quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

                    Babel
 
Judas, em hebraico Judá  Yehûdâh,  que significa "abençoado" ou "louvado"), era um nome comum na antiguidade, sendo o nome de apóstolo que mais vezes aparece nos Evangelhos (vinte vezes) depois do de Simão Pedro. Caiu em desuso depois da suposta traição a Jesus. Assim são os nomes, há certo modismo, cada época tem suas preferências, atentando a isso procurei (cultura inútil?) quais os nomes preferidos dessa geração: Ana e Lucas continuam sendo campeões, seguidos por Mariana e Marina, Rafael, Felipe, Guilherme e suas variações. Maria e José caíram em desuso. O tempo recria motivos para nominar filhos com os heróis do momento. Como cada nome tem seu significado, há de se dar nomes aos bois da presente confusão judicial, ligando-os aos seus senhores fica um tanto estranho pressagiar recém nascidos e sua sorte, senão vejamos: Dirceu: pessoa que identifica o perigo. Genuíno: puro, sem mistura, verdadeiro. Valério: robusto, valente. Roberto: brilhante na fama... Pela amostra os senhores desses nomes não condizem com o que se esperava deles. Pejorativamente um nome casou exatamente com o dono: Jacinto Lamas... Este estava predestinado. Por outro lado, Joaquim: exaltado, estabelecido por Deus. Parece mais condizente para o momento. Dilma: que ostenta o elmo, proteção com armadura. Também chega lá... Mas a etimologia não pressagia futuros doutores  salafrários,  apenas cria nos pais uma esperança... Quem sabe um dia os “severinos” possam galgar postos sem enlamear seus predestinados nomeadores, como Pelópidas, o famoso Paulo Gracindo... ou  Ariclenes,o  Lima Duarte, e outros que, não se sabe de onde, trouxeram essa carga pesada ao nascer. Como Armênia Gozza Pinto, senhora que escondia seu nome no mais secreto aposento de sua alma. Assim somos, nomeados ao nascer, esperançados de ser.
Somos uma gente simples de nomes complexos, gostamos de copiar a honra dos heróis, quando vencedores, e execrar quando perdedores, assim importamos Lincoln, Diego, Izabella, Giuliano, Thomas, etc... Em lugar de Yara, Jaciara, Juraci, Ubiratã herdados de nossos índios brasileiros. O que fazer com essa dicotomia? Bem, entre marias e josés, cachoeiras e cabrais, genuínos e farsantes estão se espalhando pelas nossas ruas e assembléias... Infelizmente pode se fazer pouco rotulando pessoas, apenas esperar que honrem seus nomes, sejam eles Armando Pinto ou Tommazo Buscetta.


                                    Excertos do sermão da montanha:            fb

Convido–os a meditar sobre o sermão da montanha, donde apreendemos lições proficientes, ensinadas há dois mil anos e atuais no seu sentido maior de regrar a conduta da vida. Se conseguirmos levar a sério as palavras de Jesus, quando diz que devemos dar a outra face quando nos baterem na direita, em vez de retrucar, como no “olho por olho dente por dente”e fazer as pazes com adversários enquanto estamos a caminho com eles, esquecendo as ranhuras, e, que devemos dizer sim quando a resposta for sim, e não quando for não, sem titubear. Que não devemos alardear a esmola dada, às trombetas, que não sejamos hipócritas como os que gostam de rezar empertigados, nos templos e esquinas, mas que rezemos em silêncio, nos nossos quartos, de portas fechadas, que o Pai está presente nos lugares ocultos e ouve intenções. Que, ao rezar, não multipliquemos as palavras, a oração que nos ensina traz sete petições, as três primeiras visando à glória de Deus, as outras quatro os nossos interesses espirituais e temporais, ou seja:”Pai Nosso que estás no céu, Santificado seja o Teu Nome”que Deus deve ser respeitado e venerado.”Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia”que visa a conservação da vida corporal.”Perdoa-nos as nossas ofensas assim como perdoamos os nossos ofensores”a miséria moral que oprime é pior que a indigência material e a condição para obter o perdão é o perdão aos nossos inimigos.”E não nos deixe cair na tentação mas livra-nos do mal”tentação é provação, contratempos da vida e sedução pecaminosa da concupiscência.e, finalizando com o “amém”, que vem do hebraico,”assim seja”,rogando ao Pai que conceda o pedido em oração.
Por fim, que é preciso olhar os lírios no campo e as aves no céu, que crescem sem se afadigar ou fiar, sem juntar ou ambicionar, e nem por isso tiram um côvado à duração de suas vidas. Se conseguirmos viver com a bondade no coração, seremos dignos da companhia deste homem, que viveu segundo tais princípios e não cedeu, mesmo condenado por sua crença, à força dos poderosos. Os poderosos de então sucumbiram à história, e Jesus, o aniversariante, permanece nos corações dos cristãos. Que assim seja para sempre.












