalidade só podem ter caído ou pulado do berço...diz-se que o mundo educa. Não creio, o mundo castiga o mal educado. Estávamos em viagem, quando entrei num bar e pedi para usar o banheiro, o senhor do balcão me passou a chave e indicou onde era. Quando saí, entrava um “garoto” que disse: Onde é o banheiro, tio? O mesmo senhor respondeu: Do outro lado da rua! É, o castigo vem a cavalo...e talvez até esteja montando.
Frisei o “garoto” acima para tentar uma resposta: Em que idade começa e termina a adolescência? Tempos atrás começava aos doze mais ou menos e terminava aos quinze, por aí...nessa entrada da adolescência eu já tinha que vender as garrafas vazias do quintal para ir à matinê no domingo, aos quinze comprava meus sapatos e os primeiros livros de minha biblioteca, e era responsável por meus “luxinhos”. Aos dezoito viajava para vender madeira, e tinha a vida compromissada com meus deveres. Igual todos que conheci da mesma geração.
Hoje as crianças se comportam como adolescentes, e vão prorrogando a fase até os vinte e cinco, trinta anos...culpa deles? Acho que não, no mínimo vamos dividir, estão acomodados por sua própria sem-vergonhice, digamos assim. Mas se acomodam porque são acoitados por seus pais, nossos filhos(?). É uma situação vexatória ver esses marmanjos pedindo trocados para os pais para a cervejinha da sexta-feira.
Uma geração de perene adolescência é prejudicial para todos, quem não se assume adulto, mas pode votar, dirigir, chegar em casa de madrugada, e, pior de tudo, fabricar outros eternos dependentes, quando cair em si, vai se esborrachar, porque à certa altura seu tutor vai soltar as amarras na marra, daí os ventos(uivantes) da realidade da vida, que não é cruel como dizem, mas pragmática como não esperavam fosse, cobrará sua conta, sua cota de responsabilidade, daí vermos atordoados seres caminhando como bêbedos suas trilhas mal traçadas.
Antes que esqueça: um feliz inicio de aulas para os verdadeiros adolescentes e um desejo extra: que criem vergonha na cara os encostados nela.
Sergio.donadio@yahoo.com sergiodonadio.blogspot. com/