terça-feira, 30 de abril de 2019


                                  DOIS CONCEITOS SOBRE ESCOLARIDADE BÁSICA
Os brasileiros têm estudado e aprendido mais, conclusão do relatório de Indicadores de Desenvolvimento Brasileiro do Inep. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) informa que um conjunto de indicadores dá conta de refletir todo o esforço e investimento do governo em políticas públicas de inclusão social, aliadas ao crescimento econômico”. Segundo o secretário, o governo brasileiro investe 25% do Produto Interno Bruto (PIB) em políticas sociais. O relatório apresenta também dados sobre o aumento da renda e redução de desigualdades, mercado de trabalho, saúde e acesso a bens e serviços. Em todas as faixas etárias, os dados apontam crescimento constante nas taxas de frequência, com destaque na faixa de 4 e 5 anos, de 55% em 2001 para 79% em 2012. Também indicam a universalização do acesso, com 98% das crianças de 6 a 14 anos frequentando a escola. A permanência na escola também aumentou no período, em todas as faixas. O dado revela que está cada vez maior a proporção de estudantes com escolaridade adequada para sua idade.
Sete de cada dez alunos do 3º ano do ensino médio têm nível insuficiente em português e matemática. Entre os estudantes desta etapa de ensino, menos de 4% têm conhecimento adequado nestas disciplinas. É o que mostram os dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2017 divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) a avaliação utilizada pelo governo federal, a cada dois anos, para medir a aprendizagem dos alunos ao fim de cada etapa de ensino: ao 5º e 9º anos do ensino fundamental e 3º ano do ensino médio. O sistema é composto pelas médias de proficiências em português e matemática, extraídas da Prova Brasil, e pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Pela primeira vez, o MEC classificou os níveis de proficiência organizados em uma escala de 0 a 9 - Níveis de 0 a 3 são considerados insuficientes; entre 4 e 6  níveis de conhecimento básico; e a partir de 7 até 9adequado. Etapa mais problemática da educação básica, o ensino médio foi classificado no nível 2 de proficiência. Em matemática, 71% dos alunos têm nível insuficiente. Desses, 23% estão no nível 0,. Em português, 70% dos alunos têm nível insuficiente de aprendizado, sendo que 23% estão no nível zero.

Pois bem, conclusão de um leigo: A exigência muito anunciada de que o aluno não pode tirar ZERO em redação para continuar as provas do ENEM, reflete um conceito raso para se habilitar a cursar um ensino “superior” num País que está abaixo da média de seus parceiros. Como diria Drum

quinta-feira, 25 de abril de 2019


Na tarde esquecida
A paz recomeçada
Seja vida...







No canto do pássaro preso
O que te encanta
Pode seja seu desespero...







A palavra que não foi dita
Espreme lágrimas...








O que te diz este dia
Que não ouviste ontem?
O sentimento sutil
Desse reencontro...






Será preciso mais doer
O pós-operatório
Para fazer-me sentir
A duodécima hora?!






O que te diz
Este olhar dolorido
Do tempo sentido?







A espera da ausência,
Maior que a ausência
Pela espera...







Dentro deste silêncio,
Talvez o mais dolorido,
Incólume ao ouvido...





Rancores

O amor pode estar na palmada
Com que um pai tenta educar
Um adolescente ranzinzado.
Mas o adolescente será o ódio?

Outra vez o ódio pode relaxar-se
Em palavras odientas a parecer
O amor, mas o amor terá encanto
Enquanto não odeia palavrear-se...

Como pode estar no silêncio
Deitado em uma única lágrima
Onde o ódio cede à maneada...

Assim, na graça de conter-se
Em lágrimas pelo ódio amestrado
O amor silencia-se, gratificado.

Galanteria

Assim nos vemos por décadas,
Aceitando-nos mutuamente,
Instados a querer beijos matinais,
Sorrisos por tempos imemoriais...
Assim se amam casais juntados
Mais pelo sentimento perene
Que pelas promessas iniciais...
Mais por sorriso que por lágrimas.
Se nos demos mais ou menos bem
Não podemos nos dês desejar
Por picuinhas atritadas,
Sempre menores que conciliações...
Assim a tolerância nos é prova
Pois despencamos fisicamente
E nos deixamos levar por cansaços,
É importante que nos galanteemos
Cada vez mais e mais,
Por menos...
A mim não importam palavras doces

A mim importa o sorriso sincero,
Ou uma lágrima, apesar de...
Ou a exatidão da ofensa,
Desde que haja sinceridade...
Isso está cada vez mais raro,
Fossilizado em risos cáusticos.
Foi-se o tempo de engolir sapos
E rir de volta ao tom sarcástico...
Ah, esses desgraçados otários
Que vêm reclamar lamúrias
Por um prato simetrizado!
A mim não importam palavras doces,
Desse doce tom amargo...







