domingo, 29 de outubro de 2017

 JOGOS FLORAIS

Em questão de jogo, eu prefiro este, há 32 anos vicejando cada vez mais esse ponto a favor do intelecto, os “JOGOS FLORAIS”, criados pelo Emérito Professor José Luiz Ribeiro Araujo, um bom amigo desde muito tempo, se solidificou no correr dos anos, sempre nos florais de Outubro, começo da primavera, como um acontecimento propagador da palavra nas declamações de milhares de pessoas, de todas as idades, de poemas dos grandes mestres, e para gáudio de seus criadores, da própria autoria dos declamantes. Com uma equipe coesa, que não nomino para não esquecer algum, nesse correr dos anos ajustou-se à realidade de cada vez programado, para enaltecer a coragem, sim, a coragem, de crianças e adultos tomarem da palavra para desinibirem-se frente à plateia, encima de um palco, “ameaçados” por um microfone, muitos testemunham no correr dos anos, sobre a própria timidez quebrada nesse âmbito, e se dizem saudosos desses momentos, pessoas que estão vivendo longe daqui, quando vêm anúncios de uma nova edição, comunicam seu sentimento, misto de prazer e alegria por ter participado, em tempos outros, de suas juventudes, do mesmo momento que os atuais meninos e meninas vivenciam hoje.   Os jogos, iniciados nas dependências do Colégio Antonio Garcez Novaes, que completa 50 anos de existência, arrimou passos mais longos, passando a ser feito no Teatro “Vianinha” por anos a fio, sempre sob a batuta da “Lu”, Lucirlei Ferdinandi, secretária do Colégio, e sua equipe. Há três anos, assumidos pela SABIMA-SOCIEDADE AMIGOS DA BIBLIOTECA PÚBLICA MACHADO DE ASSIS, com a imprescindível colaboração da mesma Lu, E de toda a direção dessa entidade, com apoio da Secretaria de Cultura e da Secretaria de Educação do Município, sob a égide da Prefeitura como um todo, cuidando da logística do acontecimento.
Voamos no tempo, este ano os XXXII Jogos Florais, levados a efeito no Cine Teatro Mauá, entre os dias 16 e 21 de Outubro, pela Sabima, nas pessoas de seus coparticipantes, sob a Presidência da Luciene Madeira, e a colaboração e patrocínio da Municipalidade, granjeou trezentos e vinte inscrições para declamações e outras tantas para apresentações artísticas no correr do evento, com músicas classificadas anteriormente em outro evento dos jogos, e a grata apresentação do mágico Wallace Aoki, além de concorrida disputa com desenhos dos alunos para ilustrar a confecção da placa símbolo dos jogos e das medalhas e prêmios.
Finalizando, quero dar aqui meu testemunho do empenho de tantas pessoas, professores, pais e alunos, no trabalho pré-efetuado nas escolas para concretização de tal evento, enaltecendo a memória dos pequeninos frente à elaboração de tais versos, a riqueza de detalhes nas indumentárias e apetrechos e a vivacidade nos olhinhos faiscantes quando recontam a história versejada por precedentes, em perfeita harmonia com o intento de traze-los para esse verdadeiro valor, o imaterial, que não tem preço monetário, mas enriquece pela vida afora as mentes hoje em preparo de seus valores verdadeiros.

                                                              Grato por tudo, um grande abraço. 
Conselheiros


Dos maus conselhos
Dispenso formalidades…
Hoje tô de saco cheio
De senhores bem arrumados,
- Festejemos a liberdade
Que nos dá a melhor idade!
Toda vez que ouço isso
Tenho de rir… Melhor?
A idade toda condoída,
Salgada ou não, fraca…
Apenas o coração bate,
O resto apanha, mas, tá bom,
Melhor do que se tivesse
Morrido antes dessas dores
Fazerem sentido…
Dos conselhos tiro vantagens,
Sei cada vez mais quanto
Me vale o desvalido.


CONVIDO-OS A VISITAR MINHA PÁGINA
COM VÍDEOS E TEXTOS. Mais
O blog Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva. Incógnita (Portugal) Amazon Kindle, Creatspace

Perse e Clube de Autores

domingo, 22 de outubro de 2017

Desajeitos


“Os amargos da vida não contam”.
- Disse-me o sábio Araujo.
Perdi-me nas incongruências
Do dia a dia, naqueles minutos…
Aqueles minutos não valem tanto,
Além de cada exato minuto.
Depois… Ouço uma música,
Penso um poema… Como um brioche
Mas não pulo a cerca, a contorno!
Sigo umas pegadas na areia
E me distraio com elas
Pulando amarelinhas enquanto
Baixa a glicose, na ameaça diabetes…
Canso as pernas, ergo a cabeça,
Vejo ao longe o sol se pondo
A ensinar-me vencer a tristeza:
Fechar os olhos ao escurecer
Das sombras desse arrebol…
Depois, bem, depois acendo a luz,
Volto a reler um livro relido
Que me dá chance ao apelo
De me descontrair a fronte
E essas rugas de zelo.

