quinta-feira, 30 de junho de 2016

Tardes na lagoa


Essa lagoa no cio
Gerando girinos à beira
Pressiona-me a maneira
De ser a mãe desses tantos
Peixes, homens, pirilampos...
Essa lagoa inda prenhe
Aparecida em aluviões
Passeia pelas ravinas
Acordando bastiães...
Essa lagoa singela
No silêncio desagua nela
A força da multiplicação
De peixes, pedras, aflora,
Em suas manhãs de inverno,
A florezinha amarela...
Essa lagoa... É a terra.

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segunda-feira, 27 de junho de 2016


Se eu faltar a mim,
Não posso pedir que
Não me faltem os outros...









A vez primeira
Em que me soube solto
Tropecei nas ideias mornas
De correr um mundo
Que não me dava cordas











Remissão


Remi todos fatos mornos,
As idas e voltas ao fracasso
Nesse brinquedo sem rola
De não chegar em bagaço...

Cumpri todas as promessas,
As de ontem, agora ofertas,
A salivar as dadas vontades
À gula para com as vaidades...

Pensei-me ator de um palco
Onde comprei as verdades
Entre mirras e cadafalsos

Dos tempos em que perdi
A procurar suster-me forte
Por essas desrazões daqui.








Solário


Qual a palavra certa
Para o amigo incerto?
Vindo de longa agonia
De feras devorando crias...
De mãos que não abanam
Saudades das outras mãos,
De pés longínquos
Num passado caminhado
Com tanta dor?
Que palavra ameniza
O martírio de não saber
O princípio do querer-se
Ante o querer outros?
Qual a palavra seria brisa
Nesse escaldante solário
De fúrias e campanários?









Debaixo da neve


Debaixo de suas raízes
O campo embranquece
À espera das folhas verdes
Voltarem da invernada...
A grama empalidecida
Afasta desse crestado,
Grandes cabeças
Adormecem cada roçado...
Profundas raízes voltam
Refletidas na aragem
Do tempo bom ido embora...
O que o inseto reclama?
O verde fugido daqui
Para além do prevenido
Suster-se em nova grama








Luzidios


No branco luzidio da tarde
A recomprar meu sossego
Sob esse sol vermelhado,
Prometido, que não veio...

A nuvem densa era branca,
Antes da fumaça espessa,
A vida em sendo mais fácil,
Antes que se desaconteça

Na madrugada profunda
Com esses rostos pálidos
Vingando o quebra cabeça...

A vida assim com que arde
Saber-se definhada linha
Entre o antes e o tarde.

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As pequenas coisas


A forma de dizer,
Das pequenas coisas,
Em versos brancos,
Evidenciando as escurezas
Escondidas, me apraz:
Do sentido ao sentimento,
Das flores murchas
Das ideias matadas,
Num ninho
Que se havia promissor,
E nada... Nada a acontecer
Nessa semeação macabra
De ordens e contraordens
Desenfreadas.









Manhã de frio


A madrugada entrega,
Profundamente lesa,
O sol raquítico às nuvens tensas...
Agora os rostos estão cobertos,
As faces avermelhadas acusam
O temor ao frio cortante vento
Do inverno chegando lento
Entre as planuras do alto,
E nesse relento de nadas...
Os anos pesam à consciência
Do sofrimento fabricado
Pela incompetência:
Um cabresto para dormir
Ante as portas fechadas.









Ao vagar...


Ao vagar pelos caminhos
O andarilho põe-se rei
Entre os escravos da razão
De ter, mais que ser.
Ao vagar pelas câmaras
O mandatário ilude-se
Sobre a supremacia do cargo,
Alçado ao desilude.
Ao vagar pelos dias
O promissor das alegrias
Põe-se leso à tristeza
Do faminto, solto nas ruelas,
Cantos escuros do templo
Onde rezam contendores
Das fartas promessas...
Ao vagar vergamos
À prece pelo insano
Turbado ser humano.








O improviso
É a alma do insucesso.
Diz-me um sábio
Em recesso.