Novo caderno para 2014











Meu tributo a Rita Lee


Quanto mais proibido
Mais faz sentido a contravenção
Legalize o que não é crime
Recrimine a falta de educação

Gravidez versus aborto
Quem quer nascer no mar morto?
Quem quer morrer antes da concepção?
Obrigado não

Separe o joio do trigo
O Maquiavel do seu amigo
Casamento gay além de opção
É controle de população

Foi-se a ditadura militar
Foice e martelo não vão mais vingar
Servir exército só se for da salvação
Obrigado não

Diga não às drogas
- Mas seja educado, diga não obrigado
- Por que whisky sim? Por que Cannabis não?
- Cuidado com polícia
Cuidado com ladrão
Não seja condenado a votar em canastrão
Obrigado não

Rita Lee


Roçado

Cá estou
Domando o último
Cavalo de arado...
Trazem agora um trator novo
Rosnando seu motor
Sulcando mais terra,
Virando insetos que antes
Os pássaros vinham beliscar,
Agora fogem de medo,
Como eu.

Cá estamos,
Domando-me cavalo
Do último arado...
Trazem a mim agora o novo
Rosnando novidades
Nos sulcos da terra,
Acordando animalejos
Que antes beliscava,
Dos quais fujo de medo,
Sendo eu.








A pipa


No tempo do eu menino
O vento era companheiro
Das jornadas vespertinas
Depois das aulas escolares
As aulas da vida...

Fazíamos cola de farinha,
Linhas dos carretéis azuis,
Papéis celofanes,
Uma miríade de acertos
Nas aulas da vida...

Depois... Bem depois
Pensando tempos idos,
Percebo que as colas
Não enfarinham tanto
Quanto os celofanes

E a pipa ainda voando
Na imaginação do vento
Perpetuando a infância
Deixada emborcar a ara
Dessas vidas.




Convivas

Visto que não mais
Viveremos o ontem
Acaricio este momento
Onde o passado esmaece.

Somo horas vencidas
Lembro manjedouras,
Algumas rixas de moleques,
Uma vassoura piaçaba,
Um porco gritando o medo
Ao ser pego para o corte...
Coisas passadas que voltam
Com as canções natalinas
E uma reza compenetrada
Antes da ceia

A critério dos mais velhos,
Religiosamente obedecidos
Como se fora o certo sempre,
Mesmo sem sentido.

Tudo nos conformes,
Ano a ano a mesma encenação,
Sento sobre meus preceitos,
O passado está dormido
Nessa nova eira de meninos
E de futuros rezadores
Fica o grito desesperado
Do leitão feito conviva
Sem ser convidado,
Antes da ceia.
Turfeiras

Mentira
Quando falam na melhor idade...
Carbonizados como velas gastas
Gastamos mais combustível
Para menos rendimento...

Mentira!
Nessas filas prioritárias lembro
A prioridade em outras filas,
Das dores dos membros vencidos,
Da flacidez dos músculos...

Mentira
Quando nos fazem ver a idade
Entre uma faixa e uma buzina,
E os apressados empurradores
Ladeira abaixo... Mentiras!

Turfeiras
Mais ou menos encobertas
Nos fazem caminhar
Nesses círculos calcinados
Pelos tantos fogos extintos...

Almas plenas,
Corpos cansados, suores frios,
Nervos retesados, dormentes,
Doídos no acordar do senso
Entre cobertas e sonhos.






O tempo

É uma abstração
Do que fazer
Com o que não foi feito...











Preconceito


Se preocupam
De onde as pessoas vêm?
Me preocupo
Para onde as pessoas vão.






Retornos


O tempo começa a brigar
Com as intempéries...
O escurecimento da calçada,
O limo nas beiras podres,
A névoa nas idéias...

Palavras que chegam
Desconexas,
As lâmpadas balançando
Nos beirais úmidos,
Passeiam sobre a sobra
Desse tempo brigão.

Uns sonhos que os ratos
Corroem como queijo,
As mãos trêmulas já são
Indício da volta ao berço
De uma alma atribulada
De defeitos.











Insistências


No mais das vezes
Achamo-nos perfeitos,
Para logo depois
Enumerar defeitos.

No mais das vezes
Olhamo-nos certos
Para bem depois
Vermo-nos incertos.

No mais das vezes
Planejamos sonhos
Para ao claro dia
Desfazer utopias.

Assim somos sempre
E sempre serão outros,
Que no mais das vezes
Olhamos torto.