No romper da aurora
Os sonhos se findam
Em realidade...
O claro faz-se verdade,
Fonte de planos desfeitos,
Apenas um pouco saudade
D’outros feitos...













Dentro de cada momento
Vive-se o tempo,
Palavras são vegetamentos,
Qualquer deslisura
Faz a diferença entre querer
E querer-se o centro.














O amor
Pode estar numa palavra de ódio.
O ódio
Nunca estará na palavra amor.






O amor pode estar
No cãozinho puxando a madame
Enquanto a velha pedinte
Rói um pão amanhecido?






O desamor que vemos
Pelo mundo afora
Desautoriza
Mensagens amorosas...








quinta-feira, 18 de abril de 2019


Mochila

Para guardar dentro do dia
Essa tamanha paz alegria
Será preciso abrir caminho
Entre zíperes e apetrechos

Deixados tolher às fraudas
Desse desleixo... Fantasias...
Tirar as coisas dos ontens,
Que nos ontens te serviam,

Guardar apenas regalias...
Necessidades sentidas
Para a próxima viagem

A partir dessa veleidade
De saber-se fauno e frida...
Guardar pra dentro do dia.



Quando as rochas se partem

Quando as rochas se partem
E grandes árvores caem
A brevidade das vidas
Se transforma...
Quando corpos se afogam
Nas águas descomunais,
Quando as pedras se movem
E as lápides se dissolvem,
As almas não voltam atrás,
Se transformam...
Quando o temporal embravece,
Força bueiros e paredes,
Pode seja a hora da força
Da reza à natureza...
Quando as rochas se partem
Cuidem-se pequeninos
Dessa corrente capaz... 

Lacrações

Quando esqueceres a saudade
Daquelas roupas pro domingo,
Das aulas apreendidas nas ruas,
Das tardes desanuviadas,
Das frutas proibidas, roubadas...
E mais, quando tiveres esquecido
O domingo feriado em quarta,
O domínio da palavra sobre a palavra
Estendida às roupas lavadas,
Penduradas, palavras e roupas,
Nos mesmos varais do quintal,
E não sentires saudade
Dos almoços repartidos
Com massas e pães dormidos
E a sensação de vencidas
As guerras perpetradas,
Que não chegavam a turbilhoar
As tardes desavisadas...


De o nada ter a dizer
Do tudo que foi-nos dito
No desaprender das malícias,
E não mais ouvir a chamada
Dos olhares fortuitos
De as adolescências levadas
Por jogos de amarelinha
E da forma de querer o tempo
Parado nessa escala...
Daí seremos vencidos,
Você esqueceu-se de nós
Numa era de pieguices
De nossas meninices válidas...
Então será preciso acordar
Essa memória esquecida
Das coisas reais de tua vida...
E voltar ao que vivera antes
De lacrar tantas intrigas...
O grande pássaro

Pousado no galho seco
Dá-me lição de paciência
Ao por deste sol lento...
Talvez sejamos companheiros
Dessa mesma espera
De que amanheça
Daqui a pouco
E nos force voar de novo...
Mas, na manhã de eu acordar,
Ele terá avoado
Enquanto viro de lado, incapaz
De acompanha-lo na aventura
De caçar o dia...
Eu espero, ele se ativa,
Superior à minha vontade
De também voar,
Um dia...
                 sergiodonadio


Na tarde esquecida
A paz recomeçada
Seja vida...







No canto do pássaro preso
O que te encanta
Pode seja seu desespero...







A palavra que não foi dita
Espreme lágrimas...








O que te diz este dia
Que não ouviste ontem?
O sentimento sutil
Desse encontro...






Será preciso mais doer
O pós-operatório
Para fazer-me sentir
A duodécima hora?!






O que te diz
Este olhar dolorido
Do tempo sentido?







A espera da ausência,
Maior que a ausência
Pela espera...







Dentro deste silêncio
Talvez o mais dolorido:
Incólume ao ouvido...





terça-feira, 9 de abril de 2019


Mesmo chão

Quase nada a se dizer
Do passado e do futuro...
O presente é este vazio
A consumir a notícia
Que te faça reviver-se,
Ri-se da velha anedota,
Chora com a notícia
De África inundada...
Estranho como África
Pareça-te uma só,
Com dezenas de povos,
Situações diversas...
Já não é notícia
O sofrer africano...
Se fosse europeu
Ou americano...
Seria catastrófico aos olhos
Dos habitantes deste
Mesmo chão...