O fim é sempre o começo.
Daqui parto para o amanhã
Sem preço, mas com apreço
Às coisas de ademã...



sábado, 25 de junho de 2016

Encontros
Do livro As cores do tempo

Hoje estou mais velho que meu pai
E ainda sonho com ele
Me dando umas moedas para o cinema,
Esperando-me na saída do exame
Para admissão ao exército,
Desacreditando em meus sonhos...
Fantasiados.
Estou mais velho que meu pai
E estranho os novatos me chamando
De senhor... eu menino, eu sonhador.
Meu medo é de quando eu chegar
Meu pai não estiver lá esperando
Por mim outra vez mais.



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sexta-feira, 24 de junho de 2016

Formalidades
Do livro As cores do tempo

A palavra
Não me é difícil.
É-me difícil
Dar-lhe sentido:

Meu baú de saudades
É um armário cheio...
Das calças rotas
Aos conselhos.

Meu armário de memórias
Guarda suspensórios,
Guarda-pós das escolas
E sentimentos vários...

Meu baú inda guarda
Saudade das coisas frágeis,
Brinquedos lizados,
Na pouca idade.

A palavra difícil,
Gaguejada, mostra
O que ficou na idade,
Mística formalidade...


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quarta-feira, 22 de junho de 2016

Silêncios
Do livro As cores do tempo

Atiro aos leões
O verso desfeito em lágrimas.
Que querem que eu faça,
Sozinho?
Há de haver, ainda,
Poesia verdadeira
Nesta mentira
Ensaiada pronta.
Atiro às feras
A palavra atenuada.
Sei-me feroz agora,
Ante a palavra que se cala
E a que é calada!


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segunda-feira, 20 de junho de 2016

Excertos do poema “sente-se” de Bertolt Brecht:
Está sentado?
Encoste-se na cadeira, tranquilo?
É importante que escute com atenção.
Tenho algo a dizer-lhe 
Que vai interessa-lo:
-Você é um idiota.
Está realmente a escutar-me? Repito:
--Você é um idiota!
Não diga nada, não venha com evasivas,
Você é um idiota e ponto final.
...
De resto, isso não é grave,
É assim que poderá chegar aos 80 anos.
Como negociante é uma vantagem...
Na política então, não há o que pague,
Na qualidade de idiota
não precisa se preocupar com mais nada...
Formidável, não acha?
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Obstativo
Do livro As cores do tempo
Como ninguém sabe
O que seremos
Depois da morte...
Podemos entabular
Nossas respostas:
Talvez sejamos
As estrelas mais distantes...
Ou o restante delas
Na poeira...
Por que não seríamos
Obstantes
De alguma maneira?
Como ninguém sabe,
Quero ser a continuação
Do que fui antes...
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domingo, 19 de junho de 2016

Mendigados


Há de se pedir perdão
Pelos atos desumanos...
Talvez não de si,
Mas dos outros...
Em sendo humanos!


















A saber


A saber
Que o amor tem
Seu próprio corpo,
Arranhado pelas unhas
Do êxtase, se extásseis
Pronto à própria dor,
Tristezas... Remorsos...
Asperezas acostumadas
A estender suas passagens...
Palpando seu próprio campo
Na beleza da amenidade
Momentânea... Saudade...
A saber
Que o corpo tem o amor
Em sua lavra de cicatrizes
Expostas à própria dor
E suas raízes.

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Abordagem


A beleza do discurso
Pode seja a sinceridade
Entre as fases boas, e
As amarguradas...
A abordagem cara a cara
Envolve sentimentos,
Motivações, lágrimas?
Talvez o riso, mesmo sarcástico,
No aperto de mãos e olhares,
Na fricção das palmas...
De Palmares?
A beleza do discurso
Será sempre a sinceridade,
Mesmo que mentida,
Entre os pares.








Parcerias


Parceiro,
Traga sua aposta
Para nossa mesa
E poderemos ensoar
As palavras amargas
Em doces melodias...
E poderemos aparceirar
Nossas ideias cambiáveis
Às nossas fronteiras.
A relação amistosa
Tem de ser forte,
Expressa nas ações
De alcance de milhas,
Feixe de luzes à surdina
Das intenções outras.
Parceiro,
Sejamos outra vez
Ímpares nessa parição
De pares.




Criacionismo


Arrastamos
Pelas ruas
Nossos cadáveres,
Sem os ter morrido.
Somos a obra da arte
Final de um criador,
Despercebido da dor
Que criaria,
Sem sentido.














