sábado, 10 de dezembro de 2022

 

Num sábado qualquer

 

Pelo frio da madrugada

Surgiu um parceiro alegre

E lhe ofereceu chinaski,

Pela sua tanta força

Fê-la beber a discórdia

Como fora só groselha...

Ela bebeu e embebedou-se

Pela hora do parto

E foi-se dela o senso

Da responsabilidade,

Daí a explicar o porquê

Nascem pessoas, ou cavalos,

Feras indomadas

Num mesmo patamar

De ferocidades...

Porque a cegonha está bêbada

Neste frio de madrugada...

 

 

 

 

 

 

O pintainho no ovo

Não é um pássaro,

É um estorvo...

 

 

 

 

 

 

De manhã desejamos dias melhores,

À tarde condolências pela morte anunciada...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Coisas da idade

 

Cada dia que passa

O pé fica mais longe

Para calçar a meia...

 

 

 

 

 

 

 

 

Vou acordando a vida

A cada sonho alertado agora,

Quem sabe inda reviva

A infância que foi embora...

 

 

 

 

 

 

Eloendros

 

A soma das idades

Toma conta do sorriso

Da outra hora...

Soluça um amargo

Riso forçado no olhar

Saudoso das esperas...

Só conta eloendros

Entre espinhaços

E fossas extintas

Na soma dos sorrisos

Das idades idas...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A casa do sol nascente

 

A princípio não entendi

Que alegria não era felicidade,

Era um momento de alarde...

A casa da luz vermelha,

Que não se apaga,

O tempo da luz vermelha,

Que se alarga,

Descalça meninos

Com pressa de serem homens

E se tornam panacas...

Transformam meninas

Em piratas,

Lugares fétidos viram casas

Como pacós xenófobos

Criam suas asas.

 

 

 

 

 

 

Muros altos

 

Velhos muros carcomidos

Pelos tempos não vividos,

Estórias de mares escuros,

De nuvens formadas de giz...

 

 

 

 

 

 

 

Distraído

 

Passou o dia,

Que passou o ano,

Que passou a vida

De engano em engano...

 

 

 

 

 

 

embora forças me deixam

continuarei teimando

em caminhar minhas aras

ante portas que fecham...

 

 

 

 

 

 

 

primeiramente

 

segunda mente,

terceira mente...

quem desmente?

 

 

O pano sobre a gaiola

 

O que nos prende

Na noite dos pensamentos

Amoitados nos panos pretos?

Um pano sobre a gaiola

Faz dormir os canarinhos

Nas manhãs de sol...

O pano sobre nossa gaiola

Nos prende ao passado

Deixado relevar-se em fatos

Dados como mortos

Nos pensares outros

Entre sóis de agostos...

 

sergiodonadio