Somos tão efêmeros
Que da pena pensarmo-nos
Futuros...
Consignamos nossos desejos,
Sonhos desvalidos,
Contornamos nossos erros
E tocamos em frente...
Até aonde?
Nossa efemeridade
Compõe-se de travas,
Barragens impostas
Por uma saúde doentia.
Mas nossa mente,
Também desgastada,
Teima em eternizar-se
Lívida... Tardia...






Que mania é esta
De querer-se nobre
Entre atos pobres?






O fosso que separa
O castelo da favela
Não é feito só pedras
Mas empedra...







A mala testa

Somos tão desiguais
Com mãos e pés alados...
Mais ancorados que veleiros
No medo da tempestade...
Que tristeza esta
Querer-se mais em festa
Se o tempo é a espera?
Que espera é esta
Se o tempo emperra
Em frestas?
Tão desiguais e enfim
Igualmente lesos
Na mala testa...







Aos insones

Sonolento...
Sonolento...
Sono lento.






Tivemos bons momentos,
Não que tenha  sido muito,
Mas hoje as sobras
Movimentam lento...









Longe de meus pés
Caminho o mundo
Que se torna pequeno
Pelo intenso uso...







A vida recomeça quando termina,
Sabemos nós Poetas...
O que não sabem os cientistas?








O tempo se encarrega
Das inutilidades...
Sabe o pequeno cinzeiro
Das ideias esfumadas,
Um tanto trôpegas
Enquanto palavras...
Silencio-as sempre
Para ouvi-las mais
Com a inconsciência...
Cubro-as da decência
De serem lapidadas
Nesta lápide larga
Das cercanias vagas...
Penso-as sinceras,
Embora maliciosamente
Algumas me afligem...
Um dia perco a vergonha
E dou-lhes voz neste silêncio
Acabrunhado em mim...



Todo sentimento
Contem-se
No porta retratos...







A miserabilidade da mente humana
Despe-se quando noticia o brexit
Acima da mortandade em Moçambique
Em relevância noticiosa...




a miserabilidade do ser humano despe-se quando noticia o brexit acima da mortandade em Moçambique como relevante!



VESTÍGIOS DO TEMPO

Sobre os vestígios do tempo
O dia novo...
A paz de ter fendido dias amargos
E usufruído dias doces
À força de cada idade vivida
Uma nova experiência de vida...
Um novo alento hoje,
Ver as crias se recriando,
Amanhecendo esperanças
Nas vozes dessas crianças...
Vindo desse tempo vida
Florescida em cada gesto,
Superpondo-se em cada passo
Que se promete melhor
Que o experimentado ontem...






Sofrenado

A cada passo
O medo amarra-se aos pés
Pesando a passada em viés,
Abastando sonho e realizado.
Foi-se a demora ao finamento,
Foi-se a guerra pela paz,
Vai-se a cada estranhamento
O infesto de nova palavra
Como resposta mal dada,
Imposta pelo erro acertado
Esfumou-se ao meu lado
Sofrenando esse cansaço.
E o tempo passou... Passou...
Despercebido ter passado,
Que se o impôs,
Por esperado...






Aos meus medos
Me aconchego,
É o que fica de mim
Na manhã cedo...






O retrato lembra
Um riso forçado,
Sem o dente careado...





momento desperto

Apenas o momento
Lembrado entre sorrisos
Vale a pena ser revivido...
O que não fora certo
Nesse momento desperto
Sabe das horas inúteis
De se estar por perto...
Ausente por engano
A cobrir com panos
O rancor, por certo...








Pelos olhos magros

Pelos olhos magros
Espreita o mundo...
Lá fora o dia esforce lágrimas,
Umas de alegria, as de mágoas...
Que fim levou aquele riso solto
De uma era de felicidade fácil?
Talvez as dores tenham seu lugar
Entre os motivos desfaçados...
O dia hoje foi alegre e feliz!
O dia hoje cede lugar ao novo dia,
Vindo de um novo mês contado
Pela passagem das luas novas...
As flores voltam a florir em maio
Aos seus olhos magros...
Apenas vendo passar um tema
Sobre olhares perdulários...
Que deixam de viver essa florada
E ficam a esperar outra vez
Os sinos da madrugada...

sergiodonadio