O fazer de conta


Façamos do tempo relógio
A voz de quem ficou...
Eram dez, já são as quinze,
E esvanece o que sobrou,
Os dedos ágeis, toalhinhas,
O fazimento de suas flores
Nas agulhas de crochê...
Dedando obras de arte,
Vivendo o dia a dia
Como quem parte...

Façamos de conta
Que o tempo não passou...
Façamos pouco
Do silêncio que ficou...
Inda te lembro a semear
Conselhos à nova flor,
A que vigora na vida minha,
Das horas que me deixou
Na cirandinha... A cirandinha
Das dores que revelou.





Cuidemos da palavra dada.
Não existe erro que não possa
Ser aperfeiçoado...











Nas coisas boas que deixou,
As imateriais talvez sejam
As de mais valor...




quinta-feira, 16 de junho de 2016

resposta ao apelo:
Caro Leon Levy
Escrevamos a poesia
Nas linhas tortas dos poemas...
Façamos a voz ecoar
Aos ouvidos moucos...
Clareemos a visão opaca
Dos “desentendidores”
Do seja amor na palavra dores...
Na palavra raiva e seus pavores...
Na ilharga apertada doutros...
Façamos da palavra nossa adaga,
Não para ferir, para curar mágoas...
Sigamos contra o maniqueísmo
Das pessoas armadas,
Em vez de amadas,
Andemos amados deles,
Que se fazem líberos
Mas se encontram presos
No que nos indagam.
É, indaguemos dos ocultistas
O que lhes parece falácia
Mas lhes apraz à vida,
Mesmo que amarga lida...
Descrevamos a poesia
Dita nos poemas,
Como linimento à dor
Do silêncio.
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domingo, 12 de junho de 2016

Além das vidas


Além dos mares navegados,
Além dos matos derrubados,
Além dos morros desmontados
A mão do ser chamado humano
Plastifica o outro lado,
Além das vidas idas...
Um pesado, complicado,
Herdado das coisas vindas
Às coisas idas... Apenas ossos
Restarão desse roçado
Entre as fomes consumidas
As mágoas deletadas
O que ficará para o funerário,
O obituário raso, sem guarida,
Além do rastro dessa ida.

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As linhas do poema,
Além de ideias, são aldeias....


sábado, 11 de junho de 2016



Ante acontecidos


Neste momento
Estou no lá fora,
No frio de lá fora,
Na solidão de estar fora,
E, desculpem, já saí
Dessa estrada sem saída,
Sentado sobre as pernas
E as razões da lida...
Neste momento
Atravesso as névoas,
De as ter vivido,
Esperando o claro do saber
Desacontecido...
Paro, posado na fotografia,
Remetendo ao passado
Meus olhares prontos
A sorrir de novo
Desses desalentos
De viver-me torto
Por saber-me tonto
Ante acontecidos.






A gente descreve


A gente escreve
O que está sofrendo...
Os chinelos esperando,
A roupa ainda quente,
A cama ainda fria,
De repente nada disso importa,
A saudade da rua, aquela,
Em que passamos horas
Boas de vivências...
A rua com seus cães vadios,
Seus gatos, seu lixo...
E os amigos verdadeiros
Sofrendo a dor do tempo vivido,
Tudo parecendo íntimo
Demais para se jogar fora...
Voltando da consulta,
A pergunta costumeira:
-Está dormindo bem?
A resposta costumeira:
-Não, doutor, tenho que
Encostar a cabeça... Mas tudo
Não passa de uma piada,
Da manhã chuvosa
À noite desvairada...



Cidadania


Saio para recolher as cartas,
Em verdade é para recolher a vida
Deixada mofar entre as feridas
Desse passado teimoso
Em lembrar das coisas esquecidas.
Curioso como as pessoas passam
Com seus semblantes leves,
Alguns suando o frio das dívidas,
Outros apenas rindo das causas
Desmedidas...




















Uma pessoa diz
Que meus versos se parecem
Com Cruz e Souza...
Sou mesmo é parecido comigo
Entre meus ídolos
Deixados ficar nas palavras
De um tempo mais romântico,
Mais real, sobranceiro,
Mais talentoso que o agora,
O agora é fria espera
Pelo desfecho das frases soltas
Nas letras descompassas
De um hip-hop que não entendo,
Embora passe...
Com passaram os modernistas
E suas frases soltas
Em equilíbrio com ideias
Fixas.