CONVIDO-OS A VISITAR MINHA PÁGINA
COM VÍDEOS E TEXTOS. Mais
O blog Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva. Incógnita (Portugal) Amazon Kindle, Creatspace

Perse e Clube de Autores

domingo, 15 de outubro de 2017

Endividário


Chegamos
Ao entardecer de nossas vidas…
Talvez com lamúrias mal vividas,
Ou, se por sorte, com saudades…
Chegamos
Ao que alguns dizem: Tarde!
Eu continuo a caminhar…
Resfolegado,
Mas contente de ter chegado.
Hoje, nesse dia bem vivido,
Concluo pelo cálculo do matemático
Que temos um crédito de 86.400 segundos por dia vivido. 
Hoje gastei-os todos bem gastados!
E posso dizer dos momentos que tive
Que foram alternados de murmúrios,
Uns, por pesados, descartei-os,
Outros, por saudáveis,
É o que trago.

CONVIDO-OS A VISITAR MINHA PÁGINA
COM VÍDEOS E TEXTOS. Mais
O blog Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva. Incógnita (Portugal) Amazon Kindle, Creatspace

Perse e Clube de Autores

quinta-feira, 12 de outubro de 2017


O dia das crianças
Deveria de ser o dia
De todas as crianças
Se senhoras e senhorias
Lhes dessem importância…
Mas vejo na esquina
A criança esmolando,
Vejo na notícia
A criança apanhando
À vista das cuidadoras…
Fatos perturbadores
Por tal inconsciência,
O menino entregue ao preso,
O outro torturado
Pelos dois adolescentes,
A menina jogada da janela…
Sob olhares complacentes
No dia que seria delas!
Que esperar dessas mazelas
Para o dia em que a criança

Possa ser criança?

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Para ver sob céus da noite


O tempo não cabe no tempo.
Perdidos nesse tempo
Abrem-se janelas para os ontens,
Redesenhados como fantasiosos…
- Felizes?  Talvez…
Numa noite dessas volto
Ao tempo não vivido antes
Sob os céus das noites.
Por falta de tempo perdi-me…
Corri para o dia seguinte
Sem anoitecer pensamentos.












Lascas


Continuo a descrever
O papel das páginas,
Sabendo desnecessário
Arguir da memória,
Que às vezes falha.
Como papel é página
Me folha cada alvorada
Enquanto árvore, cansada
De segurar o vento,
Desfeita em lascas…
















Vivo há sete décadas
Na mesma cidade
Mas sinto saudade
Da minha cidade…









Cada palavra é única,
Mesmo que repetida,
Por estar sempre
Em outro contexto…









Hoje a paciência não veio,
A quem eu posso
Mandar buscar?










Todo canto
É expressão.
Mesmo o mudo…










Chove
Sempre uma chuva
Mansa…
Hoje
O céu embrabeceu,
Chove pedras!
A derribar
Folhas e telhados
Sobre gramas
E consciências.
















Escondo-me das vontades,
A mais férrea, chocolates.
O corpo pede água… Muita…
A desopilar renitências.








Desisto da conversa (a)fiada  
E volto a escreve-las. Poemas?
Solilóquios monossilábicos,
Oblíquos às verdades…







Independências


A vida
Tem princípio e fim,
Difícil organizar o meio…
Enquanto a passarinha
Recolhe gravetos
E organiza seu ninho,
A cadela faz sua cama
Antes de parir filhotes…
Só o humano não sabe
A que veio?
















Faz toda diferença
Um pé de coelho
E um pé de cabra:
A sorte e a força.









Em tempos de cacos
Perdidos na memória…
Quando a saudade
Vai-se embora…






Diafaneidades


Caminho pelas estrelas…
Alguém diz que enlouqueci,
Mas eu posso, sou diáfano…
D’onde vejo o corpo, o meu!
Estendido a sono solto
Sobre um lençol lívido,
Aí me desfaço em tantos…
Voar ou permanecer,
Dormir pensamentos
Nesse alvoroço de ir e vir,
Sem poder voltar
Ao calabouço a que me prendi
Quando em moço aprendiz.
Como caminhar o voo às estrelas
Sem cair em mim, nesse fosso
De sumir para dentro
E não me atrever ir além
Desses egos?





