sábado, 30 de agosto de 2014



                                         Profissão: Político!


Faz tempo que política, a partidária principalmente, virou profissão? O engajamento político deveria ser sempre um compromisso de se dar algo à nação, não de esperar ser pago por isso. O ser humano é um animal político. Quando se insere nas ações políticas da sociedade em que vive, o intuito é de ajudar sua comunidade. Mas, em todos os tempos esse ideal parece deturpado pelo cinismo de usar o degrau que lhe confere a ação política, a partidária principalmente, para se mostrar “benevolente” e dar cunho à famosa frase: Fazer mesura com o chapéu alheio.Quando um cidadão é chamado(ou se oferece)para disputar um cargo eletivo, normalmente o primeiro degrau é a câmara de vereadores, parece que ele já assume a paternidade das mazelas da cidade, oferecendo desde carona a materiais diversos para socorrer emergências ou carências do eleitor, (se o cidadão não for eleitor, não tem nem bom dia), se eleito, passa a ser padrinho informal de seu bairro inteiro.
Desde quando política se tornou profissão? A ação política é aberta a todo cidadão eleitor, profissão?: Carpinteiro, médico, ferreiro, até auxiliar de...é profissão. Política não, política é ação de cidadania. Mesmo parecendo ingenuidade, deveria ser regra a disposição de servir, sem ser recompensado financeiramente, sua comunidade, esta que te recebe de braços abertos quando você a procura e se estabelece como profissional, seja empregado ou empregador, em qualquer ramo que se ache apto.
 Quando o cidadão assume um cargo político, sendo remunerado por seu tempo, não deixa de ser o profissional que já era antes, então não deveria agregar à sua profissão a de político, até porque é uma incumbência passageira. Quando um dentista vereador termina seu mandato, ele continua dentista, isto é sua profissão!
Essa profissionalização do afazer político tem feito com que o elegido lute por sua permanência no espaço estatal, pelo fato de ter perdido espaço no seu verdadeiro fazer profissional, tornando assim dependente de mandato “profissional”. Essa dependência provoca atos de mudança fisiológica acima da ideológica, que faz o interesse inicial mudar de assento, desde que permita a continuidade, às vezes desastrosa.
O espaço estatal parece perder importância quando se reduz à mera posição de profissão ao que almeja ser estadista, condição muito acima de qualquer profissão. Isto é um perigoso parâmetro para o olhar pragmático do cidadão, que passa a ver seu estadista como carreirista, e perde motivação para votar, pilar mestre da democracia, o poder do povo.
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Desapegos


À sua ausência me apego,
De ouvir mais esse grito
De soar aos estribilhos,
Chorar ao som dos grilos...

A quem mais me apegaria
Se somos desnecessários?
Apenas descartáveis elos
Do passado sofrido látego...

Em sua ausência desapego
Como que desnecessário
Seria correr atrás disso

De anos perambulando
Pelos vazios da presença
Ausentada de atenções.


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quinta-feira, 28 de agosto de 2014



Do livro na hora do silêncio

Santos dias
Homenagem aos cordelistas


Quantas vezes a vida passa
E nem sabe que passou?
Quantas vezes o homem chora
E nem sabe que chorou?

Quantas vezes o sonho acaba
E não viajou, e, se viajou
O barco perdeu a onda,
A onda o navegador...

Quantas vezes o dia clareia
A noite que clareou e
Mostra a paz na guerra, que
Metafórica se mostrou?

O dia foi, não acabou,
O retireiro fez sua hora
Que a hora o fez doutor e
Quanta esmola esmolou?

Quantas vezes o dia rola
Seu rolo compressor, e,
A paz tornou-se guerra e
A guerra em paz gerou?






Quantas o amor não chega
Nas vezes em que chegou.
Todas as vezes somadas
Em uma só se tornou

Trazendo remorso e saudade
No tempo de tanta dor
E com a morte a pessoa
Em santa se transformou

Porque a morte perdoa
Erros que a vida alimentou
Nas tantas vezes varrida
Por baixo do cobertor.

O dia já foi embora
Nem sabe que acabou.
Às vezes o homem chora
O menino que chorou.