Pindaíbas


Desculpe aí meu intento,
Mas soletro pindaíbas
Nesse obscuro relento...

As idas e vindas
A um dicionário virtual,
Muito boa essa ideia
De, quando a palavra não existe,
Você poder incorpora-la
Sem culpa...
(No tempo de Guimarães Rosa
Era mais difícil)

Desculpe aí meu intento,
Mas soletro pindaíbas
Nesse obscuro do tempo...







Você não precisa pedir


As pessoas têm pedidos loucos,
No vazio das intenções
Pedem um trocado para o amor,
Mas o amor não se faz,
O que é vendido é o sexo...
Para o gole costumeiro,
Em excesso...
As pessoas pedem auxílio,
Mas não se auxiliam
Porque
Já estão tão fundo no poço,
Que não conseguem erguer os olhos
Para sus próprias mãos,
Pedintes sem causa
Ou efeito.








Senhores pais

Há um senhor
Culpando-se pelos disparates
Das meninas prenhas,
Desculpando-se por não protege-las
Da própria malícia...
Meninas que deveriam estar
Brincando de casinha
Estão prenhas de meninas
Sem casinhas...
E o senhor misericordioso
Procura acoita-las em suas dores
E traze-las para o real
Que ele enxerga,
Mas que nada tem a ver
Com o sonho idealizado nelas.
O problema é que os meninos
Não podem ser pais ainda
Por pura incompetência
De gerir o que geraram
No êxtase da libido.
Há um senhor dizendo
Que não tem sentido...
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quinta-feira, 9 de junho de 2016

Heranças deixadas de ser
A morte não tem nada a fazer,
Tenta consertar a dissimulação
E veste capuz, e adereços em
Narizes, orelhas, línguas e pênis... 
A ampulheta escorrendo Areia
Sobre os minutos que restam...
Estou a saber o que aconteceu
Com todas as abstrações de antes,
Que costumavam fazer altas poses,
Vestidas e esculturais, em pinturas
E páginas renascidas dessa terra,
Monturo de excrementos feito arte,
Exibindo letras nas placas luzidas,
Olhos baixos sob véus de mármore,
O pensamento em um casaco, com
Uma mão estendida detrás de si,
Uma parede numa foto de antes.
Estão aposentados agora, na cama
A ouvir a chuva, olhos vendados e
Manias. Não há lugares para eles
Alinhados uivando na floresta seu
Desespero. Aqui em cima da mesa
Perto da janela um vaso e próximo
Binóculos e um clipe guardando
Dinheiros para alguém que, espera,
Morra antes das sete da manhã.
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As linhas do poema,
Além de ideias
São aldeias....

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Intrusão


A poesia,
Essa intrusa,
Toma-me os tempos
Livres
E aperta o coração
Cansado...
A intrusa,
Essa poesia,
Inventa mágoas para
Rir das lágrimas
Afloradas...
Essa matula poesia
Alarga suas asas
Em meus pensares teus,
Afaga o que é chegada
Em sendo adeus.
Essa alegria,
Chamada poesia,
Perpassa os olhares fixos
Nos olhos de outrem
E silencia.
Mia, como fora a gata
Que se perdeu.

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domingo, 5 de junho de 2016

Todos aqui?
Estamos todos aqui?
Já me perguntei há alguns anos
E repito agora a mesma dúvida:
Estamos todos aqui?
Onde se escondem os famintos?
Onde se diluem suas esperanças?
Onde se acumulam as dúvidas?
Onde as boas lembranças?
Já perguntei te há alguns anos
E repito agora a mesma dúvida:
Onde flutuam as barcaças
Cheias de lixo dos outros?
Onde as vitrines visitadas
Expõem o oposto da miséria,
Generalizada nas periferias?
Estamos todos aqui?
Não os vejo nas livrarias,
Nas sorveterias, nas padarias,
Essa terça parte, faminta
De tantas necessidades...
Só vejo tocarem pífaros
Alguns privilegiados...
Onde estão os afogados
Nessa mágoa?
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