Indevidamente feito


Talvez nos tornemos
Honestos
Nesse momento de nos dizer
Desonestos…
Falcatruas à parte,
Cada logro que executamos
Teve um motivo muletando
O que seria amoral,
Mesmo sendo legal…
Nessa hora todo ser é humano,
No pecar e arrepender-se,
Mas humanamente impossível
Prometer-se não mais fazer
O indevidamente feito
Vício.

CONVIDO-OS







Desacertos


Naquela idade,
Em que tudo era verdadeiro,
Inventamos as verdades
Ao menti-las em desacerto.
Amadurecemos
E nos tornamos incólumes
À dor do arrependimento.
Naquela idade,
Quando éramos coragem
De não prever o perigo
De não sê-lo.
Agora a comunhão de valores
Assusta o conceito
De revê-los.












Perdidos,
Viemos de algum lugar…
Quem sabe possamos
Voltar?








A vida se resolve nisso
De respirar profundo?
A vida não se resolve nisso
Pois não conserta o mundo!










O ato de conservar-se vivo
É complexo, disléxico?
Dialecto? Anoréxico?
Pior se apoplético!










Tinha alguém de meu lado
Cantarolando uma valsa.
Murcho com sanfona e pandeiro
Nesse baile de terreiro…








Tudo que pode ser
Poderia ter sido…
Se a idade fosse
Pelo merecido.



















Pandemônios


Às vezes
O barulho interior
É maior que o exterior.
O grito da consciência?
O remorso da inconsciência?
A guerra entre neurônios?
Às vezes a cabeça pesa
Mais que as pernas cansadas…
As mãos calejadas,
A visão cegada

Pela dor.

Nacos


Cato
Na poesia
Nacos
De respostas.
Aceno
Ao fraco
Sustentáculo,
Quase morto,
Rebates…
Quase desanimo
Quando tudo
Entorta,
Mas sigo em frente,
O tempo
Não tem volta.
Volto
Ao tema lúdico
Em nacos
Do que fui
E tento ser
Outra vez
Minha luz.




Noz que se perdeu
No bico da gaivota,
Gaviona que viola
A volta ao que
Não foi, espera…
Talvez em menino
Troncho, tímido,
Querendo-me feliz.
Nacos de memórias
De entreveros
Perdidos na resposta:
- Quando fomos vis?
Quando nos tornamos
Mortos
Nessa ilusória luz,
Que nos derrota.
A um tempo de carriolas,
Carruagens desenhadas
De ilusões…







Na ocasião,
De cegos pensados
Nobres em nossos
Pobres ideários…
Ou fomos mesmo
Reais, embora otários?
Cato dessas fezes
Deixadas nas trilhas
Algo que inda brilha,
Ouro do tolo
Menino que cresceu
Mas não se fez homem,
Fez-se apenas
Mais culpado
Inconscientemente,
De não ter passado,
Apenas um naco
De futuro áspero
Num presente fraco.







Oras!
Que me vale
A experiência
Se doeu tanto
E cicatriza apenas
As feridas velhas,
Dando lugar
A outras feridas?
Tanto se me faz
Se o dia acaba,
Somos o restado
Das memórias
Fracas
De um tempo
Que não volta,
Mesmo procurado,
Mas se eterniza
No campo das batalhas
Revividas,
Tendo por vencidas.






Desses nacos
De momentos
O que se tornou vida?
Talvez algo
Que não deixou
Ferida…
Não por não machucado,
Por assimilado
Como fatídico
Destino
Desse desgraçado
Que tentou,
Sem ser ouvido.
Apenas o grito do eco
Como resposta
Ao dito por não dito
Ficou no sangramento
De cada volta
Aluída ao vento.







O destino
Do que foi,
Não por ter ido,
Volta a fazer
Sentido.
Quem sabe agora,
Vendo-se no espelho,
Vê-se sem rugas
Esse fedelho,
Entre velhas mortes
E novos nascimentos
A paz não conseguida
Em tantos relentos
Que tomou o tempo,
Mais que a vida,
Na tomada febre
Onde espera alívio.
Ponto final é breve
Exclamação perdida
Nas interrogações
Sem vírgulas.


quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Entre salmos
Entre o grito angustiante
Desse chão desértico
E a voz de um deus
Que parece sempre certo
Levanta-se um NÃO!
Em efervescente dúvida:
- O que existe, além dessa agonia,
A libertar a nostalgia prenhe?
Pode seja alguém vindo 
De há dez mil anos…
Ou alguém nascendo agora,
Por engano…
Mas esse alguém gritante
Inda falará em paz,
Essa paz desiludida antes,
Posta na égide do dia
Que virá por hoje 
Optar pela sangria 
Dos valores pétreos
Da geração que morre
Sem voltar atrás.
Quisera a dúvida ser apenas esta,
Mas corre sangue ainda em faces mortas,
Deixadas ficar pelas derrotas…
Alguém gemendo entre moribundos
Desse massacre em nome de religiões,
Mesmo com seus membros decepados
Ferve de fé sua máxima dor…
Alguém a ensinar como pode
Um sarcófago deixado para trás
Levantar-se na penumbra de sua fé
A perscrutar as novas teorias…
E ser capaz?
Porque, enfim, a voz que sussurrava
De um túmulo milenar acorda,
Põe em dúvida a fé cega dos demais
E se levanta… Sim, levanta-se a alma
Desse antigo apóstolo
E se diz incrédulo desse monoteísmo 
Que sofre fomes e sedento aceita
Como destino!
Cada palavra é uma única palavra,
O que faz todo sentido para um
Ao outro não diz nada…
Pode seja a vida uma passagem
Como pode ser o fim, finalmente,
Entre outras galáxias,
E de repente morre-se a carne
Apodrecida que seria vida,
E some-se a chamada alma,
Por desprovida…
Quem sabe… Oh, quem saberá
O que se passa sob a terra acima
Cobrindo a sete palmos 
A chamada dor da vida?!
Estariam certos os incrédulos?
A dúvida que esse deus duvida
Pode ser a verdade definitiva?
O chão que nos protege
Seria o céu esperado antes,
Ou apenas somos passantes
Como o foram os dinossauros,
E sabe-se lá quantos?
Mas deve haver sim uma alma
Libertando-se deste corpo inerme
A cada vez que morre
Um coração cansado
Ou um fígado destroçado
Pelos vermes…
Ah, que bom seria a certeza
Dessa hora, a finda hora
De respirar convulso 
E desligar-se mesmo os tubos
E a esfera a esfarelar-se nisso
Que o doutor inspira e densa:
- Foi-se a vida.
Mas que vida se foi agora?
A mesma que seria tua espera?
É… Contigo, amigo,
Que procuras tal resposta,
Chegada tua hora
De uma dor profunda,
Saber se existe mesmo
Nova aurora
Ou se findou-se aquela fé
No mundo…
O que fazer do feto nascituro
Se ele vem morto,
Ou se vive penitências?
Ou que fazer desse senhor
Que afoga-se em mágoas
Mas inda respira
Sua última batalha
De um guerra 
Que já foi perdida?
Entre o grito angustiante
Desse chão desértico
E a voz de um deus
Que parece sempre certo
O homo sapiens caminha ainda
Com machadinha e procura
O calor do fogo para sua intensa
Dor ao gelo que avizinha…
Faz tempo que morremos disso,
Das dores nesses peitos duros,
Das fomes nessas mentes vis…
Por tempos imemoriais passamos
Das dores físicas às dores morais,
Arrependidos de feitos pobres 
Entre os feitos amorais…
Estávamos nus sob esse gelo,
Vestimo-nos pela sobrevida
Ou pelo pejo?
Somos o resultado evolutivo
Ou somos mesmo frutos
Desse barro para aonde 
Retornamos, idos?
Pois é, meu santo, 
Quanto me proteges
Das dores suportadas pela fé?
E aos ateus, nobres senhores
De sua gnômica palavra
Entre cordeiros que não dizem nada
Quando sacrificados ao chão 
Perdido entre mágoas?
E o santo a que santo paga?
Se somos devedores de pecados
Por que então absolutos fardos?
Se esta força de não crer em nada
Pode ser a palavra que salva
Quantos inquiridos foram salvos
Na inquisição forçada?
Pois é, meu agnóstico pecador,
Como te proteges
Dessa dor?
Se a vida acaba,
E ao acabar perdoa mágoas,
Pois vê-se a quietude 
Desses defuntos deixados sós,
Que o tempo comerá suas carnes
E deixará os ossos a rir de nós…
Nós, que tememos a morte física
E não sabemos aceitar 
A tísica proposta de voltar…
E, se volta, pode ser a solução
Mais lógica, onde estarão o idos
D’outras gerações, se somos
Muitos mais a cada nascedouro?
A cada geração povoamos vilas
Que se transformam em metrópoles
A nos suportar, se tantos…
Tantos se revoltam
Por não ter esperança monetária,
Que aos outros encanta…
Por fim, o que somos nós,
De tantas faces perdulárias,
Se gastamos o que nos faz 
Endividados por gerações,
Futuras ou passadas?
Somos a soma das espécies?
A fina flor do que nem floresce
Entre daninhas a nos reflorestar?
A dúvida faz parte de nós,
Que dogmas mal explicam
E a ciência tenta explicar.
Somos o grito angustiante
Desse chão desértico
E a voz de um deus
Que parece sempre certo…
Ao apregoar.