Na noite que sonha acaba
No dia que não acabou,
Finda a sua hora de mágoa,
Veste sua hora de andor.


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terça-feira, 19 de agosto de 2014



Capela


Uma vez começado
Um mundo se edifica
Sobre tijolos quadrados
E palavreado elíptico.

Todas as fases são válidas,
Do pensamento ao final,
Reboco de belo excerto
Ao seu instinto animal.

A história desses vitrais
Colorem pensares áridos
De não ser pensado jamais
Sob a forma dessa abóbada.

Há um transparente sonhar
Sobre estrelas carregadas
Nuns sonhos por despertar...
No sol dos amanheceres.

A confissão dos passados
Pode seja esse começo
De história por ser contada
Entre furtivos ramalhetes

Trazidos ao pé da escada
Por promessa de amor infindo
De tempos lembrados festa
Sem a pressa dos bem-vindos.

Todas as fases são válidas,
Do batizamento ao final,
Reboco de belo excerto
Ao seu instinto animal.

Sepulcro de face lívida,
Mandado esculpir na cal
A lágrima que enfatiza
O seu estado final.


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segunda-feira, 18 de agosto de 2014



Repito da outra eleição, pela atualidade do emplacamento das cidades

                                             O riso do lagarto


Pelas expressões nas fotos dos cartazes distribuídos pelas esquinas da cidade talvez você possa ter definido seu voto, olhe bem para os olhos do candidato, ele está sorrindo ou está rindo? É importante detectar essa diferença, porque se lhe parecer que está sorrindo, é para você, se lhe parecer que está rindo, é de você.
Passadas as eleições, é mais fácil definir o riso nos cartazes. Das infinitas expressões destaco o sarcasmo como definidor das intenções. Diferem os risos de alegria, raros, de graça, alguns, outros de escárnio, zombaria, motejo, troça, mofa... esses são motivados pela desconsideração pelo cidadão, eleitor ou não,. Os raros olhares autênticos não definem riso, mas sorriso.
Olhe outra vez para o cartaz, ele está sorrindo ou rindo? Definiu o que vê no seu candidato? Nos olhos dele, prometedores de boa conduta, ou enganadores de conduta duvidosa? Agora ouça, ou leia, suas promessas. Os que prometem ações que não lhe são devidas, duvide. Os que prometem emprego, casa de graça, isenção... esta uma palavrinha marota, muito usada nessas épocas de contas amargas. Pode procurar seu riso outra vez, notará o sarcasmo nele, de algum modo. Isoladamente tem candidato tratando-nos enquanto eleitores como idiotas. Pensa o tal que não discernimos o joio do trigo, o lixo do reciclável, o factível do infactível... mas nós vamos aferir, e, depois conferir o que dizem os cartazes, os discursos e principalmente os sorrisos.
 Pinçando promessas destaco duas: O candidato que promete uma ponte entre a sua cidade e a ilha de Fernão de Noronha, e do outro que promete leite encanado nas casas de sua cidade. Por aí afora, desaforos à parte, vemos todo tipo de promessas, de botijão de gás a passagem para Miami. Atendimento médico tá um exagero, dentadura, implantes, etc. no Amazonas candidato que prometeu casas para o plano “sua casa sua vida”, foi preso! Antigamente eles diziam a bolsa ou a vida, agora dizem a casa com o voto! Mas é preciso muita cadeia pra tanta promessa descabida...
              Hora de repetir os elegidos:A palavra está gasta.Então, usemos o inverso da palavra:"Não os perdoai, porque eles sabem o que fazem" e o fazem por malícia e impudência, e o fazem por aquiescência nossa, que nos permitimos elegê-los líderes por canalhismo.Eles comem o pão e o brioche. Com a devoção de tantos eles se endeusam com o esquecimento de todos, eles voltam."Não os perdoai, porque errarão de novo" porque errar é, além de humano, gostoso. Porque errando é que não se aprende, se não se arrepende."Não os perdoai, porque são nocivos" apodrecerão os bons frutos, se na mesma cesta, juntos, apodreceremos todos."Não os perdoai porque são exemplos" E, se a palavra está gasta,Salvemos o exemplo.
             Se já analisou  seu voto, e não gostou? Você foi prometido... e mal pago.
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